Páginas

sábado, 9 de outubro de 2010

Rafeiro de Lata - TANQUE DAS FREIRAS

Ali, no Tanque das Freiras
Há um pouco de tudo...
Giestas, codêços, tremoceiras
Ervas altas, baixas, e até rasteiras.


Seco, face suja... sem polimento,
Doente.


De esquerda...
Quer de direita olhado.
Triste, só, e abandonado.


Em França, Estados Unidos, na Suiça, no Brasil, no Canadá, no Luxemburgo, no Reino Unido, em Itália, no México e até em Beja, Caféde e Taiwan...
Vai ser olhado.


Para quem devia cuidar
Por tal ter ordenado.
RAFEIRO DE LATA
Sem custos, vai ser dado.

Obrigado

Manuel Peralta

5 comentários:

  1. O Tanque das Freiras um espaço abandonado…

    Este espaço constituía um local muito agradável, quando na década de 60 por ali passávamos com os amigos, momentos de cavaqueira muito agradável.
    Normalmente nas férias, de idas para a praia, ou uma até de uma simples ida à piscina a Alpedrinha, muitos poucos beneficiavam. Eram tempos sobretudo de cavaqueira, em que até ver os carros passar já era um entretenimento.
    Uma árvore de grande porte, dava uma sombra muito acolhedora ao local e ali se falava de tudo, o que os nossos 13, 14, 15 anos, gostavam de discutir. Futebol, miúdas, cinema, tudo o que os jovens então falavam…
    Um pouco mais tarde, e talvez um km adiante, num local conhecido como Estalagem Velha, o Horácio Martins, associado a quem já não recordo, teve por ali um Bar, onde se passavam momentos agradáveis.
    Andava-se a pé, e a sensação que se tinha, era de que o Tanque das Freiras era longe.
    Hoje em que a mobilidade é muito maior, o Tanque das Freiras aproximou-se da Vila.
    A A23, desviou-lhe o tráfego o que só poderia beneficiar o local, como um recanto de lazer.
    Pelos vistos não! E acabo a surprender-me, face ao abandono documentado, e quando por vezes são relatados assaltos ao património a que não escapam as pedras, como mesmo assim ainda por ali está.
    Sem água, muito pouco cuidado, é um exemplo de como não deve ser preservado o Património.
    A história de uma Vila, também se faz de detalhes! E este não é tão pequeno quanto isso!
    MC

    ResponderEliminar
  2. O bar a que se refere o MC tinha o nome de "CANGA" e foi um projecto do Quim Ramalho e do Horácio Martins; ali se passaram alguns bons momentos de convívio,tertulia e petisco. Chegou a cantar aí o grande Arlindo de Carvalho, que tendo regressado do exílio após o 25 de Abril e sendo natural da Soalheira, parava na altura muito por Alcains onde mantinha conversas com os jovens estudantes, acompanhado sempre da sua guitarra.
    Bons velhos tempos.
    João Micaelo

    ResponderEliminar
  3. A CANGA dos petiscos e outra CANGA lá longe, lugar de muitos perigos!

    Caro João Micaelo : por acaso quando inseri o meu post, estive para arriscar o nome do sócio do “padre” Horácio, como sendo o Quim Ramalho. Mas como a minha memória, por vezes vacila, não tinha a certeza e como no concurso do Malato, quando se não tem a certeza, passa-se… Foi o que fiz.
    Agora o nome de CANGA, a esse lugar de petiscos, é que não me recordava puto.
    Porém é irónico, que tivesse o mesmo nome CANGA, de um lugar não de petiscos, mas de enormes perigos, no norte de Angola, muito próximo da fronteira com a então República do Zaire, hoje RDC.
    A ironia. Num espaço, lugar de petiscos, no outro, um lugar onde o perigo podia estar logo ali, à saída do arame farpado, sob a forma de uma Mina ou de uma emboscada…
    Creio que houve alcainenses que terão conhecido esta CANGA que estou a referir. Mas sob pena de me equivocar, não evoco nomes.
    Aliás talvez até por influência do precocemente desaparecido “COCAS”, havia creio que também na altura em Alcains um espaço onde a juventude se reunia e divertia, com o ultramarino nome de SANZALA.
    Não sei onde se situava esta SANZALA. Parece-me que no Outeiro. Seria!?
    E assim se reconstrói a memória de Alcains e dos alcainenses!
    MC

    ResponderEliminar
  4. A outra CANGA, que não a dos petiscos…

    Por esquecimento imperdoável, e porque o tema poderá despertar alguma curiosidade, não inseri o endereço para um site onde se poderão ver fotos e textos acerca da tal CANGA, que entre Noqui e São Salvador, era um lugar pouco recomendável para petiscos…
    Embora a caça que poderia propiciar os mesmos abundasse na coutada, com um “olho no burro e outro no cigano”, aqui o cigano era mais escuro e conhecia bem a zona onde se movimentava, essas explorações venatórias, envolviam por isso riscos, e embora os eventuais caçadores possuíssem todos a licença de porte de arma em dia, ir à caça era um desporto muito perigoso!
    É que por vezes o caçador, podia transformar-se na caça…como esteve quase a acontecer meia dúzia de dias depois de instalados no couto!...

    Se a curiosidade já está desperta, então aqui fica o endereço:

    Panoramio photos by Jose Castilho

    MC

    ResponderEliminar
  5. Outrora um local tão aprazível, hoje abandonado e incentivo para ali se despejar lixo.

    É pena que o monumento mais português que temos em Alcains “seja tão mal tratado”.
    Digo mais português por ali estar representado o nosso Escudo, ou Brasão Nacional.
    Ao introdudir o Tanque das Freiras no terradoscaes, o chefe do leme fez-me regressar à minha infância e aos bons momentos que ali passei.
    O Tanque para mim, também está relacionado com a charca de São Domingos ali a escassos metros, e passeios com o Senhor Vigário.
    Por sermos muitos novos para tomar banho na Ocreza(Moinho de Baixo, Rabáças ou Laréco), era ali na água por vezes já lodosa da charca de São Domingos, que a catchopada mais jovem tomava um primeiro banho.
    Depois de brincar e nadar com as mãos no fundo, a inevitável batalha com lama acontecia, e depois duma corridinha nus, com a roupa debaixo do braço, era ali no tanque (que tinha água durante todo o ano) num rapidíssimo mergulho, que a malta se lavava.
    Mais tarde tenho boas recordações de passeios com o Senhor Vigário até ao Tanque, ou com uma paragem, quando o passeio era até ao Cabeço da Pelada e, por tanto cantar-mos( foi na loja do Mestre André que eu comprei um pifarinho) a garganta secava, e era ali que no regresso matávamos a sede.
    Havia por ali nos campos adjacentes, muitos eucaliptos, sobreiros, giestas e codessos.
    Como quase toda a catchopada daquela época, fiz o meu carrinho de mão com uma roda de charrua para ir à lenha para se cozerem as côves e os fijôns, quando os havia; e ao mesmo tempo aquecer a casa durante o inverno.
    Depois de se carregar o carrinho, havia sempre tempo para darmos uma voltinha até ao tanque para beber e brincar.
    Era também ali no Tanque das Freiras que o ganhão depois de terminar a “jeira” fazia uma breve paragem para ele e as vacas beberem: um pouco de repouso bem merecido.
    Durante as horas de calor em que os rebanhos procuravam a sombra dos sobreiros, também o pastor ali se desalterava e aproveitava a sombra da majestosa árvore, para tirar algumas notas do pífaro ou da harmónica.
    O saudoso cantoneiro que se ocupava daquele cantão, também ali bebia e dormia a sesta à qual a sua profissão lhe dava o direito.
    Podemos dizer que era a única área de descanso na estrada N. 18, entre Castelo Branco e Alpedrinha.
    Hoje o Tanque das Freiras desprezado e sem água durante o estio, (acredito que o nascente possa ser recuperado)serve para despejar estulhos e, quando com água ; há quem lave o carro e aproveite a ocasião para despejar o cinzeiro e fazer limpeza à mala : bidões de óleo, tapetes, pedaços de alcatifa e muito mais. Há por ali muitos vestígios de óleo no chão, um verdadeiro insulto à natureza e não só.

    MG

    ResponderEliminar