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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Parabéns ao Arquiteto

Pode o novo riquismo em tempo de crise iludir papalvos, pode a autocracia reinante faraonizar espaços colocando às costas dos fregueses PPP futuras, mas, se o resultado das intervenções não der origem a um ambiente urbano agradável, com edifícios, praças e largos, ruas e passeios atraentes e suportáveis no presente e futuro para a população, as intervenções nunca serão bem sucedidas.
Por considerar uma intervenção bem sucedida, que respeita a memória, que reconstrói e alinda uma degradada rua e uma travessa, a da Liberdade e a da Mateira respetivamente, intervenção esta que valoriza o urbanismo e a relação afetuosa do edificado com a urbe, não deixo dela dar nota.


A foto supra, dá conta de intervenção excelente feita por particular, a quem dou os parabéns pela valorização conseguida, e que em muito valoriza toda a envolvente e obviamente, Alcains.
Ao contrário do que fez o camartelo municipal que à volta tudo destruiu, aqui foi possível manter um equilíbrio entre o que existia e a reconstrução efetuada.
A casa que foi do Ti Manuel Aurélio manteve a fachada, e, na mesma banda, reconstruiu-se a linda casa que foi do senhor Benedito de Jesus Beirão, em Alcainês, “senhor Bondido”...
Não conheço o arquiteto que arquitetou este agradável momento de respeito pelo edificado, mas denota pessoa com sensibilidade, bom senso e arquitetura com memória.
Aqui o urbanismo municipal esteve bem, ao autorizar esta valorizada reconstrução. Parabéns.

Manuel Peralta

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

...notícias da “obra”

No texto Natal, 2012, Alcains, 2013, a vermelho, ficou por lá um continua...
Vamos então continuar.
Pretendo com este texto e em primeira mão, como vulgarmente se diz, dar a conhecer à diáspora Alcainense dispersa pelos cinco cantos do mundo, a intervenção efetuada pela Câmara da cidade na envolvente à nossa igreja Matriz, isto é, um antes e um depois. Por outro lado, dar a conhecer aos leitores do blog e que não conhecem Alcains, o que por cá se passa.
Publicamente, não se conhece que os órgãos autárquicos locais tenham sido consultados sobre esta profunda intervenção.
A Assembleia da Freguesia não foi consultada, e o pai de um dos membros da Junta confidenciava-me que o filho nem o projeto conhecia, isto durante a fase de construção.
A mão que embala o berço, trata de nós, partindo do “autoconvencido” princípio de que, o que é bom para ela, é igualmente bom para nós...
Democracia ou autocracia?
Que falta fazem em Alcains estes atuais órgãos autárquicos? Não seria preferível sermos uma anexa de São Miguel da Sé e a vida administrativa ser entregue ao Necas? O que se poupava em senhas de presença e em salários de não cumpridos “tempo inteiro” ou “meio tempo” sempre aligeirava a despesa e com este ganho, pela certa, ter a biblioteca aberta?
Reflexões premonitórias da autocracia vivida a que voltarei oportunamente.
 
 
Vista da casa mortuária na rua do Ribeirinho.
 
 
Vista da Quelha, atual Travessa da Mateira na rua do Ribeirinho.
 
 
Escadaria de acesso ao adro, na rua do Ribeirinho.
 
 
Adro, base da fogueira e traseira da Igreja Matriz.
 
 
Pormenor do adro com a retirada das escadas de acesso à sacristia.
 
 
Outra vista da intervenção.
 
 
Foto do lado da avenida da Liberdade.
 
 
Entrada da Quelha da Mateira.
 
 
Vista do lado da Quelha/Travessa da Mateira. A preservação do capeado existente traduz nota de bom senso na intervenção. Aqui a memória não perdeu a glória... até parece que, neste pormenor, o arquiteto foi o maior.
 
 
Intervenção vista do lado da sacristia, onde o acesso foi retirado.
 

Vista do lado da amputada rua José André Júnior.
 

Idem, mas do início da mesma rua, vindo da praça.
 

Vista do lado da casa do Engº José Marques Pereira Barata, conhecido popularmente por “Engº Ginja”, o HOMEM que fez de borla o projeto de remodelação do lar Major Rato, e em que, a sua filha, a menina Mariazinha quando necessitou de ir para o lar, recentemente, tal não conseguiu... assim mo disseram no funeral, com mágoa, os seus familiares.
 

Marcos de pedra centenários que delimitavam uma quelha, ali existente, que faziam extrema com a casa da Dona Josefina Marrocos Taborda Ramos, e que me admira, felizmente,  porque não foram retirados!!!
Com as fotos acima editadas, fica para a posteridade a intervenção efetuada. Cada um fará o juízo que entender.
Com esta intervenção reduziu-se drasticamente o estacionamento de viaturas no centro da ex aldeia, para quem ia à missa, e tornando insuportável nos sábados de manhã, na praça, o pandemónio que por ali se vive, mas digno das prioridades que a Câmara da cidade decreta.
Um estacionamento pago à volta da casa mortuária pode ser que consiga cumprir o que mente iluminada decidiu.
O tempo, esse antidepressivo que tudo corrige, o dirá.
 
Manuel Peralta

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Papas de carolo

Cá por casa, em qualquer altura se fazem papas.
No entanto, nos dias assinalados, isto é, pelas festas, Natal incluído, são uma quase obrigação. O arroz doce também por aí campeia, mas não tem o rasgão que têm as papas.
Como considero que são uma excelente sobremesa, ou um delicioso lanche, podem comer-se frias, e além de serem de fácil digestão são ao que conheço, a única sobremesa doce, verdadeiramente típica de Alcains.
Para os fazedores e apreciadores aí vai a receita.
 
 
As papas são acima de tudo uma sobremesa para comer e oferecer, daí o conceito de receita generosa, pois são para dar à prima, à madrinha, à sogra e entre outros, à vizinha Rosa.
Na parada e em formatura para a aplicação militar, aí estão os recrutas da patrulha ainda desalinhados...
 
 
A água deve ser de qualidade, sem sabor a fénico pois se tiver o azar de por água da torneira pode comprometer todo o trabalho e o respetivo custo associado. Portanto diz-me a idade, utilize água de qualidade.
 
 
Numa panela ponha a água a ferver juntamente com o azeite o sal e a casca da laranja.
 

A ferver deita-se o carolo e o arroz previamente lavados.
Mexe-se sempre até o arroz estar cozido.
 

Aos poucos adiciona-se o leite fervido, quente, e junta-se a farinha previamente diluída num pouco de leite.
 

Mexe, remexe e continua a remexer, as papas são feitas de pé e sempre de colher na mão a mexer e a remexer para não agarrarem ao fundo da panela e queimarem, esturrarem...
 

Quando tudo estiver cozido, sempre a mexer, adiciona-se o açúcar a gosto, retira-se a casca da laranja e estão prontas a empratar ou a embaciar, colocar em bacia...
 

Agora é dar um ar da sua imaginação e com canela decorar a gosto.
 

Bom apetite.
Esta receita foi ditada pela professora aposentada, cá da casa, Maria do Céu, que em papas de estalo, é um regalo...
 
Manuel Peralta

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

C(ã)ontrastes

Em Alcains, banco e jardins.


Jardins e banco em Castelo Branco.


Não são contrastes? Ou serão com trastes?

Manuel Peralta

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Terra dos Cães no Reconquista

Para o leitores do jornal RECONQUISTA, decerto não passou despercebido, um excerto de uma entrevista sobre o “nosso” blogue, efetuada pelo conhecido jornalista Alcainense, Nelson Mingacho.
A foto abaixo relembra o referido texto.


Porque nem tudo o que se escreve pode e deve ser editado, os jornais têm os seus critérios e sempre um reduzidíssimo e caro espaço de publicação, dou a conhecer o teor das perguntas efetuadas e as respostas que produzi.
Ao Reconquista um muito obrigado pela  notoriedade que decidiu dar ao blogue.


Quantos anos tem o Terra dos Cães?
O Terra dos Cães iniciou em abril de 2010. Disperso já pelos 5 continentes, com leitores em 37 países.
Com cerca de 70 000 visualizações de páginas, 330 comentários de seguidores, 225 textos publicados, com uma média mensal de 2 500 visualizações por mês.
Tem 38 seguidores registados na página, e a distribuição das páginas lidas pelos leitores por países é a seguinte.
Portugal, 46 000, França, 10 000, Brasil, 6 000, Estados Unidos, 4 500, Suíça, 600, Alemanha, 550, Rússia, 450, Reino Unido, 250, Espanha, 150 e Canadá, 100. O resto distribui-se pelos 27 países restantes.


Qual o balanço destes anos de atividade do blog?
Uma agradável surpresa. Quando comecei nunca pensei que pudesse em curto espaço de tempo o blog fosse tão lido. As pessoas quer por escrito quer pessoalmente, manifestam o seu agrado. Algumas até me dizem. Ó Sr. Manel “ponha-me lá”...


Quais os temas que mais gostou de publicar?
Todos os temas têm para mim especial interesse, mas destaco que o que mais me motiva é a vida daquilo a que eu chamo o ” Alcains dos simples”. Canteiros, sapateiros, artistas, ciclistas, ou as atividades relevantes que engrandecem ou engrandeceram a nossa terra.
Por outro lado, estar atento ao que de relevante se passa à minha volta, continuar a observar Alcains pelo lado do que muito falta fazer, do lado do copo meio vazio...
Depois dar vida “à memória sem arestas” a que eu chamo de saudade, sobre os homens que não tendo vagar de ser meninos atingiram notoriedade nas suas profissões ou artes, Manuel Grilo (Automotora), Jacinta Godinho, Rui Caldeireiro, João Moleiro, João Pionto, entre muitos outros.


Quais os que tiveram mais feedback por parte dos leitores? 
O tema “Poluição da Ribeira da Líria” e a incapacidade geral dos variados serviços que superintendendo na ribeira, continuam entretidos a fazer de conta. Ministério do Ambiente, Inspeção Geral do Ambiente, Administração da Região Hidrográfica do Tejo.
Por outro lado, irão sair do lado Municipal, e vão deixar Alcains a continuar a cheirar mal...


Quais os critérios (interesses) que o levam a escolher determinados temas em detrimento de outros?
As coisas acontecem naturalmente a quem agora, como eu, tem muito tempo para gastar, estou rico neste ponto, mas nada diga ao ministro Gaspar...
Repare, em tempos de bicicleta fui dar uma volta pelo Outeiro. Encontrei a zeladora das alminhas a colocar a lamparina nas alminhas, e aí apareceu um tema.
Você sabe que circulam diariamente pelas ruas e famílias em Alcains 21 córos da Sagrada Família? E que a cada côro estão atribuídas 30 famílias, tantas quantos dias tem um mês?
A igreja descobriu há séculos o conceito de portabilidade, se o homem não vai à Igreja, vai a igreja ter com ele, e “inventou” a caixinha da Sagrada Família.
As empresas de telecomunicações só no fim do século passado evoluíram nos telefones móveis, na portabilidade...


Está a preparar algum tema especial para o Natal? 
O ano passado fiz um trabalho sobre as filhós. Preparativos, lenha no forno, arremansar, receita, amassar, tender, fintar, talhar, fritar, açucarar, e, com azeitonas retalhadas com sal grosso e um bom vinho, cantar, cantar... natal, natal, natal, natal, filhós com vinho, não fazem mal...
Juntamente com os borrachões, é dos temas mais visitados do Terra dos Cães.
Este ano o Natal é cá com a “nétada”.
Estou a ficar “maninho” de ver um acontecimento único no mundo. Uma fogueira de Natal sobre uma casa mortuária. Pode ser que esta necróloga originalidade contribua para dar notoriedade à ex-aldeia.
Junção única no mundo, de se ficar tétrico e meditabundo... Hitchcok não conseguiria fazer melhor.


Já pensou em publicar um livro (ou outro formato) com os textos escritos até ao momento?
Há quem me incentive.
Ao Zé Minhós Castilho e ao Manuel Geada pelos excelentes contributos que cada um tem dado, À Terra Deles, À Nossa,  À Dos Cães, Alcains, os meus agradecimentos.


Manuel Peralta

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Em terra de Canteiros

Na segunda semana de dezembro, quem pelo largo de santo António passava, indiferente não ficava a um acontecimento até aqui invulgar, que por ali ocorria.
A autarquia local autorizou uma empresa de trabalhos em pedras e uma leitaria, a instalar um conjunto de pedras que a foto abaixo reproduz.


Deixo para a posteridade as presentes fotos e, para os leitores, o que a imaginação de cada um conseguir mentalmente editar.


Este Natal, também o Papa Bento 16 surpreendeu tudo e todos, quando fez cair mais um mito de que, no presépio, que a imaginação popular do catecismo sempre acreditou, a vaca e o burro não faziam parte da moldura que sempre emoldurou o presépio.


Como o horror ao vazio é um estímulo para a criatividade, já repararam por certo, como em Alcains se substituiu o decretado vazio “presépial”...

Manuel Peralta

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A fogueira e a “malta” da fogueira

Os deserdados do ex SMO, Serviço Militar Obrigatório, continuam por cá a fazer a fogueira de Natal. São poucos, e de ano para ano cada vez menos. Este ano nem eles nem elas sabiam, com rigor, quantos eram, isto é quantos homens e mulheres tinham nascido em 1993. Filhos destes  tempos sem rigor, inexatos, do “mais ou menos” como não podia deixar de ser e como aprenderam, quando não se tem a certeza de nada, apura-se a decisão “ por consenso” e à volta de trinta H + M foi o consenso que a certeza deles apurou. São mesmo muito poucos, numa terra que chegou a apurar para a inspeção, cerca de noventa mancebos.

 
Como se extingui o SMO, deixou de se usar a expressão, a malta da inspeção. Perdeu-se assim esta expressão popular titulada por “malta da inspeção” onde as “catchopas” não entravam. E nem tinham que entrar uma vez que o serviço militar estava vedado ao pessoal feminino.
Presumo que original na Beira Baixa, em Alcains, a fogueira de Natal realiza-se atrás da igreja matriz. O ex largo do Kosovo foi pela Câmara da cidade intervencionado com prolongamento do adro da igreja que cortou ruas, destruiu casas e sobre esta destruição renasceu uma casa mortuária, um adro ampliado e um parque de estacionamento pago. Mas oportunamente voltarei para mostrar as foros da intervenção efetuada.
Mas voltemos à fogueira.

 
A tradição impôs durante muitos anos que a fogueira fosse acesa por pessoa que promessa tivesse feito e em geral, a malta da inspeção anuía sempre.
No entanto desde há já algum tempo, que a malta da fogueira arranja umas tochas que embebe em gasolina e assim cada um armado de sua tocha embebe, incendeia e à fogueira deitam fogo.

 
Com indumentária a preceito, de camisola estampada com um “ I love 93”, gorro de Pai Natal na cabeça e camisola estampada com um “ oferece-me uma cerveja”, iniciam a tradição de deitar fogo à fogueira.
Começa também a ganhar raízes entre a malta da fogueira, uma moda que consiste em barrar na praça o caminho a passantes e viaturas, e assim trajados como referi, pedem dinheiro para as suas festas...isto no dia 24 de dezembro.
Entretanto e com a presença dos bombeiros por perto, a fogueira arde.

 
E com falta de lenha grossa, com muita lenha miúda, e bastante empapada em combustível líquido, a fogueira arde num instante de tal modo que quando se vai à missa do galo, o calor quase se despediu.

 
Este ano, em amplo recinto com um adro acrescentado, que decepou a rua José André Júnior, havia muita gente a assistir a esta tradição.

 
Uns tiravam fotos, outros conversavam entre si, em surdina, sem alegria e nem um cantar muito menos um espontâneo que de varapau na mão, malhasse e remalhasse na fogueira.

 
Lembro-me, quando a fogueira era em frente à Igreja, que o ti Saraiva era o campeão da malhação da fogueira, munido de grande varapau malhava na fogueira de grande, dando vivas à malta, e, atirando o varapau para trás das costas obrigava toda a gente a precaver-se protegendo-se de certa pancada, mas era uma alegria toda a gente a afastar-se e a rir com a situação.
Uns de garrafão na mão ofereciam vinho aos assistentes outros já meio aquecidos cantavam loas ao Menino que houvera de nascer.

 
Em casa, ainda usamos uma expressão colhida na fogueira, e já lá vão muitos anos, dita pelo ti Adelino que, de varapau na mão, e enterrando o varapau na fogueira dizia com uma alegria esfusiante vindo da praça...”cosquinhas na MaridaGraça”...


Era habitual no dia de reis quando se ia à missa, a fogueira ainda arder e era motivo de chacota quando a malta desse ano tal não conseguia.
Hoje com vida e ações cada dia mais deletérias, não admira que tudo dure apenas quase um instante, nada perdura como diz a minha amiga Arlete... nestes tempos de “delete”...

Manuel Peralta

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

NATAL, 2012, Alcains, 2013

Não estava esquecido e, muito menos cansado, quer das festas quer deste, para mim agradável, meio de comunicar com os numerosos leitores  do Terra dos Cães.
São já umas agradáveis 70 mil “page views” dispersas pelos cinco continentes que justificam o epíteto que encima a folha de rosto deste blog. O mais sensacional do mundo e arredores, com Caféde incluído...
 
  
Impus a mim mesmo um interregno de escrita entre o Natal e o dia de Reis.
Já quando trabalhava, guardava sempre entre o Natal e o ano Novo um período de férias, de “calanzisse”, de calão, de mandrião, assim um “delicodolce farniente” entre lareira, família, horta, amigos, que me permitia o reencontro comigo mesmo, repensar o que fiz  no ano que acabava e o que faltava fazer no ano que entrava...
Hoje de mente mais fresca por enevoada manhã de denso nevoeiro, com temperatura mínima Alcainense a rondar os zero graus Celsius, decidi voltar ao encontro com a comunidade dos leitores.
Para todos um ano de 2013 com saúde e, para os ainda activos sujeitos a horário, de preferência com trabalho e salário.
 
  
Em Alcains o Natal foi assim.
Na, por enquanto deserta, rotunda do Seminário, um aplique luminoso, foto acima, colocado pela autarquia local saudava e formalmente manifestava os seus desejos, como dantes, aos fregueses e aos por ali passantes.
Menos sorte teve uma estrela que colocada na rotunda frente à sede das “papoilas saltitantes”, no largo de Santo António não teve nem nunca deu luz. Ali esteve e está plantada, triste e só, mas apagada.
Na praça, a fonte romana a um canto semi abandonada, contemplava o padrão de elevação a vila com erros de ortografia, por falta de letras que o tempo abaixo deitou e ao que parece, ninguém reparou.
No primeiro andar do edifício da sede da junta, feéricamente iluminado, pendiam inúmeras luzes que pareciam lágrimas...
É que se aproxima o fecho deste edifício com a previsível mudança da sede da Junta para o largo de Santo António na casa que foi da família de José dos Reis Sanches.
E chegámos à fogueira.
 
 
Originalidade, consumada pela Câmara da cidade.
Originalidade, pois presumo ser em toda a Beira Baixa o único local em que a fogueira de Natal se realiza atrás da Igreja Matriz.
Assim se mata mais uma memória que fica aqui registada para a história.
Esta Câmara da cidade em cooperação com os autarcas de cá, já tinham em tempos demolido um conjunto de duas mais duas casas, algumas de amigo conhecido, que o jornalista Nelson Mingacho denunciava como mais um atentado ao património.
 
  
O Nelson não falou da destruição da casa que foi da Dona Josefina Marrocos Taborda Ramos, com uma excelente varanda, com vetusta grade em ferro fundido, belas cantarias, destruídas, que desapareceram com o passar dos anos e dos dias...
Embora mais pobre, ao lado e sem perdão, a casa que foi do Ti Manel Sacristão...
Mas fazemos agora um intervalo no urbanismo e vamos às FILHÓS.
Como por cá se dizia, “Queres uma filhó? Tchincarratchó.”
 
 
Por cá é quase sempre uma arroba de farinha, e 120 ovos, um litro de boa aguardente, fora os condimentos que já referi em receita do ano anterior, ver blog dessa data.
 
  
E começa o estofêgo do amassar enquanto curioso neto espreita.
 
 
 Massa já amassada, repousada.
 
 
Com cruzes na massa feita pela rapadoura, reza-se. São João acrescente este pão, Nossa Senhora das Graças, acrescente estas massas...
 
 
 Frente à lareira, aconchegadas, agora a fintar.
 
 
Instrumentos de talhar, tábua, cartilha, rolo da massa e bacia com azeite para lubrificar a mão para a massa não agarrar.
Enquanto a massa finta, isto é, leveda, almoça-se.
Nestes dias nunca se almoça descansado.
Quando soa o grito de estão fintas, começa então a tarefa de fazer as filhós.
 
 
Sob as trempes por a sertã com o óleo ao lume, lixar o espeto para não sujar a massa, preparar proteção para o calor do lume, e começar a preparar a massa tirando um bom duplo punhado dela para talhar.
 
 
Fazer bolinhas de massa para outra estender, recortar com a cartilha, entrançar as pernas e deitar na sertã para fritar.
 
 
Fritar e retirar para alguidar para escorrer o óleo e começar a separar par caixas ou cesto de verga, forrados com papel vegetal, para conservar.
 
 
E assim durante um bem medido par de horas, se realiza esta tarefa que mobiliza por enquanto pais, filhos, netos, bisnetos, comadres e compadres, genros e noras, que cada um á sua maneira revive por vezes em silêncio um tempo lindo feito de harmonia e de alguns cantares que o tempo não deixa esquecer.

Eu hei-de dar ao menino, uma fitinha pró chapéu. Ele também me há-de dar, um lugarzinho no céu...
 
Bom Natal

Como o Natal é uma festa cristã que celebra o nascimento do Menino Jesus, e tem o seu apogeu na Igreja, pretendo dar a conhecer e para memória futura como era e é atualmente toda a envolvente à volta da Igreja Matriz de Alcains.
É nesse sentido que devem ser interpretados os meus apontamentos que passo a escrito, para ficar para a posteridade uma visão, a minha, sobre as intervenções que a Câmara da cidade foi efetuando em Alcains.
O que o urbanismo municipal da Câmara da cidade permitiu, será julgado por todos os que amam a sua terra e as memórias afectivas que cada um tem da terra onde nasceu.
As fotos seguintes pretendem dar a conhecer como era a rua Longa, hoje rua da Liberdade...


Destruidas...


...destruida.


Mais destruição...


...ainda mais destruição, agora vista do lado da Quelha da Mateira


Todo o lado direito da Quelha da Mateira, está destruído...


Estas fotos são a última visão do que era aquela rua.
Quem por ali se criou, jogou ao eixo ribaldeixo, ao ferro quente, e viu por ali passar os ciclistas das festas populares, quem ia à alfaiataria do Mestre José Rafael, à loja do Senhor Benedito de Jesus Beirão, à loja e barbearia do Ti Chico Sousa, à padaria do senhor José André, à casa do senhor Ramos das bicicletas e da esposa Dona Capitolina provar o vestido para a boda da prima, não pode deixar de se interrogar sobre “a obra”... e se há por aí, tantos filhos da obra!!!


Continua...
 
Manuel Peralta