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domingo, 30 de setembro de 2012

Toupeira (escava terra)

Popularmente designadas por “escava terras”, as toupeiras são uma danação para os agricultores, pois escavam a terra, abrem galerias subterrâneas por onde se infiltram ratos que roem as raízes do “renovo”, plantas em crescimento, que acabam por morrer.


A escava terra para os rurais e toupeira para os citadinos, é um mamífero, quem diria, com olhos pouco desenvolvidos, com as patas de trás, anteriores, longas e robustas, que lhe permitem cavar extensas galerias debaixo do solo, debaixo da terra, onde caça insetos e vermes.


A pior situação que pode ocorrer a quem rega, horta, tapada, quinta ou quintal, é a galeria de uma escava terra.
Um autêntico sumidouro de água, pior que poça de areia ou cesta de verga rota, que cansa em horta quem água tira à picota.
De “arlote para pinote”, como se diz de quem muito se movimenta, de quem não pára e é difícil de encontrar, assim anda perdido, agricultor, para estancar o rouba de água.
Como dar caça ao mamífero?


Como a foto supra mostra, a escava terra normalmente em regos de água ainda húmidos, levanta a terra, fazendo um pequeno “camalhão”, monte de terra fresca, no dito rego.


Sem nunca tocar com as mãos, com um pau ou pequena colher de pedreiro, retira-se o camalhão e abre-se a galeria, conforme a foto supra mostra.
Preparam-se as armadilhas.


As armadilhas, como a foto mostra, constam de um tubo de lata ou cobre, com uma porta muito leve que se deve manter fechada quando se arma, de tal modo que a escava terra quando entra no tubo quase nada sinta na sua missão de escavar a terra.
Quando passa a porta, e como a armadilha é fechada na parte posterior, só consegue fazer marcha atrás, tal como na rua do Degredo, que tinha entrada e não tinha saída.
Gasta assim todo o combustível na marcha atrás, acelera, ouve-se o ranger das patas no tubo de metal, e claro, pena capital. Funeral.
A cantar sem pauta, morre exausta...


A montar a armadilha como esta foto sugere, a marcha atrás da toupeira, com vida regressa à eira...


Qualquer animal na natureza, é muito sensível ao cheiro dos humanos, pelo que recomendo, quando se abre a galeria da escava terra, utilizar um pequeno pau, ou um colherinho de pedreiro.
Nunca tocar com a mão na boca da armadilha, pois o cheiro desta natureza, afasta a presa.


Na parte final da armadilha, da ratoeira, há um pequeno respiradouro, furo, pois a escava terra nunca cava muito fundo, e sempre vai abrindo um ou outro buraco quando a terra parte e por onde entra a luz.


Esta foi caçada esta manhã, na minha horta, ali na Retorta.
Visto do lado humano, uma toupeira, pode ser uma pessoa que trabalha às ocultas, sem dar “inculcas”, para entre outras coisas subverter instituições, “fundações”, para conservar ou restabelecer o obscurantismo.
Ainda na lado de cá, nos humanos, toupeira, pode ser pessoa ignorante e estúpida.
Por tudo isto, é que já o meu pai que me treinou nestas andanças sempre lhe chamou escava terra.
Um tema diferente, para esclarecer a gente... só espero que não crie má ambiente.

Manuel Peralta

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

LÍRIA, ainda e sempre

...os direitos de uns, são os deveres de outros.

Sem pedir publicação, remeti para conhecimento para o jornal semanário Reconquista, uma local sobre a Líria, ribeira esquecida, maltratada, poluída...
Lídia Barata, Nelson Mingacho e Júlio Cruz diretor do Reconquista, foram os jornalistas que têm acompanhado o tema, ribeira da Líria e a quem devo uma estimável colaboração, a quem dei conhecimento.
Decidiu e bem o Reconquista, em lugar de destaque e com duas expressivas fotos, pena não serem a cores, publicar o meu ponto de situação.
Porque esta luta não terá fim próximo, decidi digitalizar a referida local, para fazer parte de uma história negra que condena a maior freguesia da Câmara de Castelo Branco, Alcains, ao terceiro-mundismo ambiental.
E aqui há responsáveis. E nos meus escritos, estão clarificados. Os mentirosos, as autoridades sem autoridade, os convenientemente silenciosos, os que tecem loas aos poderes que lhes mantêm pequenas prebendas, fruto de tempos de outras novas servidões...
Mas adiante.


Mas, surpreendidíssimo fiquei com a página 17 do Reconquista, digo mais, agradavelmente surpreendido.
Porque?
Então não é que a administração do matadouro industrial, Oviger, que além da poluição ambiental que emporcalha Alcains, também produzia poluição sonora?
Mas mais, acaba de instalar equipamento que minimiza a poluição sonora e em parceria com a autarquia de Castelo Branco, se prepara para desativar no princípio de 2013 a estação dita de tratamento dos efluentes industriais que assassinam diariamente o leito da ribeira, causando elevados prejuízos aos proprietários confinantes com a ribeira.


Valeu a pena esta luta? O tempo o dirá.
Pela minha parte vou continuar a denunciar a exercer os meus direitos de cidadão, sem medos...
Consciente dos factos e das fotos que são verdades como punhos atirados à (in)consciência de quem não cumpre o seu dever.
A cumprir-se o que o Reconquista na página 17 se diz, só me resta continuar, agora mais alentado.
Fixar-me no destino, não no caminho... é o meu “exlibris”.


Minimizada a poluição sonora, o passo seguinte que perseguirei, será o de ter a ribeira a correr água limpa, como a foto mostra e expulsar as sujas e inquinadas águas do matadouro que a pouco e pouco foi, vai, matando a Líria e o ambiente.
Ligar o coletor de águas sujas que a foto mostra à ETAR de Castelo Branco, é a solução.

Manuel Peralta
 
Nota: Tarefas pendentes

1- A Câmara de Castelo Branco tem de resolver de vez, reformulando o atual projeto da zona de lazer. O abandono e a degradação atual não podem e muito menos devem ser a imagem da autarquia concelhia. A zona de lazer necessita de um outro olhar.
2- Os Serviços Municipalizados não podem continuar a iludir os Alcainenses com cortinas contra os maus cheiros, muito menos continuar a consumir recursos em manutenção corretiva nos esgotos de Alcains, que presumo darão mais trabalho e custarão mais que toda a rede concelhia. Para o erário municipal, é já uma PPP...
Solução de fundo precisa-se.
3- Das Águas do Centro espera-se que, enquanto o governo decide o futuro do setor, estudem solução que seja possível enquadrar em orçamento futuro, uma solução que retire a sanita da dita zona de lazer de Alcains.
Até lá vigilância apertada e filtro de carvão contra os maus cheiros.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Líria, resposta dos S. Municipalizados de CBranco

O Engº João Carvalho, diretor dos serviços técnicos, respondeu de imediato.
Não tinha dúvidas de que tal ia acontecer. Conheço pessoalmente o Engº Carvalho, mas ele não tem o poder de resolver de vez, a calamidade que herdou. Trata e bem o tema a aspirinas, gere as consequências e não trata das causas...


Quem vendeu património municipal, custeado por todos os fregueses ao longo de várias décadas, recebeu milhões de euros, e gasta-os em obra de fachada, PPP que já herdámos com rendas futuras, nada faz pela Líria de fundamental.
Para a cidade vários milões para uma nova ETAR, para Alcains, esgoto, poluição, abandono destruição...


Até quando?
Obrigado Engº João Carvalho e equipa, continuem. Alcains agradece.

Manuel Peralta

De: Joao Carvalho
Enviada: segunda-feira, 17 de Setembro de 2012 09:33
Para: Manuel Peralta
Assunto: RE: Líria, ribeira abandonada, como o país... desgraçado.

Bom dia Peralta,
Li o e-mail que, desde já, agradeço.
Os SMCB irão diligenciar, ainda esta manhã, no sentido de resolver a situação.

Com os meus cumprimentos,
João Carvalho
Director de Departamento de
Serviços Técnicos

domingo, 16 de setembro de 2012

Sempre a Líria...

De: Manuel Peralta [mailto:manuel-r-peralta@sapo.pt]
Enviada: domingo, 16 de Setembro de 2012 20:05
Para: 'GNR_CO_DSEPNA_SOSAmbiente'; 'camara@cm-castelobranco.pt'; geral@sm-castelobranco.pt; 'geral@arhtejo.pt'; 'Carlos Cupeto'
Cc: 'joao.carvalho@sm-castelobranco.pt'; 'nuno.maricat@sm-castelobranco.pt'; 'nuno.lourenco@sm-castelobranco.pt'; 'igaot@igaot.pt'; 'gab.seaot@mamaot.gov.pt'; 'geral@min-agricultura.pt'; 'drapc@drapc.min-agricultura.pt'; 'doai@drapc.min-agricultura.pt'; 'sergio.penedo75@gmail.com'; 'Antonio Santos'; 'alcindo@drapc.min-agricultura.pt'; 'geral@aguasdocentro.pt'; 'amavel.santos@aguasdocentro.pt'; 's.mexia@aguasdocentro.pt'; 'j.magueijo@aguasdocentro.pt'; 'Manuel Frexes'; 'francisco.rafael@sapo.pt'; julio.cruz@reconquista.pt; 'lidia.barata@reconquista.pt'; 'Nelson Mingacho'
 
Assunto: FW: Líria, ribeira abandonada, como o país... desgraçado.

Sempre a Líria...

Se volto ao tema é porque a situação assim o requer.

Assim:

1 - Foi um verão relativamente tranquilo por parte dos Serviços Municipalizados de Castelo Branco. Mas desde ontem que, como as primeiras fotos mostram, uma descarga de esgoto doméstico corre impune como a impunidade de tanta gente, (i)responsável...


2 - As cabecinhas autárquicas que decidiram em projeto, fazer uma zona de lazer, ao longo de uma ribeira que é um canal de esgoto, andam por aí, falando da competitividade, da modernidade mantendo um terceiro mundismo ambiental na maior freguesia, Alcains, só me fazem rir. As fotos assim o demonstram, no abandono e na poluição que por ali se manifesta.
 

3 - O matadouro industrial continua mal. Serviços que deveriam velar pela saúde ambiental, renovam licenças que causam doenças... As fotos agora de uma pasta que cobre o estrume da ribeira, são as SCUT das ratazanas e incautas galinholas que correm pela aragem sem pagar portagem.
 

4 - Por parte das Águas do Centro tenho a promessa que irão colocar filtro de carvão para minimizar os maus cheiros e manter uma redobrada atenção sobre a bombagem do efluente.
Não peço nada a nenhuma entidade, porque já tiveram tempo de fazer, e pouco ou nada de vulto fizeram.
Resta-me enquanto cidadão, resistir, e continuar a denunciar.
Até que um dia...



Manuel Peralta

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ratoeira autárquica

Uns a meio tempo, a maioria a tempo inteiro, bastantes a senhas de presença, mas todos, mais de carro que a pé, por ali passam.
Outros, ao que por aí se diz e não são “desnegados”, em representação dos fregueses, até executivamente se sentam na câmara da cidade de Castelo Branco.
Parece que há, houve, ou terá havido, uma comissão de trânsito no âmbito da Assembleia da Freguesia de Alcains.
Na câmara da cidade, haverá eventualmente, secção, repartição, quiçá até divisão que superintenderá no trânsito citadino, de certeza, no trânsito dos fregueses, tenho dúvidas.
Entretanto e cumprindo a sua missão, a GNR, multa.
Da multa, por infração muito grave cometida, transpor um traço contínuo,  canelada de 300 euros já com os descontos incluídos, e inibição de conduzir, salvo erro, durante um mês.
Assim estamos.


Assim têm estado as vítimas do desleixo e da despreocupação municipais, do deixa andar, do cada um que se cuide, de tanta gente que por serviços vai vegetando nesta doença, mas que ao fim do mês, garantida tem a “tença”...
Em recente trabalho de sinalização horizontal bem efetuado por empresa privada nas ruas da freguesia, decidiram alterar no cruzamento da avenida 12 de novembro com a rua de Gil Vicente, frente ao prédio onde esteve a funcionar a garagem Avenida, o sentido do trânsito. E bem.
Só que, esqueceram-se da sinalização vertical. Nem qualquer sinal de proibição de virar à esquerda, o que não me admira, muito menos qualquer sinalização vertical de sentido obrigatório.
No pavimento, a medo, de soslaio espreitando, meio escondido, espreita um medroso e já farrusco traço contínuo, sob lomba, com tromba. Que, quem não conhecer, não vê.


E como se diz sem medo no degredo, pior que tromba, só uma lomba...
Incautos, idosos com hábitos, distraídos, uns por bem, outros por mal, caem como tordos na ratoeira municipal.
Imagino as dificuldades de quem vive do Rendimento Social de Inserção Municipal, mas por favor, deem-nos um sinal...

Manuel Peralta

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

...ainda o Senhor BISPO, Dom Aurélio Granada Escudeiro

O semanário “Reconquista”, amavelmente, publicou na sua edição de 7 de setembro o texto anterior.


E, como o espaço dos jornais é caro, quando para os jornais escrevo, tenho alguns cuidados de que me não afasto, nomeadamente, não me alongar muito, escrever de modo a que, todos os que me leem me entendam, e, sempre que possível, acrescentar valor ao conhecimento de todos, como agora se diz, “partilhar” o que se conhece.
O Senhor Bispo, ofereceu-me um opúsculo de 18 páginas que retrata  a sua vida enquanto Bispo na diocese de Angra do Heroísmo, dirigido ao Clero, aos Religiosos e a todos os demais Fiéis da Diocese de Angra.


Escrito após a sua resignação, o documento resume de forma clara a sua atividade de 22 anos a difundir a mensagem de Cristo no arquipélago dos Açores.
As estruturas que conseguiu levantar e por em marcha, as angústias provocadas pela destruição que o sismo em todo o arquipélago provocou, e a consequente reconstrução, os problemas que encontrou, a desertificação insular, a solidariedade entre as ilhas, a droga, o desemprego, a emigração, a juventude, a família, as novas heresias, as virtudes a desenvolver, enfim um balanço de 22 anos em dedicação exclusiva ao serviço dos Seus fiéis e da Sua Igreja.
Escrito pelo seu punho, entregou-me três folhas manuscritas dos factos mais relevantes da sua vida.


Pormenor não irrelevante, austero que presumo ter sido, para poupar papel, escreveu as três folhas no verso das folhas de rosto das revistas que recebia, endereçadas à Casa do Espírito Santo, sua morada em Alcains.

Porque há cada vez menos registos em papel, e muito menos escritos por um Bispo, para memória futura, digitalizei os documentos que agora dou a conhecer.


No entanto, se por vontade de Deus, um dia, alguma entidade decidir nos muitos espaços de cultura existentes, dar a conhecer a atividade do Senhor Bispo, doarei para tal fim estes documentos.
Pode parecer irrelevante, mas é uma vida, e a vida é um bem exclusivo desde que se nasce.
Único.
Nunca mais haverá um Aurélio Granada Escudeiro, BISPO.

Manuel Peralta

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Dom Aurélio, BISPO, um Alcainense ilustre

Nas aulas de ginástica do professor Coelho, ouvi em tempos um “zum zum” relativo a uma possível retirada definitiva do Senhor Bispo, Dom Aurélio Granada, para junto da comunidade Açoriana, que em 19 de junho de 1974, carinhosamente, na linda cidade de Angra do Heroísmo, património da humanidade, recebeu o seu Bispo, um Alcainense.


Apesar de nas procissões, distraído, ter levado um ou outro pontapé de seminarista mais “chiita/ayatólah” de fé, que mais tarde vi abandonar, subi as escadas da rua do Saco, e ali, na “Casa dos Belarminos”, mantive uma inesquecível e culta conversa com o Senhor Bispo.
Não me atrasei, ganhando aqui a sua confiança, e o Senhor Bispo lá estava pontualmente à minha espera, de olho azul penetrante, disponível, e com uma felina lucidez, que me impressionaram sobremaneira.
De onde vieram os Granada, perguntei?
Os antepassados de sua mãe, foram no século XVI, 1590, descendentes do rei de Granada, que tiveram que fugir para Lisboa e Setúbal, por também quererem trono…ser chefes de reino…


Por volta de 1900, os seu avós, vêm de Lisboa para a Beira Baixa, para construção das estradas, sendo a sua avó descendente dos tais Granada.
E é então que, em 29 de maio de 1920, nasce o Senhor Bispo, filho de João Lourenço Escudeiro, (feitor do Conde de Idanha), e de Maria Belarmina Nunes Pinheiro, que tiveram dez filhos, dois dos quais morreram ainda crianças.
Gabava-se o meu padrinho, Manuel da Paixão, que tinha andado na escola primária com ele, que a geração dele tinha dado um Bispo…
E como é que se chega a Bispo, questionei?
Ser padre, dar provas de apostolado, ter cabeça, tino até cinco minutos depois de morrer, culto, e, com trabalho diocesano feito, aguardar escolha pelo Núncio Apostólico e pelos bispos portugueses, para ser nomeado pelo Papa.
Simples, não é!!!
O primeiro e único bispo Alcainense, Dom Aurélio Granada, é detentor de um “currícula” excecional.
 

Estudou nos seminários de Gavião, Alcains e Olivais e como aluno brilhante que foi, teve de aguardar por idade para ser ordenado padre.
Professor, presbítero, pároco de Comenda, Gavião, Ortiga e Alvega. Nomeado professor de Religião e Moral no colégio de Nossa Senhora de Fátima e no liceu de Castelo Branco em 1948. Ali deu aulas a um aluno que viria a ser Presidente da Republica, Ramalho Eanes e a Marçal Grilo, ex-ministro “guterriano” da Educação e fervoroso adepto do ciclismo.
Assistente Eclesiástico da Ação Católica para rapazes e raparigas da cidade de Castelo Branco, embora sem ser nomeado, exerceu as funções de diretor do semanário “A Reconquista”.
Começa em julho de 1951 a sua ascensão na hierarquia da igreja, ao ser deslocado para Lisboa para exercer as funções Assistente dos Serviços Centrais da Ação Católica Portuguesa. Em particular, nomeado Assistente Internacional da Ação Católica Rural e Assistente Eclesiástico do mesmo organismo no Patriarcado de Lisboa.
Nestas funções percorreu e conheceu todo o país, bem como a Madeira, Açores, Angola, Moçambique e Goa permanecendo nestes locais durante meses exercendo a sua divina missão.
Como responsável da JEC-F, Juventude Escolar Católica Feminina, tutelava a formação espiritual de dirigentes tendo ali conhecido Manuela Eanes, na época Presidente Diocesana de Lisboa.
 

Membro do Conselho Coordenador do Ministério da Saúde e Assistência, em representação da igreja, nas funções de Assistente da Obra de Proteção às Raparigas, hoje ACISJF.
Em 1967 foi nomeado Secretário Nacional da Comissão Episcopal para a Mobilidade que envolvia o cargo de Assistente Eclesiástico dos Emigrantes Portugueses.
Nestas funções conheceu parte do mundo, Europa, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Venezuela entre outros países.
Com olhos e ouvidos por todo o lado, observado de lado, de frente de cima e por baixo, radiografado, passou este ilustre Alcainense no crivo de malha fina da Igreja e, por decisão da comunidade dos Bispos portugueses, Sua Santidade o Papa João XXI, nomeia-o em julho de 1974, Bispo Coadjutor da Diocese de Angra do Heroísmo.
Por ter atingido o limite de idade, 75 anos, em 20 de julho de 1976, resigna do lugar.
 

Vinte e dois anos, junto dos Seus, no sismo de janeiro de 1980 com onze mil casas destruídas, 52 igrejas e 46 capelas em ruinas, na criação de condições para instalar a Rádio Renascença nos Açores, na agregação do Seminário Diocesano à Universidade Católica Portuguesa, na criação do lar para sacerdotes idosos ou doentes, ou na  implementação da Clínica do Bom Jesus, Dom Aurélio Granada Escudeiro foi um Homem, um Pastor sempre ao serviço das missões da Igreja.
 

Relembro na ilha da Horta um encontro, no aeroporto, em que os dirigentes e administradores da Telecom Portugal aguardavam o avião. Chega uma comitiva religiosa com o Bispo Aurélio à frente. Avança em direção a mim e, perante o espanto geral, dá-me um efusivo abraço. A minha cotação entre colegas e administradores subiu em flecha…devo-lhe esse gesto, e prometi ali em pleno oceano, entregar-lhe, quando oportuno, um óbulo de agradecimento.
Do que tinha tudo doou. À Sé de Angra do Heroísmo, doou o painel bordado com as suas armas e a cruz peitoral que sempre usou, a mitra preciosa, à Igreja matriz de S. Sebastião em Ponta Delgada, o paramento completo usado na sua ordenação à Igreja matriz da Horta, e, o anel, ao Tesouro do Senhor Santo Cristo dos Milagres em Ponta Delgada.
 

Alcains, terra de pedreiros livres e de muita costura, pode orgulhar-se do Bispo Aurélio, pois por onde passou engrandeceu e levou mais longe o nome da nossa terra. Tenho amigos açorianos que o confirmam.
Não era um bispo da linha “Woitila”, mediático, era para mim mais “Ratzinger”, cerebral, aplicado, recatado, e muito, mas mesmo muito, disciplinado.
Sábado passado, ao ler na internet o Correio da Manhã, surpreendido fiquei com a notícia da morte do senhor Bispo.
No opúsculo, resumo da sua atividade de Bispo durante 22 anos nos Açores, que assinou e me ofereceu, traça em passos largos o sentido da sua vida.
“Parto sereno, contente por ter podido servir, onde Deus me colocou”, disse, quando resignou.

Manuel Peralta