Ao mesmo tempo que os Tranquetenas do Ritmo, oriundos do Chafariz Velho, tentavam singrar no meio musical, para os lados do Largo de Santo António, mas já a caminhar para o cemitério, aparece igual febre musical, treinada em serenatas, descascas em ruas pacatas...
O Manuel Barata Ruivo, vulgo, Manel do Cemitério, e vulgo ainda Manuel Camilo, em companhia do António Geada e do Jaime Godinho, baptizaram este trio de amizade e boa vizinhança, com o nome de CONJUNTO ÁGUIAS NEGRAS, conforme está escrito no verso da foto que o Manuel Ruivo, Manuel Camilo e Manuel do Cemitério, gentilmente me cederam para aqui publicar.
Da esquerda para a direita, Manuel Ruivo (Camilo), António Geada e Jaime Godinho.
O Manuel Ruivo, que ficou órfão de pai pelos quatro anos e foi educado em colégio nos arredores do Porto, esteve com destino marcado para aplainar almas, ser padre, mas a tempo, recuou, e decidiu em Janeiro que queria ir aplainar tábuas... no Parteiro.
Construiu o seu próprio instrumento, a viola, e, depressa, passou a viola solo das Águias Negras.
De fatinho completo com gravata, mostra a foto um estilo de músico que nem necessitava de olhar para a escala para solar o “The house of the rising sun”... por outro lado o António Geada, marcador de ritmo em bateria que era uma bacia tapada com pano, pele que durava todo o ano, por ser no dizer do Manel já um artista, ficou baterista.
O Jaime Godinho, que usava lacinho, e trazia viola em costas de artista, porque cantava bem era o vocalista.
A especialidade, era a grande vontade, como disse mais atrás, mas não havia semana que ora uns ora outros não contemplassem cinco a seis, queridas meninas, em serenatas.
Inicia-se por estes tempos nestas lides, um tal José Pedro Amoroso, contemporâneo dos Águias Negras que despertava em fado para uma verdadeira e exclusiva vida de artista.
Falo é claro do Alcainense, cujo nome artístico é o PEDRO VILAR...
Por morar pegado ao cemitério, alcunharam-no de Manel do Cemitério, por ser neto materno de avô Camilo, sobrecarregaram-no com Camilo, ele que em criança não podia dar uivo, assim ficou Manuel Barata Ruivo.
Na sua residência pegada ao cemitério, especializou-se em trótinetes com rolamentos já rolados da oficina do António Ramalho, em guiadores de corridas de canalha em que padalavam em imaginária bicicleta, de guiador nas mãos em corridas, eu sei lá até onde...e em que partidas.
Estes três amigos nunca solfejaram partitura, de Conservatório, só conheciam o do Registo Predial, mas viveram bons momentos de elevada amizade, de aposta na sua capacidade de se superar, de ir mais além, quais amigos alegres sempre a cantar.
Esta liberdade e amizade, da rua, de todos e não apenas tua, perdurou... e o sonho de Águias Negras, tal como a febre, quando passou, acabou.
Manuel Peralta
Da esquerda para a direita, Manuel Ruivo (Camilo), António Geada e Jaime Godinho.
O Manuel Ruivo, que ficou órfão de pai pelos quatro anos e foi educado em colégio nos arredores do Porto, esteve com destino marcado para aplainar almas, ser padre, mas a tempo, recuou, e decidiu em Janeiro que queria ir aplainar tábuas... no Parteiro.
Construiu o seu próprio instrumento, a viola, e, depressa, passou a viola solo das Águias Negras.
De fatinho completo com gravata, mostra a foto um estilo de músico que nem necessitava de olhar para a escala para solar o “The house of the rising sun”... por outro lado o António Geada, marcador de ritmo em bateria que era uma bacia tapada com pano, pele que durava todo o ano, por ser no dizer do Manel já um artista, ficou baterista.
O Jaime Godinho, que usava lacinho, e trazia viola em costas de artista, porque cantava bem era o vocalista.
A especialidade, era a grande vontade, como disse mais atrás, mas não havia semana que ora uns ora outros não contemplassem cinco a seis, queridas meninas, em serenatas.
Inicia-se por estes tempos nestas lides, um tal José Pedro Amoroso, contemporâneo dos Águias Negras que despertava em fado para uma verdadeira e exclusiva vida de artista.
Falo é claro do Alcainense, cujo nome artístico é o PEDRO VILAR...
Por morar pegado ao cemitério, alcunharam-no de Manel do Cemitério, por ser neto materno de avô Camilo, sobrecarregaram-no com Camilo, ele que em criança não podia dar uivo, assim ficou Manuel Barata Ruivo.
Na sua residência pegada ao cemitério, especializou-se em trótinetes com rolamentos já rolados da oficina do António Ramalho, em guiadores de corridas de canalha em que padalavam em imaginária bicicleta, de guiador nas mãos em corridas, eu sei lá até onde...e em que partidas.
Estes três amigos nunca solfejaram partitura, de Conservatório, só conheciam o do Registo Predial, mas viveram bons momentos de elevada amizade, de aposta na sua capacidade de se superar, de ir mais além, quais amigos alegres sempre a cantar.
Esta liberdade e amizade, da rua, de todos e não apenas tua, perdurou... e o sonho de Águias Negras, tal como a febre, quando passou, acabou.
Manuel Peralta
Os Águias… e atracção do Negro…
ResponderEliminarÉ inegável que quando recuamos aos anos 60, as Bandas que então se formavam, tinham uma inegável atracção pela palavra Negro.
Em Alcains, talvez pela relevância dos Cometas Negros, de Castelo Branco, mas certo é que em Portugal esta cor estava na moda, quando se tratava de escolher o nome para uma banda.
E tínhamos Os Diamantes Negros, Os Blusões Negros, Os Panteras Negras, Os Gatos Negros, Os Demónios Negros, chegam como exemplo da atracção que a palavra exercia.
E mesmo que não tenham passado de meras hipóteses, como terá sido o caso dos alcainenses Águias Negras, que iam na onda duma palavra chamada Banda, que reunia 3 violas eléctricas, mais uma bateria, com ou sem vocalista exclusivo e que por vezes nem chegavam a ver a luz do dia. Na generalidade, estes projectos eram projectos efémeros. A razão principal era a guerra colonial, que chamava os jovens para o serviço militar.
A este respeito, realce-se pelo ineditismo de que se revestiu, o caso do Conjunto Académico de João Paulo, cujos elementos foram em conjunto incorporados e que foram mobilizados, fazendo a Comissão nos teatros de guerra, deslocando-se muitas vezes em viaturas militares pelas picadas e actuando em lugares muito recônditos e nem sempre muito seguros. Claro, e de camuflados vestidos!...Existem fotos que documentam este facto.
Quando não era no nome da Banda, era no seu visual em palco, que a atracção do Negro se verificava, sapatos, calça e casaco negros, camisa branca e um nó de gravata bem amanhado numa gravata da mesma cor.
E desde os imortais Beatles, passando pelos franceses Les Chats Sauvages, até às bandas portuguesas com algum cartel que vinham às Festas de Finalistas a Castelo Branco, como o Quinteto de Sousa Pinto, O Tony Araújo, Os Ekos, Os Tártaros, que já tinham um certo historial, inclusive discos gravados, e outros como O Conjunto Mistério, Os Sheiks, O Conjunto de João Paulo, moda a que também aderiram Os Cometas Negros e os alcainenses Dragões, e mesmo os Tranquetenas, que também já por aqui passaram bem enfarpelados, em tons de negro vestidos.
As jeans ainda não tinham chegado a Portugal! Primeiro viria ainda o movimento Hippy, e só depois do 25/4, surgiriam em força as democráticas jeans, e em cada Banda, cada um começou a vestir como queria e como lhe apetecia.
Em resumo, pode dizer-se que os projectos musicais alcainenses, desde os
mais embrionários, até aqueles que duraram uns anos, primavam em primeiro lugar pelo visual e o musical, porventura, viria depois!
E a década de 60 em Alcains, no que toca a projectos musicais, foi mais ou menos assim!
MC