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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

LÊTCHA

SIMÃO LÊTCHA

Simão Barata

Filho de João José Barata, Ti João Grilo, ou Motchacha era ganhão no Frisemão, quinta da família Ulisses Pardal na Lousa.

O ti João Grilo era um homem baixo mas corpulento e sempre que me encontrava tinha de levar um grande apertão de partir costelas ao mesmo tempo que me desafiava para jogar com ele às quédas... eu era seu vizinho e, claro, uma criança.

Sua mãe, Emília Clara Barata, a ti Emília da Zebreira para as vizinhas, era uma mulher alegre, de prantos, que com três anos com os pais, rumou da Zebreira até Alcains visto que seu pai, avô do Simão, era na altura cantoneiro vindo para Alcains exercer esse mester.


A casa do Simão era das melhores casas para as caqueiradas, presumo que a chave nunca terá fechado a porta, dormia no trinco, e as escadas de madeira amplificavam em muito o som das braseiras velhas, dos penicos de resmalte, um ou outro bocal de candeeiro ou caqueiro que se apanhavam na galarissa do ribeiro do pinheiro, quando pelo carnaval se deitavam as caqueiradas.

O Simão nasceu em Alcains no dia 27 de Dezembro de 1944, benjamim de mais quatro irmãos, a Antónia, o Manuel, a Eliana que foi casada com o Zarelho, e o José Francisco, vulgo zéfcisco.

Este zéfcisco, seu irmão, tornou-se quando novo, um especialista na espreita sentado em batoréis...

Nem as catchópas muito menos as mulheres casadas podiam sequer mostrar o joelho ou artelho, e, nos patinhos e batoréis tinham de se recatar não fosse o fcisco espreitar...

Seus pais, criavam normalmente um ou dois marrantchos, tinham sempre um enorme pote de azeitonas, arteiras e sapateiras, e para surpresa minha na aloje do rés-do-chão, uns enormes arcazes repletos de feijão-frade, de trigo e milho que o Motchacha seu pai recebia de fôrra ou fórra.

Ali, no meio da semente, metiam muito verde melão para acabar de maturar, pois vinha verde do Frisemão.

Como toda a rapaziada da Unha Negra, foi na Tapada da Senhora que iniciou a dura escola da vida.


Como era novo e as dificuldades dos pais também não lhe permitiam comprar ferramenta, trabalhava com canêlos, pelo que nas pedreiras era sempre dos primeiros a ser despedido.

No entanto, ali, no seu pavilhão gimnodesportivo, na Tapada da Senhora juntamente com o Manuel Galante, o Balhinhas, o Reguinga, o Manuel Barrigana, e o Malha Preta era depois de um dia de trabalho um verdadeiro artista.

Um galgo nas corridas, um John Waine com as pistolas, um Elvis Presley na dança, e um exímio “danseur” de twist frente à taberna do Ti Domingos, tornaram o Simão num verdadeiro artista da rádio tv e disco, e da cassete pirata.

Nos jogos, nas corridas, no ferro quente, e nas bulhas de canalha, por ser muito rápido, alcunharam-no de flêtcha, (flecha).

Mas como naquele tempo ainda não havia Novas Oportunidades, e um problema de dislexia não tratado em moço que tinha muita dificuldade a pronunciar o F, começou a chamar-lhe “Lêtcha”, Smã Lêtcha.


A partir daí passou a ser conhecido por Smã Lêtcha, e diz que gostava que Deus lhe desse vida e saúde para que, daqui a cinquenta anos, ainda lhe chamassem Smã Lêtcha.

Após a quarta classe, o Simão também não escapou à regra e, aos onze anos, lá foi a caminho das pedreiras. Começou por ser aguadeiro, e passado algum tempo começou a aprendizagem de canteiro com o Ti Zé Pires.

Mais tarde também trabalhou com os Ti António Valadeiro, Ti António Bento e por fim com o Ti Zé Escudeiro (marido da Manuela do Ti Domingos) até que foi para a tropa.

Com o ti Zé Escudeiro, em Reguengos de Monsaraz aconteceu-lhe a pior aventura da sua vida.

Naquela época, segundo ele, vestia à tédiboy: blusão, calça justinha à perna, botas à mexicana, um chapéu enterrado até ás orelhas, cabelo grande e um senhor bigode.


Quando passeava pelas ruas de Reguengos, as mulherzinhas por ele vestir assim, temiam-no e ficavam sempre a cochichar quando o viam. Por vezes, olhava para trás e apercebia-se que estavam a falar de dele.

Um dia alguém assaltou uma casa em Reguengos, e, as mulheres, logo pensaram que fosse o tediboy e chamaram a GNR.

Estava o Simão num café com o Zé Pichorro e outros canteiros de Alcains que ali trabalhavam, quando a GNR o abordou.

Ao pedirem-lhe a identificação, a sua rapidez mais uma vez o traiu... ao meter a mão ao bolso para tirar a carteira com os documentos, os GNR pensaram que ia tirar a pistola deram-lhe logo voz de prisão.


Ao ter conhecimento do que aconteceu, o Ti Zé Escudeiro que era muito conhecido e respeitado em Reguengos, foi ao posto e conseguiu inocentá-lo mas, para susto chegou.

Nos anos sessenta o Simão era o rei do ROCK e do TWIST em Alcains e não só.
Agora uma valsa, um tanguinho, já o satisfaz, mas não esqueceu os tempos em que punha toda a malta a dançar, ao cantar o seu “inglês alêtchado” e a bater palmas.

Se os paralelos em frente da venda do Ti Domingos falassem, muito teriam que contar.

Mesmo sem nenhum instrumento musical, o Smã Lêtcha igualava os Beatles.
Desses tempos recorda aquando duma descasca, (descamisada) na ti Maria da Silva, ao começar com o seu repertório e toda a mocidade começou a dançar e a bater palmas, uma senhora já com uma certa idade, começou a criticar a nossa dança mas, também não resistiu à tentação.

Arregaçou a saia até aos joelhos salta para o meio de nós a dançar e, acabou por cair de cu de cansaço... toda a gente apladiu.

A guerra colonial também levou o Simão até Moçambique, (Nampula), onde permaneceu três anos. Foi aí que numa época de Natal apareceu por lá um fotógrafo, e como não tinha roupa adequada emprestaram-lhe um fato, camisa e gravata para tirar uma fotografia.

Foto tirada em Nampula e fez grande sensação quando enviou à família

No início dos anos 70 emigrou para França onde esteve cinco anos sem vir a Portugal, exercendo durante este tempo a profissão de motorista de pesados.

De regresso a Portugal casou com Maria da Piedade Valente (falecida).

Voltou novamente para França juntamente com a sua esposa, e começou a exercer a sua antiga profissão de canteiro, na restauração de monumentos e edifícios históricos.

Actividade que mais tarde exerceu por sua conta até à idade da reforma.

Sua esposa, Piedade, “costureira” também trabalhou por conta própria em França onde chegou a ter algumas empregadas.

Mas o Simão tem outras histórias, hoje, quando ia à sua maison para recolher estes elementos e não o encontrava, perguntei a dois amigos que se encontravam frente ao café do Ti Domingos na praça, se o tinham visto.

Contaram logo, que em tempos, em Gonçalbocas, perto da Guarda, passou a ser enfermeiro quando tentava encantar uma professora, que por ali andava.

Fui durante a minha juventude vizinho do Simão e da sua família.

Apesar de mais velho não me lembro de cascar na canalha, era muito brincalhão e era o animador da rua...

Este texto foi escrito a duas mãos, o Manuel Geada, actualmente seu vizinho que fez a recolha, e eu que acabei por ajudar com as lembranças de rua quando o Simão era um vizinho de quem guardo boas recordações.

Manuel Geada
Manuel Peralta

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

CABO VERDE

ILHA DE S. VICENTE – MINDELO

DSFOM – Direcção Serviços Funcionários Obras Militares

Reuniu-se dia 24 de Setembro de 2011, em Belmonte, o Pelotão de Engenharia da DSFOM, que de 1973 a 1974 cumpriu a missão militar à Pátria, nas ilha de S. Vicente, na linda cidade do Mindelo.
…em nhós terra, com morabesa e pé na tchon, Cabo Verde…


O quartel que acima a foto reproduz, é o lugar que serviu de casa a um grupo de 30 a 40 militares, que durante cerca de 18 meses e em rendição individual, ali cumpriram a solidão da ausência de amigos e familiares, ali desesperadamente contaram cada dia, na esperança de um regresso à desejada e então designada Metrópole.


A solidão e a ausência da família era minorada com os aerogramas do SPM-0077, e com as futeboladas em campo de futebol cuja relva era calçada portuguesa, com balizas de trave e postes feitas pelos carpinteiros e redes pelos pescadores em que mais tarde, um ou outro, rumou qual novo emigrante, ao Canadá.
Por vezes, e, porque o pré de soldado mal dava para coçar a carapinha, lá se ia jantar ao restaurante do Bana, sim o Bana que viria a ter projecção musical a nível nacional, e que lá actuava para os clientes.
A foto supra reproduz precisamente um desses convívios.


No dia da arma de Engenharia, com um grande almoço na praia da Baía das Gatas, uma enseada lindíssima onde se observa o Monte Cara, comemorou-se em excelente convívio de cerca de 40 militares, o já referido dia da Arma e que a foto, infelizmente a preto e branco, reproduz.
Quando em serviço da Portugal Telecom estive em Cabo Verde, fui várias vezes à linda cidade do Mindelo.
Os edifícios da época colonial bem conservados, uma praça central bem arranjada com um coreto de música que faz lembrar os de muitas vilas de Portugal, uma vida cultural bastante intensa, o festival anual da Baía das Gatas, o carnaval do Mindelo, enfim uma série de eventos que em muito rivalizam com a capital cidade da Praia.
As rivalidades sentidas em Portugal entre Lisboa e Porto, são em tudo muito semelhantes às existentes entre Praia e Mindelo, foi o que observei entre os Caboverdeanos de ambos os lados, nos cerca de dois anos que por ali trabalhei.


As fotos e estas recordações pertencem ao Domingos Farias Bispo, um na altura carpinteiro Alcainense que, para Cabo Verde foi mobilizado.
Trabalhava na arte fazendo carpintarias para as câmaras frigoríficas da Intendência, na construção da messe de Sargentos, com outros colegas que calcetavam estradas, e que com cerca de 50 civis caboverdeanos contratados pelo exército, ajudavam a desenvolver a sua terra.
Os milícias do recrutamento local e que também cumpriam o serviço militar, eram normalmente escriturários.
Refere no entanto o Domingos Bispo, que tinha um ajudante Caboverdeano a quem ensinou a arte de carpinteiro, de nome Manuel Almeida, e que nunca mais viu.
Na foto acima e contando da esquerda para a direita e de pé, é o Caboverdeano, bastante jovem, que está de pé.
Refere que, quase não há dia em que não se lembre dele…por onde andará? Também o Manuel Almeida se lembrará do Domingos, pergunto agora eu?


O Domingos que recorda o caminho de cabras para ter acesso à praia denominada de João Évora, e onde com os colegas apanhavam os excelentes percebes, as lapas, os búzios e os caranguejos que por ali abundavam, pretende que através do Terra dos Cães, se dê conhecimento aos que ali prestaram serviço e não se conhece o seu paradeiro, entrem em contacto com ele, para os telefones 272 906 821, e 969 345 994.
Ponho é claro o blog e o meu email à disposição para ajudar a aproximar amigos que se abraçam quando se reencontram.
Aproximar, estar disponível para a amizade são valores perenes do Terra (deles, a) dos Cães, a nossa…

Manuel Peralta

Nota: Enquato escrevia este texto tive a notícia de que a Grande Cesária Évora decidiu por fim à sua carreira artística. Foi operada ao coração recentemente em França.

Segunda Nota: Com o envio de abraço amigo, o ilustre Alcainense, General Frutuoso Pires Mateus ao ler este post, informou-me que no período de Maio de 1967 a Maio de 1969, foi o Comandante da Engenharia e Chefe da D.S.F.O.M. – Direcção do Serviço de Fortificações e Obras Militares – do Comando Territorial de Cabo Verde.


Convívio dos militares da DSFOM de 2010

Num BEM-HAJAM tipicamente Beirão, militarmente acamaradado pela notícia e fotos do local que bem conhece, pede para informar o Domingos Bispo, nosso conterrâneo, que ia remeter email ao Sr. Coronel Sá Viana Rebelo que foi o comandante do Domingos Bispo, para lhe dar conhecimento desta notícia do Terra deles…
Já cumpri a deprecada do Senhor General Frutuoso Mateus, e o Domingos Bispo informou-me que para o ano lhe cabe a ele, Domingos Bispo, organizar o Convívio destes camaradas militares, nos fins de Setembro de 2012 em Alcains.
Cá os espera.

Manuel Peralta

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Festas de Alcains

As festas de Alcains, popularmente denominadas festas de Verão, ou festas de Santo António são já, desde há anos, uma saudade.
A grandiosa quermesse, a barraca de chá, a venda da flor por um simpático grupo de meninas, as grandes corridas de bicicleta, as descargas de foguetes, a alvorada, o arraial, as cavalhadas em burro ou bicicleta, a Ferrugem de Portalegre, a Banda Carioca de Castelo de Vide, a orquestra do Troviscal-Bairrada, a Filarmónica Alcainense, os Alegres Albicastrenses, o Henrique Caniça, o Tchico Felício, a casa J.J.Baptista de Alcains, a aparelhagem sonora, o castelo, a latada, o fogo de vista... enfim, um sem número de actos e expressões que o tempo que tudo dá e tudo tira, se vai encarregando de recolher no baú dos trastes velhos, agora armazenado no forro, ou em arrecadação perto do ganal...


O fato novo, o vestido da festa, a missa, a procissão e o sermão, o namoro, as rifas, o baile , as prendas de quermesse passeadas e mostradas por pares pudicamente lado a lado, sem mão dada, por vezes já de braço dado se o destino já tivesse sido tratado.
A pé, de motorizada ou de bicicleta, chegavam os forasteiros, de Caféde, dos Escalos de Cima e de Baixo, da Lousa e até a pé, da Lardosa, de capacete na cabeça uns, de bomba da bicicleta no bolso de trás outros, que assim ornamentados, dançavam e passeavam na festa.
Os que vinham de bicicleta, usavam mola que apertava calça, para que, carreta de corrente, não tintasse dobra de calça permanente.
Chegados ao recinto, anunciavam-se, procuravam na quermesse a aparelhagem sonora da Casa M. Silva e o Chico Felício, interrompendo disco de vinil em que Fernando Farinha cantava O Miúdo da Bica, dizia... informam-se todos os presentes que acabou de chegar o Paulo de Caféde, o Mário da Lardosa e o Teles da Lousa... por exemplo.


Já tinham partido os corredores, um ou dois automóveis, duas ou três motorizadas que acompanhavam o Balhinhas, o Domingos Bispo, o Pirilau, o Massano, o Zé Treze, o Zé de Caféde, o Zé Pires, o Sarralhas, o Fiel da Lardosa, o José Peixe e o Mário de Andrade de Castelo Branco, o Conchegão dos Escalos de Cima e o Pires Esteves do Cabeço do Infante.
Três voltas por Alcains, Escalos de Cima, alto da Lousa, Lardosa e Alcains com os seguintes prémios.
Primeiro classificado, um euro e meio, segundo, setenta e cinco cêntimos, terceiro trinta e sete cêntimos e meio, quarto, doze cêntimos e meio e por fim o quinto classificado, com um pneu de bicicleta, brindado.
Entretanto, a comissão não se responsabilizava por qualquer acidente que pudesse ocorrer, isto é cada um corria por sua conta e risco, e porque uns eram mais fortes e outros mais fracos, dali, a comissão lavava as mãos, como Pilatos.
Em casa rancho melhorado, canja de galinha velha, arroz de coelho manso, papas de carolo ou farófias, e, partia-se para a festa ver as cavalhadas, assistir à chegada dos ciclistas, por a flor, beber um refresco, e de santinha de açúcar, azul ou cor de rosa ao pescoço, por vezes de vela acesa, que humedecia o apetecível colar doce, mirado, remirado por quem ainda não tinha, invejado.
Ao lusco fusco, jantava-se e partia-se então com pai e mãe, para o arraial observar a feérica iluminação que J.J.Baptista proporcionava, mais umas rifas na quermesse e lá se trazia mais uma manteigueira, por vezes um solitário, uma chaminé de candeeiro a petróleo e a sempre esperada garrafa de vinho do porto, Lágrimas de Cristo.
Ponto de encontro de todos os que estavam fora, reviam-se amizades, faziam-se grupos de familiares, de amigos ou de vizinhos, e ia-se então para a barraca que, de chá, apenas tinha o nome.


Laranjada e gasosa da marca Prata Cão de Alcains, cervejas Sagres, Marina e Cergal, eram a bebida principal.
Frango, muito frango assado, ceado, de música acompanhado.
Vencer a timidez da dança no estrado, queimada vistosa girândola de foguetes pelo Ti João Tabaco e pelo Eusébio, uns de resposta, outros de salva e até de lágrimas.
Uma verdadeira maravilha com que o nosso conterrâneo Henrique Caniça, muito melhor que o Cachena de Alpedrinha, nos brindava, um vistoso fogo preso e do ar, que em nada ficava àquem do melhor fogo do norte, uma verdadeira maravilha.
O castelo, sim o castelo que ao romper da madrugada tronitruava... e assim, nesse raiar do dia, a festa acabava.
Nestes tempos, que me lembre, registo ... a festa dos nascidos no mesmo ano, a festa das esposas que nasceram no mesmo ano, a festa onomástica ( com o mesmo nome ), a festa da malta que esteve na tropa, a festa da malta que estudou na mesma escola, a festa da romagem da saudade, a festa da malta que treina no pavilhão, a festa da gente que nasceu na mesma rua, a festa da família, um ou outro casamento, um ou outro baptizado... tanta solicitação que quase morro, como diz o meu pai ... não pode a cadela com tanto cachorro...

Manuel Peralta

Texto publicado no jornal Reconquista de 15 de Setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

RIBEIRA da LÍRIA na MINISTRA Assunção Cristas

De: Manuel Peralta [mailto:manuel-r-peralta@sapo.pt]
Enviada: quarta-feira, 14 de Setembro de 2011 12:30
Para: 'geral@min-agricultura.pt'; 'drapc@drapc.min-agricultura.pt'; 'doai@drapc.min-agricultura.pt'
Cc: junta.alcains@netvisao.pt; 'joao.carvalho@sm-castelobranco.pt'; sepna@gnr.pt; camara@cm-castelobranco.pt; geral@sm-castelobranco.pt; 'amavel.santos@aguasdocentro.pt'; v.saraiva@aguasdocentro.pt; 'celeste.capelo@gmail.com'
Assunto: RE: Maus cheiros da estação elevatóra de esgotos de Alcains na av 12 de Novembro em Alcains do Concelho de Castelo Branco. SUGESTÂO

Senhora Ministra Drª Assunção Cristas

Em seguimento de email anteriores, ponho a questão dos maus cheiros, provenientes da Estação Elevatória de esgotos domésticos de Alcains da responsabilidade da Águas do Centro.
Convido-os a ler a carta que sob o tema o Sr. Administrador Delegado das Águas do Centro, Dr. Amável Santos me enviou atempadamente sobre a referida estação elevatória.
É certo que a situação melhorou devido à atenção constante, que testemunho, que as Águas do Centro têm posto na estação.
Mas... se lerem o último parágrafo e depois de decorrido já bastante tempo, qual a solução que propõe as Águas do Centro?
Já concluiu o estudo técnico que vai resolver de vez a situação?
Ontem com a subida da temperatura, insuportavelmente resistiam os moradores a mais uma tarde e noite de péssimos cheiros, em plena Zona de Lazer, abandonada, 300.000,00 euros de um projecto que hoje muito dignifica quem o concebeu e implementou... na sala de visitas, zona de lazer, está uma casa de banho sem higiene, esgotos domésticos, estação elevatória com esgotos em fermentação e poluição industrial da Oviger.
Tudo claro a bem do Ambiente e Ordenamento do Território.
Senhora Ministra, se conseguir que os serviços do seu ministério pelo menos me respondam e arranjem posteriormente uma solução conjunta, já valeu a pena passar por lá.
Continuo a aguardar que seja encontrada uma solução global, uma vez que e bem, agora está tudo sob o seu chapéu.

Melhores cumprimentos

Manuel Peralta

Agradeço a leitura dos documentos em anexado.


De: Manuel Peralta [mailto:manuel-r-peralta@sapo.pt]
Enviada: sábado, 30 de Abril de 2011 22:02
Para: amavel.santos@aguasdocentro.pt; v.saraiva@aguasdocentro.pt
Cc: junta.alcains@netvisao.pt; 'joao.carvalho@sm-castelobranco.pt'; sepna@gnr.pt; camara@cm-castelobranco.pt; geral@sm-castelobranco.pt
Assunto: Maus cheiros da estação elevatóra de esgotos de Alcains na av 12 de Novembro. SUGESTÂO

Frequentemente, sempre que a temperatura exterior, ambiente, se eleva um pouco, toda a zona envolvente à estação de bombagem, elevatória, de águas residuais, é inundada pelos maus cheiros provenientes da dita estação.
Vapores sulfídricos provenientes da fermentação das massas de esgotos residuais, que em exagerada quantidade em volume, ficam depositadas, fermentando por esta facto e concomitantemente exalando insuportáveis cheiros.
Esta situação, que ocorre com frequência torna insuportável a respiração dos moradores residentes na zona da central.
Sugiro:
1 - Que sejam accionadas as bombas não quando o poço está cheio, mas eventualmente a um terço do disparo actual das bombas.
2 - Sem ser especialista do assunto, empiricamente presumo que assim se poderia minorar a actual situação.
3 - Fico a aguardar que esta sugestão ou outra dos Serviços Técnicos das Águas do Centro resolvam a actual situação que afecta a qualidade ambiental do ar que por direito, inodoramente, temos o direito a respirar.

Melhores cumprimentos.

Manuel Peralta

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

RIBEIRA DA LÍRIA

A luta continua...

De: Manuel Peralta [mailto:manuel-r-peralta@sapo.pt]
Enviada: quinta-feira, 8 de Setembro de 2011 17:35
Para: sepna@gnr.pt
Cc: 'igaot@igaot.pt'; 'info@draplvt.min-agricultura.pt'; 'irar@geral.irar.pt'; 'joao.carvalho@sm-castelobranco.pt'; junta.alcains@netvisao.pt; geral@sm-castelobranco.pt; 'geral@arhtejo.pt'; 'geral@ersar.pt'; dga@dga.min.amb-pt; camara@cm-castelobranco.pt; v.saraiva@aguasdocentro.pt; 'nuno.maricat@sm-castelobranco.pt'; 'nuno.lourenco@sm-castelobranco.pt'
Assunto: Ribeira da Líria. Alcains, Freguesia do Concelho de Castelo Branco.


As fotos deste email dão a imagem real da situação em que se encontra a Ribeira da Líria em Alcains.
Passou-se o mês de Agosto em que o pequeno caudal que correu na ribeira era razoavelmente limpo.
Mas, desde o princípio desta semana que deverá ter ocorrido novo entupimento na rede de esgotos domésticos, da responsabilidade dos Serviços Municipalizados de Castelo Branco, que transbordou dos colectores para a ribeira.


Observa-se na saída da ribeira junto à casa de móveis Esteves, do grupo Aquinos, o corrimento de esgoto doméstico claro.
Por outro lado e após contacto com a autarquia local na pessoa do seu Presidente, este mostra o seu desespero pela incapacidade em meios materiais e humanos da autarquia, para proceder à desmatação, limpeza da referida ribeira, que as fotos bem documentam.
O ano passado a ribeira não foi limpa e a probabilidade de inundações é elevada se um regime mais elevado de chuva ocorrer.


As Águas do Centro têm mantido um nível de serviço na estação elevatória a caminhar para o esperado… nota-se no entanto com as temperaturas mais elevadas um cheiro insuportável em toda a zona dita de Lazer.
Aguarda-se conforme carta em meu poder por solução definitiva para o problema, conforme ali se descrevia.
Mantenho no entanto que noventa por cento da poluição da ribeira é ocasionada pela OVIGER, que ao que se conhece nada tem feito para resolver a situação.
A licença que a Oviger possui para poluir a ribeira, termina em Janeiro do próximo ano.Aguardo que a renovação da licença se faça apenas na condição da proibição da Oviger poluir a Ribeira da Líria.


Dirijo-me ao Sr. Presidente do SEPNA para que à semelhança de anos anteriores, promova o necessário junta das entidades respectivas para que estas questões sejam solucionadas, nomeadamente a limpeza, desmatação da ribeira bem como a questão Oviger.
Muito obrigado

Manuel Peralta

Vejam por favor a foto que se segue.


Ver igualmente a lista de entidades a quem venho colocando esta questão.

RAFEIRO DE PRATA

Lá diz o ditado popular... não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe... e, desta vez, temporariamente, algum mal, muito mal digo eu, está a acabar.
Então não é que, pela primeira vez, pelo menos nos últimos oito anos, que a autarquia local, Junta da Freguesia, decidiu e bem, remediar o mal que vem há vários anos causando aos moradores da denominada Zona de Lazer, contígua à Avenida 12 de Novembro de 1971, data em que se deixou de ser a Maior Aldeia de Portugal, para passar a ser uma Vila, hoje, de futuro incerto, deprimida, queixosa e mal tratada pelos poderosos citadinos supra municipais...


As sargetas estão a ser pela primeira vez desassoreadas, com levantamento das grelhas e limpas de folhas, plásticos e terra, terra, muita terra.


As frondosas tílias, as ameixeiras de vista, os plátanos da avenida que por incúria não foram podados, estão a ser devidamente tratados, com poda de ramos de acesso fácil aos vândalos do costume.


A calçada raspada de ervas daninhas, as folhas secas varridas e até prometem que vão rectificar o estado de minas gerais que são os passeios, repletos de buracos, poças que se enchem de água sempre que alguma, infelizmente pouca, chuva cai.


Limparam muito bem, como se vê pela foto, a barroca que atravessa toda a zona de lazer, prometem repor as guardas de protecção, repor a calceta em falta, eventualmente dar tratamento capaz ao mobiliário urbano existente, mesas e bancos, repor os dois fontenários em serviço, calcetar o passeio do lado dos plátanos, promessa de Presidente com dois anos e ainda não cumprida, papeleiras do lixo, etc, etc, etc...


O trabalho não está acabado, mas, como se pode observar pela foto, já o espaço começa a ser utilizado.
É certo que ao lado a Ribeira da Líria está no caos do costume, mas... lá iremos.
Pelo que se está a fazer, e bem, pelo que se promete que ainda vão fazer, é merecida a atribuição de um Rafeiro de Prata aos responsáveis pelos trabalhos em curso.

Manuel Peralta

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Festas de Alcains

Festas do Verão

Festa de Santo António

Quando o ano passado, para o Terra dos Cães, fiz um trabalho sobre o Ti João Moleiro, relativo à sua arte de canteiro, e enquanto me mostrava de dentro de um arcaz embrulhadas em papel de jornal, as suas obras de arte em cantaria, deparo com um programa das festas de Santo António, realizadas em 1961.
Mil novecentos e sessenta e um, relembro para os menos atentos, foi o ano em que, em Angola, rebentou a guerra colonial, e em que, o Presidente do Conselho de Ministros de então, Dr. Oliveira Salazar terá dito esta frase que ficou célebre... ”para Angola, rapidamente e em força“.
Voltando ao documento refiro que a pedido meu, o ti João Moleiro acabou por me o oferecer.
Por se tratar de documento que presumo único, em muito bom estado de conservação, com meio século de existência, e por retratar de forma excepcional como eram as festas de Alcains, não resisti a digitalizar tal documento, e para a posteridade dar-lhe vida aqui no Terra deles...
Sendo ainda mais rigoroso, não se trata de um programa habitual inserido apenas numa folha de formato A5, mas mais propriamente de um livro, plaquete, de capa, contracapa e oito folhas interiores com publicidade e programa das festas ao centro.


A capa que acima se reproduz, trata-se de um trabalho de linóleista, em linóleo, uma placa de material que manualmente recortado permitia a impressão em equipamento gráfico e a respectiva reprodução.
Mais sofisticado que a “Janela“ do 5 de Outubro, com o Lafrau à tabela...
O linóleista foi na altura o António Alves, da Tipografia Artis Alves, tipografia que era de seu pai, um tipo porreiro, localizada então ao fundo do lado direito de quem desce a avenida da praça de Castelo branco.
Hoje o António Alves é um jornalista do Povo da Beira e de uma das rádio locais do concelho.
O desenho, lindo desenho diga-se em abono da verdade, representou durante muitos anos a actividade principal de Alcains, numa junção feliz, e que perdurou até que a autarquia presidida pelo Engº Rogério Martins apresentou a bandeira que hoje, e bem, representa Alcains.


Delicioso é todo o texto da página supra, bem esgalhado, muito bem adjectivado, e de um apelo à união de todos, para que a MAIOR ALDEIA DE PORTUGAL tivesse, no presente e no futuro, as maiores festas de todas as aldeias de PORTUGAL.
Muito denodado e acrisolado BAIRRISMO...


Porque se trata de uma plaquete, a comissão de festas de então recolheu publicidade das principais actividades, empresários e empresas que existiam em Alcains em 1961.
Compilando as actividades inscritas no programa apurei o seguinte:



Duas fábricas de moagem, Branca de Neve e Sicel, a Metalurgia Isidros, oito empreiteiros, dezassete actividades comerciais onde se incluem entre outros, sapatarias, alfaiatarias, venda de máquinas..., uma barbearia, dois cafés, duas oficinas de automóveis, uma actividade de serviços, uma chapelaria, duas carpintarias, uma caldeiraria, uma casa de fotografia com representação em Alcains, uma farmácia, duas padarias e uma oficina de pirotecnia.


Com algum esforço de visão e clicando sobre as fotos para as ampliar, podem deliciar-se com nomes de casas e pessoas que connosco se cruzaram, a quem comprámos ou vendemos algo, que nos deram boleia, e que com todos conviveram.


Desta página presumo que apenas o Sr. Manuel de Oliveira Ramos é vivo, e, observem as frases de um despertar comercial, muito incipiente ainda mas em que se procurava a diferenciação nos modos de vender cada um o seu produto.


Nesta página é bom de observar que ambos os empresários, pagaram meia página cada, decerto mais cara, resultado evidente de maior desafogo financeiro, ou tambem de maior vontade de ajudar a comissão das festas.
Não posso deixar de relevar o Sr. José Marques Rafael, alfaiates diplomados, e de que tantas e lindas histórias se contam daquela personalidade ímpar naqueles tempos... mas isto fica para futuros comentários dos leitores e seguidores deste blogue.




Quem atentamente ler este programa das festas, decerto não ficará indiferente.
Quem não viveu o que aqui se reproduz?
Os nomes, os conjuntos, o arraial, um simpático grupo de meninas da localidade, enfim toda uma organização que, anualmente, esforçados festeiros punham de pé.


De referir o logótipo do Sr. António Lopes Crujeiro Galvão, dois cães a tentar esfarrapar um chapéu, honrando claro a sua terra...


A Sicel de tempos áureos, exportadora... hoje em acelerado estado de degradação, fechada.


Dizia o Ti Chico Preto que o nosso lar será cem vezes mais atraente, se nele estiverem as suas mobílias... dos restantes da página, já todos faleceram.


Quem não se lembra do Sr. João Baptista, da Casa do Povo, do ciclismo... e do Simão Trindade Vicente que introduzia o tema, de pagamento a prestações, eventualmente uma inovação na época?


E do Sr. Soares da Farmácia Nacional, que pregava partidas de carnaval frente à farmácia, colando no alcatrão moedas de cinco escudos, que as pessoas tentavam arrancar...


E do Sr. Joaquim Teixeira, que tão bem tocava violino, acompanhando nos teatros as operetas e as variedades na Casa do Povo?
E do Sr. Henrique Caniça que se encarregava de todos os trabalhos, mesmo os mais difíceis?



Passar por estas fotos, por este programa, passa-se um pouco pelo Alcains de há cinquenta anos...

A comissão das festas que nos dias 22, 23 e 24 de Julho de 1961 as realizou era a seguinte:

João José Baptista
Porfírio Isidro Almeida
Helder José Marques Rafael
José da Cruz Soares
João Farias Baltazar
José Lopes Escudeiro
Francisco António Maguejo
Adriano Barata

Tinha eu nessa data quase 12 anos, decerto por lá andei.
Guardo da festa de Santo António excelentes recordações, do ciclismo, dos bailes, dos passeios pelo arraial, do fogo preso, das bulhas, do jogo da vermelhinha, dos arremessos com bola de pano às latas, das barraquinhas de tiro, dos tendeiros que ao fim da noite se iluminavam a gasómetro, das orquestras que com aqueles instrumentos de sopro entoavam os boleros, o tchá-tchá-tchá, os tangos e as valsas em ritmos sul americanos.

Agora, é a festa da malta da tropa, da malta do pavilhão, a onomástica, a da malta que foi à inspecção no mesmo ano, das esposas que nasceram no mesmo ano quando acompanhadas pelos cônjuges, a festa da gente que nasceu na mesma rua, um baptizado aqui, um casamento acolá... tanto festejo que quase morro... mas lá diz o meu pai, “não pode a cadela com tanto cachorro“.

Manuel Peralta