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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Há sempre uma primeira vez

Recentemente, o Reconquista, na sua página 3, trazia uma prenda para os Alcainenses.
Uma empresa do Fundão, denominada VALAMB, valorização ambiental, a troco de 30 postos de trabalho, pretendia ou pretende instalar em Alcains, ao que parece com a conivência camaleonesca da Câmara da cidade de Castelo Branco, uma empresa de tratamento de resíduos dos lagares, isto é, bagaço e caroços de azeitona.
Li e não acreditei.


Decidi aclarar um pouco a calamidade ambiental que empresa e câmara pretendem instalar em Alcains, alertando todos em geral mas principalmente a comunidade alcainense para a poluição que este tipo de empresas gera onde se instala, e, em 13 de abril, remeti ao Dr. Júlio Cruz, diretor do Reconquista, o texto que abaixo dou a conhecer a quem segue o Terra dos Cães.
Esperei 15 dias pela publicação do texto acima referido e até hoje, nada.
Será, a primeira vez que tal me acontece.
Prometo literariamente apurar ainda mais futuros escritos, mas, como em quase tudo na vida, há sempre uma primeira vez...

Manuel Peralta

Alcains

“Vá lamb...“

“Luis Correia reconhece a importância e sensibilidade desta questão”, assim o refere Lídia Barata, jornalista do Reconquista, relativamente a uma empresa que pretende instalar-se em Alcains, para trabalhar  “caroços de azeitona”, oferecendo a esta rainha da poluição concelhia, a vila de Alcains, trinta postos de trabalho. É claro que poderiam ser 23 ou 32, mas números redondos, digo eu,” vá lamb”, em vez de vá lá, os trinta certinhos.


No município do Fundão, o emprego é total, na cidade de Castelo Branco então nem se fala, nos municípios vizinhos a situação é igualmente objeto de estudo Europeu,  pela capacidade demonstrada pelos poderes vigentes em resolver o magno problema do desemprego, pelo que, após aturados estudos, apenas na vila de Alcains se considerou oportuno instalar mais uma unidade de nome “ vá lamb”...
Com a Zona Industrial de Castelo Branco já esgotada na sua capacidade de instalar mais empresas, com zona idêntica no Fundão a rebentar pelas costuras, os autarcas que fizeram as zonas industriais não as dimensionaram o suficiente, incapazes de prever o desenvolvimento industrial que se pressentia, claro que, sobra para Alcains este prémio de bom e silencioso comportamento, pois a zona, dita industrial continua com mato sem qualquer trato.


Mas a “vá lamb”, ao que li, também não vai para a zona dita industrial de Alcains, vai ficar ali vizinha da salsicharia do Serrano, do entreposto da Sagres, da tapada do Ti João Miguel, quase de frente com a residência de um soldado da GNR do ambiente, e a poente da quinta do Engº Rogério, entre outros.
Ora Alcains em atividades poluidoras já tem que chegue , pois os persistentes maus cheiros da estação elevatória de esgotos domésticos da responsabilidade das Águas de Portugal/Águas do Centro, que prometeram instalar uns filtros de carvão e até hoje, puseram-nos cuspinho na orelha e disseram “ óquizéssimos”, passando pelas cíclicas fugas dos esgotos domésticos, da responsabilidade do Serviços Municipalizados da cidade de Castelo Branco, que fazem da ribeira da Líria um canal de esgoto, ainda assim, não conseguindo ombrear com a poluidora mór do reino, a ex Consal, matadouro industrial, hoje Oviger, que mistura na dita zona de prazer, digo lazer, de Alcains, efluentes industriais que tornam aquela zona diga, também, de uma medalha de ouro bordada a diamantes...fico-me por aqui.


Entretanto a Câmara da cidade de Castelo Branco, gastou recentemente 3 milhões de euros, para afastar a estação de tratamento da cidade para local mais afastado.
E, em Alcains, claro, vá, lamb...
Ora as indústrias do tipo vá lamb... são conhecidas pela sua forte atividade poluidora, são autênticos casos de saúde pública, pelos intensos cheiros a azeite, nauseabundos, que provocam, náuseas, ardores nos olhos e graves problemas respiratórios.
Diz-me amigo, engenheiro químico de profissão, que as vá lamb... embora não provocando artroses, são piores poluidoras que as celuloses, e por vezes Vila Velha de Ródão chega aqui.
A nuvem poluidora observa-se a quilómetros de distância, chegando no caso da fábrica do Alvito, a afetar todo o distrito de Beja a cerca de 50 quilómetros de distância.


Bem se queixam os autarcas e as populações à Comissão de Coordenação do Alentejo, ao ministério do ambiente, à entidade reguladora dos resíduos, ersar, mas quem se lixou foram os cidadãos,  a quem as várias entidades dizem.
Agora, e desta vez em Alcains, vá, lamb! 
Se em Alcains não há um único lagar, e, havendo tantos por aí, porquê uma vá lamb aqui? 
Pergunta de pobre manel, a que querem dar torrada com mel!!!
Fica a questão, que já coloquei ao Fernado Cá, que me disse ir falar com a madre Teresa de Mampatá...
Claro que este alerta apenas me responsabiliza, sei os riscos que se correm quando se luta contra os interesses instalados, ciente de que não é pelo facto de haver democracia que as pessoas são mais livres. 
Hoje, e apesar do glorioso 25 deste mês, as opressões são de outro tipo, mas não deixarei de alertar todas as entidades com responsabilidade nestes processos de licenciamento para o eventual crime que se poderá perpetrar.


É o que farei digitalizando a página 3 do último Reconquista, e que remeterei a todas as entidades como medida cautelar.
Aguardo que o homem que reconhece a sensibilidade e a importância desta questão, juntamente com o coletivo municipal, exerçam efetivamente os seus poderes em nome de um ambiente e de uma qualidade de vida que Alcains merece.
Se não, vamos ter uma vá lamb... aqui, em Alcains.
Voltarei.

Manuel Peralta

sexta-feira, 4 de abril de 2014

...ainda o ex hospital de Alcains

O Manuel Geada, em tema anterior, deu à estampa, isto é, escreveu a resenha histórica de como apareceu o hospital José Pereira Monteiro, como funcionou, serviços que prestou, até às vésperas do 25 de abril de 1974.
Como o tema me parece de interesse geral e, na medida em que, por um lado, a vontade de escrever, em mim, volta a renascer, e, por outro, por ter sido depois do 25 de abril de 1974 autarca com responsabilidades na gestão da freguesia, vou contar o que se passou com o edifício do hospital que então, fechado e abandonado, ameaçava ruina.


David Infante, antes do 25 de abril, repito, antes do 25 de abril, tinha levantado no Reconquista a situação do hospital. A resposta dada pelo responsável do hospital, o reitor do Seminário de Alcains, consta do tema anterior.
Se a memória não me falha, em finais de 1979 são feitas as primeiras eleições livres para as autarquias. Concorreram em Alcains três listas. “Por Alcains Concelho”, encabeçada por Helder Rafael, “Servir Alcains”, encabeçada por Manuel Peralta e uma terceira lista salvo erro da “APU- Aliança Povo Unido”, encabeçada por João Santos, popularmente conhecido por João Visga, calceteiro de profissão.
Por escassa margem de votos ganhou a lista Servir Alcains.


E, claro, a junta eleita, herdou a situação do hospital.
As boas relações que existiam entre a junta e o Senhor Vigário, para mim, o saudoso Padre António Afonso Ribeiro, foram determinantes no andamento de um ultra moroso processo com uma igreja então acossada por alguns, hoje considerados desvarios, que se seguiram ao 25 de abril.


Para mais, o edifício abandonado entrou na campanha, e, claro, nesta terra de pedreiros livres e muita costura tudo e todos, e ainda bem,  opinavam sobre o que fazer para dar destino, um fim útil, ao edifício.
Para facilitar ainda mais a situação, o edifício em questão, era o vizinho da frente do edifício da junta, pelo que, ainda que a junta chutasse para canto a situação, tal não era possível face à proximidade existente.
Posta a questão ao Sr. Vigário este aconselhou a iniciar o caminho da pedras, pelo Seminário.
Por sua vez o Seminário na pessoa do reitor sugeriu uma ida ao Senhor Bispo... lembro-me de dizer ao Ti João Pereira, tesoureiro da junta, que era desta que vamos a Roma ver o Papa...


Naqueles tempos, sem lei das finanças locais, e eleição numa lista de cidadãos eleitores, as questões do desenvolvimento de Alcains, eram debatidas entre os eleitos nas Assembleias da Freguesia, e era o resultados destas decisões que a junta prosseguia.
Excluídas claro, as situações de gestão corrente, tudo o que fosse de interesse mais geral era ali debatido e solicitada a respetiva autorização para prosseguir.
Fomos a Portalegre, por a questão ao Senhor Bispo.
Este, cioso na defesa do património da igreja, mais que cauteloso na interpretação da nobre vontade do testamento da família Monteiro, e com muitas dúvidas sobre o sentir da população relativamente ao destino a dar ao edifício do ex hospital, informou-nos de que o tema teria de ser por ele proposto à gestão do património religioso cujos serviços estavam em Lisboa.
No regresso nem uma miga de peixe comida em Vila Velha de Ródão ajudou a diminuir a tristeza que por aqui passava.


Que fazer? 
Entre triplas aspas, claro, como “ ” ”entalar” “ “ um Bispo? E mais difícil ainda, a Igreja? Como resgatar um edifício abandonado e colocá-lo ao serviço da comunidade?
De Portalegre trouxe um documento precioso que não conhecia, o testamento.
Se não o perderam, deve estar num dossier na junta da freguesia, pois ali ficou tal documento.
Lido, relido e treslido o testamento, ficou claro para a junta que havia ali uma porta por onde se poderia entrar.
Cito de memória...” se um dia, que espero que Deus não haja, o hospital deixar de funcionar, o edifício será entregue à direção geral da assistência, que lhe dará o fim conveniente, prosseguindo fins idênticos...”, assim rezava o testamento.


A direção geral da assistência era aquilo a que mais tarde seria a Segurança Social, no caso em apreço o Ministério da Saúde.
E para provar ao Senhor Bispo o sentir das pessoas de Alcains relativamente ao edifício do Hospital, decidimos fazer um inquérito à população.
O Senhor Vigário e o reitor do Seminário não se entusiasmaram com o andamento, “ cantante” da junta, preferiam antes um andamento mais “ moderato”...
Mas claro, quando 30 anos se tem, “twist again”...
Os resultados do inquérito foram esmagadores e pedi nova audiência ao Senhor Bispo.
Demorou, foi necessário ir à cerimónia do crisma para pessoalmente lhe pedir para receber a junta, agora já na posse do inquérito e com mais conhecimento, “ a luz divina” sobre o testamento.


Em Portalegre a situação foi analisada com alguma frieza, pois o Senhor Bispo tinha conhecimento do inquérito e dos resultados, e, estava efetivamente mais condescendente com o sentir da população.
Foi alertado para o parágrafo do testamento sobre o edifício deixar de funcionar como hospital e aí concordou com a nossa posição.
Prometeu dar um parecer positivo para a estrutura superior da igreja que geria o património, e que nos manteria informados sobre o evoluir da situação.
Desta vez em Vila Velha, no Rei Wamba, a miga de peixe deslizou sem as espinhas de antanho.


Isto que aqui se conta nestas palavras demorou anos a concretizar.
A junta seguinte do Engª Rogério, deu o passo final, e, hoje está o edifício ao serviço da população numa já muito acanhada Extensão de Saúde.
Valeu a pena.

Manuel Peralta

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Nem sempre galinha, nem sempre rainha...

Quem não conhece a expressão “nem sempre galinha nem sempre rainha”?


O que muitos não saberão é que a origem dessa expressão é atribuída ao rei D. João V, conhecido nos manuais da história pelo “Magnânimo” mas também conhecido pelo “Freirático” por causa da sua apetência sexual por freiras.


Ficou célebre o seu tórrido romance com a Madre Paula, do mosteiro de S. Dinis em Odivelas, com quem teve vários filhos, os quais educou esmeradamente, ficando conhecidos pelos Meninos de Palhavã, porque residiam em Palhavã, no Palácio onde actualmente funciona a embaixada de Espanha em Lisboa.


A rainha era austríaca e muito feia, ao contrário do rei que era bem apessoado, talvez por isso o rei procurava outras companhias mais agradáveis. A rainha sentindo-se rejeitada ter-se-à queixado ao padre seu confessor.


Um dia o padre chamou o rei à razão, então o rei ordenou ao cozinheiro que a partir desse dia, o padre passaria a comer todos os dias galinha. Nos primeiros dias o padre até ficou satisfeito e deliciado com o menu. Mas passado três meses o homem andava agoniado e magro que nem um caniço, indo-se queixar ao rei, de que o cozinheiro só lhe dava galinha.



Foi quando o rei com ar de malícia lhe disse.
- Pois é senhor padre! Nem sempre galinha, nem sempre rainha!

Manuel Peralta