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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Carlos Manuel Gregório Barata

Carlos “Bazuca“/ Carlos “Bomba”


Em Alcains, na terra deles, na nossa,  quem não tem um apelido é um “desinfeliz“...
O Carlos Manuel Gregório Barata, que neste verão reencontrei, tem dois e, por tal facto é um Alcainense sobejamente conhecido.
Conhecido não só pelos apelidos, mas principalmente pela sua atividade em prol da nossa terra, ciclista e futebolista.
Filho de Martinho Barata Rosa e de Piedade Escudeiro, casal que teve 6 filhos, 5 homens e uma mulher, todos os filhos vivos, residiram durante a sua criação ao fundo da barreira da Pedreira, ali próximo do “açougue”, vizinho das alminhas, na então denominada rua João de Deus.


Uma dúzia de ovos, duas galinhas poedeiras, uma régua e uns vasos com flores, foram as “atenções“ havidas, para concluir a 4ª classe da instrução primária.
Rapaz que foi, e concluída a escola, cedo entrou então na aprendizagem da vida, nas obras, boas obras...
Tinha “deitado corpo“ cedo e então já com bom cabedal, começa a trabalhar como servente sem nunca estar doente, e, por ali andou, muitas vezes bem, algumas, poucas, mal, e neste vai vem chega a profissional.
Mas não se passava da cepa torta...
Decide então aos 35 anos, emigrar com a família para a Suiça, e por lá está, e ao que consta, irá continuar.
Neste entretanto, e a cada dia, após os trabalhos nas obras, o Carlos procurava a seu modo, gastar o resto das energias noutras atividades, nomeadamente no ciclismo, 2 a 3 anos, e, no futebol, até ir cumprir o serviço militar.
Relembra que, no ciclismo, nunca correu com o Fiel da Lardosa, mas amante da modalidade, acompanhou de muito perto as lutas, as rivalidades ciclistas entre o Pirilau e o Fiel.


Os jornais de então, isto em 1973, davam nota dos êxitos do Carlos Barata, nomeadamente na 2ª Volta à Cova da Beira em bicicleta, que o Carlos venceu.
No contra relógio final desta etapa, gastou apenas 39 min e 30 seg para percorrer os 24 km do percurso a uma média de 36,4 km/h.
A prova realizou-se em 3 anos e a cada ano, eram disputadas várias etapas.
Em 1971 ganhou 2 etapas e ficou em 3º na classificação geral, e os prémios que recebeu foram um frigorífico por ter ganho a 1ª etapa e 1500 escudos por ter ganho a segunda etapa.
Em 1972 fica em segundo, numa prova com 4 etapas, das quais ganhou duas.
A foto seguinte mostra o Carlos a cortar a meta na Av. da Liberdade no Fundão, prova que ganhou na etapa do contra relógio de que acima dei nota.


Em Alcains, estas vitórias fora do largo de Santo António, não tiveram a repercussão que tiveram na Cova da Beira. A prova não passava por cá, e, naqueles tempos, as leituras dos jornais eram parcas, as rádios locais ainda não “poluíam” o ambiente, os transportes eram mais que exíguos, enfim o Carlos por lá andava, correndo, sofrendo, levando o seu nome e o da sua terra, para lá da serra da Gardunha.
Por cá nas habituais provas em Alcains, em 1971 ficou em 5º lugar numa prova em que ganhou o Carrapicho da Ponte de Sor, sendo o melhor de Alcains, em 1972 ficou em 1º na festa de Santo António e, em 1973, ganhou o contra relógio de Santa Apolónia, com um percurso de 6 voltas entre Alcains e a padroeira dos médicos dentistas.
Em S. Miguel d`Acha, em 1973, ganhou a prova do ciclismo que ali ocorreu nas festas da aldeia, prova a que assistiu a sua namorada, hoje sua esposa, uma Alcainense. 
Diz o Pirilau que o Carlos, por ter lá a namorada a assistir, lhe terá pedido para o deixar ganhar a prova, pedido que o Carlos diz não ter existido...
O Carlos ganhou e casou. É um facto.


Esta foto diz respeito à 3ª volta à Cova da Beira, tirada na av. da Liberdade no Fundão, data de 1972, prova em que o Carlos ficou em segundo na geral, tendo ganho 2 etapas, da esquerda para a direita o Carlos é o 5º na foto e o seu irmão, José Rosa é o 8º.
Em Lisboa na nona prova de iniciação, o Carlos correu por uma equipa do Fundão, ficou em 25º, numa prova com 180 participantes.
Conciliando trabalho e ciclismo, ainda arranja tempo para a prática do futebol.
A guerra colonial por um lado e a decrepitude do Estado Novo por outro, aos poucos, foram matando lentamente estas atividades. A FNAT, Federação Nacional para a antiga Alegria dos Trabalhadores onde o GDA, Grupo Desportivo de Alcains, atingiu posição de relevo, com atletas como o Polainas, Balaia, David, Esteves, Rola, Zé Adónis, Patão, Nalguinhas entre outros, acabou.


Renasce o futebol em Alcains, nascendo o INTER, e o Carlos lá estava, de serviço, fazendo os seus quartos de sentinela, discreto, quer a principal quer a suplente, mas sempre presente, de serviço e ao serviço da equipa de Alcains.
Esta é por assim dizer a primeira foto e a primeira equipa que, nascendo na transição da ditadura para a democracia, viria a dar origem ao CDA, Clube Desportivo de Alcains de hoje.
O INTER nasce no clube da praça, no CRA, Clube Recreativo de, até então de muito poucos, de Alcains.
Deliberadamente não indico os nomes desses atletas, desses Alcainenses que a muito custo, reergueram uma atividade de que Alcains se orgulha, o seu futebol.
Vale a pena deter-se na foto e procurar descobrir quem são.
Por outro lado, o Balhinhas, o Batatinha e o Góis entre outros já jogavam nos juvenis do Desportivo de Castelo Branco, quando em Alcains se forma o INTER.
Este, INTER, teve vida breve, e começa então no CRA, o Clube que daria origem ao CDA de hoje.


Documento único, esta foto, diz respeito à equipa do INTER que em 1972, disputou o campeonato distrital da Associação de Futebol de Castelo Branco, sob a égide do CRA, clube da praça.
Presente, sempre, o Carlos.
Convido os leitores a reconhecer os atletas.
No futebol, no INTER, o Carlos, devido à sua forte compleição atlética, começou a jogar no meio campo e por ali ficou e jogou, diz ele, ganhando a equipa quase sempre.
Já no CDA, fez-se o primeiro jogo para o distrital nos Cebolais, e, ali, alinhou a guarda redes, e, por este posto ficou.
Quase sempre a suplente, com o Manuel Pacheco, ficou.
A direção de então foi buscar a Castelo Branco um guarda redes de nome Alves, que alinharia a titular.
O Carlos não desistiu, ficou.
Já na 3ª divisão, jogando sempre a suplente, viu chegar profissionais para defender as redes, nomeadamente o Cardoso entre outros.
E o Carlos, desportivamente, ficou.
O Carlos tem muitas histórias para contar, trabalhou com muitos dirigentes, Alfredo Pacheco, Carlos Minhós, Alírio entre outros.
Aprendeu na pele que... santos da casa não fazem milagres ..., tapava os buracos dos outros, ele que substituía os guarda redes profissionais, que de manha simulavam lesões que os levavam à substituição, quando já tinham deixado entrar 3 ou 4 golos...
E o Carlos, desportivamente, alinhava no trabalho de equipa, procurando salvar do naufrágio a equipa da qual fazia parte.
O Carlos confessa que se sentiu sempre muito mais acarinhado no ciclismo que no futebol, isto porque no ciclismo dependia apenas de si, enquanto que no futebol, os interesses já então instalados, ditavam quem jogava a principal ou a suplente.
Bastava para tanto, quando casava, não comprar as mobílias no lugar certo. 
Ponto.


Quando em sua casa acompanhado de sua esposa, Maria José Gregório Farias me recebeu, recordo o modo tranquilo como recorda o seu passado, em paz com a vida, afetuoso, e sem recalcamentos.
O Carlos que recordou comigo estas parcas notas que compilo para a posteridade, este tempo nobre com que norteou a sua vida, ao serviço da nossa terra, sem nada lhe pedir ou cobrar, diz bem da fibra do exemplo de Alcaineneses simples, que deram tudo à sua terra sem nada lhes pedir.
É por estes exemplos que justifico o lema do terra dos cães... um blogue fiel e amigo do homem...
Obrigado Carlos Manuel Gregório Barata.

Manuel Peralta

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Valamb, Lda

Para que conste

Perguntam-me por vezes se, a Câmara Municipal, já autorizou o projeto da Valamb Lda., empresa que se propõe “embagaçar” Alcains.
A resposta aí está.


Para que conste e para memória futura dou nota desta ata da câmara municipal.


Manuel Peralta

domingo, 18 de outubro de 2015

A Centroliva, o Figo da Índia e o Dr. Luis Correia

Em Vila Velha de Ródão, uma dupla de peso, denominada Celulose e Centroliva, empresas catedráticas em poluição, vêm martirizando ambientalmente os “vilavelhorodenses” com os seus inebriantes perfumes que, por vezes, até passam por Castelo Branco e chegam a Alcains.
Denunciando de forma macia, amigável e tolerante esta intolerável situação, outros o terão feito, presumo, na mártir Vila Velha, mas só agora, o atual Presidente de Câmara, com a voz grossa de quem tem razão, publicamente disse isto.


“O desenvolvimento tem de ser feito com empresas mas, não pode hipotecar a qualidade de vida dos cidadãos”, mais, “É bom que a empresa Centroliva perceba que este foi o dia D nas questões relacionadas com as suas práticas ambientais e que, nenhuma das entidades está disponível para continuar a pactuar com incumprimentos”.
Melhor eu não diria, e, em Alcains, na terra deles, diz-se, quem fala assim não é gago...
Em resultado de uma visita de várias entidades à Centroliva, este falido país está repleto de entidades, entre as quais a CCDRC e a APA, Autoridades designadas por Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e Agência Portuguesa do Ambiente, visitaram a máquina de poluir e agora elaborarão relatório do qual nada que interesse aos vilavelhorodenses, será público.
Vai ser como até aqui, a máquina de poluir assume o pecado, promete perante as entidades que não vai voltar a pecar, ser-lhe-à aplicada ligeira penitência, mas, afirmo, vai continuar a poluir, digo, pecar, não por pensamentos, mas sim por palavras, actos e omissões. 
Reafirmo.


Isto porque na sua génese, existe o pecado original, isto é, em nenhum lugar do mundo, Alcains e arredores com Caféde incluído, onde estas máquinas de destruição ambiental foram autorizadas a laborar pelas ditas Entidades, refiro, Ferreira do Alentejo, Condeixa a Nova, Luso, Cachão entre outras, cheira mal por todo o lado, e isto de maus cheiros, ainda que por vezes se encolham com filtros cada vez mais finos, é escusado, é impossível no nariz eliminar um mau cheiro, mais digo ainda, quanto mais se apertam mais refinados ficam os cheiros, mais perturbam as nossa fossas nasais. 
Entretanto as mesmas Entidades que agora vieram fiscalizar a Centroliva são as mesmas que autorizaram recentemente a instalação em Alcains onde não há um único lagar, de nova máquina de poluir denominada Valamb Lda. com aval do Dr. Luis Correia.
Este processo metido nos carris no tempo do Comendador Morão, cerca de 200 mil dos nossos euros por terreno “oferecido” à Valamb, houve uma primeira tentativa de destruir o ambiente em Alcains que não se consumou porque, por um lado, cerca de 900 Alcainenses livres assinaram ser contra esta tentativa, por outro, o esclarecimento e a ação da Triplo A, Associação Ambiental de Alcains, conjugado com a nega do INIR, Instituto Nacional das Infraestruturas Rodoviárias, não permitiram que este crime ambiental se consumasse.
Triplo A, 1, Dr.Luis Correia, então, já, zero.


A Valamb Lda. tem sede no Fundão e porque razão vem poluir Alcains e o concelho? Será o Presidente da Câmara do Fundão tonto? Será que não quer aproveitar os benefícios desta atividade? Será por a Câmara ser de cor diferente da de Castelo Branco? Quem são os sócios da Valamb? Se conseguirem resposta a estas questões talvez percebam o que é um “enrolamento imbricado”.
Desagradado com a derrota, o Dr. Luis Correia promove nos mesmos carris, desta vez com 65 mil dos nossos euros “oferecidos” à Valamb, arrancando no maior pulmão concelhio, 6,5 hectares de frondosos pinhos mansos, destruindo os pastos do maior produtor de queijo dito de Castelo Branco, ali, onde o ambiente tropeça e o cabeço do carvão começa.
Igualmente grave, a mesma dita Entidade, Comissão de Coordenação do dito “Desenvolvimento Regional” do Centro, que fiscaliza um poluidor em Vila Velha é a mesma Entidade que recentemente autorizou a Valamb a poluir em Alcains.
E é com esta ligeireza que as entidades por nós pagas, aprovam, e por aí pululam, em alegre constância na dita dança da alternância.
De rir até às lágrimas, é o investimento de 4 milhões de euros da Valamb que o Dr. Luis Correia não anuncia, em parangona de jornal com foto não acidental, prefere mais o “Figo da Índia” esse filho de cato disléxico que ombreia no deserto do México.


Consta até que, no centro de inovação, afincadamente se estuda a possibilidade de, a partir da méla da esteva, e em lata, se venha a produzir laca.
Expectante me interrogo com a situação em que,  caso não haja capitais próprios por parte dos sócios da Valamb, será que haverá instituição bancária que financie com garantias prudentes, uma atividade fortemente contestada por todo o lado, de sazonalidade que torna a laboração inviável, e que a obriga a elevados investimentos que ajudam temporalmente a falir?
Que a banca financie nova instalação, aumentando uma capacidade já instalada em Vila Velha, não completamente utilizada, e que tem os problemas que a comunicação social atenta nos vai dando a conhecer?
Ou irá continuar o “ amigalhanço “ do costume que todos pagamos para safar uns poucos?


O senhor Júlio Carda, habitante de Vila Velha, sabe do que falo, a ele que a Centroliva transformou a ribeira do Açafal num autêntico pêgo negro e onde nunca mais teve o regalo de pescar um bordalo, ribeira esta que corria limpa, clara, como as palavras do atual Presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão.
Será que o Dr. Luis Correia quer fazer o mesmo à ribeira da Líria?
Quem me segue no meu blogue terra dos cães, sabe que para memória futura, ali se desenvolve uma luta, que a ser vencida tornará Alcains, e o concelho de Castelo Branco ainda menos atrativo.
Quando num dos locais mais aprazíveis de Castelo Branco, a Quinta da Dança, o seu espaço e ambiente geral for invadido pelos cheiros desta atividade, que os ventos dominantes para ali soprarão, nada mais será como hoje é. Fico-me por aqui.


Sei que é necessário muita força, conjugada com muita humildade para sair dos carris onde está metido.
O Senhor Presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, que não conheço, deu de forma clara o seu grito de Ipiranga, e com isto libertou-se e pode ser tratado por Presidente de Câmara.
Pode ser que, com a sua lucidez faça a agulha nos carris em Vila Velha, e consiga descarrilhar a locomotiva da destruição ambiental que em Castelo Branco se aprovou.


Esperançoso olho para o seu ambiente e aguardo que a sua luta em Vila Velha, eivada do bom ar que a sua atitude saudavelmente respira, chegue a Alcains, mas que interpele os adormecidos albicastrenses, pensando que isto é um problema ambiental que afeta apenas Alcains.
Espero que eu não chegue a ter razão, pois seria um sinal de que, como em tempos disse à comunicação social o Dr. Luis Correia, “há gente que gosta de meter medo às pessoas”...
No entanto, caso o projeto que autorizou à Valamb, autorizou, no sentido de política municipal de ambiente, chegar a ver a luz do dia, quero ver quem vai aturar os martirizados cidadãos, as donas de casa que não conseguirão secar a roupa ao ar livre, os promotores do turismo, o ramo imobiliário enfim toda a vida de um concelho a quem destruiu o melhor ativo de desenvolvimento, o ambiente.
Voltarei.

Manuel Peralta

Nota: Remeti este texto para publicação para os jornais, Reconquista, Gazeta do Interior, Povo da Beira e Jornal do Fundão. Dei igualmente conhecimento às câmaras de VVRódão e Fundão, bem como à CCDRCentro e à APA, Agência Portuguesa do Ambiente.

sábado, 10 de outubro de 2015

Tributo ao Senhor Vigário

Padre António Afonso Ribeiro


Em 1 de Julho de 1990, a comunidade religiosa de Alcains, decidiu e bem, prestar homenagem ao seu pastor de muitos anos e de muitas gerações, o Senhor Vigário, o saudoso Padre, António Afonso Ribeiro.
Em dia muito bem passado, no recinto de Santa Apolónia, sob o patrocínio da Menina Alice, desfilaram pelo palco vários grupos previamente ensaiados, que em lhana alegria testemunharam em vida ao homenageado, o seu apreço e o seu agradecimento, pela sua pastoral na nossa terra.


Escuteiro que fui, e amigo do Senhor Vigário, não deixei de cooperar na festa.
Só que tanto tempo passou e já não me lembrava do que então disse.
O meu amigo Tó Preto, presenteou-me entretanto com este documento que convido a ver e ouvir.

Pelo tamanho partilho convosco no YouTube. Para ver e ouvir, por favor, carregue aqui
Vale a pena. 
Tenho outros testemunhos que oportunamente publicarei.


Manuel Peralta