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domingo, 27 de junho de 2010

Santo Sepulcro

Mãos amigas e oportunas, a do Manuel Geada primeiro e a do João Manuel depois enviaram-me um report sobre o Santo Sepulcro.
Por se tratar de documento de qualidade e de valor histórico relevante, em meu entender claro, não o "deletei" ficando aqui guardado para a posteridade.
Clicando sobre o link pode então ter acesso a uma obra prima de excelsa qualidade.


Faça-o quando vagar tiver, pois vale bem a pena gastar algum tempo em inolvidável passeio histórico e cultural.

Manuel Peralta


(Visite o SANTO SEPULCRO clicando aqui)

Amigos que partiram cedo...

Abro aqui numa prometida tapada leiras de terra fértil, relativa a amigos que partiram cedo... em viagem... para o outro lado da margem...
Estou aos poucos junto de familiares a recolher mais informação, baseando os primeiros casos em testemunhos por mim escritos no Reconquista e que ficarão agora aqui registados na terra que foi deles e que por enquanto ainda é nossa.
Claro que conto com os comentários sobre as pessoas em questão, pois em terra pequena todos nos conhecemos, brincámos, bulhámos, por vezes colegas de carteira na escola (meu nheira), a uns pusémos cuspinho na orelha, a outros passámos rasteira, fizémos serenatas, bebemos uns copos, em procissões com ópa ou em Mafra na tropa, em acampamentos, em cursos de noivos, nos teatros, companheiros na bicicleta, nas idas à marôva, nas futeboladas, nos passeios com o sr.Vigário à fonte da fome em Alpedrinha, nos medíocres, nos bons, no liceu ou na escola técnica, na camioneta dos estudantes, na boleia, nos bailes na associação e nos particulares no gira discos do Alírio e do Joaquim Ramalho (vulgo Rabeca), no tracôma, na tinha, na volta da 4ª classe, na pedreira, na oficina, na guerra colonial...

Começo então pelo:

Elias Pereira de Jesus


Nasceu na terra deles e faleceu com 54 anos em Fevereiro de 2001.
Filho de Amândio do Nascimento de Jesus e de Maria da Luz Pereira, tinha 6 irmãos.
Casado com Ana de Jesus Rodrigues Leão teve um filho, Pedro Miguel Leão de Jesus.
Exerceu a profissão de bancário.

Relembrando o ELIAS

Com uma lágrimazinha no canto do olho... esquerdo, morreu o Elias Pereira de Jesus, assim o disse o seu irmão Padre Álvaro Pereira de Jesus, na cerimónia fúnebre na sua igreja matriz.
Tive a rara felicidade de conviver de muito perto com o já saudoso Elias, até aos vite anos de idade - seminarista, escuteiro, declamador, artista de teatro, apaixonado.
Dividido entre a emoção e a razão, era doloroso vê-lo diáriamente abandonar o jogo da bola ou o ferro quente no auge, para ir ter, contrariado, com o Monsenhor ao Seminário para ajudar à missa, isto em férias.
Nas procissões de batina e chapéu preto, via-o incensar mais as moças que o santo padroeiro que se festejava.
Claro que um rapaz destes que, como diz o meu pai, não era pássaro de gaiola e a sua libertação adivinhava-se.
No escutismo chegou a ser chefe de escuteiros ao mesmo tempo que a Vitória Chagas, chefe de lobitos.
As patrulhas do Elias eram sempre as que gritavam mais alto, as mais indisciplinadas, as últimas a formar, mas as primeiras a ajudar escuteiros em dificuldades.
Uma vez no Teixoso, já o Elias com dezasseis anos, num fogo de conselho, emocionou a assitência depois de ter declamado o Cântico Negro de José Régio.
Houve por ali piscadela de olho de moça, e o Elias chegou tarde à tenda.Com o escuteiro sempre alerta levou com o pau na cabeça - nada disse, mas a partir dali foi um mártir em confissões e penitências.
Com aprovação e distinção fez um curso de noivos e em curso orientado pelo irmão Padre Álvaro, foi também aos Dominiques - era assim o Elias ia a todas, para ele o impossível era não tentar, vindo de lá sempre pronto a praticar o que aprendera.
Desta vez com os Dominiques percebi melhor o Elias... emoção ao máximo, razão ao mínimo.
Bancário que foi, posso afirmar que se pudesse bania a palavra crédito, pois com ele não haveria crédito mal parado e daria a sua camisa a quem dela necessitasse - um burrena - como se diz nesta terra de pedreiros livres e muita costura.
Na tropa pediu dispensa ao comandante para vir trabalhar para a sua/nossa papelaria e aparece como delegado da oposição ao regime numa assembleia de voto.
Valeu-lhe São Álvaro de uma mais que certa mobilização para a guerra colonial.
No palco aliava a qualidade do gesto à voz bem colocada e o salão da Casa do Povo arrepiava-se e chorava com a sua interpretação no drama - matei o meu filho.
Era no entanto no palco da emoções que o Elias se transfigurava. As zonas não anestesiadas dos personagens que encarnou, causavam dor na assistência que o Elias tanto apreciava nos bastidores e nos petiscos, a comer talhadas de queijo fresco e chouriça assada.
Com ele, com a minha viola e a guitarra do Félix, tocámos as serenatas na luarenta rua do Degrêdo à sua Ana em poemas por si escritos.
Teu nome Ana, vou recordar, teu nome Ana, e o teu olhar... junto de ti, quero viver... que nós adaptávamos aos nomes das nossas namoradas.
Hoje, enquanto alinhava estas memórias percebi porquê é que sempre me tratou por Manuel da Paixão.
É que a paixão é prima direita da emoção e é muito difícil viverem sós.
Bem de quem morre e não nos deixa indiferentes.
Obrigado Elias, foi muito bom ter-te no nosso acampamento.

Manuel Peralta

Texto publicado no Reconquista em FEV/2001

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Alcains Sem capitel

Em terra de quase ninguém, para lá da linha de caminho de ferro, depois da "tcharca do cambalhota" Zé Maria de nome próprio, e antes da fonte Moreira, ergue-se a capela de S. Pedro que a foto documenta em segundo plano com cara repleta de pano.
Pano que revelava no tempo de meus pais, cara sem cuidados, sub alimentada, pouca higiene e ausência completa de qualquer creme...assim está a capela de S. Pedro que tem em frente um agora amputado cruzeiro ainda com base e fuste, mas já sem capitel...
Competindo ali tristemente com outras cidades que dia a dia vão perdendo também herdados estatutos de capital distrital, Alcains no cruzeiro da capela de S.Pedro, perdeu já o seu capitel.
Bem trovava Manuel Freire o arco em ogiva, o vitral, o contraponto, a sinfonia, a máscara gregra, na magia do Tó Gedeâo, retorta de alquimista com quem aprendi na base do fuste, o capitel...
Eles não sabem que o sonho... encimado no capitel, um santo padroeiro de doenças do foro mental protegia após promessa de santóruns, rezas de crianças e adultos na base do cuzeiro, curas para maleitas curadas com fé, santóruns de pão e brôa, mastigados sofregamente em percursos a pé, por gente cujas preces subiam da base ao fuste e, no capitel, ao Santo sabiam a mel...
Tradição por mim vivida e participada em promessa familiar por volta de 1950, com mais onze santórados, tantos quanto os apóstolos, que do degrêdo até S. Pedro, partiram em aventura de rosário rezado por tia, que de cesta na cabeça santorada de brôa quente e pão estaladiço afastava qualquer enguiço.
Alcains, frente à capela de S. Pedro, em cruzeiro por enquanto sem capitel está mais pobre mas a seu tempo poderá ter remédio.
Onde já não há, foi naquilo que em mandato anterior se destruiu, as casas antigas junto da igreja matriz nomeadamente a do Sr. Francisco Lopes, mais duas casas vizinhas, bem como a da Dª. Josefina Marrocos Taborda Ramos da qual não se sabe sequer o paradeiro da enorme e excelente grade em ferro fundido da varanda de granito existente.
No maior atentado de sempre feito ao parco património arquitectónico de Alcains, resta uma ferida que não mais sarará, um Kosovado largo com traseiras de quintais degradados, uma terra de ninguém enfim uma agressão urbanística que, só mente iluminada de arquitecto experiente, poderá minorar.
Voltando a S. Pedro e agora que a REFER decidiu fazer vultuoso investimento na electrificação da linha e na estação de passageiros, com a gigante passagem superior para peões bem como com a passagem superior para viaturas sobre a linha de caminho de ferro, passagem esta que alterará por completo mas para melhor a imagem que se tem da zona, a visão que se terá da capela e do amputado cruzeiro contrastará em pobreza com a gigantesca obra da REFER.
Sem qualquer cerca ou marco que a delimite, toda a envolvente à abandonada capela de S. Pedro apresenta degradação, matos, silvas e toda uma prole de infestantes que em nada são inferiores à degradação existente nas paredes da capela.


Este abandono este desprezo que por ali campeia, também se observa em Alcains nos degradados passeios para peões, nos sinais de trânsito instalados no meio de passeios estreitos que obrigam as pessoas a ir para a estrada, no degradado mobiliário urbano, na ausência de iluminação noturna de qualquer monumento, na falta de limpeza da generalidade das ruas, na falta de respeito para com cidadãos diferentes que não conseguem acessos por fata de rebaixamento nos passeios para os seus meios de locomoção.
Aqui há que referir o excelente trabalho feito nos bancos (CGD e BCP) e agora na Igreja Matriz que revelam respeito pelos cidadãos no acesso aos serviços, esperando-se que embora tardiamente os autarcas de serviço compreendam a lição de luva branca e actuem em conformidade.
Com a liquidez proporcionada pela venda da água cara e património conexo que todos pagámos, faz-se na capital investimento de substituição de prioridade mais que duvidosa enquanto que em Alcains na parte antiga continua-se a beber água que, na rede velha, corre ainda em canos de lusalite.
As autoridades sanitárias obrigaram em tempos todas as instituições com este material em serviço a retirá-lo e substituí-lo por material que não apresente riscos para a saúde.
Por cá estamos assim, esperando que, com as obras da REFER concluidas, Alcains tenha então um local capaz para ver passar combóios...

Manuel Peralta

Rafeiro de lata

Ali tão perto da sede da autarquia claro, Junta da Freguesia de Alcains, da terra deles, que tão maltratada anda...
São pormenores é claro, mas pelas pequenas coisas se podem apreciar as grandes.
Ali, em pleno largo da praça, junto à fonte, frente à ex-taberna do saudoso ti Domingos ergue-se o padrão comemorativo da elevação de Alcains a vila.
Foi em 12 de Novembro de 1971 que se assinou o decreto de elevação a vila e a festa meteu discursos vários com os saudosos Sanches Roque e Cunha Belo emocionados até às lágrimas...
Pudera, bastante lutaram e conseguiram.


Mas rafeiro de lata porquê...
Se lerem com atenção verificarão a falta das letras e traço.
Pode ser que este "pormaior" falta de atenção seja de facto um pormenor a corrigir.

Manuel Peralta

Rafeiro de Prata

O Márcio e o João da empresa Magarefa mal se viam... tal era a altura do pasto que de ambos os lados da Ribeira da Líria impedia a circulação das pessoas.
Ali em plenas margens da Zona de Lazer-Espaço Lúdico assim diz a placa comemorativa da inauguração, mas que de lazer só as ovelhas podem comer e de lúdico so se alguem se "agachar" e for púdico...
Trezentos mil euros naquilo a que chamaram o pólis de Alcains ali estão enterrados, degradados, e lá mais para a frente a Oviger polui, polui, polui... de cheiro nauseabudo que os proprietários confinantes com a ribeira estóicamente suportam.


Prevenindo incêndio iminente, e porque a degradação era tal que até parecia mal, a autarquia desta vez e a tempo fez a sua obrigação... a Magarefa fez em tempo recorde um bom trabalho e assim se faz a história de Alcains.

Manuel Peralta

Rafeiro de Lata

Quem entra em Alcains pelo cruzamento de S. Domingos e lê com atenção a placa que situada à direita pretende dar as boas vindas e anuncia o que pode disfrutar em Alcains, não deixará de ficar surpreendido com o erro de ortografia que se pode prestar a confusões. Parece que apenas só os visitantes de nome Benvindo tem direito a saudação e não se saudam todos os que nos visitam com a expressão, Bem Vindos. Como já em tempos o Bruno Pereira na revista ALZINE chamou a atenção para o erro e nada foi feito, volto agora eu à liça esperando que tal erro seja corrigido.


Cometi idêntico erro que o editor do terra dos cães decerto se apressará a corrigir. A foto é por demais explicativa do persistente erro herdado pelos actuais autarcas que decerto corrigirão... a bem da ortografia e da terra deles... que é a nossa.

Manuel Peralta

terça-feira, 15 de junho de 2010

Curiosidades históricas. Indultos

Como vamos fazendo cada vez mais "delete" ao papel e na terra deles têm caído umas "geadas" de se lhe tirar o chapéu, está cá uma russa hoje...deve haver caramelo...assim se dizia no Degredo, considero que vale a pena dar à estampa uns indultos uma espécie de NEP religiosas que convido a ler e tresler tal é a riqueza da prosa dos indultos e indulgências que a igreja tinha de deitar mão para fazer face aos encargos decorrentes da sua actividade.


Lembro de a minha mãe comprar os indultos e as Bulas, vendidas pelo Sr. Vigário saudoso Padre António Afonso Ribeiro. Compradas para produzirem efeitos na Semana Santa, isentavam de jejum em alguns dias da quaresma com excepção da sexta feira santa.


De jejum andava a generalidade da população tais eram as dificuldades, mas sempre se comia sopa e uma fatia de pão com conduto, toucinho februdo que temperava a sopa durante a semana, uma farinheira ao sábado que normalmente rebentava na panela e tinha de se comer de colher, e no domingo por vezes uma chouriça assada tirada ainda fresca do fumeiro antes de ir para congalhada...


Quando a geada era mais forte e o telhados ficavam russos dizia a minha mãe que vamos ter fumeiro estaleiro, de estalo, bom, de regalo...
Para ler os indultos convirá clicar duas vezes no texto para se ampliar a letra.
A ideia de publicar estes documentos que são raros e têm tendência a desaparecer, é para que aqui se constitua uma memória de coisas simples que retratem a vida dos nossos pais e avós e que alguns de nós ainda relembramos.

A propósito de bulas e indultos não deixo de, sem por em causa as fés de cada um, de relembrar uma quadra que tantas vezes de viola assestada cantei, quando cheio de certezas e "tchanias" percorria as ruas da terra deles em serenatas, e, na Casa do Povo em intervalos entre drama e comédia se variava em variedades de Cânticos Negros, fados e na altura música de intervenção.

Nasci,
logo a meus pais custou dinheiro.
O baptismo,
que Deus nos dá de graça.
Fui crescendo,
e lá estava o mealheiro.
Na igreja,
onde eu ia pedir graça.


...e por aí fora...

Nem a propósito, no próximo sábado dia 19 de junho o Padre Álvaro (cuco) também da terra deles, vai baptizar o meu neto Tomás, filho do Pedro, na paróquia da Ameixoeira, Lumiar, Lisboa
Ele há cada coincidência!!!

Nota: Os documentos foram fornecidos pelo José Geada a quem agradeço.

Manuel Peralta

Cachorro estimulado

Nesta secção pretendo trazer a lume, não para queimar claro mas apenas para aquecer, aqueles ditos e expressões com que os nossos pais nos mimoseavam quando nada de bem fazíamos, desacerto nas contas, erros nas cópias, calças rôtas ou, quando já mais rapazes,arebitávamos a cartuchada quando nos mandavam de "taleiga" ir ao farélo à ti Maria de Jesus na arrecadação do Sr. Trigueiros ou ao carvão ao Sr. António Campinhos.
Óbviamente que estou a falar de tempos em que os filhos obedeciam aos pais...

Era assim:


Tens namorar de burro em quelha apertada.

Reparem na força destas palavras... namorar, burro, quelha, apertada...

Quando já com buço, e depois de chamados só à terceira vez respondíamos, no sobrado arrastávamos os tropeços ou os bancos e de rabo alçado saíamos de casa batendo trinco e porta...
Claro que aquele namorar, ainda por cima de burro e em quelha apertada só podia ser coice... em quelha apertada córre-se, espinoteia-se, cai-se da albarda se ele a levar.
Tu tens namorar de burro em quelha apertada mas eu tiro-te a albarda... vai e despacha-te que fecha às cinco.

Manuel Peralta

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Jaculatórias - Orações

Sempre que o inimigo tentava as angélicas criaturas, o rumor do pecado aparecia, a devoção periclitava nos afazeres rurais e domésticos, e a ausência de fé originava tumultos então os que podiam compravam indultos.
Outros rezavam, e, já com fé, afastavam entre rezas e cantos os tormentos que apoquentavam a alma e elevavam ao céu as suas preces.
Como esta.

Fuja de mim o pecado
Cresça em mim a devoção
Que eu à Virgem Maria
Entrego o meu coração...

Credo... credo... credo...
Aleluia... aleluia
Arrebenta infernal
Deixa esta criatura que não é tua...

Recolha oral de Maria de Lurdes da Paixão

Manuel Peralta

terça-feira, 8 de junho de 2010

Manuel Geada investiga o Tobias

Depois de consultar uma bíblia também cheguei à mesma conclusão que o João Manuel.
Os nomes de Tobito e de Tobias tendem a ser confundidos um com o outro em alguns textos, sobretudo da Vulgata e outras versões.
A bíblia que inicialmente terá sido redigida em aramaico (1), na tradução para Setenta (ou grega), aparece o nome de Tobito pai, e Tobias filho.
O nome de Tobite (abreviatura hebraica de Tôbiyyâh, quer dizer “Deus é bom”, ou “o meu bem está em Deus”).
Na tradução para a Vulgata (ou latina), é Tobias pai, e Tobias filho.
Neste caso vamos usar a versão Vulgata.
Uma noite Tobias pai, deitou-se no pátio da sua casa junto a um muro, deixando a face descoberta por causa do calor. Ignorava que havia pássaros no muro e, tendo os olhos abertos recebeu os excrementos quentes dos pássaros, que deram origem a umas manchas brancas.
Procurou médicos para o tratarem mas, quanto mais remédios lhe davam, mais o cegavam por causa das escamas (2), até que perdeu a vista.(Ficou cego durante quatro anos).
Tobias filho partiu então acompanhado pelo Arcanjo São Gabriel “Deus cura” à procura de um remédio para a doença do pai.
Ao chegar a um determinado sítio, São Gabriel sugeriu a Tobias que apanhasse um peixe para lhe extrair o fel, e com ele curar a cegueira do pai.

(1) Grupo de línguas semitas falada pelos habitantes da Síria e Mesopotânea, povoadas pelos descendentes de Araão.
(2) Laminazinha que se separa da epiderme, em consequência de certas moléstias.

Captura do peixe.
Pintor anónimo lombardo século XVII


A Cura de Tobias (1635)
Bernardo Strozzi 1581-1644


Fotos wikipedia

Manuel Geada

Música à BENFICA

Para um benfiquista ferrenho a música é a vida, a vitória a festa.
Abram este endereço e escutem... lindo... vale a pena.

Clique aqui!


Manuéis, Geada e Peralta

quinta-feira, 3 de junho de 2010

E A NAÇÃO DISSE ... SIM!

Falo da nação Benfiquista, claro, que no sábado passado, 22 de Maio, armada com "pundonor e galhardia" saiu à rua e pregou forte "abáda" a todos aqueles que, incrédulos, assistiam nas esplanadas dos cafés ou por detrás de cortinas verdes sem esperança, à incontida alegria estampada nas rubras faces de vermelhas águias de alva pena, festa de gerações que dos três aos oitenta e três anos comemorou a preceito e com glória, mais um título a somar a tantos outros da Águia Vitória.

Sempre de estômago aconchegado, bicáda em pratinhos de duas dúzias mais quatro de ovos verdes aqui, oito pontinhos digo melhor, oito golinhos de "vintage port" dali, assim se foi esvaindo entre rezas a Jesus, Apolónea, Socorro e Ana a manhã entre santas, em festa que durou até às tantas...

Manhã vivida neste bucólico Éden, qual paraíso em terra, inebriado em culto e fé, quase uma religião, aprazível local que convidava ao encontro, à partilha como agora se diz, emoldurado em vermelho vivo de bandeiras, lenços e cachecóis pincelado de esbeltas e charmosas benfiquistas que mostravam muito ardor sem levantar crista...

Eles, os obreiros/pedreiros, que durante a época em colmeia/pedreira respeitada pela qualidade do mel e da pedra que talharam, alardearam fama pelo mundo e arredores, mitigavam agora os merecidos suores no cantinho das "loiras", virgens nos copos que iam de oito a vinte e oito.
Almoçava-se, rezava-se, hasteavam-se no palco as bandeiras, ia-se à mesa do lado, comemorava-se, abenficava-se cada um como podia, no bacalhau, no arroz de pato e porque cada jogo é uma luta, só se parou quando se chegou à "fruta"...

SLB, SLB, SLB sempre assim pela tarde fora, em dança corrida inigualável em bailado de DiMaria, trauteado em plenos pulmões de força igual aos remates de Cardoso, abrilhantado por esse verdadeiro artista do disco e da cassete pirata, Zeca de seu nome, tambem ele benfiquista de vários costados, que surpreendeu em voz e a nós proporcionou aguerrido movimento para desmoer opíparo almoço.

Já com o sol a choramingar por deixar tal festa, passa enfiado em espêto um marrantcho de três vezes vinte e oito quilos mais oito de fressura, anafadinho, de pia, de cêrda branca que gemia a canção dos perdedores em lume brando, atiçado por dois benfiquistas, quais "no name" treinados no inferno da luz.
Torrado, macerado, cortado em finas fatias começou assim a segunda parte de um jogo que agora visto das bancadas e já a ganhar dois a zero mas sempre de pé, repôs a tranquilidade de Homeros em Ilíadas e Odisseias próprias dos grandes heróis...
A meu lado o Inácio, Patão de nome, velha glória do GDA,saboreava a vitória e a amizade com que nos tempos da FNAT ele empastilhava em pé canhão a redes do adversário, mesmo nos Leões da Floresta.
Sussurava-me ao ouvido, oh Manel sempre gostei de ganhar à Covilhã por ser Sporting mas o maior gozo era matá-los na floresta...

Os heróis da nação Benfiquista são a gente simples de balneário limpo, em banco sem espectáculo que não seja dominar a redondinha, e que depois de muito trabalho festejam e disputam cada ano a vez de ser festeiro...
Já a madrugada espreitava e uma maresia indolente amolecia a folhagem verde à sombra da qual tempos de júbilo passámos...
De boné vermelho e camisola de águia e brasão de Alcains ao peito,assim vim cantando... Benfica, Benfica na terra e no mar, se perde o Benfica fico sem jantar...

Benfica na terra e no mar, Benfica até debaixo d'água... quem diz mal do clube campeão, ou é de inveja ou é de mágoa...
Obrigado Benficas.

Manuel Peralta