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quarta-feira, 24 de março de 2010

Boa Notícia

Desta vez a REFER, antiga CP, lembrou-se não só, mas também de Alcains.
A foto mostra o investimento em curso na electrificação da linha do caminho de ferro, na passagem superior sobre a linha e modernização da estação.
Observada do lado da estação no sentido de quem olha para Castelo Branco, pode ver-se passagem superior em fase de construção.

Do lado da charca tendo para trás ambos os Escalos, os de Cima e os de Baixo, podem ver-se os pilares que vindo do lado dos Celeiros suportarão a passagem superior sobre a linha.

Presenciei na passada semana, grande azáfama no local, muitos trabalhadores, muito movimento no restaurante "O Cantinho" da estação e vim com a certeza de que a imagem que temos da estação e de toda a envolvente vai ser radicalmente alterada.
Pode ser que em futuro próximo Alcains fique cada vez menos, a ver passar combóios...
A REFER está de parabéns face às obras e ao investimento em curso.

Manuel Peralta

Ditos e Mexericos

Os meus pais quando namoradeiros, viviam numa travessa da rua do Degredo paredes meias com todos os vizinhos, entremeados de quintais e animais...
O galinheiro, a coelheira, o furdão, o canto da lenha e tudo o que mais venha.
A minha mãe lavava em alguidar de barro, as colheres de alumínio, uma ou outra cocharra, parcos pratos de resmalte na varanda que dava para o quintal.
Sempre que a minha mãe lavava a loiça, o meu pai cá da rua e para lhe chamar a atenção, atirava-lhe com pequenas pedras.
Respondia então a minha mãe.

Não me atires com pedrinhas,
Que estou a lavar a loiça.
Atira-me antes beijinhos,
Com que a minha mãe não oiça.

Recolha oral de Maria de Lurdes Paixão.

Manuel Peralta

terça-feira, 23 de março de 2010

Lenga... Lenga

Vamos jogar ao eixo e ribaldeixo...

Eixo
Ribaldeixo
Caramel ao pé do eixo...


1 - Perú
2 - Bois
3 - Inglês
4 - Arroz no prato
5 - Mari dos brincos
6 - Mari dos Rês (pátéta)
7 - No cú tóspéto
8 - Biscoito
9 - Vês um bode
10 - Vai lavar os pés.

Cantei e brinquei muita vez com esta lenga lenga, jogando ao eixo, saltando sobre as costas curvadas de catchôpos e catchópas e aprendendo a contar até dez.
Quando se chegava ao sete, ao saltar, dava-se um ligeiro tóque com o pé no rabo de sobre quem se saltava...
No seis havia uma referência a uma rapariga, mulher que era a Maria dos Reis (pátéta), já falecida, que moravam numa casa com grande tapada anexa a caminho da estação da CP.
A casa ainda existe, mas entretanto vieram morar para uma casa na rua do Espírito Santo que tem um painel exterior em granito, a ser preservado no futuro...
Páteta, porque era pocatchinha...
Frequentadora das comédias na praça, vinha sempre de tropêço para se sentar.
Nesta brincadeira que por vezes durava uma boa manhã, também se treinava a destreza no saltar... pois, como uns e outras eram mais ou menos altos ou altas, os rapazes quando eram as raparigas a saltar, levantavam-se um pouco para elas caírem e ficarem abraçadas... ou ficarem com as pernas ao léu...

Manuel Peralta

Não acordes cão que dorme...

Texto de email remetido à ASAE, em 15 de Janeiro de 2010, alertando para a falta de segurança na Zona de Lazer-Espaço Lúdico da Vila de Alcains, do Concelho e Distrito de Castelo Branco.
Foi igualmente dado conhecimento às autarquias (câmara e junta) e à Srª Governadora Civil.
O Dr. Fernando Serrasqueiro, natural do Concelho de Idanha-a-Nova é o Secretário de Estado que tutela a ASAE.
De acordo com o site da ASAE, esta instituição é responsável pela segurança em empreendimentos de turismo da natureza, recintos de lazer, e infraestruturas com equipamentos de diversão e lazer.


Pelo presente email, PARTICIPO e dou conhecimento da total falta de segurança para as pessoas no referido espaço lúdico.
Atravessado pela ribeira da Líria e por uma linha de água em sentido transversal, com as protecções integralmente danificadas, são um perigo constante para pessos, jovens e crianças que frequentam o local.
Existe um baloiço tipo aranha, e o parque em seu redor tem várias grades de protecção danificadas.
O caudal da ribeira e da linha de água é bastante elevado e está em leito de cheia.
Se por artes do diabo pessoa ou criança cair à água quem é responsável?
Os bebedouros danificados, o pavimento degradado e para juntar a tudo isto, a colocação de ecopontos no local com toda a espécie de lixos e vidros partidos, ameaçam diariamente a segurança das pessoas.
Solicito o favor de uma visita ao local, e se neste empreendimento que pretendia conciliar turismo de natureza em recinto de Lazer, não estiverem garantidas as condições de segurança para os utentes, solicito sejam tomadas as medidas que a situação requer.
Relembro que por estar perto das escolas Preparatória e Secundária, vários alunos por aqui permanecem ao longo do dia, isto é sempre que das escolas se libertam o que acontece com frequência.
Como moro perto sou observador privilegiado da degradação existente.
Aguardo pela acção dos serviços da ASAE:
Melhores cumprimentos

Até hoje sem resposta.
Forte com os fracos... Fraca com os fortes... será?

Manuel Peralta

domingo, 21 de março de 2010

C(ã)ontrastes

Do bonito...



A foto mostra uma boa recuperação de uma casa situada na rua Dr. Vicente Sanches, onde viveu a Sr.ª Conceição Carrega e cujo proprietário era o Alcainense Sr.Manuel Carrega, que foi Pároco de Sobreira Formosa.
Em tempos idos, o pároco de Sobreira Formosa deixou de o ser, e foi viver para Lisboa...
Com o falecimento do Joaquim Manuel Carrega Barata Rafael, que era afilhado do Padre Manuel Carrega, e com o falecimento da Maria Manuela Carrega dos Santos (Nélita), os herdeiros decidiram cumprir a vontade do Sr. Manuel Carrega que em vida, terá manifestado desejo de que a sua casa fosse doada para fins sociais.
Assim, por iniciativa da Dª Antónia Carrega Barata, do Francisco Carrega Barata Rafael, e de acordo com os restantes, que eram muitos (herdeiros,) a casa foi doada à Junta da Freguesia presidida por Manuel Martins Marujo.
A Junta da Freguesia efectuou uma boa recuperação do património.


Esta harmoniosa casa, é sede dos Dadores de Sangue da Freguesia de Alcains

...ao feio



Na mesma rua, e no sentido de quem vai do Solar para o largo do Rossio, do lado direito portanto, duas lindas casas, uma muito antiga, outra mais moderna, mas ambas com portados e janelas de granito que ameaçam ruir a qualquer momento.
Trabalho de canteiro artista, harmoniosamente desenhadas e artísticamente trabalhadas, estas pedras(cantarias) fazem parte da nossa identidade, das nossas raízes, da memória de uma sofrida mas nobre profissão que foi a de canteiro, e que corre o risco de desaparecer por completo.
Fonte de preocupação para vizinhos face ao avançado estado de degradação, é um perigo real para quem ali vive e ali passa.
Até quando...

Manuel Peralta

sábado, 20 de março de 2010

Lengalengas


Debaixo da pipa está uma pita.
Pinga a pipa pia a pita.

É o pibabaquígrafo...é o pibabaquígrafo...é o pibabaquígrafo.

Ter dívida dar dádiva de dúvida.

Sugestão:
Treinar, com crianças e adultos.
Deve pronunciar o mais depressa que puder.
Previne dislexias.

Manuel Peralta

Jaculatórias - Orações

A minha mãe, Maria de Lurdes da Paixão, com oitenta e cinco anos, e memória ainda muito desperta, temente a Deus, entrou para a Cruzada quando tinha dez anos, onde aprendeu esta oração. Os cruzados de Alcains, iam à missa e às procissões com alva faixa branca, traçada no peito, com a cruz vermelha dos Cruzados, portanto estou a falar do ano de 1935 em diante.

Ao deitar

Com Deus me deito.
Com Deus me levanto,

Na graça de Deus

E do Divino Espírito Santo
Nossa Senhora me cubra
Com o Seu Divino Manto.


Abraço-me à cruz,

Tenho à cabeceira
O Santo nome de Jesus.
Jesus meu bem,

Livrai-me do inimigo,

Sem rival, tambem.


Nesta cama me deitei,

Meu Divino Senhor,

Não sei se me levantarei.

Confesso-me na vossa graça,

Comungo na vossa lei.

Recolha oral de Maria de Lurdes da Paixão.

Manuel Peralta

sexta-feira, 19 de março de 2010

19 de Março... dia do Pai


O meu Pai

José dos Santos Riscado Paralta, nasceu no Olêdo, Concelho de Idanha-a-Nova e veio para Alcains, órfão de pai, quando tinha três anos.
O seu Pai, meu avô paterno, que não conheci, casou em terceiras núpcias com a minha avó paterna, viúva na altura, que também não conheci, de nome Guilhermina Ferreira, mulher reinadia segundo diz a sua nora, a minha mãe, Maria de Lurdes da Paixão.
Quando o meu avô, em leito de ferro e enxerga de linho repleta de palha triga, se aconchegou com a minha avó, tinha o meu avô oitenta e dois anos, e a minha avó em idade ainda fértil, teria os seus quarenta anos, resultando deste aconchego, em 11 de Abril de 1924, um rapagão, masculino, bem-apessoado, enfim um promissor cavalheiro, a quem deram o nome de José dos Santos Riscado Paralta.
O meu avô, chamava-se José dos Santos Riscado, tinha em Olêdo vários arrendamentos, agricultura extensiva, uma vara (porcos), queijaria, rebanho, que lhe proporcionavam na altura uma vida sem fartura, regrada é certo, mas sem fome por perto, assim conta um sobrinho de meu pai, com noventa e dois anos de idade a residir em Olêdo.
Andava de cavalo, fiscalizando iguais servos da gleba, vestia de surrobeco, armani de fato preto, camisa alva, branca, córada ao sol em barrela de cinza, colête de três botões com corrente de ouro, em relógio de bolso com mostrador de resmalte, e horas em números romanos e minutos otomanos.
De chapéu de aba larga prêto, com cinta cinza, onde enfiava esbelta pena de rouxinol que ondulava ao ritmo do trautear da rês que primorosamente cavalgava.
Este esbelto, e lancinante cavaleiro andante, estava predestinado para ser Paralta... Peralta, mais tarde.
E é precisamente aqui (Hermano Saraiva dixit), neste momento inolvidável, que as famas e eventuais proveitos de meu avô, passaram para meu pai em forma de nome.
Parece um Peralta, diziam uns... parece, não...! é já um Peralta, é o que diz toda a malta!!!
E assim chegou a Alcains, com três anos em 1927, o primeiro Paralta, de nome, José dos Santos Riscado Paralta (Paralta em resultado da herança das famas do pai).
O meu Pai, pouco tempo passou na escola... com o Ti Guitas (falecido) e o Ti Manuel Barrêto (falecido), cedo descobriram o sabor das Maçãs de S. João, das Ervilhas em bico, das Favas sem grão e eram exímios atiradores de calhoadas ao Pinheiro que a Avenida da Levandeira que tudo leva... levou.
Guardou porcos nos Sobreirinhos para o Sr. Pires das Sanches, cortou pedra, marriou, britou.
Com o seu meio irmão ti José Tchurrinho (pai do Palhinhas), já falecido, foi para o Porto, para a foz do Rio Sousa, onde cozinhava cerca de quarenta panelas de ferro, aprendeu a nadar e a comer lampreia, sendo fiscal (apontador) nessa altura a cargo de obras dos Pereiras, o Sr. Adriano Alves Pereira Mateus (recentemente falecido), que viria anos mais tarde a ser meu sogro.
Regressou a Alcains para a tropa, casar e continuar a trabalhar...
Em 25 de Setembro de 1949, pelas 10 horas da manhã, na rua do Degrêdo, em parto pela minha mãe gritado no Degrêdo que se ouvia no Outeiro, assim me contava a ti Maria do Carmo Páposseca (falecida), a ti Maria Angélica Dómenica (falecida) a ti maria José Arrebenta (falecida), com bacias de água quente não só para o rapaz não arrefecer, apareci eu.
Com o seu maior amigo e companheiro de sempre, o ti José Penêdo (falecido), casado com Rosalina Alves (falecida), britaram a pedra para o cinema de Castelo Branco, para alcatroar as estradas então em macadame, até ser descoberto pelo Eng.º Leite de Morais, director da Junta Autónoma das Estradas que o convidou para ser Cantoneiro da dita JAE, por lá passou cerca de quinze anos.
Como o Ezequiel, que tirou curso de noivos e ainda não casou, também o meu pai, nunca exerceu a actividade de Cantoneiro, em cantão distribuído da Fonte do Caldeiro aos Escalos de Cima.
O seu grande amigo José Penêdo emigra, o ti Manuel Camilo (falecido), ferróviário, nosso vizinho e marido da minha mana adoptiva, Maria da Conceição Ambrósio, já então emigrado, envia uma na época desejada carta de chamada, e lá parte o meu pai para a desejada França, como ouvrier.
O meu aproveitamento escolar, então em transição entre Castelo Branco e Coimbra, lubrificou a necessidade de emigrar e foi graças aos meus pais e à França, que tive a vida que tenho tido.
Parti eu para a guerra colonial na Guiné-Bissau e a minha mãe também foi conhecer a Torre Eiffel...
Regressada da França, primeiro a minha mãe e depois de eu me casar, o meu pai, foi Serrador na SOMAL, na pecuária dos Micaelos tratou de vacas e porcos, apicultor por conta própria colhendo cerca de duzentos litros de mel, agricultor, pescador, convidado para matações para matar os marrantchos, perfazerá no próximo dia onze da Abril, 86 anos.
Anda aí de mota, não zangado com a vida, desabafava hoje ao almoço de dia do pai, que a grande pena dele é que no seu tempo, era quase tudo cego... ninguém via o trabalho infantil.
O blogue é pessoal, desculpe-me quem me ler, mas este é o meu testemunho para o meu maior herói. O meu Pai.

Manuel Peralta... 2010, dia do Pai

Rafeiro de prata

Pelo bom trabalho de substituição da casca de pinheiro, por seixos rolados,granulado de granito e tijolo, bem como, pela poda atempada dos arbustos, que embelezaram a Av. 12 de Novembro e, com esta meritória acção, evitaram o entupimento das águas pluviais da avenida, as autarquias, Câmara Municipal e Junta de Freguesia são premiadas com um rafeiro de prata.

Manuel Peralta

Rafeiro de lata

Pela ausência de pavimentação do passeio da Av. 12 de Novembro, (data em que Alcains foi elevada a Vila) onde crescem ervas de todo o tipo, que impedem os munícipes de passear no dito, e que, negativamente contrastam em abandono e desleixo com o embelezado separador central, e, por outro lado, com os plátanos por podar àcerca de cinco anos, as autarquias, Câmara Municipal e Junta de Freguesia, têm direito a um rafeiro de lata.
Até quando?

Manuel Peralta

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ditos e Mexericos

"Quem cedo endentésse, cedo irmanésse"

Comentava assim a ti Marizé Juliôa, minha avó adoptiva no Degrêdo, para a minha mãe há sessenta anos, o facto de muito cedo me nascer o primeiro dente.
Traduzindo... a quem cedo nasce dente, cedo irmão vai ter.
No caso em apreço, tal dito não se confirmou.
Será que a excepção confirma a regra?

Manuel Peralta

quarta-feira, 17 de março de 2010

...sem mão de patrão.

A foto aqui publicada diz tudo sobre a negligência, o abandono, o deixa andar que pulula na Zona de Lazer-Espaço Lúdico da vila de Alcains, do concelho e distrito de Castelo Branco.

Quando, em passo de funeral, no largo de Stº António se observa a pintura do jardim infantil, qual natureza morta já muito perto de cemitério, e, em frente do qual um degradado edifício que foi berço estimado da família de José dos Reis Sanches, rivaliza em decrepitude com outras casas no mesmo largo...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando, no Museu do Canteiro, a erva de lameiro cresce na razão inversa dos arranjos exteriores nunca acabados, e as raras e inimitáveis grades sem pintura danificam a igual velocidade de degradação as torneadas pedras de granito que as suportam...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando, por qualquer pinga de chuva as estradas parecem riachos desde o largo de Stº António até à Av.12 de Novembro, e, em frente à sede do agora também triste Sporting, um lameiro que alimenta rodas de carros vermelhos dá banhadas aos sportinguistas, e a quem no passeio passa...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando a iluminação pública (não confundir com humilhação pública) de algumas ruas tem tantas candelas como o candeeiro a petróleo do ti Veneno quando ia ao touril buscar as vacas, e as pias da Fonte Marirodrigues se afogam, sem protecção civil, em lama, silvas, juncos e margaça de tal modo que já nem a rã coaxa...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando em obras de nova zona de lazer da Quinta da Pedreira a degradação do campo de jogos e de toda a envolvente é evidente, e não se sabe se tem ou não tem quiósque, e o ti Zé Miguel herdou frente à sua porta um remate de alcatrão e calçada digno de um sinhá ponghole...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando à noite se vai à Escola Secundária e se observa, com tristeza, a ausência de iluminação externa, o acesso ao pavilhão com lama, pedras levantadas, pisos degradados, mais difícil será atrair mais gente para novas oportunidades...

Quando e por último, o Carlos Leão e o Zé Ramalho se queixam de que apenas 20 metros de alcatrão ficaram por fazer, em rua pública por detrás do posto da GNR, e eu, em recente volta de bicicleta observei caminhos particulares, lá para onde as almas têm cruz, alcatroados, vão ter de começar a criar um borregos, pois sei que, quando nos fazem borregos não há volta a dar... olha, fui lá a pedir e fez-me um borrego, diz-se...

Faz falta a mão de um patrão.

Parece entretanto que se projecta para o antigo edifício dos correios no largo de Stº António, o Novo edifício sede da Junta de Freguesia.

O agora duplo presidente, da junta e do futebol, sabe que tem mais meios (dinheiro) no futebol que na junta. Pela quantidade e nível de serviços prestados não me consta que se façam filas de espera para os munícipes serem atendidos. Também, e a avaliar pelas acções de formação anteriores em bainhas abertas, náperôns, e até rechiliêu não foi por falta de espaço que a sociedade alcainense deixou de evoluir.

Por outro lado, pelo que vou lendo e pelo que conheço, o fenómeno da globalização municipal não vai parar, pelo que, não me parece que seja a nova sede da junta a grande e primeira prioridade, até porque, a nóvel equipa estará a meio tempo, logo, meia sede chegaria, pelo que me parece que a actual, embora não faustosa como o qualquer coisa contemporâneo de Castelo Branco, parece chegar para as necessidades actuais e futuras, com este modelo de gestão municipal.

Em minha opinião, Alcains precisa com mais urgência de uma Nova Capela Mortuária.

Obviamente não por causa dos meus "irónicóreais quandos", esses, terão mais tarde ou mais cedo solução, mas porquê a actual, na linda capela do Espírito Santo, é pequena, não tem conforto e é propriedade da hierarquia da igreja que anda amuada com Alcains... a hierarquia não esquece.

Em funeral recente de gente de vida difícil a que assisti, na gelada capela de S.Brás, sem casa de banho, sem conforto, sem uma tomada para se fazer um café um chá, desmaiou com a dor própria das gentes de vidas difíceis, a esposa do falecido.

Transportada em braços e à chuva por familiares para carro a condizer com a condição social, com pés de fora mas mais confortável com o aquecimento do carro, recuperou a consciência com o calor e a humanidade das gentes que com ela, sofriam a dor dos que queridos nos são, e nos deixam…

Enregelado dos pés à cabeça e sobre o agora tapado poço do outeiro, prometi a mim mesmo, escrever este alerta, no momento em que nos reencontrámos.

Façam-na já e lá.

Manuel Peralta

Domingo Gordo à moda de Alcains

...à volta do Laburdo rodelado de laranja ácida para cortar... do Feijão Vermelho cozido e temperado com azeite e vinagre, pincelado com colorau, das Sopas da Matação com pão de forno de lenha de Penha Garcia, com sabor a cominhos e das tradicionais Papas de carolo... com arte rupestre desenhada a canela.

...com azeitonas de salmoura, umas, outras, retalhadas com sal grosso e um abundante vinho tinto de 2002 de casta Jaen, Piornos da Adega Cooperativa da Covilhã.

...talhada (capa de aqueduto como diz o meu pai) de queijo de ovelha, hiper curado, mas que, operado com faca de cabo de madeira numa mão e o dito cujo na outra, deu roliça talhada aveludada ao tacto e divinal ao palato.

...com café e digestivo CRF (Carvalho Ribeiro Ferreira) oferta de Natal, salteado com figos secos (passas) de abebreira parda de quintal.

...oito humanos numa mesa que perfaziam um total de 575 anos, capicua de longevidade, que a preceito cumpriam em mangas de camisa a difícil tarefa de cumprir a tradição, sim porque agora em tempo de Quaresma temos de renunciar aos prazeres da carne e ao pecado da gula...

...feita hoje de manhã ronda telefónica pelos 575, enquanto a neve caía... colesterol, atenção, triglicéridos e demais limitadores de liberdade gastronómica, tudo estava bem como de costume.

...recebi entretanto convite para amanhã ir fazer um arroz de bucho, cozido em panela de ferro, em baile fervente com pé de porco, orelha, farinheira e morcela de assar para entrada.

...abraço para todos deste "melias".

- Opíparo almoço confeccionado por
Maria Clara Belo Rafael
Maria da Conceição Teixeira Rafael
Maria do Céu Rafael Pereira Peralta
Manuel da Paixão Riscado Peralta, (temperador).
- Comensais
José dos Santos Riscado Paralta
Maria de Lurdes da Paixão
Pedro Pires Sequeira
Maria de Lurdes Teixeira Rafael

Águas de Portugal e do Centro "emporcalham" Alcains.

O que se passa na estação dita elevatória dos esgotos, em pleno coração da dita zona de lazer, espaço lúdico da vila de Alcains do concelho e distrito de Castelo Branco, é um atentado aos mais elementares princípios de dignidade ambiental e respeito pelos cidadãos revelando a incúria e o desleixo de empresas de mão estatal, Sólido Grupo Económico assim andam pelos jornais, mas que nos dão "hojes" de trampa, maus cheiros, ratazanas, nuvens de melgas e mosquitos sempre que a massas efluentes depositadas, por acção do calor, entram em putrefacção.
É certo que as Águas do Centro receberam dos Serviços Municipalizados esta pesada herança resultante de várias incapacidades, técnicas, por apostarem ao longo dos anos em soluções paliativas, financeiras, por na ausência de projectos de raiz não cativarem disponibilidades ( projecto em obra, diz-se) e também por terem deixado ligar à rede de efluentes domésticos, apreciável número de efluentes pluviais.
Presumo que, cinquenta por cento dos quintais internos com beirados tenham as águas das chuvas ligadas à rede de efluentes domésticos.
A foto aqui publicada retrata o repuxo de esgoto com piscina anexa, para ratazanas se banharem no centro do bardo, como diz o meu pai, propriedade das Águas do Centro e que trinta e seis horas depois das chuvadas ainda jorrava massas afluentes de efluentes...
Eventual reforço com bombas de maior débito já não resolve porque a conduta adutora, recentemente instalada e paliativamente projectada não suportará mais caudal.
Por outro lado as bombas de emergência que no colector de esgotos da Oviger lançam efluentes domésticos, misturando-os com efluentes industriais, crime ambiental com evoluções cancerígenas na ribeira da líria, têm efeito nulo no fim a que se destinam, pois o esgoto reflui.
Agora que as Águas do Centro decidiram limpar o lameiro, de erva excelente, tudo ficou mais claro...ratazanas, preservativos, salsichas de assar e de massa bucha tudo ali convive em perfeita harmonia qual éden ambiental...
Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo, Administração da Região Hidráulica Tejo, Governadora Civil, Serviços de Protecção da Natureza da Guarda Nacional Republicana (excepção), ASAE, Autarquias, tudo no aconchego de gabinetes quentinhos no Inverno e fresquinhos no verão, convivem e não respondem sequer a inúmeros e-mail com fotos ilustrativos das situações que vou descrevendo.
Por cá ao duplo presidente (do futebol e da junta) que em flagrante me apanhou a tirar esta foto, esclareci este problema que a nossa terra tem...mas ele estava tão longe...
Conhecedor do dinamismo que colocam nos cargos, decerto que esta questão vai ser encarada nas prioridades da equipa (Carrega, Jorge, Milene) que os alcainenses democraticamente elegeram, e que a seu tempo, acredito como homem de fé que sou, irão pressionar as entidades responsáveis pela situação com a autoridade própria da representação que a força da democracia dá.
Observo, através das grades do bardo, a tristeza nos olhos de entre outros, excelentes trabalhadores, do Eng.º Vitor Saraiva ao Nuno que incessantemente por ali passam de galochas tentando resolver o irresolúvel, sem meios, naufragando nas águas sujas da incúria ambiental da zona, limitando-se a fazer elementares controlos de danos, religando bombas desligadas, abrindo portões meio submersos com perdas de tempo, custos salariais, de comunicações, de combustíveis, desgastes de viaturas, enfim custos de funcionamento, que todos pagamos a sólidos grupos económicos.
Sólidos para quem? Pergunto eu...

Manuel Peralta

Quaresmal "jejum de língua", com arroz de lampreia.

Enrolava-se com dificuldade a empa de cana lisa, um Feijoeiro de qualidade António, que à chegado à dúzia de postas da dita, só parou em vagem rosa, de face oculta pelo Fim do Mundo, Adriano de nome, que de boné à pim... pam... pum... parecia estar em permanente matação... lá vai este copo de vinho... do automotora da cadeia... foi preciso vir a Belver... pra menroscar em lampreia... E foi assim tarde fora...
Sem banjo, e sem saber que o pai, com Joaquim Teixeira e Vitor Serrasqueiro davam na Casa do Povo em esquerda baixa, resina ao arco, o filho do ti Manuel Ribeiro, Martinho de nome, com cara de quem parecia ter trízia (icterícia para a malta das novas oportunidades), enjoou, em Ribeiro pleno de esgotos liríados de águas do centro, ovigeres e consais com alguns ais... melhorou é certo, depois de incessante passeio para desmoer fina camada de betão de limpeza, em frágil suco estomacal... mesmo assim, qual melias, só comia posta aberta em arroz ensopado, muita verde salada a que se opunha o organizador, que se enganou no caminho, tó, Bicho de nome, zangado com a casa de Alcains mas adepto e sacristão na catedral da segunda circular... abrenúncio...
Arraianos e Espanhóis, Manuel e Luiz viviam em permanente contrabando de posta à posta, digo mais... uma travessa para mim, uma travessa para ti em união de facto sem direito a qualquer herança futura, pois tudo o que vinha, marchava... catorze postas, somava o secretário botanjana.
O Manuel Requeita, vizinho dos manos Teles, cumpriu a tradição. Sempre uma posta à frente da outra, sem ultrapassagens perigosas e desnecessárias, certo de que o caminho se faz caminhando, e que a pressa dá sempre em vagar... de soslaio olhado pelo Valhadas que, com receio de matar alguma verga, mastigava com o ritmo do bater de picola, o ciclóstomo que rescendia em amizade e inebriava com tinto de catorze graus, dias de vidas difíceis...
Já com a ferramenta em baixo e aconchegada por muitos trabalhos feitos, o Palhinhas e o Moisés Requeita partiram cheios de "tchanias" e diziam até que "ninguém lhes punha cuspinho na orelha"... bem aposentados, poucos, mal reformados quase todos, mas também havia por ali boas "retraites"... do ambidextro Jaime ao mal denominado Canhoto, mostrou a quem o via como se concilia o jeito em driblar postas com força, num GDA distante, que nunca descia...
De chapéu por causa da maresia, o Manuel Riscado frente a frente com o Martinho Paciência, não eram de muitas falas, sorriam sempre, e, no afã de mostrar que sabiam da poda, receberam uma boa "prima" que não contando para a retraite pagará futura inscrição. Ficaram clientes.
Apesar do jejum de língua em semana quaresmal, o Pedro Sequeira, que resistiu ao PIC (processo de idanhização em curso), não deixou de reparar que em salão de cerca de cento e cinquenta lampreiados, só estavam presentes três mulheres... e de calças, dizia o Cassapo secundado pelo Carvalho... o resto, bem, foi uma libertação em tempo de renúncia quaresmal... lampreia é peixe e hoje é sexta-feira de quaresma, diziam os homens sem bula.
Já o alambique destilava, quando perguntei ao Tajana, ex máquinista de cilindros na Marinha Grande, como ia o Sporting.
Apanhado de chofre, atagantou-se...
Respondeu o meu pai, "Já está a pão trigo..."
Estupefacção geral...
Esclareceu para quem quis ouvir e foram muitos, que a expressão "já está a pão trigo" se utilizava quando as pessoas estavam a dias da porta infer... para consolo, dava-se então pão trigo ao moribundo.
Então como está a ti Ana? Perguntava-se.
Coitada, já está a pão trigo... dizia-se.
A foto mostra equipa de "prata da casa" que venceu mais esta adversidade, em deslocação difícil, fora de casa em terreno enlameado. Por vinte e seis postas contra oito venceu a malta da "retraite" contra um misto de reformados e aposentados. Num total de dezanove elementos perfazendo a idade total de mil quatrocentros e quatro anos, tanto saber e histórias de Alcains acumuladas, que, a meu jeito, procuro aperaltar neste autocarro de muitas e variadas vidas que procuro levar à diáspora Alcainense.
Pela minha parte, fiquei cliente pela amizade, camaradagem e claro pela quaresmal lampreia.

Manuel Peralta

terça-feira, 16 de março de 2010

Bem vindos à terra deles... que é a nossa.

Esta é a primeira página de um primeiro tempo... úbere de ideias, limpa, livre, aberta a responsável troca de ideias entre gentes separadas pela distância, mas que esta página de terra electrónica pretende aproximar.
Prometo, pela minha parte, investir algum do meu muito tempo, a actualizar, fotografar, narrar em linguagem de Alcains, histórias, ditos e mexericos, ralhos de vizinhas, burricos, lenga-lengas, jaculatórias, descobrir e investigar os nomes e apelidos dos Tajanas à Quériàcáquéminha, do Bótàbaixo aos Bálhinhas... enfim dar a conhecer como vai a terra deles que também é a nossa.
Terra electrónica pronta a ser cavada por todos, é o que espero desta página, nas sugestões, no humor, na novidade, na notícia, nos encontros, nas festas, nas tristezas, enfim em tudo aquilo que gente de boa vontade pode fazer.
Vamos a isso.
Esclareço no entanto que a vossa colaboração tem de ser esborralhada na leira de baixo, de igual boa terra, designada por “comentários”… tanta terra arável, pronta a produzir.
Cultivem esta terra pois já não se fabrica mais … só há esta!

Manuel Peralta