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terça-feira, 20 de julho de 2010

Blog Aberto - AMOLA TESOURAS

O Manuel Geada que me ajuda a enriquecer com as suas "russas" este pedaço de terra electrónica, da terra deles, presenteou-me com um texto sobre amola tesouras. Pela originalidade, riqueza das fotos e texto Alcainês aí vai ele para memória futura.

Vómecês virim p’rái o Amola Tsoras

Outrora muito frequente, hoje a profissão de Amola Tesouras, encontra-se em vias de extinção. Itinerantes: afiavam tesouras, facas, executavam pequenos trabalhos em guarda-chuvas e, anunciavam a sua presença por intermédio de uma gaita de beiços.


Amola Tesouras

O Amola Tesouras anuncia-se com assobios melodiosos, tocando uma gaita de beiços para atrair a clientela.


Antigamente quando se ouvia este toque, as mulheres vinham à rua com as tesouras, facas, e guarda chuvas, porque o Amola Tesouras além de afiar tesouras e facas , também era um perito em varetas. Quando se ouvia o seu assobio, era habitual dizer-se: vai tchover, anda p’rái o Amola Tsoras.


Há quem toque para encantar cobras: o Amola Tesouras toca para chamar os clientes.
Uma das figuras típicas da minha infância que me faz recordar o cheiro das plantas aromáticas nos gavetões, e o cheiro do sabão no ribeiro João Serrão, quando as mulheres lá lavavam e coravam a roupa. Recordo-me lá ver mulheres meter cinza por cima da roupa a corar ao sol.
Hoje esta profissão tem os dias contados. A típica e engenhoca carroça desapareceu.


O Amola Tesouras agora já tem recurso a uma bicicleta para exercer a sua actividade.
Na Terra Deles nos anos cinquenta - sessenta, era com alguma frequência que eu via os Amola Tesouras dar volta ás nossas ruas.
Conheci um que vinha da Lousa, que devia transpirar por quantas tinha na viagem de regresso, para subir com a carriola dos Escalos de Cima para o Alto da Lousa. Sem dúvida que eram homens corajosos.
Os que se viam com mais frequência, eram os “Almas Grandes” pai ou filhos da Póvoa de Rio de Moinhos, que ao mesmo tempo também vendiam costilhos e ratoeiras.

(Peço desculpa à familia pelo apelido, mas era assim que eram conhecidos na Terra Deles que é nossa).

Foto 1
Foto 2
Foto 3
Foto 4

Manuel Geada

2 comentários:

  1. Lindonas ... talvez !

    Este texto fez-me recordar esta palavra. Não seriam também conhecidos por este termo !?


    Creio que também aplicavam uns agrafes, chamados "gatos" para unir louça partida. E o
    sistema até funcionava. Duravam anos os pratos
    com "gatos"! E o plástico era um material
    desconhecido! Quanto mais o "pirex"!

    O apelido Alma Grande, também não me é totalmente desconhecido, embora não consiga
    associar o epíteto à figura.

    E já agora: não era também o "capador" que se fazia anunciar com o mesmo singelo assobio?
    Andavam de terra em terra a capar os porcos e sopravam o mesmo instrumento, não sei se com algumas inflexões sonoras, consoante a sua actividade.

    Outros tempos. Não havia outdoors!

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  2. Lindonas, Capadores e Farrapeiros …

    Já depois de ter enviado o comentário anterior dei por mim a cogitar, se não existiriam naqueles tempos, mais profissões entretanto caídas em desuso.

    Continuo com a mesma dúvida, se os especialistas em varetas, gatos em pratos
    partidos e capadores, cujo anúncio era semelhante, não acumulariam algumas das
    actividades.

    Claro que ao capador, bastava-lhe levar na mala, havia que dar alguma dignidade à função,
    uma "naifa" bem afiada para o bom cumprimento da sua missão, enquanto os outros arrastariam uma parafernália muito mais complexa.

    E os "farrapeiros" que do Tortozendo ou do Teixoso, vinham com um saco comprar trapos velhos! Eram os "homens do saco", com que as mães metiam medo aos filhos,para que estes se não afastassem da sua vista.

    Creio até que houve um "farrapeiro" que pretendeu expandir o negócio e chegou a morar em Alcains.

    E o Sérgio Godinho, que não tem nada a ver com isto, mas que é um bom "cantador de estórias" tem a figura do "homem do saco" numa das suas canções.

    No comentário anterior cometi uma imprecisão. Referi que naquele tempo não havia outdoors para estes profissionais publicitarem a sua actividade. Enganei-me.

    Havia um outdoor do GDA, com um desenho creio que de uma bota de futebol,colocado aos domingos, na parede da casa do Sr. Leonel Venâncio, o qual com espaço em branco para a hora e o nome da equipa visitante, anunciava os jogos da nossa colectividade mais representativa. O autor, terá sido um indivíduo que trabalharia nos CTT, então no Largo do Poço Novo, e a quem chamaríamos de Caretas.Zé Caretas ! E que além de publicitário, acumulava, jogando a guarda -redes !

    Como tudo mudou. Apenas a parede e a casa, onde era colocado o oudoor do GDA, lá estão, testemunhas mudas do que aqui escrevo.

    MC

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