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sábado, 18 de agosto de 2012

Pedómetro

Instrumento para contar os passos de quem anda.

Nas minhas prometidas voltas pelo Alcains Rural, a pé, anda-se, anda-se e não se tem uma ideia com algum rigor, dos metros ou quilómetros andados.

...dos Sobreirinhos para a Santa Apolónea, via Sesmarias

Contar os passos além de cansativo e desinteressante, não permite conversar com quem se encontra, cantar umas marchas ao ritmo do passo dado, palmar uns figos, depenicar uns gachos que já pintam,enfim, observar a paisagem despreocupadamente.
Lembrei-me!!!

Logotipo CTT, Correios Telégrafos e Telefones
 
Quando da mudança em 1980 do edifício dos CTT no largo da Sé para o atual edifício da PT, edifício que o executivo municipal prometeu demolir, mas que acabou a reconstruir... encontrei no fundo de gaveta de secretária perdida, um aparelho que parecia um relógio, mas apenas com uma escala, de 1 a 20 e um ponteiro.

Pedómetro

O meu chefe de então, Engº Joaquim da Rocha Monteiro Limão, um HOMEM mesmo HOMEM, não só de H, mas também de O, M, E, M, tudo em grande, um grande Humanista, Chefe da Circunscrição Técnica de Castelo Branco, e Diretor dos Cursos de Cristandade no distrito, posto perante a minha dúvida lá me explicou para que servia tal aparelho.
Quando a ronda dos traçados telefónicos de fios nus, cabos não existiam, se fazia a pé, a maior parte das vezes a corta mato, sem viaturas, os guarda fios estavam sediados em cantões como os cantoneiros da Junta Autónoma de Estradas, (JAE), e ganhavam uns subsídios de deslocação, tipo ajudas de custo, tornava-se necessário saber, com algum rigor, os quilómetros andados.
O guarda fios colocava o pedómetro com o ponteiro a zero, suspenso no bolso das calças de ganga da farda, e por cada passo que dava, ou por cada conjunto de passos que dava, o ponteiro avançava.
Quando regressava, mostrava a leitura do pedómetro, e o abono efetuava-se multiplicando a leitura do pedómetro, pelo passo médio do guarda fios em questão, entre 60 a 70 centímetros.

Pedómetros
 
Recentemente enquanto cortava o cabelo em barbearia, apareceu em conversa de salão, o Manuel Simões Roque, o Balhinhas, ciclista, músico e Mestre da banda de Alcains, pedreiro/canteiro e relojoeiro.
Ouvia discretamente a minha conversa, e reconheceu pela primeira vez que tinha em casa um aparelho como o que eu descrevia, mas que desconhecia em absoluto, para que servia.
Como disse em artigo que em tempos escrevi para o Reconquista, filho de sapateiro se não doutor, engenheiro... considero que as sapatarias/barbearias foram boas escolas de saber e de aprender...

Verso do pedómetro que na foto anterior, está à direita e que pertence ao Manuel Balhinhas
 
Recentemente fui descobrir a escala do meu pedómetro.
Na EN18, comecei com o pedómetro a zero junto a um marco quilométrico, contei 600 passos, andei um quilómetro e a escala do pedómetro fixou-se em 1 ponto 5.

Pedómetro de 3 escalas
 
Descobri em 600 passos o meu passo médio, que anda pelos 60 centímetros.
Não é grande tchanca... mas, como diz o Domingos Bispo, o homem dos estores de marca Bispo e de qualidade Papa, o Zé das Gamelas tinha a tchanca grande...
Agora, quando ando pelo Alcains rural, já sei quanto andei...

Manuel Peralta

2 comentários:

  1. Boa Peralta! Assim é que é. Recordar os nossos passos antigos e os nossos antigos amigos. Há por aí muita gente esquecida....
    Grande abraço.

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  2. Começo por referir que nunca usei nenhum dos aparelhos que constam das figuras anexas.

    Acredito que muito úteis para a avaliação de tarefas que, em tempos em que o GPS ainda nem era um sonho da mais fértil imaginação, ajudavam ao desempenho das funções de cada um.

    Porém há aqui algo de "kitsch" que é a foto do emblema, hoje dir-se-ia logotipo, dos CTT de então...Aquilo é art-déco, talvez...

    Vinham longe os tempos do marketing e do "simplex", que reduzem o mais elaborado desenho a meia dúzia de linhas. E fico a pensar, quando leio de Niemeyer, o homem que projectou Brasília, "deêm-me uma linha curva e um ponto de amarração, e eu construirei o que for necessário".

    Quem seria o engenhoso que desenhou aquele explícito emblema...Um tema que sugiro, o "homem do leme", agora que já o desencavaquei
    investigue.Ou o Geada, também bom nessa área!

    MC - 2012.08.30

    Do autor: Panoramio-Photos by jose castilho ou
    www.panoramio.com /user/ 1804371 - fotos e textos da Guerra Colonial no norte de Angola.





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