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quinta-feira, 3 de junho de 2010

E A NAÇÃO DISSE ... SIM!

Falo da nação Benfiquista, claro, que no sábado passado, 22 de Maio, armada com "pundonor e galhardia" saiu à rua e pregou forte "abáda" a todos aqueles que, incrédulos, assistiam nas esplanadas dos cafés ou por detrás de cortinas verdes sem esperança, à incontida alegria estampada nas rubras faces de vermelhas águias de alva pena, festa de gerações que dos três aos oitenta e três anos comemorou a preceito e com glória, mais um título a somar a tantos outros da Águia Vitória.

Sempre de estômago aconchegado, bicáda em pratinhos de duas dúzias mais quatro de ovos verdes aqui, oito pontinhos digo melhor, oito golinhos de "vintage port" dali, assim se foi esvaindo entre rezas a Jesus, Apolónea, Socorro e Ana a manhã entre santas, em festa que durou até às tantas...

Manhã vivida neste bucólico Éden, qual paraíso em terra, inebriado em culto e fé, quase uma religião, aprazível local que convidava ao encontro, à partilha como agora se diz, emoldurado em vermelho vivo de bandeiras, lenços e cachecóis pincelado de esbeltas e charmosas benfiquistas que mostravam muito ardor sem levantar crista...

Eles, os obreiros/pedreiros, que durante a época em colmeia/pedreira respeitada pela qualidade do mel e da pedra que talharam, alardearam fama pelo mundo e arredores, mitigavam agora os merecidos suores no cantinho das "loiras", virgens nos copos que iam de oito a vinte e oito.
Almoçava-se, rezava-se, hasteavam-se no palco as bandeiras, ia-se à mesa do lado, comemorava-se, abenficava-se cada um como podia, no bacalhau, no arroz de pato e porque cada jogo é uma luta, só se parou quando se chegou à "fruta"...

SLB, SLB, SLB sempre assim pela tarde fora, em dança corrida inigualável em bailado de DiMaria, trauteado em plenos pulmões de força igual aos remates de Cardoso, abrilhantado por esse verdadeiro artista do disco e da cassete pirata, Zeca de seu nome, tambem ele benfiquista de vários costados, que surpreendeu em voz e a nós proporcionou aguerrido movimento para desmoer opíparo almoço.

Já com o sol a choramingar por deixar tal festa, passa enfiado em espêto um marrantcho de três vezes vinte e oito quilos mais oito de fressura, anafadinho, de pia, de cêrda branca que gemia a canção dos perdedores em lume brando, atiçado por dois benfiquistas, quais "no name" treinados no inferno da luz.
Torrado, macerado, cortado em finas fatias começou assim a segunda parte de um jogo que agora visto das bancadas e já a ganhar dois a zero mas sempre de pé, repôs a tranquilidade de Homeros em Ilíadas e Odisseias próprias dos grandes heróis...
A meu lado o Inácio, Patão de nome, velha glória do GDA,saboreava a vitória e a amizade com que nos tempos da FNAT ele empastilhava em pé canhão a redes do adversário, mesmo nos Leões da Floresta.
Sussurava-me ao ouvido, oh Manel sempre gostei de ganhar à Covilhã por ser Sporting mas o maior gozo era matá-los na floresta...

Os heróis da nação Benfiquista são a gente simples de balneário limpo, em banco sem espectáculo que não seja dominar a redondinha, e que depois de muito trabalho festejam e disputam cada ano a vez de ser festeiro...
Já a madrugada espreitava e uma maresia indolente amolecia a folhagem verde à sombra da qual tempos de júbilo passámos...
De boné vermelho e camisola de águia e brasão de Alcains ao peito,assim vim cantando... Benfica, Benfica na terra e no mar, se perde o Benfica fico sem jantar...

Benfica na terra e no mar, Benfica até debaixo d'água... quem diz mal do clube campeão, ou é de inveja ou é de mágoa...
Obrigado Benficas.

Manuel Peralta

6 comentários:

  1. E o povo saíu à rua num dia assim,
    gargantas exangues, roucas,
    noite fora,
    gritos que no ar, a pairar ficam...
    Benfica! Benfica! Benfica!

    Que força é esta que varre o país de norte a sul, e irmana seis milhões de portugueses em torno de um símbolo nacional - o Benfica - e do profeta que com juros lhes devolveu a fé - JESUS, de seu nome!

    Estudada por sociólogos, a trilogia - Fátima - Fado - Futebol, resistiu ao 25/4 e ao PREC, e não distingue, antes une, classes sociais e diferentes credos políticos.

    Bagão Félix, um homem que é um paradigma de formalismos, não tem pejo em declarar ao 24 Horas:" Eu tenho uma relação com o Benfica, como aliás qualquer adepto ferveroso de um clube, em regime de monogamia absoluta e irrevogável. E até costumo dizer que um clube quando joga com o Benfica, não joga com o Benfica: joga contra o meu Benfica! Eu sou absolutamente obcecado, não sou descafeínado em termos futebolísticos,sofro e gosto de ser militantemente, não direi faccioso, mas enviesado. É um espaço onde a emoção me cobre a razão. O que também é bom para o equilíbrio das nossas várias facetas da vida..."

    Por acaso, até tenho um "feeling" de que o número de simpatizantes dos leões em Alcains, não será muito inferior ao dos crentes em JESUS.

    Esta teoria é apenas um "feeling", embora suportada por alguns factos objectivos. Já lá vão mais de 50 anos, seguramente, e o GDA onde
    pontificavam alguns alcainenses que ainda aí estão, conseguiu trazer a Alcains, o Zé da Europa, esse mesmo, José Travassos, um ícone dos leões de então.

    E assim se fidelizaram compromissos para com os
    leões!

    Também outro Sporting, o da Covilhã, então na primeira linha do futebol nacional, vinha a Alcains com uma certa regularidade e isso alimentava as raízes dos sportinguistas alcainenses.

    Como alternativa ao pé da porta, face a estes colossos, o Benfica de C.Branco, a militar noutros escalões de menor relevância desportiva
    não poderia competir, em termos de sedução clubística!

    Há por aí alcainenses que têm com certeza fotos
    históricas dos eventos enunciados.

    Veio porém a década de 60 e o Benfica lançou as
    raízes nos mais novos e consolidou a fidelidade
    dos que já se reviam,"nas papoilas saltitantes"
    na voz do inconfundível Luís Piçarra.

    Eusébio seria o cimento a unir simpatizantes em
    todo o mundo!

    Porém o seu a seu dono. Em Alcains, creio que primeira festa para comemorar um título, após um significativo jejum, terão sido os leões!

    Depois disso, estas festas de fervor clubista,
    foram acompanhando os títulos dos seus emblemas.
    Veio depois um ciclo de cerca de três décadas,
    e só não sabe porquê quem não quer, em que estivemos ambos à míngua!

    Estaremos talvez no dealbar de um novo ciclo.

    Os tempos são de incerteza para nós enquanto cidadãos, mas o fervor clubista, despertou fruto do trabalho de um profeta de nome JESUS,
    que devolveu a fé a um credo chamado BENFICA!

    Lembram-se!? Dizia-se nos anos 60, que quem não é do Benfica, não pode ser bom chefe de família!

    Eu sou! MC

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  2. Inácio "Patã" uma velha glória do GDA:
    Escapou-me a oportunidade para falar sobre esta
    velha glória, de tez escura e pontapé mortífero
    tanto que até se lhe chamava, Matateu! O que por si só, era um sinónimo de eficácia na linha da frente. Creio que hoje, seria um 8, numa estratégia delineada até por um treinador
    de bancada.Nem sei até se não terá chegado a jogar nos Juniores do Benfica de Castelo Branco. Foi pena, "homem do leme" do Blog, registe-se, não lhe teres perguntado por outras
    glórias, umas mais, outras menos velhas, como o
    Amadeu, de fino toque, ou o Feijão "Chapão", creio que eram 2 irmãos e que jogaram ambos a extremo - esquerdo no GDA. Até o nosso General Mateus,e tantos outros, eu recordo de ver envergar essa camisola. Pede-lhe um testemunho dessa experiência. Embora eu considere, que ainda tens por aí, as 2 enciclopédias que te podem falar e testemunhar, até com com fotos, o que eram esses futebois: Ramiro Rafael e Vítor Serrasqueiro, são a Wikipédia com memória desses tempos!Em que não havia defice! MC

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  3. Uma “nação” que ultrapassa fronteiras…

    Ao festejar o título em 2010, com euforia que varreu o país de norte a sul, será redutor limitar ao espaço continental português esses eventos. Nomeadamente nos Palop´s, o Benfica é o clube português que mantém muitos naturais ligados ao país colonizador. É o maior cimento da consolidação de ligações que a política e a guerra civil, nomeadamente em Angola, tinham deteriorado. Já no período de degelo, António Vitorino, então Ministro da República, desloca-se a Angola e vive uma experiência inesquecível, que relata no Livro Ser Benfiquista, da Prime Books, por ocasião do centenário, em 2004, a pág,s 110 e 111 e que dão conta dessa ligação. Relata António Vitorino, (…) « em visita oficial a Angola, fui recebido por um Governador de província que, mal me cumprimentou, explicou em voz baixa que gostava de ter imediatamente “um particular” comigo. Quando nos dirigíamos para o seu gabinete para a conversa a sós, comecei a pensar que grave assunto de Estado me quereria colocar o meu interlocutor, a ponto de querer um encontro a sós, antes mesmo da cerimónia de boas-vindas. Fechada a porta, virou-se para mim e disparou: “Viu aquilo ontem?”. Fiquei varado: aquilo o quê? Sabia lá a que se referia o ilustre governador – não me ocorria nada de relevante a que ele pudesse fazer referência ( teria cometido alguma imprudência num discurso público? Havia-me esquecido de alguma efeméride relevante para a terra que me recebia? Teria ocorrido alguma catástrofe cuja dimensão me escapara?). Confessei-lhe a minha atrapalhação, pedindo desculpa por antecipação, mas não sabia do que é que o Governador estava a falar! Olhou-me nos olhos e franzindo o sobrolho: “Então não é benfiquista?”.Respondi-lhe apressadamente “ sou, sou”, cada vez mais perdido. Foi então que o Governador me confrontou com a dilemática questão: “ Então não viu na RTP – internacional como é que aqueles gajos jogaram ontem? Você tem que correr com aquele treinador que nos está a desgraçar!”.
    Expliquei-lhe que infelizmente não vira o jogo (afazeres de viagem oficial, claro está…), que a equipa tinha dificuldades na aquisição ou retenção de jogadores de gabarito, fruto do mundo competitivo em que vivemos, mas que decididamente não estava na esfera de competência de um ministro da República, ingerir na substituição de um treinador, mesmo que do seu próprio clube. Não se mostrou convencido o Governador. Explicou-me detalhadamente como mudar o plantel, como redistribuir os jogadores no campo e para marcar bem o ponto, chamou o secretário, que não só corroborou tudo o que Sua Excelência opinava, como confirmou que os maus resultados do Benfica estavam a desmoralizar todo o “staff” do Governo da província! Prometi que de regresso a Lisboa, não deixaria de relatar a nossa conversa a quem de direito ( preferi deixar na ambiguidade se me referia ao Primeiro-Ministro ou ao Presidente do Benfica…).»
    Portanto esta é a força do Clube de que somos adeptos. É o cimento, que bem aplicado, pode reforçar as ligações de Portugal aos Palop,s e tal facto, só nos pode orgulhar. Informo que no mesmo livro, composto por uma centena de depoimentos, vêm outras “estórias” igualmente interessantes, a que oportunamente voltarei. Até que digam, que não vale a pena, pois já adquiriram e leram o Ser Benfiquista!
    MC

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  4. Somos um Clube Solidário…

    O nosso Clube que liga milhões de portugueses em todo o mundo, ultrapassando diferenças sociais, credos políticos e religiosos, pode também ostentar a divisa de Clube solidário.
    Estivemos no Haiti, em Timor, sempre que é necessário um gesto de amizade e solidariedade estamos lá.
    E cá dentro como somos, como fomos? Do Ser Benfiquista, edição Prime Books, com uma centena de depoimentos de benfiquistas, debrucemo-nos sobre o depoimento de Rui Mingas, um angolano que nos anos 60, de águia ao peito, chegou a ser campeão nacional do salto em altura, e muitos anos mais tarde, embaixador de Angola em Lisboa.
    Intitula o seu depoimento, de Vermelho Solidário. (…)« ocorreu nos longínquos anos de 64, aquando do meu regresso da Guiné-Bissau, para onde fora enviado sob prisão. Regressado 18 meses depois, permaneci ainda seis meses na prisão militar de Trafaria.
    Após a libertação, não tendo família, nem casa, nem ninguém, dirigi-me à sede do Benfica em busca de socorro.
    Não tendo meios financeiros nenhuns, fi-lo a pé, sendo estranha e curiosamente observado por toda a gente, pois não entendiam a forma como eu me trajava (farda militar em uso nas colónias).
    O primeiro contacto fi-lo com a “bengaleira”, que era uma senhora muito simpática já grisalha, que carinhosamente perguntou: “ O que é que está a fazer no clube trajado desta maneira?”.
    Após rápida explicação, perguntei-lhe se estaria eventualmente na sede algum membro da direcção do clube, a quem pudesse expor o problema que me preocupava. Respondeu-me que vira entrar o senhor Gilberto Cardoso.
    Confirmada a sua presença, contactei-o de imediato.
    Não sabia eu qual seria a atitude daquele membro da direcção do clube, para com alguém implicado em questões de natureza política como era o meu caso.
    Surpreendentemente e para meu alívio, encontrei no clube a reacção mais solidária que pude viver.
    De pronto, o então dirigente e grande amigo de Angola, Gilberto Cardoso, disse-me o seguinte: “ Ruy, ao Benfica interessam os atletas e homens, e tu interessas ao Benfica como atleta e homem. Para aqui não são chamados os problemas políticos dos nossos atletas”. Orientou a secção de atletismo para que eu fosse alojado numa pensão na Praça da Alegria, onde habitualmente ficavam os atletas do nosso querido Benfica(…)»
    Mais adiante prossegue, (…) «tendo-me proporcionado o reencontro pleno com a secção através de um jantar de convívio.
    Não tinha na altura um único traje civil para utilizar, pois saíra da cadeia com a farda colonial. Também ao clube devo o meu primeiro traje civil após o regresso da Guiné-Bissau.
    Aquele gesto marcou definitivamente o meu reconhecimento pelo Benfica e permitiu também o meu reencontro com a Sociedade e o reganhar da minha dignidade.
    Eis, pois, o episódio que considero o mais significativo, da minha passagem pelo Benfica e que relato sempre que possível aos meus familiares e amigos, pois reflecte a grandeza deste clube que trago no coração.(…)»
    E conclui que numa das cadeias em que esteve preso,(…)« havia um Major, Calapez, benfiquista ferrenho, que sempre que podia acercava-se de mim, para me dar conselhos e dizer-me sempre baixinho que também era do Benfica(…)».
    Este é o nosso Clube. O Clube de que nos orgulhamos.
    MC

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  5. Quando os andrades* ainda não usavam apitos…ou de como me tornei benfiquista…

    Tozé Brito, um homem sobejamente conhecido no panorama musical português, escrevia em 2004, em SER BENFIQUISTA, edição Prime Books, pág,s 198 e 199,(…)« Nasci no Porto há 52 anos, e aí vivi até aos 18, altura em que a música me trouxe, para ficar, até Lisboa.
    Desde muito novo habituei-me a acompanhar o meu pai ao velho Estádio das Antas, onde, como a esmagadora maioria dos Portuenses, torcia e vibrava com as vitórias do clube da minha cidade, que, sendo ao tempo poucas fora de portas, eram nos jogos em casa uma quase certeza.
    Teria eu uns 13, 14 anos, já o SLB era bi-campeão europeu, chegou o dia de mais um Porto - Benfica e como sempre rumámos ao estádio com a fé inabalável de que nas Antas mandávamos nós e o grande Benfica regressaria a Lisboa mais pequeno depois daquela tarde de futebol.
    Desportivamente, assim foi. O Porto venceu o jogo e embora o campeonato estivesse perdido, pelo menos uma vez esse prazer já ninguém nos tirava. Como habitualmente, ficámos a saborear o momento por uns bons minutos na bancada central, enquanto o estádio se esvaziava e o regresso a casa se tornava então mais fácil.
    Foi já no exterior do mesmo que presenciei a cena que mudou o meu adolescente amor clubista e me formou definitivamente a consciência contra a injustiça da força bruta.
    Três adeptos do Benfica, pai e dois filhos, equipados a rigor, festejavam, apesar da derrota, a alegria de pertencer ao maior clube português, entoando cânticos de louvor aos campeões europeus que, poucos minutos antes, tinham, uma vez mais, perdido um jogo nas Antas.
    De repente, numa questão de segundos, vi-os serem violentamente agredidos por um grupo de adeptos do Porto, deixando-os a sangrar, sem que os muitos outros que por eles passavam fizessem alguma coisa para o evitar, antes pelo contrário, incitando o grupo de agressores a perpetrar o seu acto com um ódio que ainda hoje me perturba saber ser possível, pela irracionalidade que o futebol desperta em muitos dos seus adeptos.
    Dirigimo-nos, o meu pai e eu, até aos três benfiquistas, certificámo-nos de que os estragos eram mais ao nível da alma do que do corpo, apesar do sangue e dos hematomas visíveis, e, protegendo-os com os nossos cachecóis azuis e brancos, trouxemo-los até ao velho Taunus do meu pai, no qual lhes demos boleia até longe do estádio, percebendo que felizmente não necessitavam de quaisquer cuidados extras.
    Foi então que o pai dos dois rapazes, quando nos despedíamos, sem dizer uma palavra, despiu a camisola vermelha que vestia sob um velho casaco e, depois de pedir licença ao meu pai, me a ofereceu, dizendo-me “ um rapaz como tu merece uma camisola do Benfica”.
    Confesso que na alma fiquei tão confuso com os meus próprios sentimentos que deixei de ir ao futebol durante uns anos, até porque poucos meses depois nasceu o “Pop Five Music Incorporated” e com ele a minha vida de músico ao tempo ainda amador, que me ocupava a maioria dos fins de semana.
    Tinha dezoito anos quando voltei a ter vontade de entrar num estádio de futebol. Estávamos em 1969, e levei vestida a minha camisola do Benfica quando pela primeira vez me sentei no Estádio da Luz. Senti nesse dia que seria aquela, para sempre, a minha nova casa (…)».
    * o mesmo que tripeiros, habitantes do Porto
    A grandeza das pessoas mede-se nas atitudes. Que os adeptos do nosso clube se possam sempre rever em atitudes como as de Tozé Brito, um homem do Porto, afinal. Que explica porque não do FCP.
    MC

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  6. Cem anos sem solidão…

    No livro SER BENFIQUISTA, publicado por ocasião do centenário do nosso Clube e onde se podem encontrar cem depoimentos de outras tantas figuras da política, do jornalismo, da indústria, do cinema, alguns mais vibrantes e emotivos, outros nem tanto, relativamente à rede que nos liga ao SLB, escolhi um dos que me parece mais expressivos, pela universalidade que dele se desprende.
    É o depoimento do conceituado jornalista, já desaparecido, Mário Bettencourt Resendes, cujo depoimento encontramos a pág,s 90 e 91.
    Assim começa Bettencourt Resendes, (…) « Na já longínqua década de oitenta, uma viagem profissional levou-me até à ilha de Mauí, no arquipélago paradisíaco do Havai. Durante três dias, tive oportunidade de conviver com os descendentes de emigrantes portugueses que demandaram aquelas paragens há mais de um século.
    O ponto alto da visita foi um jantar a que compareceram algumas dezenas de pessoas, todas já em plena terceira idade. À hora da sobremesa, recebi um dos pedidos mais comoventes que ouvi em toda a minha vida: “Por favor, faça-nos um discurso em português, poucos minutos que sejam; nenhum de nós perceberá nada, mas é a língua dos nossos antepassados e queríamos escutá-la…e já agora, se não se importar, diga também alguma coisa sobre… o Benfica”.
    Reprimi, com dificuldade, a emoção, e desempenhei a missão o melhor que pude. Quando acabei, com “Viva o Benfica”,”Viva Portugal”, tinha à volta olhos marejados de lágrimas. Soube, depois, que havia quem não dispensasse os relatos de futebol dos fins – de – semana, que chegavam ao Havai, transmitidos por uma rádio local, através das ondas curtas da Radiodifusão Portuguesa. Para muitos, era o único ponto de ligação a uma pátria distante, que povoava as memórias das histórias de infância (…)». E prossegue, Bettencourt Resendes,(…) « E gostem ou não os adeptos de outros clubes, é indiscutível que o Benfica é um caso à parte, mobiliza as emoções e as almas com uma dinâmica de contágio que não tem paralelo(…)». E o jornalista refere que a Televisão só chegou aos Açores em 1975, e era através das palavras dos locutores radiofónicos, que até aí se imaginava o que se passava nos rectângulos de jogo, (…) «jogadas fabulosas a que nunca havíamos assistido.
    Foi também por isso que, em Mauí, me senti tão próximo daquele grupo de descendentes de Portugueses que queriam ouvir pronunciar a palavra “Benfica”(...)».
    Estas são as palavras que caracterizam verdadeiramente o nosso Clube. Ciclicamente anos bons e menos bons, sucederão! Mas a grandeza do Benfica permanecerá.
    MC

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