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terça-feira, 15 de junho de 2010

Curiosidades históricas. Indultos

Como vamos fazendo cada vez mais "delete" ao papel e na terra deles têm caído umas "geadas" de se lhe tirar o chapéu, está cá uma russa hoje...deve haver caramelo...assim se dizia no Degredo, considero que vale a pena dar à estampa uns indultos uma espécie de NEP religiosas que convido a ler e tresler tal é a riqueza da prosa dos indultos e indulgências que a igreja tinha de deitar mão para fazer face aos encargos decorrentes da sua actividade.


Lembro de a minha mãe comprar os indultos e as Bulas, vendidas pelo Sr. Vigário saudoso Padre António Afonso Ribeiro. Compradas para produzirem efeitos na Semana Santa, isentavam de jejum em alguns dias da quaresma com excepção da sexta feira santa.


De jejum andava a generalidade da população tais eram as dificuldades, mas sempre se comia sopa e uma fatia de pão com conduto, toucinho februdo que temperava a sopa durante a semana, uma farinheira ao sábado que normalmente rebentava na panela e tinha de se comer de colher, e no domingo por vezes uma chouriça assada tirada ainda fresca do fumeiro antes de ir para congalhada...


Quando a geada era mais forte e o telhados ficavam russos dizia a minha mãe que vamos ter fumeiro estaleiro, de estalo, bom, de regalo...
Para ler os indultos convirá clicar duas vezes no texto para se ampliar a letra.
A ideia de publicar estes documentos que são raros e têm tendência a desaparecer, é para que aqui se constitua uma memória de coisas simples que retratem a vida dos nossos pais e avós e que alguns de nós ainda relembramos.

A propósito de bulas e indultos não deixo de, sem por em causa as fés de cada um, de relembrar uma quadra que tantas vezes de viola assestada cantei, quando cheio de certezas e "tchanias" percorria as ruas da terra deles em serenatas, e, na Casa do Povo em intervalos entre drama e comédia se variava em variedades de Cânticos Negros, fados e na altura música de intervenção.

Nasci,
logo a meus pais custou dinheiro.
O baptismo,
que Deus nos dá de graça.
Fui crescendo,
e lá estava o mealheiro.
Na igreja,
onde eu ia pedir graça.


...e por aí fora...

Nem a propósito, no próximo sábado dia 19 de junho o Padre Álvaro (cuco) também da terra deles, vai baptizar o meu neto Tomás, filho do Pedro, na paróquia da Ameixoeira, Lumiar, Lisboa
Ele há cada coincidência!!!

Nota: Os documentos foram fornecidos pelo José Geada a quem agradeço.

Manuel Peralta

3 comentários:

  1. A foto de Salazar numa pagela!

    Fui à Net, para saber algo sobre o tal atentado
    de que não foi vítima, por um acaso de sorte, do destino, quiçá da protecção divina. Vamos então falar desse atentado. No dia 4 de Julho de 1937, quando saía so seu carro, para assistir a uma missa, rebentou perto, uma bomba
    bastante potente.

    O anarco-sindicalista Emídio Santana, que nesse
    dia fazia 31 anos, foi acusado e preso durante
    16 anos. Sobreviveu a Salazar, tendo morrido em
    1988, com 82 anos.

    Em 1985, Emídio Santana escreveu Memórias de um
    militante anarco-sindicalista, livro em que recorda momentos importantes da sua vida de militância política.

    Emídio Santana, para sempre, o homem que tentou
    matar Salazar, nasceu em Lisboa, a 4 Juho de 1906, e em Lisboa morreu, a 16 de Outubro de 1988.

    Deste modo terá sobrevivido, quase 18 anos, à morte do homem que um dia quis matar!

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  2. A História do anarquista, que tentou matar Salazar - é a história de uma vida dedicada à resistência! Lê-se na WIKIPÉDIA,"(...) Emídio Santana militou nas Juventudes Socialistas e foi membro do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos, filiado na antiga Confederação Geral do Trabalho (CGT) portuguesa.
    No seguimento do golpe militar fascista de 28 de Maio de 1926, desenvolveu uma actividade de
    resistência contra a ditadura e actividade sindical clandestina.
    Em 4 de Julho de 1937, foi um dos autores do atentado a Salazar quando este se deslocava à capela particular do seu amigo Josué Trocado, na Avenida Barbosa du Bocage, em Lisboa, para assistir à missa. Na sequência do atentado, Emídio Santana é procurado pela PIDE e foge para o Reino Unido, onde a polícia inglesa o prende e envia para Portugal onde é condenado a
    16 anos de prisão.
    A partir do fim da ditadura (1974) Emídio Santana retoma a vida de militante activa, nomeadamente como director do jornal A Batalha.
    Em 1985, Emídio Santana escreveu Memórias de um
    militante anarcosindicalista, livro onde recorda momentos importantes da sua vida pela militância política.(...)"

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  3. A respeito dos indultos...

    Em www.forum-numismático.com, os interessados em aprofundar o tema, têm 5 quadros, com os Indultos Pontifícios concedidos à Nação Portuguesa.Um deles, concedido pelo Papa Pio XI
    e os restantes concedidos pelo Papa Pio XII, onde cada um com 2 quadros, provavelmente frente e verso dos mesmos, se detalham esses indultos.

    Um deles, tem uma ressalva logo no topo, que achei curiosa - "Só para filhos-família sem renda própria."

    Portanto os interessados e sobretudo os estudiosos do tema dos Indultos, têm aqui com que se entreter.

    Ainda comecei a analisar o princípio dos indultos, e dei por mim já em Martinho Lutero, e às suas teses contestárias dos mesmos, o que seria o princípio do grande cisma no seio da Igreja, mas este é um tema, para o qual não tenho reconhecidamente competências para analisar. Fica para os estudiosos do mesmo,que os há, a pista que aqui deixo.

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