Como vamos fazendo cada vez mais "delete" ao papel e na terra deles têm caído umas "geadas" de se lhe tirar o chapéu, está cá uma russa hoje...deve haver caramelo...assim se dizia no Degredo, considero que vale a pena dar à estampa uns indultos uma espécie de NEP religiosas que convido a ler e tresler tal é a riqueza da prosa dos indultos e indulgências que a igreja tinha de deitar mão para fazer face aos encargos decorrentes da sua actividade.

Lembro de a minha mãe comprar os indultos e as Bulas, vendidas pelo Sr. Vigário saudoso Padre António Afonso Ribeiro. Compradas para produzirem efeitos na Semana Santa, isentavam de jejum em alguns dias da quaresma com excepção da sexta feira santa.


De jejum andava a generalidade da população tais eram as dificuldades, mas sempre se comia sopa e uma fatia de pão com conduto, toucinho februdo que temperava a sopa durante a semana, uma farinheira ao sábado que normalmente rebentava na panela e tinha de se comer de colher, e no domingo por vezes uma chouriça assada tirada ainda fresca do fumeiro antes de ir para congalhada...

Quando a geada era mais forte e o telhados ficavam russos dizia a minha mãe que vamos ter fumeiro estaleiro, de estalo, bom, de regalo...
Para ler os indultos convirá clicar duas vezes no texto para se ampliar a letra.
A ideia de publicar estes documentos que são raros e têm tendência a desaparecer, é para que aqui se constitua uma memória de coisas simples que retratem a vida dos nossos pais e avós e que alguns de nós ainda relembramos.
A propósito de bulas e indultos não deixo de, sem por em causa as fés de cada um, de relembrar uma quadra que tantas vezes de viola assestada cantei, quando cheio de certezas e "tchanias" percorria as ruas da terra deles em serenatas, e, na Casa do Povo em intervalos entre drama e comédia se variava em variedades de Cânticos Negros, fados e na altura música de intervenção.
Nasci,
logo a meus pais custou dinheiro.
O baptismo,
que Deus nos dá de graça.
Fui crescendo,
e lá estava o mealheiro.
Na igreja,
onde eu ia pedir graça....e por aí fora...
Nem a propósito, no próximo sábado dia 19 de junho o Padre Álvaro (cuco) também da terra deles, vai baptizar o meu neto Tomás, filho do Pedro, na paróquia da Ameixoeira, Lumiar, Lisboa
Ele há cada coincidência!!!
Nota: Os documentos foram fornecidos pelo José Geada a quem agradeço.
Manuel Peralta