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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

OBRIGADO Zé (Testemunho de Alcainense conhecedor)

Com a serenidade e a objetividade de quem estando não muito longe, acompanha esta luta, dou à estampa um refletido e factual texto do Engº Químico, José Eurico Minhós Castilho, neto do Regedor que, em tempos idos, regeu Alcains, para que conste e, relendo-o, talvez o “leve” executivo municipal, com o Doutor Luis Correia à cabeça, secundado pelo vereador do ambiente municipal, Senhor Engº. Carvalhinho, aprendam como se gere um processo que deveria ter forte acompanhamento das populações que sendo as vítimas primeiras deste processo, nada lhes foi perguntado.


Sugiro a leitura do referido texto.

O  AMBIENTE...  A POLÍTICA... AS PESSOAS

Quando a Política surge de permeio, normalmente o diálogo fica inquinado. E não existem razões substanciais para que tal aconteça. O AMBIENTE diz respeito às Pessoas e quanto a mim é sobretudo um problema técnico. Tão importante, que qualquer Organização, e as Autarquias são Organizações, quando se desejam certificar ou manter esse estatuto, têm que o ter em conta. E o mesmo abrange variadíssimas áreas e coloca numerosas questões, tais como: o consumo de recursos naturais finitos como a água, a redução dos consumos de energia, as emissões gasosas e qualidade do ar, as partículas sólidas no mesmo, o ruído e outros parâmetros que agora não me ocorrem. Hoje sabe-se que as emissões gasosas potenciam pelo menos o efeito de estufa, senão mesmo quando o enxofre está presente, as chuvas ácidas. E esses parâmetros são quantificáveis e monitorizáveis. Qualquer estudo sério de impacto ambiental, terá que o ter à cabeça. E é isso que à distância, me parece não estar esboçado, nem sequer se pensar em fazê-lo. E os exemplos que têm vindo a lume na imprensa, nomeadamente no diário Público, reforçam a tese da sua necessidade. As decisões mesmo das maiorias são sempre discutíveis, e tanto mais quanto face ao problema em questão, as explicações pecarem por falta de fundamentação técnica.


Na década de 80, na cidade para onde vim trabalhar, discutia-se um problema Ambiental. Existia um projecto da EDP para a instalação de uma Central Térmica a Carvão, que necessitava para a sua laboração de um curso de água de grande volume nas proximidades. Refira-se que por motivos achados justos, o mesmo projecto já tinha sido recusado por Viana do Castelo,  a Figueira da Foz também o regeitara, Abrantes era a terceira opção, e se aqui fosse rejeitado, forçosamente iria parar às margens do Guadiana. A EDP oferecia um conjunto de contrapartidas muito significativo e os autarcas e os movimentos que desejavam mais esclarecimentos, foram conduzidos pela EDP a verem unidades idênticas. Sobretudo porque na altura as chuvas ácidas já eram um problema que se debatia na imprensa, e o teor de enxofre no Carvão que alimentaria a Central, a chave decisiva do processo. Assisti a dois debates sobre o tema, e se muito ficou por esclarecer, ficou pelo menos a certeza, de que existia um factor de risco, esse era monitorável e teria que ser garantido à partida: o teor de enxofre no Carvão, não podia ultrapassar uma determinada percentagem. E isto era relevante, porque o Carvão com um teor de enxofre mais elevado, seria mais barato. A EDP aceitou o compromisso, a povoação de Pego, a meia dúzia de Kms de Abrantes experimentou sobretudo durante a construção da Central um surto de desenvolvimento notável, além das contrapartidas que a EDP deixou, a CP electrificou a linha Sines – Pego, e os comboios de carvão, com os vagões devidamente fechados, começaram a funcionar. E não me recordo de problemas com o funcionamento da Central do Pego. 


Embora a uma outra escala, é verdade, foi um problema discutido, debatido com forte participação da sociedade civil. Precisamente o oposto ao caso que neste momento preocupa e com razão muitos alcainenses. As contrapartidas  já se viu que são mínimas e o impacto ambiental expectável muito elevado. Trabalhei alguns anos numa Empresa que tinha como actividade subsidiária também a secagem de bagaços e sei dos incómodos para as populações mais próximas, sobretudo na qualidade do ar… A Empresa nunca poderia certificar este processo que abandonou ao fim de alguns anos, para alívio das populações vizinhas…Aliás, seria interessante saber, se o modelo de unidade industrial que a Autarquia pretende copiar para Alcains, estará CERTIFICADA em termos ambientais! Duvido!...


Em resumo aqui fica uma reflexão em apoio daqueles que lutam pela qualidade do AMBIENTE, face a um problema que já será latente noutros locais do país e que até do ponto de vista económico, é duvidoso que os responsáveis  possam  sustentar a sua candidatura a apoios comunitários, sobretudo quando na região existe uma unidade industrial do género, que por falta de matéria prima, estará sub-aproveitada.

MC - Abrantes 2014.08.01

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Sabes Zé, hoje a sociedade está dominada pela impunidade dos que julgam que, após eleitos, são donos dos votos dos eleitores, e que podem fazer tudo o que lhes aprouver.
Esta rapaziada leve, não tem consciência de que seguem num carril que outros, antes deles, determinaram...
Quando a Câmara anterior comprou um terreno em Alcains, sem dele necessitar, por cerca de 175 mil euros, e agora vendeu por 4 mil euros, ao que constou na altura para ajudar amigos em dificuldades, colocou esta Câmara num carril do qual terão muita dificuldade, sem forte oposição, sair. Já tudo estava então decidido, pois sei onde tudo se passou!!! Publicarei mais tarde o que sei de fonte segura...
Cabe agora aos Alcainenses, proceder ao descarrilamento desta composição autárquica desgovernada.
Conto, contamos para tal, que as autoridades que têm o dever de acautelar a proteção dos cidadãos não se demitam e acabem de vez com a impunidade municipal reinante.
Assim mesmo, sem tirar uma vírgula.
A Valamb, que vá ter com o executivo municipal de Salvaterra de Magos..., que disseram NÃO, por escrito, disseram Não, Não, Não, Não, Não,... à Valamb...,...,...tema a que voltarei, pois tenho por lá um amigo, que já me enviou a ata que, oportunamente, publicarei.
Obrigado, Zé.

Manuel Peralta


Nota. A contra informação reinante, qual granada ofensiva, afirma que já não vão instalar a fábrica no local previsto e que, vão deslocá-la dentro da área do município, para outro local.
A ser verdade, e a mentira é uma arma nesta guerra, só prova a leviandade com que o executivo municipal tratou este complexo tema, obrigando-o agora a fazer marcha atrás.
Não será uma vitória... mas, retira força ao trambolhão municipal.
Se pensam que, por mais 300 metros, 3 ou 30 quilómetros nos vão fazer recuar estão mesmo muito enganados. 
Onde a Valamb se propuser instalar, Alcains em peso, estará lá.
Ceder um pouco, é capitular... como juntos aprendemos em 1969 em Coimbra, lado a lado, em texto de opinião ou em editorial, no “vermelhusco” Integral.

1 comentário:

  1. O Integral, não era "vermelhusco"! Aliás vermelho e as suas derivações eram palavras à época proibidas. Seria quando muito "encarnado desmaiado", só porque alguns e eram muitos, nesses tempos cinzentos, se recusavam a pensar, quanto mais a ler, alguns dos temas que abordávamos! Quanto a "ceder um pouco...é capitular", creio que é lema que o MRPP registou no post. 25/4...Mas é bom evocar essas memórias, muitas das quais, tenho lançado na Tertúlia Penedo da Saudade - do facebook...1 abr Zé MC

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