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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Grande Alhada

Muito generosos são os alhos.

Semeiam-se por volta do dia de Todos os Santos, 1 de Novembro, normalmente já com a terra molhada pelas primeiras chuvas.
Em rêgo não muito fundo, algum estrume por baixo e querem ver abalar o dono..., quer dizer que não devem ficar muito enterrados.


Diz o almanaque O Seringador que, ao Natal, já devem ter bico de pardal... isto é, já devem estar nascidos.
Quase não necessitam de ser regados pois crescem no Inverno, dão por isso pouco trabalho.
Diz a tradição... dente bem alhado deve ser bem cinzado... isto porquê é costume polvilhar com cinza a leira onde os alhos estão plantados.


Arrancam-se pelos fins de Junho, ainda com a tona (rama),
ligeiramente verde e deixam-se a secar à sombra.
Começam então a escarcavelar, abrir, separando-se gradualmente os dentes que juntos estão na cabeça. (ver foto das duas cabeças de alho sobre o banco).


Com faca ou tesoura cortam-se as barbas ou bigodes, a raiz, tiram-se algumas palhas alhas, e corta-se a parte superior da tona, para se fazerem molhadas, ou résteas entrançadas.
Ficam assim os alhos limpos e prontos a utilizar.
As palhas alhas misturadas com cinza, são uma mézinha caseira para se curarem os cobrões ou zonas, aplicando-se essa papa em pano branco, sobre o cobrão.


Por cada dente de alho que se semeia, produz-se uma cabeça de alho com uma média de oito a dez dentes de alho, claro, isto se não for um cabeça de alho chocho...sem miolo, com pouca energia, oco, alquebrado, beijo pouco sonoro e ele hoje está chocho...

A propósito, conhecem algum banco que não esteja presentemente metido numa grande alhada?


Manuel Peralta

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