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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

MUXIMA

Cães que cruzaram a minha vida

Claramente um título provocatório para aguçar o apetite de algum distraído navegante que encalhe neste Blog com um nome tão singular.
E que justificadamente poderá interrogar-se: afinal onde estão os Cães e as suas “estórias”? Afinal onde estão os protagonistas que farão juz ao título deste Blog? Sim, onde estão? E eu nesse particular também não posso prestar grande ajuda. Lembro-me de uma expressão, “ o cão do Guerra”, mas por mais que me esforce, não consigo descortinar o contexto em que a mesma frase era pronunciada.
Talvez “o homem do leme”consiga aclarar esta dúvida.

Vamos porém às “estórias” que tenho para contar, envolvendo alguns dos melhores amigos do Homem.

A primeira, aí vai. Década de 60, Coimbra, e um quarteto alcainense alojado na mesma casa, aonde em determinada altura existiu uma cadela, plebeia, sem pedigree, pouco mais que cachorra, e que acudia ao exótico nome de Muxima. A dita, em determinada altura dava-lhe para roer tudo o que pudesse apanhar. Sapatos, roupas, livros, não estavam a salvo naquela casa.

Na mesma casa, ainda com o 5º ano do Liceu às costas, alojava-se um outro hóspede de nome Zé Oliveira, já na altura um humorista do lápis e da escrita, com créditos firmados. E hoje, até consagrado em meios internacionais do Humor, com abundantes citações na NET. Pois o bom do nosso amigo, com um feitio especial, e a quem o “homem do leme” companheiro de quarto, também de fino humor, conseguia fazer ir aos arames, tinha uma camisa de cor bege, cujos colarinhos, foram um dia o alvo dos caninos da Muxima! Filosófico, o alvejado, referia, “a cadela está visto que gosta é de bolacha baunilha e confundiu o colarinho da minha camisa com essas bolachas”!...

E ríamos a bandeiras despregadas, com a associação daquela camisa às gulodices...

A Muxima dormia no quintal, cimentado. Tinha ladrar fácil aos ruídos da rua e derrapava nas corridas para assinalar a sua presença. Derrapagens, que aconteciam com uma parede de permeio, por alturas do travesseiro do “homem do leme”. E acordando-o ou não, este foi também uma vítima do comportamento daquela cadela maluca que nunca mais esquecemos...

MC

...Esmiuçando a Muxima


Muxima, palavra de origem Angolana que em dialecto Kimbundu, quer dizer coração, dá também o nome à cidade com o mesmo nome, situada na província do Bengo, a cerca de 130 quilómetros de Luanda, na África Austral, meridional, isto é do sul.

Muxima é para os católicos Angolanos a Nossa Senhora de Fátima de Angola, evocada e invocada na Igreja de Nossa Senhora da Muxima, anualmente a 8 de Dezembro, em peregrinação de milhares de pessoas, cuja devoção remonta a 1645.

Igreja de Nossa Senhora de Muxima

Popularmente baptizada por “MAMÃ MUXIMA”, os peregrinos têm uma forma muito peculiar de se relacionar com a sua Mamã, pois uns conversam, outros ralham, aqueloutros disparatam, aqueles rezam... enfim relacionam-se com a Santa como se de pessoa íntima se tratasse, manifestando-se exteriormente em função da graça já, ou ainda não concedida...

Está por apurar se a Igreja foi edificada por Holandeses ou Portugueses.

MAMÃ MUXIMAUE, é um verdadeiro hino Angolano, mornamente interpretado pelo saudoso DUO OURO NEGRO, música que fala da Nossa Senhora do Coração dos Angolanos, cuja música tantas vezes trauteei e cantei, mas cuja letra nunca percebi... de autoria do poeta Carlos Aniceto Vieira Dias de Angola.

Pudera, é uma poesia em dialecto Kimbundo, que só João Preto, baterista dos Dragões Negros, percebia e melhor inventava...

Para os melómanos, aí fica para a posteridade a referida poesia.

MUXIMA

Muxima ue ue, muxima ue ue, muxima
Muxima ue ue, muxima ue ue, muxima
Se uamgambé uamga uami
Gaungui beke muá Santana
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Lagi ni lagi kazókaua
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Lagi ni lagi kazókaua

Carlos Aniceto Vieira Dias - Angola

Quem assim escreve sobre Angola, esteve na Guiné... e antes esteve quatro anos em Coimbra acompanhado de três conterrâneos da Terra Deles, e da desastrada Muxima.

Equipa do 132 r/c

Do Menino ao BA, e do Senhor Off Mira à Renata, não havia ali, malapata...
Para o reino da glória, partiram já os saudosos, Sr.Leitão e a Dª. Vitória...
A cadela Muxima que derrapava junto à fresta das catacumbas, que ladrava sempre que a roufenha voz de ardina atirada para o ar, anunciava o POPULAR, e que, irritando o Perrincha, nem sempre saía da sala da televisão a mando do patrão, fez as delícias daquela família, a comer bolacha baunilha...
Tardiamente, me penitencio agora, por alguns apertos e aceleradas pulsações que inocentemente infligi, ao muxima (em kimbundi) da dita.
Pedindo desculpa aos leitores do blog por tratar aqui assunto mais particular, a foto que acima publico, retrata uma parte da equipa do 132 r/c de Coimbra, da qual recordo excelentes tempos de biológica camaradagem.
Natural, tão natural como a inesquecível família Leitão, com quem passei quatro anos de excelente e inesquecível vida.
O “mestre” Leitão e a Dona Vitória, por merecerem, teriam de ter este meu testemunho, que o MC, Minhós Castilho, despertou.
Cada elemento da equipa, decerto me acompanhará, nesta mensagem.

Manuel Peralta

6 comentários:

  1. Memórias de Coimbra…

    Talvez Dezembro de 69 ou 70.O local onde está parcialmente o time do 132 da Bernardo de Albuquerque, será do lado de lá do Mondego, em Santa Clara.
    Embora o meu cabelo o não indicie, creio que já tinha no pêlo 6 meses de Cadete em Mafra. E estava como Asp. Milº em trânsito para Bragança…
    Ocasião para gente tão engravatada, em que até um deles, está compondo o nó da gravata – o João Baptista! Na fila de trás, da esquerda para a direita, com um cravo branco que já não sei como me veio parar às mãos, eu, depois o Meireles, marido da Piedade que não está na foto, depois a Isabel a filha mais nova do casal que nos hospedava,segue-se o "homem do leme do Blog, seguido do Morgado, um circunspecto colega natural da zona de Mira.
    Na frente e pela mesma ordem, o João Baptista, como se vê, com preocupações de fotogenia, o Sr Aníbal Leitão e a esposa, a Srª Dª Vitória, ladeada pelo Ezequiel, creio que na altura, talvez já Assistente ou quase.
    A razão de tão aprumado grupo naquele local, terá sido o casamento do nosso amigo Tony Cascão, com a Amélia, colega de curso do Ezequiel, que morava no Five, um número que é um manancial de recordações…
    A Dª Vitória nascera em Angola, no Ambriz e o Sr Leitão em Belmonte.
    Faltam na foto, os irmãos Piedade e Miguel Leitão. Creio que entretanto o Serviço Militar já levara o Zé Oliveira, o Manuel Canelas, o Fernando Maia, e até o Luís Figueira, que por lá passava amiúde, até já não estaria longe de montar Minas e Armadilhas em Cabinda - Angola.
    Acredito que a foto é mesmo de Dez de 70, pois terei aproveitado e ido na altura ao Instituto, levantar um prémio monetário, pois estando em Mafra, fora representado pelo “homem do leme”, que para a fotografia, recebera na altura, em minha representação, um envelope vazio… Memórias…
    MC

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  2. Recordando Coimbra de 1966 – 70…

    Não posso ignorar do naipe de amigos a nós ligados, além dos saudosos “Mestre Leitão” e Dª Vitória, as nossas amigas do Five, que a morte já levou.
    A Zé, casada com o Zé Carlos, que foi deputado pelo PS pelo círculo de Castelo Branco e que um belo dia, após diligentes mas infrutíferas tentativas de levar o Ezequiel, de Alcains para a Universidade na Covilhã, vem mais uma vez a Alcains a casa do mesmo renitente, desta vez acompanhado por outro deputado – Sócrates, sabem quem é – para conquistar o Ezequiel desta vez a nível partidário, e levaram nega mais uma vez.
    A Zé, que foi nossa colega no IIC, hoje ISEC, a casa de quem fomos eu e o Baptista, quando baptizou o primeiro filho, finou-se de forma incrivelmente rápida, já lá vão talvez uns 3 anos.
    E a Lena, colega de curso e afilhada de casamento do Ezequiel, casada com o nosso amigo Manuel Jacinto, que quando em Sta Margarida, já Alferes Miliciano, não mobilizável, fez a ponte para que este Asp. Milº que eu ainda era, mais facilmente chegasse ao Com. de Compª de quem ele era próximo,e ainda melhor nos entendêssemos nos dois anos seguintes em Angola.
    Pois a Lena, cerca de um ano depois da Zé, também se finou.
    Isto é : o animado grupo, que uma vez, já lá vão muitos anos, se reuniu em Mira, se tornar a reunir-se, já conta pelo menos com estas duas baixas!
    Mas recordar esses 4 anos, também é recordar muitos e bons momentos que ficam para outro apontamento, frisando que chegámos a ser 4 de Alcains naquela casa, que só vínhamos a casa pelo Natal, pela Páscoa e no final do ano lectivo, e que levámos os Curso em que andávamos de princípio ao fim, sem percalços.
    Coimbra era muito longe nesses tempos, sobretudo para estudantes com um baixo cash – flow, como era na generalidade, o caso.
    MC

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  3. Dei uma volta pelo site LUMEGE, gerido pelo ex-Fur. Milº Zé Oliveira, outro dos estudantes que em finais dos anos 60, passou pelo 132 R/Ch, da Bernardo Albuquerque, em Coimbra.
    E numa foto por ele inserida neste site, surge o ex-Alf Milº Joaquim Manuel Carrega Rafael, o saudoso Prof. Joaquim Manuel, que já há uns anos não está entre nós.
    Ambos sabiam os fios que os ligavam. O Zé Oliveira, que o Alf Milº Rafael era primo do Ezequiel, e o Joaquim Manuel, que o Fur. Milº Zé Oliveira, era nosso amigo de Coimbra.
    A vida tem por vezes destas coincidências.
    Passámos a informação relativamente a LUMEGE, à família do saudoso Joaquim Manuel, que pode rever a foto do seu ente, que pelos vistos até não constava do organizado espólio fotográfico que o Joaquim Manuel deixou, relativamente à sua passagem pela Guerra Colonial.
    E um telefonema do Zé Oliveira, que durou horas, permitiu colocar muitas recordações em dia.
    E ficou a sua promessa duma passagem pelo A Terra dos Cães.
    MC

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  4. Os Diplomas...o pretexto...

    Passando pela NET, pelo site do ISEC, que recorda aos antigos alunos, que os seus diplomas de Curso, ainda por ali estão, pensámos, eu e a Joana, porque não vamos levantá-los e passar em Coimbra o fim-de-semana.
    Se bem o pensámos, melhor o fizemos. Marcámos hotel na baixa e numa 6ª feira à tarde, aí vamos a caminho da Quinta da Nora, local onde nunca fora, nem sabia ao certo onde ficava, levantar os ditos.
    Recorde-se antes de passarmos à frente, que ainda por lá jazem, entre outros,os Diplomas do “homem do leme”, do João Baptista, do Sr. de Mira, do Mexe-Nelas, do Carlos Portugal, da saudosa Zé Gomes, e de muitos outros antigos alunos.
    O ISEC em termos de construção, representa bem a arquitectura minimalista dos anos 70, e nesse aspecto não me surpreendeu. Era o modelo em vigor na época. Muito betão, e algum
    aspecto de abandono, em paredes que necessitam uma demão de pintura.
    O acesso aos Diplomas está bem organizado, o da Joana estava em ordem, mas o meu, onde
    na NET, já tinham trocado Castilho por Casquilho, o que me levava a augurar problemas, não me enganei. Desta vez em vez de Castilho, estava Castinho!
    Eu não vou levar isto e a funcionária que atenciosamente nos atendeu e até nos interrogou se não queríamos inscrever-nos numa especialização, respondeu que iria resolver o assunto.
    Iria chamar o aposentado Dr Teotónio, o homem que sabia a sebenta de Física Geral de cor, que até tinha ligações familiares a Alcains, e que assinara o dito, para corrigirem da melhor forma a discrepância do nome.
    O resto do fim de semana deu para passarmos junto ao FIVE, ao 132, que tinha correio nas 2 caixas postais, mas cujas paredes estão um tanto mais escuras, mas em que as madeiras das janelas, sobretudo as do piso onde morou o Chefe Gomes, estão em razoável estado.
    Aquelas que eram o espaço onde habitámos quatro anos, estão um pouco degradadas.
    O Pavilhão dos Olivais apresenta um estilo modernaço, muito longe do ringue descoberto, com piso de cimento, onde a Académica muitas vezes se via e desejava para levar de vencida o basket dos Olivais.
    Passei junto ao edifício da Junta de Freguesia
    onde em Novembro de 69, votei pela primeira vez e caminhámos até à Rua Luís de Camões e fomos espreitar, o Instituto que nos formou.
    Edifício degradado ao nível de janelas, em que são raros os vidros inteiros, com os 2 portões já enferrujados, fechados a cadeado, mas a construção em betão ainda se mantém altaneira, embora em muitos espaços já sem pintura.
    Rodeado de silvas, mantêm-se visíveis no pavimento, umas listas amarelas, destinadas a definir estacionamentos. E o de Motas, ainda está bem visível.
    Mas a Rua mantém-se praticamente inalterável, com as vivendas com o aspecto que a nossa memória de há 40 anos retém.
    Porém causa tristeza ver como aquele espaço, onde demos no duro para alcançarmos os nossos objectivos, naquele estado. A quem pertencerá actualmente! Não me admira que a algum organismo estatal, provavelmente a pagar rendas caras nos espaços que eventualmente ocupa, quando tem ali um edifício, que recuperado, poderia acolher esses serviços.
    Muito próxima, a Travª da Rua onde morou Miguel Torga, com quem nos cruzávamos nos anos 70, no eléctrico que fazia a linha do Tovim. A Casa onde morou é hoje o Museu Miguel Torga.
    Calmamente, pela Dias da Silva adiante, fomos reparando nas Casas apalaçadas dos anos 70 e que de certo modo, se mantêm com boa aparência.
    Sempre a pé, qual Bâ dos bons tempos, passámos pelo Penedo da Saudade, descemos ao Jardim Botânico, passámos pelo Largo onde o Thomaz foi vaiado em 69, sujo com garrafas e copos de cerveja, supõe-se que dos pequenos bares da Alta, passámos à Sé Nova, e pelo Quebra Costas, descemos à Sé Velha, e daqui até à Baixa. (cont.)
    MC

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  5. Os Diplomas...o pretexto...

    Lá estão a Sirius e a Império, onde passámos muitas tardes de estudo, mas o Café cujo nome não recordo, onde se reuniam os teóricos do Futebol da Briosa, está fechado.
    Andámos pela Estação Nova, verificámos que o Internacional, que tinha umas mesas enormes com tampos de mármore e que eram óptimos para espalharmos livros e inúmeras páginas de papel “custaneira” e até desenhar, é hoje apenas uma Residencial. Ainda espreitámos o Reduto, um café, que também foi testemunha de muitas horas de estudo. Era o tempo em que atravessávamos a cidade às 3, 4 da manhã, sem problemas de qualquer espécie.
    Ainda deu para ver que o Tropical, na Praça da República, continua a ter uma esplanada bem frequentada e passar junto ao Campo de Santa Cruz, onde uma vez dei uns pontapés por uma equipa do Instituto.
    E porque à noite havia Fado de Coimbra no Café Vera Cruz, onde nunca entrara quando estudante, aí assistimos a um belo serão de música coimbrã, num café cheio, cujo tecto parece a sacristia da Igreja de Santa Cruz anexa. O grupo de cantores era já entradote, mas afinado e agradou em pleno. E a maioria, estrangeiros, entusiasmados batiam palmas entre cada fado, desconhecedores que o Fado de Coimbra, se ouve em silêncio...
    E assim foi...ficando a aguardar que o aposentado Dr Teotónio, corrija a questão do meu diploma, para repetirmos um fim-de-semana semelhante.
    Claro que o meu filho nos interroga: que ides fazer com os diplomas!? Não percebera que, afinal estes tinham sido apenas o pretexto desta regressão ao passado!
    MC

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  6. Os Diplomas...o pretexto...

    O tal espaço onde os teóricos da Académica, estudavam as tácticas, criticavam os árbitros, e davam nos velhos tempos a estratégia ao treinador, era o Café A Brasileira, do lado esquerdo logo no início da Ferreira Borges, para quem vinha da Portagem.

    E o tal Café onde agora se ouve fado de Coimbra, até tem um CD do reportório que ali se canta, e tem na NET um site muito bem elaborado, é o Café Santa Cruz, e não Vera Cruz, como por lapso referi.

    O mesmo nome da Igreja, paredes meias!

    São alguns neurónios que por vezes colapsam...

    MC

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