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quarta-feira, 6 de março de 2013

Mafra – 40 anos depois

Campo de infiltração, vale escuro, lagoa, queda na máscara, salto para o galho, rapel, slide, foz do Lisandro, IN e listind, amanuense de gatilho, G3, dilagrama, granada ofensiva e defensiva, parada, pronto, básico, cadete, comandante e aspirante, refeitório, tapa chamas, calhau e poncho, culatra, AVP-1, ANGRC-9, Racal, Storno, dipolo, BLU, radiotelegrafista, cifra, messe e cheret, mensagem, SPM, formatura, aerograma e passaporte, guia de marcha e marcha final, ensarilhar, empastelar, batalhão, cross e flexão, abdominais, companhia, pelotão e Pelrec, mobilizado, tudo palavras com sentido, pronunciadas muito próximo da posição militar de sentido, expressões de tempos de SMO, Serviço Militar Obrigatório que no sábado de 23 de fevereiro, punhados de mãos a transbordar de saudades recordaram em delicodoce partilha como se faz em família.

 
Pelas 11 horas e à porta de armas, agora já todos com carro, à sombra, não de uma azinheira sem idade, mas de um lindo e vetusto Convento, 40 anos depois e pela primeira vez, reuniram-se os cadetes do 2º ciclo que fizeram na EPI, Escola Prática de Infantaria a especialidade de transmissões de infantaria.
Aqui estão.


Em cima e da esquerda para a direita.
Delfim Louro, Monteiro, Marques Fernandes (vulgo Carraspana da Carrapichana), Alves Moreira, Santana, Mota e Loureiro.
Em baixo, mesma ordem.
Pimentel, Martins, Faustino, Peralta, Rui Dias e Coronel Carvalho, nosso instrutor, então tenente.
Com pontualidade, aprumo e galharda lhaneza militar, fomos recebidos  pelo afável Comandante da EPI, Sr. Coronel João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro, um Covilhanense que, fazendo as honras da casa, “ciceroneou” uma agradável visita aqui e ali com o refinado humor, próprio das tropas de infantaria.
Não resisto a transcrever o “festeiro” Monteiro...  “ recebidos de forma muito honrosa que só honra a Escola, EPI, e o Exército.”(sic).


O nosso pelotão, curso de transmissões de infantaria tinha 20 cadetes do 2º ciclo, com duas estrelas na platina, destes foram mobilizados para a guerra colonial 14, então já alferes. Cinco para Angola, dois para a Guiné-Bissau e sete para Moçambique.
Já na vida civil três colegas faleceram entretanto.
Uma dúzia esteve presente neste inesquecível reencontro.


Momento alto e repleto de significado foi o descerramento de uma placa comemorativa do evento, que a foto supra, registará para a posteridade.
Um sentimento de amizade, de destino comum, de camaradagem alicerçada nas dificuldades e ansiedades que então, em 1972,  precocemente amadureceram, percorreu o hall de entrada da porta de armas da EPI, relembrando “OS” que a piroga da “bajuda” já transportou para a outra margem...
Mas, a vida continua!
E a visita também.


Em Mafra, e, para os então básicos, paisanos e ingénuos cadetes, as histórias que corriam tinham a dimensão do convento e por vezes chegavam a transbordar para a tapada.
Desde os ratos nas muitas caves que nem com lança chamas se conseguiam dizimar, nem a BAYER, vá-se lá saber porquê, quis tal PPP, à história do homem emparedado, e à do capitão sem cabeça, tudo era motivo de ansiedade entre a cadetada que corria por ali que se esfalfava.
O bem humorado comandante da EPI, 40 anos depois, desfez estes mitos aos eternos cadetes e ali pude aperceber-me da curiosidade ainda reinante.


Afinal o Convento tem 7 pisos acima do solo e piso e meio para baixo. No piso subterrâneo correm os esgotos, galerias, que já estão ligados à rede de saneamento de Mafra.
Dizia o comandante, ratos por aqui não há, o único rato que aqui existe de nome, (...  Moreira Rato...  ) sou eu...  de rir com galhardia com as piadas da infantaria!!!
A construção do Convento é anterior ao terramoto de 1755, e quando este ocorreu, o convento nada sofreu.
O agora tenente na disponibilidade, João Martins, portador de uma memória que pede meças a garbo de alferes recém saído da Academia para dar aplicação militar a milicianos, sei do que falo, contava-me que, quando estivemos em Mafra, o comandante de então, Sr. Coronel Hilário Marques da Gama, todas as semanas, quando as NT, sem a presença do IN, estavam formadas na parada, mandava quase sempre chamar um cadete...
Era o cadete, cunhado, ou a cunhar...  que assim teimava em amesquinhar... para a cadetada gozar...
Corria entretanto, a agradável postura de militar de que, o irmão do comandante teria metido uma cunha para o seu filho, sobrinho do Coronel Hilário.
Ao que constava, o Comandante nunca mais falou ao irmão...


A história do “capitão sem cabeça” foi  inventada para manter as sentinelas sempre alerta, pois até na vida civil se diz que o medo é que guarda a vinha, e o Zé soldado sempre foi muito supersticioso.
Não apanhei em plenitude a lenda do “emparedado”, mas decerto que em comentários se fará luz sobre este mito.
A visita continuou, da sala das bicas para o refeitório dos frades. Na sala das bicas, os frades, lavavam as mãos e passavam à sala seguinte onde se viam livres dos instrumentos de tortura, silícios, que penduravam em armários ainda existentes. Os que se portavam mal, deitavam-se no chão para que os restantes confrades por cima deles passassem.
Diz o atual comandante que só muito recentemente, tal prática foi na escola, abolida.
Pormenor relevante. Na sala das refeições os bancos onde os frades se sentavam para comer eram estreitos, apertados e ligeiramente inclinados, de modo a causar desconforto para que os frades não ficassem por ali como os cadetes à segunda feira na aula de transmissões. Atentos.

 
Um aperitivo servido no bar da EPI, ajudou a refazer a amizade interrompida, agora já com histórias da vida fora da tropa, dos filhos e dos netos.
Passou-se pelo refeitório, passeou-se por imensos corredores, e num pronto estávamos na parada.
Os imensos plátanos e a sua frondosa sombra que nos protegia de um sol inclemente, por lá estavam, a caminho da tapada, da carreira de tiro e do campo onde se fazia a aplicação militar.
Perguntava então em voz alta na recruta, o tenente instrutor.
A aplicação militar é linda?
Respondia em uníssono o pelotão.
- Não.
- É muito linda...
E assim se avançava em passo de corrida.
Sexta feira de manhã para o Sobreiro a correr, correr e recorrer em prova de crosse para ter passaporte...
Os cadetes que tiravam a especialidade em Mafra, eram ali promovidos a aspirantes, e foi assim que há 40 anos, o Peralta, o Faustino, o Loureiro e o Marques Fernandes, registaram em Kodac para a posteridade a foto abaixo.


Quarenta anos depois e à porta de armas da EPI, fizeram questão de, colocando-se pela mesma ordem na foto,  repetir a façanha.
Faça a sua comparação.


No hall de entrada da porta de armas da EPI fica-se admirado da quantidade de placas comemorativas que enobrecem as paredes da Escola. Testemunhos de afeto, de tantos momentos de sã camaradagem, de milhares de portugueses que passaram pela nobre EPI.
Na pessoa do Senhor Comandante da Escola agradeço, agradecemos, todas as atenções e os mimos com que fomos tratados.
Na pessoa do “camarada de armas” Monteiro, pelo frutuoso trabalho de pesquisa que proporcionou juntando este grupo de amigos disperso, vai um abraço de agradecimento.


Em 14 de agosto de 1887 o Rei Dom Luis I e o Conde de São Januário, seu Ministro da Guerra, chegam à vila de Mafra e em 22 de agosto é criada a Escola Prática de Infantaria e Cavalaria, que se instala no Convento de Mafra. 125 anos que a Escola comemora.
De AZIMUTE na mão, para que não nos dispersemos, releio  palavras que cada dia que passa fazem mais sentido, como missão, decência, honra, vergonha... num país cuja rapaziada foi do “não pagamos” até ao fim do SMO.
Como bem disse o seu atual comandante, a EPI de Mafra pode amar-se ou odiar-se, mas certamente, ninguém lhe fica indiferente.

Manuel Peralta

9 comentários:

  1. Caros amigos ex-camaradas de EPI. Na fotografia, além dos óbvios, com origem em Coimbra, está o Delfim Louro, com quem eu privei pessoalmente na minha vida profissional e que serviu em Noqui, Angola, no BCaç 4912, que rendeu o meu Batalhão em Agosto de 1973. Tem piada, que privámos pessoalmente vários anos, e nunca o tema da Guerra Colonial veio à tona. Foi por intermédio de um Cap. Milº do BCaç 4912, que entretanto conheci, que o nome do Engº Delfim Louro veio à baila e adicionei 2 + 2, chegando à conclusão que era o Engº da Vidreira, com quem muitas vezes privara na Victor Guedes.Entretanto já nos encontrámos e há dois anos estive na reunião anual da Compª de que ele fazia parte.

    Quanto ao Coronel Tirocinado Hilário Marques da Gama, a sua figura surge retratada no livro Capitão do Fim de Rui de Castilho, não é meu parente que o saiba, e aconselho a sua leitura. Além da sua digna actuação no "fechar das portas da guerra" em Moçambique, com uma insuperável dignidade, também se conta, que quando dos juramentos de bandeira, ele teria sempre uma frase, que aliás nunca ouvi, e que seria: " porque eu hoje sou Coronel por fora, mas serei sempre cadete por dentro"... E que os cadetes murmurariam veladamente na parte final da frase" Filho da p..." por dentro".

    Aconselho vivamente a leitura deste livro, cuja receita até reverte para a Associação dos Deficientes das Forças Armadas.

    MC - Ex-Alf Milº Sapador do BCaç 3849

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  2. Ainda a EPI, Escola Prática de Infantaria, numa ala do Convento de Mafra. A "estória" dos famosos ratos, "do tamanho de coelhos" que corriam nos seus subterrâneos, mas que nunca ninguém viu, mas que ao longo de muitos anos, foi transitando de cadete para cadete, à cadência de várias centenas, por cada ano que passava.

    Muitos anos depois, numa visita turística ao Convento, indaguei junto da guia turística, se este tema das ratazanas que corriam nos subterrâneos daquele vetusto monumento, tinha algum fundamento. A sua resposta um tanto evasiva, também não me convenceu e a dúvida persistia.

    Até que resolvi percorrer a NET, à procura de elementos que me ajudassem a confirmar ou desmentir o enigma. E num link, creio que associado ao Município de Mafra, encontrei fotos da rede de esgotos do Convento, que é monumental, e algum texto, que permitirá explicar o boato...

    Terá tido origem numa proposta de desratização
    apresentada por uma multinacional do ramo, creio até que o seu nome era referido, sendo o seu orçamento preterido face a um outro bastante inferior. E terá sido a empresa que viu regeitada a proposta, a lançar o labéu, que ficaria "colado" aos subterrâneos daquele monumento. O autor da crónica inserira várias fotos que tirara na visita aos famosos subterrâneos, e referia, que chegara a ver sim dois roedores, mas de dimensões absolutamente normais.

    E se hoje o simpático Comandante da EPI, se chama Rato, é capaz de ter razão, quando refere ser ele o único no vetusto casarão. Aliás publiquei essa crónica no meu espaço no "Panoramio photos by jose castilho". Achei curioso trazer este tema para concluir a visita dos distintos ex-camaradas e alguns deles, mesmo amigos.

    Mas por detrás das saudades que os Cadetes que passaram por aquele casarão, hoje têm, até porque apenas uma vez na vida se têm vinte anos, existem "histórias" de muita dor e sofrimento.

    Nomeadamente o acidente no início de 71, com os Cadetes que na fase de instrução, morreram numa das lagoas. Bem procurei, na NET mas nada encontrei sobre esse fatídico acontecimento.E por terceiros, soube que um dos Cadetes que ali morreu, por negligência do instrutor, era casado e a esposa grávida.

    Enfim...eram tempos de guerra, e só quem por eles passou, pode medi-los com o suficiente distanciamento...

    Os outros...só podem imaginar!

    MC - Ex-Alf Milº Sapador do BCaç 3849

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    1. Refere o acidente da lagoa no início de 71.

      No entanto, tenho de memória que a referida “história” de muita dor e sofrimento – a morte dos cadetes afogados na lagoa, creio que foram dois, teria sido na recruta anterior a nossa (ABR72) o que permitiu que a nossa recruta de JUL72 fosse mais “aligeirada”.

      Recordo ainda que depois, na recruta de OUT72, teria morrido também um cadete, com uma bala, na sessão do campo de minas.

      Mas isto é o que diz a minha memória, mantendo viva a memória daqueles que em plena juventude nos deixaram por uma causa...

      Alves Moreira, ex-camarada em Mafra do amigo Peralta.

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    2. Em primeiro lugar os meus agradecimentos ao ex-camarada d'armas e amigo Peralta, pelo Blog e pelo relato do nosso encontro em Mafra.

      Não posso deixar de referir que, incentivado pelo teu, me estou a iniciar nos blogues.
      Já comecei, ainda que em fase de construção, com um sobre camélias.
      Aqui vai o endereço:
      http://asnossascamelias.blogspot.pt/

      Mas vamos ao nosso assunto:

      Referes no relato do nosso encontro em Mafra, não ter apanhado em plenitude a lenda do “emparedado”.
      Eu também não.
      Mas, mas recorrendo à minha memória eletrónica, uma foto que fiz na altura, aí vai a lenda do “emparedado” que, ao que parece, era uma “emparedada”:

      O EMPAREDADO
      (ALGURES NO CORREDOR LACOUTURE)

      Numa certa noite de 1759, o Almoxarife do Paço Real dirigiu-se a Mafra com dois operários de sua confiança (habituados já a trabalhar no convento) depois de prestarem juramento que nada divulgassem do que iriam ver e fazer.
      Ao carpinteiro foi dada a incumbência de executar um caixão com as dimensões indispensáveis para recolher um corpo humano.
      Ao pedreiro, coube o trabalho de abrir numa das paredes do corredor das aulas a cavidade necessária, para receber na posição vertical o tosco caixão.
      Já noite avançada alguém abriu as portas do convento para dar a passagem a uma caleça. Do interior desta, saíram 2 homens mascarados, transportando um comprido saco, dentro do qual se encontrava “gemendo aflitivamente” um ser humano.
      O saco foi colocado no caixão, o carpinteiro fechou-o e colocou-o na parede ficando o ser humano emparedado.
      Anos depois, já morto o Marquês de Pombal, o pedreiro sentiu chegar os seus últimos momentos e pediu a um padre para que fossem ouvidas as suas declarações.
      Por intermédio da confissão, que foi pública, se tomou conhecimento do que se passara no convento de Mafra.
      Os religiosos franciscanos retiraram o esqueleto da parede (que se julga ser de uma mulher) e enterraram-no no cemitério dos frades.

      Alves Moreira

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    3. Sobre a morte dos cadetes em Mafra nas lagoas, foi na recruta de Abril/Junho de 1971,foram 3 cadetes, a culpa não foi do Alferes Instrutor, houve um ligeiro afastamento de 1 dos cadetes para o centro da lagoa,( creio que havia uma corda que servia de guia, mas não tenho a certeza ) lembro-me que o lodo começou a engoli-lo, os outros 2 quiseram acudir para o salvarem, ficaram lá também.
      Se mais lá fossem, mais lá ficavam.
      Eu não fazia parte daquele pelotão, o meu seria o seguinte.
      Não me recordo do nome do Alferes comandante daquele pelotão, mas recordo-me do desespero daquele homem, nunca mais soube nada dele, o que lhe aconteceu.
      Um dos Alferes comandante de pelotão da minha companhia de cadetes do 1º ciclo, foi o já falecido, na época, Alferes Marques Júnior , homem do MFA, que chegou a ser Deputado à AR pelo PS.
      O Comandante da EPI era o Coronel Marques da Gama, esse dia foi marcante na nossa recruta, houve até levantamento de rancho, isso foi, ninguém comeu o almoço, não pelo motivo que normalmente causava o levantamento de rancho que era a comida não prestar, mas por respeito aos falecidos.
      Esse triste acontecimento, terá acontecido faz neste ou no próximo mês, 45 anos.

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    4. Saudações a todos. Uma ou duas precisões sobre o dramático acidente na lagoa. Foi na "minha" recruta: Abril a Junho de 71, se não me engano no fim de Maio ou inicio de Junho. Foi na lagoa junto ao paiol. Nunca o esqueci porque semanas antes eu próprio tive um acidente nessa lagoa, tendo partido uma perna, ao saltar de uma ponte sobre bidons que se estava a virar. Felizmente ia no inicio da ponte quando ela virou, se fosse a meio teria ficado enterrado no lodo. Fizemos um levantamento de rancho, sim, mas não foi ao almoço mas sim ao jantar. A morte dos nossos camaradas cadetes foi de manhã, durante a tarde houve varias reuniões de cadetes de carácter mais ou menos contestatário e "subversivo" e ficou decidido que faríamos um levantamento de rancho, ao jantar. Quando nos recusámos a comer o comandante, Marques da Gama, fez um discurso emotivo e depois deu-nos autorização para ir embora. Todos para casa, limpar a cabeça. Julgo que o trágico acidente ocorreu numa 5a feira e tivemos fim de semana alargado, pelas mais tristes razões que se podem ter.

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  3. Em primeiro lugar os meus agradecimentos ao ex-camarada d'armas e amigo Peralta, pelo Blog e pelo relato do nosso encontro em Mafra.

    Não posso deixar de referir que, incentivado pelo teu, me estou a iniciar nos blogues.
    Já comecei, ainda que em fase de construção, com um sobre camélias.
    Aqui vai o endereço:
    http://asnossascamelias.blogspot.pt/

    Mas vamos ao nosso assunto:

    Referes no relato do nosso encontro em Mafra, não ter apanhado em plenitude a lenda do “emparedado”.
    Eu também não.
    Mas, mas recorrendo à minha memória eletrónica, uma foto que fiz na altura, aí vai a lenda do “emparedado” que, ao que parece, era uma “emparedada”:

    O EMPAREDADO
    (ALGURES NO CORREDOR LACOUTURE)

    Numa certa noite de 1759, o Almoxarife do Paço Real dirigiu-se a Mafra com dois operários de sua confiança (habituados já a trabalhar no convento) depois de prestarem juramento que nada divulgassem do que iriam ver e fazer.
    Ao carpinteiro foi dada a incumbência de executar um caixão com as dimensões indispensáveis para recolher um corpo humano.
    Ao pedreiro, coube o trabalho de abrir numa das paredes do corredor das aulas a cavidade necessária, para receber na posição vertical o tosco caixão.
    Já noite avançada alguém abriu as portas do convento para dar a passagem a uma caleça. Do interior desta, saíram 2 homens mascarados, transportando um comprido saco, dentro do qual se encontrava “gemendo aflitivamente” um ser humano.
    O saco foi colocado no caixão, o carpinteiro fechou-o e colocou-o na parede ficando o ser humano emparedado.
    Anos depois, já morto o Marquês de Pombal, o pedreiro sentiu chegar os seus últimos momentos e pediu a um padre para que fossem ouvidas as suas declarações.
    Por intermédio da confissão, que foi pública, se tomou conhecimento do que se passara no convento de Mafra.
    Os religiosos franciscanos retiraram o esqueleto da parede (que se julga ser de uma mulher) e enterraram-no no cemitério dos frades.

    Alves Moreira

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  4. Caros amigos: ainda o acidente na lagoa...Foi de certeza em 71...Eu já era Asp. Milº, estava ainda no BC3 em Bragança...formei Batalhão e embarquei para Angola, em finais de Julho desse ano. Por vezes, nem sei bem porquê, há memórias que se não apagam...E recordo o local onde e quando terei lido a notíci. No Século ou JN, ao balcão do Flórida, um snack bar no centro da cidade,que era o "prolongamento" da messe dos Asp. e Cabos Milºs. Seria um sábado,faria horas para o comboio,não o revelo, mas quase tenho a certeza do que comi, e em tais circunstâncias, me soube mal. Existem recordações que nos perseguem vida fora...E suponho, talvez por imaginar que a lagoa seria a que se situava relativamente próximo do paiol onde guardávamos o material de Sapadores, nem sei se em Mafra haveria outra,e onde se lançavam umas granadas e uns petardos. Portanto, com o fundo muito revolto, e como o final do ano de 70, fora muito chuvoso, esta teria muita água...Água e lodo! Estavam criadas as condições para o que viria a suceder...Horas de azar!Perfeitamente normal que daí em diante, as passagens pela lagoa, viessem a ser evitadas...

    MC - 2013.03.18

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    1. Um deles era oeu irmão Avelino Pereira Lamelas , cursava direito em Coimbra....

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