Era assim.
Normalmente nos domingos à tarde, todas malhavam umas nas outras, aquilo era uma verdadeira malhação… agora cáto-te eu a ti, e depois catas-me tu a mim…
Deitadas com a cabeça no colo, normalmente sobre lenço preto para acentuar o contraste, começava o sacrilégio da catação.
As lêndeas, piolhos bebés, os piolhos propriamente ditos e as favas…
Deixe-me já gritava o Zeca, enquanto a mãe o arrotchenava, calcando-lhe ainda mais a cabeça contra o colo.
Unha afiada lavrando cabeço com cabelo tipo giesta negral lavada a clarim ou sabão macaco…
Olha esta fava, exibia-se publicamente o troféu, quando um peso pesado era caçado e entre as unhas estalado, até se ouvia e era agora a altura de levantar a cabeça fria…
Os mais impampes passeavam, por vezes, pelos colarinhos de camisas córadas na ribeira do Moínho de Baixo ou no Laréco, e não raro em plena missa, as do banco de trás, viam passear pelo lenço sobre a cabeça os mais atrevidos e ainda não caçados.
Nos carrapitos, nas tranças, nos rabos de cavalo,nas franjas, e por fim nas permanentes nas mulheres, na marrafinha e no risco ao lado nos homens esta praga passou e acabou.
A expressão de aborrecimento “ vai-te catar “ diz bem da incomodidade…
Manuel Peralta
O Homem do leme lembra-se de cada “cosa”!!!
ResponderEliminarAgora cáto-te eu a ti, e depois catas-me tu a mim.
Palavras que há muito tempo não me vinham à mente e, que se ouviam com muita frequência da boca das mulheres em tempos que já lá vão.
Malvado piolho que não fazia excepção.
Atacava o rico e o pobre, o velho e o novo e só com a paciência das mulheres, o indispensável pente de derrubar e os “póses” polvilhos DDT que o Sr. Soares vendia na farmácia, se conseguia alguma treva mas, de pouca duração.
O pequeno monstro sanguinário tinha todas as condições para se reproduzir, e era um autêntico vampiro .
Muitos deles morriam quando se coçava a cabeça, “entalados” entre a cabeça do dedo e a unha.
Quando se cortava o cabelo se o barbeiro(na época em Alcains só havia barbeiros) por lá encontrasse
algum a pastar, dava uma pancadinha com a tesoura na cabeça, e era mais um que ficava esmagado.
Dizem os entendidos que a catação entre os macacos é para eles uma maneira de fortalecer os laços de amizade.
Não pretendo comparar o ser humano com estes primatas, mas naqueles tempos esta grande e necessária tarefa da catação, também contribuia para reforçar os laços com a família e, sobretudo com os “VIZINHOS” moradouros da mesma rua, que hoje temos tendência em ignorar.
Nesses tempos à mais pequena aflição ou dor de cabeça, era à porta do vizinho “a família mais chegada”que se batia.
Hoje essa convivência acabou e é pena.
MG