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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

José dos Santos Riscado Paralta


11.04.1924 - 15.01.2014

Pela primeira vez em 36 anos, cheguei e ninguém me chamou Miguel. O meu Avô partiu, dizem que descansou... é irónico, para um Homem que trabalhou literalmente toda a vida. Quem descansou realmente foram as ferramentas, foi a enxada, foi a mota e o serrote!

Pelo teu filho emigraste para França. Deixaste a Lurdes em Alcains e o meu Pai encarregue dos livros, dos lápis e das sebentas na terra do Mondego. Fazias a mala apenas de véspera, mas a razão e a necessidade falou sempre mais alto, pautando a tua atitude pelo sacrifício. Ergueste a tua casa numa rua quase com o teu nome e foi nesse teto que aprendi o A e o M, o O e o R, que juntos fazem a palavra AMOR. Aprendi ainda que 2+2 são 5, o reflexo de uma família unida, de mãos dadas uns com os outros, cada vez mais fortes.

Amigo dos 'vivos', contigo aprendi a respeitar a natureza, a criar um par de melros, sempre de boca aberta à espera de farelo. Frango e bifes como os teus nunca mais comerei. Castanhas assadas na bruxa de agora em diante só em Lisboa.
A terra da horta passará agora a ser revolvida pelo meu Pai, mas o respeito por aquele pedaço de terreno será eterno, onde viverás em cada fruto e nas asas dos passarinhos, companheiros de dias de trabalho de sol a sol, em prol da sopa que ainda hoje todos comemos.

Para sempre guardei o travo doce do mel das tuas abelhas, que apenas a ti não te picavam, obrigando-me a mim, ao meu pai e ao sobrinho Joaquim Paralta a fazer km para evitar o ferrão que se adivinhava...
Exímio com a cana de pesca, empataste anzóis que em conjunto com o teu sobrinho apanhavam às 100 carpas de cada vez. Entretanto perdi o conto às migas que comemos.

Hoje já não tens a boina na cabeça, mas partes de bigode impecavelmente aparado, como esteve durante toda a vida.
Esta vida resume-se às ações que praticamos, é uma caminhada constante, cheia de obstáculos que transpomos com os nossos gestos e atitudes. São trilhos e mais trilhos de possíveis caminhos e cabe-nos a nós a decisão de quais percorremos.  
O teu trilho ficará para sempre marcado pelas pegadas sólidas de um bom Amigo, de um Guia, de um Bisavô, de um Avô e de um Pai.

A tua partida deixa-me 'meio vazio', impossível de preencher. Mas a outra metade está repleta de ti. Do teu caráter e da tua personalidade, da tua bondade e do teu respeito. Aprendi muito contigo e nas minhas ações e atitudes permanecerás vivo...
Deixas uma esposa, um filho, dois netos e três bisnetos. Uma família à tua imagem e que nunca te esquecerá! Homens como este, quando partem e mesmo com 90 anos, não querendo ser egoísta mas a mim parece-me sempre prematuro.

O céu para onde agora vais nunca mais será o mesmo. Haverá sempre frutos em todas as Primaveras e não se avistará uma única erva daninha.

Obrigado pelas noites a embalar o berço. 
Obrigado por fundares os pilares da família Peralta, tu que na tua infância nada tiveste sendo no entanto uma influência direta em tudo o que tenho hoje.
Obrigado pelos teus ensinamentos, palavras sábias e expressões que nunca mais esquecerei.
Obrigado pelo amor que sempre tiveste pela avó.

Descansa em Paz. Nós por cá vamos olhando pela 'tua' Lurdes, que cá fica para me ir dando 'uma notinha'.

Até sempre Avô.

Miguel


11 comentários:

  1. Custa sempre ver partir aqueles que nos são mais próximos!...O testemunho que aqui fica é disso um bom exemplo. E eu só lamento que as voltas da vida, nos tenham impedido, a mim e à Joana, de termos estado presente e provavelmente verter uma lágrima sentida por quem partiu...Ele merecia...Um abraço para Vós do Zé e da Joana

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  2. J'ai eté très émue d'apprendre la disparition de tom papa.

    Recois mes pensses le plus affectueuses e sache que je suis.
    A tes cotes dans cette eprouve.

    C'est um reconfort de penser que dans som sommei il va desor- mais enfim connaitre le repos.

    Un abraco Peralta amigo

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  3. Sabemos que neste momento difícil as palavras pouco confortam, são etapas da vida que nos custam sempre aceitar, mas eternamente ficam as memórias e as infindáveis recordações.
    As minhas sentidas e sinceras condolências à familia.
    MG

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  4. Manuel Peralta
    J'ai eté trés émue d'apprendre la disparitiom de tom papa.
    Recois mes pensees les plus affectueuses e sache que je suis à tes cotes dans cette éprouve.
    C'est um reconfort de penser que dans som sommeil il va desormais enfim connaitre le Repos.

    http://retrait1.cybercartes.com/retrait/b132b63dc6268a04ebd7/0

    Jaime Godinho

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  5. E Sempre dificil ver partir quem nos gostamos,mesmo sabendo que e a lei da vida,mas resta-nos a saudade, e a memoria de tudo o que de bom os mais Idosos nos ensinaram. Sentidas condolencias a toda a Familia

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  6. E sempre dificil ver partir quem gostamos mas tambem, sabemos que nada podemos fazer, se nao aceitar,e recordar os bons momentos passados juntos. Sentidas condolencias para toda a Familia

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  7. E sempre dificil ver partir quem nos gostamos,mas fica a memoria dos bons momentos que passaram juntos. Sentidas condolencias a toda a Familia.

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  8. Caro Manuel Peralta:
    Já um pouco "a destempo" (apenas ontem), o que a distância de Alcains a Viseu não justifica, tive conhecimento do falecimento do teu pai. Sei o que custa... Além disso, sinto que (te) devia manifestar a minha solidariedade na hora e presencialmente. Peço desculpa pelo desfasamento temporal, mas confesso que tal facto não atenua os meus sentimentos de pesar.
    Aceita um forte abraço do

    José Lopes de Carvalho.

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  9. Bom dia.
    "Manel", ao ver a tua mensagem não pude deixar de consultar o blog "terradoscaes". Por isso, venho agradecer-te a publicação do texto do Zé Castilho, sobre a origem da temática canídea da nossa terra, mas também, felicitar-te pelo conteúdo "formativo/educacional" expresso no texto do teu filho.
    São estes valores que nos "pegam" à nossa terra, bem como, sustentam as amizades pela vida.
    Um abraço, Martinho Carvalho

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  10. so agora vi... vai ficar na minha memoria para o resto da minha vida! oh beto oh beto, saudades... abraço do liberto

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