Páginas

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ervilhas com ovos escalfados

Porque é tempo delas, das tenras e saborosas ervilhas, não resisto a dar a conhecer como gosto delas e como são cozinhadas cá por casa.


Em sítios abrigados plantam-se em novembro e se o local tiver sol abundante em fevereiro estão prontas a colher. A foto supra diz respeito ao quintal do Jorge David o mais serôdio dos “ervilheiros” conhecidos em Alcains.
A ervilha é uma planta leguminosa com vagem e sementes verdes, trepadeira, que trepa, sobe através de gavinhas, e assim encostada, empada, (de empa) produz suculentas vagens que até se podem comer cruas, pois são muito doces.


Com um bom azeite cobre-se o fundo de um tacho e deitam-se para fritar uns pedaços de entremeada, toucinho com febra.


Prepara-se a cebola, o alho, a folha do loureiro, as rodelas de chouriço e os pedacinhos de entremeada.


Sempre no mesmo azeite, fritam-se as rodelas de chouriço.


Como já se aperceberam pela foto de cima, sempre no mesmo azeite, fritaram-se os pedacinhos de entremeada e chouriço.
Estes pedacinhos são para juntar à cebola, ao alho e à folha de loureiro depois destes atingirem o ponto pérola, ficar a cebola depois de refogada com a cor de pérola, translúcida, conforme a foto seguinte.
Para dar cor e sabor, adicionar uma boa colher de massa de pimento.


Lavar as ervilhas, adicionar ao preparado e um pouco de água para, em lume brando, serem cozinhadas.



Quando as ervilhas estiverem “al dente” não em lama, moles ao dentar, adicionar os ovos, habitualmente dois por pessoa e adicionar às ervilhas.

 

Depois de cozidas fica a tachada com este original aspeto.


Os pedaços maiores de entremeada e chouriço fritos previamente servem para acompanhar as ervilhas já no prato, que devem comer-se de garfo na mão direita e os pedaços de chouriça e entremeada frita na mão esquerda...

 

Vinho, pão e azeitonas galegas perfazem uma simples, natural e apetitosa refeição.
Bom apetite.

Manuel Peralta

Nota: Escalfador, utensílio onde se guarda água quente para servir à mesa.
Escalfado, vazio, desfalcado.
Escalfar, deixar estar algum tempo em água muito quente
.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Carapau de corrida

Origem da expressão e respetivo significado.

Como é sabido, o peixe é vendido pelos pescadores nas lotas, em leilões «invertidos», ou seja, com os preços a serem rapidamente anunciados por ordem decrescente, isto é, do maior preço para o menor, até que o comprador interessado o arremate, o compre,  com o tradicional «chiu!».


Isto implica que o melhor peixe, logo  o mais caro, é o que na lota, é vendido primeiro, ficando para o fim o de menor qualidade.


Em tempos anteriores ao transporte automóvel, as peixeiras menos escrupulosas compravam esse peixe mais barato no fim da lota, por um preço baixo, e, porque perdiam tempo esperando pelo fim da lota, corriam literalmente até à vila ou cidade, tentando chegar ao mesmo tempo que as que tinham comprado peixe melhor e mais caro na lota (e tentando vendê-lo, evidentemente, ao mesmo preço que o de melhor qualidade).


Nem sempre os fregueses se deixavam enganar, e percebiam que aquele carapau era «carapau de corrida», comprado barato no fim da lota e transportado a correr até à vila. Hoje ainda, o que se arma em carapau de corrida julga-se mais esperto que os outros, mas raramente os consegue enganar.
Não querendo armar-me em “carapau de corrida”, espero que este texto tenha contribuído para esclarecer a origem desta expressão.


Manuel Peralta

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

C(ã)ontrastes

Jardins, espaços públicos.
Em Alcains na Quinta da Pedreira.





Em Castelo Branco.



Nota: Ao que consta estas obras nunca foram concluídas. Diferendo, falência de empreiteiro, abandono municipal.
Assim estamos e se já lá vai tanto tempo!!!
Degradação.


Manuel Peralta

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

C(ã)ontrastes

Suportes para bicicletas.
Em Alcains, na zona de lazer.


Em Castelo Branco.


Mas palavras para que? Já lá vão mais de 5 anos e o abandono continua…

Manuel Peralta

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

C(ã)ontrastes

Bebedouros públicos.
Em Alcains, na dita zona de lazer.


Em Castelo Branco.



Nota: O vandalismo, primo direito da degradação reinante, retirou o bebedouro que nunca foi reposto e só deitou água no dia da inauguração. No mesmo local, existe um outro que continua seco...

Manuel Peralta

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

ENTRUDO

Hoje não se come carne, é quarta feira de cinzas...
Cinzas, que são memória de finados, dos que se finaram, dos que acabaram...
Pudera, depois de terça feira dita gorda, anafada, acarnavalada...gordura é formosura, Balzaquianamente falando, é claro!!!
Em Alcains, a palavra carnaval é recente e sempre ouvi falar de entrudo.
Parece um entrudo, assim ouvia dizer quando alguém se apresentava ridiculamente vestido.
Tempo de entrudo, o que compreende os três dias anteriores à quaresma.
 
 
A quaresma, em tempos passados, era sinónimo de renúncia, de dureza, de mortificação, de fé. Abstinência total de comer carne, jejum nas sextas, e, na semana da Páscoa toda a semana, a não ser que tivesse comprado a “bula”, uma licença de desobriga de jejuar.
Dançar, cantar e namorar era proibido e, no vestir, até as cores garridas eram proibidas.
 
 
Sopa, pão, muito pão com azeitonas, raras as sardinhas e ovava-se o corpo com uns estrelados ou fritos sob pavimento sem carpete, a que mais tarde se chamaria omelete...
Quaresmados, todos os da rua, os da sala e os do salão desde que tivessem feito a primeira comunhão.
A minha mãe proibia-me de mexer nas fitas de papel dos rolos de carnaval, as ditas serpentinas, que religiosamente guardava de ano para ano e enrolava de várias cores, fazendo um rolo assim do tipo fruta cores, que pendurava em fino prego como o Manel Cainata em parede de taipa...
 
 
Entrudo, Quaresma, Páscoa e Santos Populares, marcos que a memória retém e que desabrocham com os primaveris calores repletos de muitas flores...
A Semana Santa, o Enterro do Senhor, a Procissão dos Passos, as pregações e os sermões de púlpito com quase arte de talma em Encomendação de Alma.
 
 
“Encomendação das almas”, tradição mantida para gente com fé e, “incomodação das almas” para os ímpios, gente que, apesar de tudo, também tem princípios...
Já perpassaram dois ou três anos sobre um acontecimento ocorrido em Alcains, durante a celebração da Encomendação das almas, com um generoso grupo de homens e mulheres que têm mantido viva em Alcains esta ancestral tradição.
 
 
Vozes indolentes, dormentes, arrastadas e toeiras, frente à capela do Senhor do Lírio no cemitério, cantavam as trovas quaresmais que quase assassinavam o facínora, o demo, o pilantra que quer levar as boas almas para debaixo da manta...
A páginas tantas, como se diz, dão-se conta de que, enquanto maltratavam com cânticos e palavras o facínora... Oh, fortaleza divina...  alguém, do lado de dentro da capela, terá acordado com os cânticos, e ali fechada, clamava por socorro batendo copiosamente, como a Rita, na porta da dita.
 
 
O Adriano não estava lá, e nem foi o Fim do Mundo, mas ao que constou, a debandada corria mais que a estrada, uns perderam a voz, os paramentos esvoaçavam que se fartavam, e a cruz quase caiu de truz...
Para o largo de Santo António correram uns, para perto da cabine da Hidro, fugiram outros, mas todos atagantados perante o pedido de libertação de virtual alma penada do outro mundo...
 
 
Reagruparam-se mais tarde, e agora já mais fôtos, reanimando-se mutuamente, pé ante pé e com a hirta cruz ao léu, rezando uns que Deus é bom, mas o facínora também não será mau, de braço, mão, pé e perna dados, a medo chegaram à capela.
Já refeitos do susto e alapados uns aos outros, aperceberam-se então de que se tratava de pessoa que teria adormecido na capela, e que quando a fecharam bem como o portão do cemitério não se terão apercebido de que por ali teria ficado alguém fechado.
 

Libertaram-na.
Voltando ao entrudo.
Já não há contradanças, nem caqueiradas, muito menos entremesadas...
Fazendo juz à quadra e para manter a tradição, hoje dia de entrudo, sem qualquer atividade entrudesca em Alcains, hoje é mais um dia igual a tantos outros, com uns a trabalhar e outros a descansar, dentro da quele princípio constitucional que é tudo igual em Portugal.
 

Em dia solarengo, semi frio, as galegas picadas e a sal temperadas, a morcela de assar, a farinheira, a chouriça, as morcelas buchas, a entremeada e o entrecosto foram batidos a gosto.
 

Sem papas mas com pudim, quase por fim...
 

Comi bem e quase de tudo neste entrudo, e porque nem estava mal, não me fez falta o carnaval.

Manuel Peralta

C(ã)ontrastes

Passeios para peões.
Em Alcains na Av. 12 de novembro, principal entrada em Alcains.


Em Castelo Branco, numa das avenidas.


Palavras para que?

Manuel Peralta

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

C(ã)ontrastes

Mobiliário urbano.
Em Alcains.


Em Castelo Branco.


Com trastes ou contrastes?

Manuel Peralta

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Memórias para futuro

O Alcains que se foi...
 
Em texto anterior deste ano dei à estampa uma série de fotos sobre o “deita abaixo” efetuado pela Câmara da cidade, nas ruas da Liberdade e Quelha da Mateira.
Por considerar que, o que as fotos registam, respeita a memória da nossa terra em imagens que presumo exclusivas, não deixo de as registar para a posteridade no Terra dos Cães.
Aqui ficam portanto para que, um dia mais tarde, se possa conhecer como eram aquelas ruas e mostrar aos vindouros um Alcains infelizmente desaparecido.

 
 
 
 
 
 
 
 
 


Manuel Peralta