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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Um “Leninado Relvas” Alcainense...

Quem atento anda ao lixo radioelétrico que as tele visões diariamente despejam nos contentores das nossas memórias, decerto ficaram surpreendidos com uns anormais tumultos que, surpreenderam recentemente, o mundo dito civilizado.
Durante uma semana, na circunspeta, calma e ordeira Suécia, todos fomos surpreendidos pelos tumultos que, incendiaram carros, destruíram património, cercaram ruas, e “coqueteilomoltofetizaram” agentes da sueca autoridade.


Ao que li na imprensa, parece que, ou por maus tratos familiares, ou por ajustes de contas com grupos rivais, a polícia sueca terá abatido na sua residência, Lenine Relvas Martins.
Ainda ao que consta, Lenine esperava na sua residência de faca em punho, que um grupo rival o surpreendesse, mas parece que terá havido para a polícia uma queixa por maus tratos familiares e em vez do grupo rival, apareceu a polícia, que ao deparar-se com um homem de faca em punho, terá sumariamente abatido o cidadão Lenine.
Lenine Relvas Martins era um cidadão Alcainense com 69 anos de idade.
O seu pai, foi ao que se conhece, o primeiro comunista de Alcains que assumiu claramente esta sua condição.


Conheci esta família, pois moraram na “quelha abaixo”, ao fundo do regato da sola, a caminho do cabeço, onde no inverno, copiosamente corria o regatinho.
Moravam no lado direito de quem ia para o cabeço, em casa de rés do chão, com cantaria.
Tinham um segundo filho da minha idade, 63 anos, com uma particularidade inesquecível, pois tinha dois dedos mindinhos.


Este Relvas que raramente ia à escola, era muito secreto, de poucas falas e convivência...
Aliás na mesma rua, cá mais acima, frente ao forno da ti Marizé Gonguilhana, havia uma moça, a linda Leonilde Venâncio, filha do ti Zé Matraça, que por nascimento tinha igualmente dois dedos mindinhos.
Mas voltemos aos Relvas.
O pai dos Relvas era um comunista assumido, terá nascido por volta de 1920, esteve preso e estava praticamente proscrito para exercer qualquer atividade.


Conta-me o meu pai, 89 anos, com quem hoje almocei, que conheceu bem o Relvas pai, que ninguém lhe dava trabalho e que pouca gente com ele conversava. Parece que tinha, tinha...
A coragem do Relvas pai era tal que batizou por volta de 1943, com o nome de Lenine, o seu filho, que agora foi morto nas circunstância que se conhecem.


Presumo que terá, ou terão fugido do país, que nada permitia a quem dele discordasse, e daí a razão deste Relvas estar na Suécia, país do Nelson Mandela europeu, de nome Olof Palme...
Nem sempre pelas melhores razões a “gente da terra deles”, é notícia, mas face á relevância e ao fato das notícias sobre o Relvas terem corrido o mundo, o terra dos cães não poderia ignorar tal situação.
Nota. Aceito todos os esclarecimentos e correções sobre o que acabo de escrever, pois estou muito longe dos fatos ocorridos.

Manuel Peralta

2 comentários:

  1. Tenho uma vaga ideia desses Relvas...e da dificuldade na altura de colocar a um filho o nome de Lenine... Prevejo se é que o foi, as dificuldades encontradas pelos pais no seu baptizado!...Ou seria Estaline e teria a ver com outra família dessa época e morando nessa zona...O "homem do leme" e as suas fidedignas fontes, decerto poderão acrescentar algo a estas Memórias...Interessantes numa terra de "pedreiros livres"...

    MC...2013.06.28

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  2. Entrei na NET e existe um elevado desenvolvimento do assunto...A vítima, casado com uma finlandesa, num restaurante, poderá ter sido atacado por um grupo de jovens. E essa poderá ter sido a causa de ter recebido a polícia, pensando que eram os jovens que o tinham provocado no exterior, com uma faca na mão. É esta a versão que o cunhado transmite. Esta morte desencadeou uma série de incidentes em larga escala, naquele bairro, nos subúrbios de Estocolmo, onde o desemprego é significativo e escassas as esperanças de futuro para os filhos dos emigrantes. A partir destas fontes tão diversas, até escrevi um post no Facebook...

    MC...2013.06.28

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