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domingo, 6 de fevereiro de 2011

ALCAINS em 1925


Comité Popular de Fomento Local


Foi um longo caminho de 1925 até aqui, ano de 2011.


Oitenta e seis anos são passados, muitas das aspirações ali sonhadas estão hoje felizmente resolvidas, outras continuam actuais, nomeadamente a divisão democrática, moderna forma de marasmo legalmente exercido...


...as ruas sujas, a inexistência de Plano de Urbanização, forma democrática de o poder discricionariamente fazer o que entende sem participação dos naturais da comunidade...


...subserviência política e partidária, esbulho de impostos pagos e não recebidos na Vila pela autarquia, destruição de património arquitectónico nomeadamente junto à Igreja Matriz...


...desvio pernicioso de energias, agora democraticamente sancionadas, aliadas ao adormecido espírito público...


...terminar o foco de infecção que nos envenena e envergonha, ribeira da Líria, caminhos vicinais a maioria como em 1925...


...recursos para levar a cabo os melhoramentos de que a população carece e a que tem direito...


...não vos deixeis seduzir por enganosas miragens, hoje promessas democráticas adiadas e nunca cumpridas...

Tenho pena que o documento que acabam de ler seja apócrifo, não assinado, mas quem o escreveu revela conhecer bem a realidade da situação em Alcains em 1925, ano em que nasceu a minha mãe.
Agradeço ao Zé Vitor ter feito o favor de me ceder o documento que aqui reproduzo.
Conto com os leitores para os comentários que o documento merece.
Vale a pena a reflexão.

Manuel Peralta

3 comentários:

  1. Manel, parabéns pela descoberta deste documento e por o trazeres à luz do dia.
    Pela sua originalidade e importância histórica para os alcainenses, acho que merece figurar ou na Biblioteca ou num dos Museus de Alcains.
    Imagino que o "Manifesto ao Povo de Alcains" e o "Comité Popular de Fomento Local" terão tido vida curta, pois o 28 de Maio de 1.926, que surgiu seis meses depois, não lhe terão permitido sobreviver.
    De qualquer maneira será possível saber se aderiram muitas pessoas ao "Manifesto" ? Será que o actualmente adormecido espírito bairrista alcainense ainda estava acordado ?
    Aproveito para enviar uma sugestão: estando ainda vivas algumas pessoas da fundação da Associação (de seu nome Sociedade Operária), não seria possível reunir dados sobre a mesma, para além dos que se conhecem e que são muito escassos ?
    Um abraço do Luís Lopes (Tobias)

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  2. Interessante a Proclamação do Comité Popular de Fomento Local

    É claramente um documento que com pequenos ajustes, 85 anos depois, poderia ser a base de qualquer programa de uma força política, candidata ao poder na autarquia.
    Um programa em que estão claramente definidos a missão, objectivo e valores, e surgem ajustados de forma a mobilizar vontades. Porém o facto da Proclamação não surgir identificada, só nos pode conduzir a dúvidas.
    Será que a Proclamação é resultante de um esclarecido político de então e lança deste modo um balão de ensaio, ou fruto da reflexão de um grupo, igualmente erudito, pela forma como expõe os problemas e tenta mobilizar os cidadãos.
    E porque se desconhece, quem ou quais, cidadãos ou forças políticas que estariam por detrás desta Proclamação, restava-nos vaguear pela NET, à procura de alguma pista, que nos desse o quadro político em que a mesma proclamação surge.
    Tentei várias hipóteses, desde o quadro político autárquico em Castelo Branco em 1925, até de um modo geral ao panorama autárquico numa perspectiva nacional.
    E curiosamente, foi no órgão de imprensa do PCP, O Comunista, que vejo alguma aproximação aos princípios da proclamação, quando em Maio de 1925 e num capítulo, que designa de Programas eleitorais, refere até preocupações ao nível ecológico para as freguesias, com propostas de pelouros para a construção e conservação de jardins e parques e entre outros pontos, aborda, num nível territorial mais amplo, a elaboração de Planos de Fomento regional a cargo de organismos executivos eleitos por sufrágio directo.
    Chama também a atenção para os terrenos incultos e charnecas, os perigos contidos na legislação sobre o arrendamento rural, preço de benfeitorias e apoio sindical aos camponeses.
    Isto num tempo em que a instabilidade a nível nacional, era enorme.
    Aliás desde a implantação da República em 1910, até ao golpe militar de 28 de Maio de 1926, que estava quase à porta, o filme da instabilidade nacional era este:
    a) 7 eleições legislativas gerais : 1911, 1915,1918,1919,1921,1922 e 1925;
    b) 8 eleições presidenciais : 1911, duas em 1915, duas em 1918, 1919, 1923 e 1925; só um PR, António José de Almeida, conseguiu cumprir o mandato completo;
    c) 5 eleições municipais : 1913,1917,1919,1922 e 1925;
    d) 45 ministérios;
    Em 1925, sucedem-se as tentativas de tomada do poder, e que acabam por abrir caminho para os sectores militares à espreita, de um 28 Maio de 1926 já próximo.
    São as tentativas de Sinel de Cordes em 5 Março e 18 Abril de 1925; dezenas de oficiais envolvidos; suspensos os jornais – O Século e o Diário de Notícias; em 19 de Julho de 1925, é o grupo de Mendes Cabeçadas e Jaime Baptista; é decretado o estado de sítio; e já em Fev. de 1926, foi a vez do grupo radical de José Augusto Mendes Júnior; a chamada revolução de Almada.
    Traçado o quadro em que o país vivia em 1 de Novembro de 1925, data da Proclamação, a questão inicial, que é tentar encontrar quem e porquê está por detrás do Manifesto de Comité Popular de Fomento Local, atrevo-me a pensar que seriam políticos, que já anteviam o perigo do levantamento militar de Maio de 1926.
    Provavelmente, menos de duas décadas após,o(s) autor(es) do Manifesto do Comité Popular de Fomento Local, seriam punidos pelos objectivos propostos.
    Não sou historiador, nem investigador.
    É apenas o meu “feeling”.

    MC

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  3. vaiam gozar com a vossa terra

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