Descia Degredo abaixo a caminho da Levandeira e depois de, à esquerda, dobrar a primeira galariça, avistava-se então o cólo da Líria ali denominado por ribeiro do Pinheiro em homenagem a um pinheiro, negligentemente abatido, de enormíssimas dimensões em porte e altura, que era um devaneio para Pios, Cambalhotas, Lêtchas e Zópas no treino de calhoada em pinhas, prenhes de pinhões pendurados em pescoços com linhas...
Depois da ponte o lagar, e, pelo lado nascente entrava na rua dos Mortórios.
Mortórios, nome receoso para candidato a rapaz então com sete a dez anos, de marrafa feita com mistura ténue de água e açúcar que entre duas “crutas” cocorutas, afunilavam profundo risco lateral a caminho da missa dominical.
Ia por ali, a mando de minha mãe, pedir a bênção à minha tia Ana Minhós, solteira, da Dona Josefina Marrocos Taborda Ramos, cozinheira, do Sagrado Coração de Jesus, devota, de Deus, temente, e que nunca rezava menos que uma unidade, isto é, três terços, Fátimamente apelidado de Rosário e a quem o meu avô materno, com quem vivi até aos vinte anos, enxofrava de forma solene... quem muito reza de alguma coisa se teme!!!
Assim como naquela imagem que, no meu quarto com marmelos e uvas pendurados nos caibros do soalho, de menino a atravessar ponte em ruina protegido por Anjo da Guarda, a rezar me ensinava o meu pai, enquanto fiscalizava colheita de bago... Deus é bom, e o Diabo tem dias ...
E assim, por mortórios, ia à missa dominical do Sr. Vigário e ao Tantum Ergum, Sacramentum, do Ti Manuel Sacristão.
Mas Mortórios, porquê?
Em tempos muito idos, houve uma praga que dizimou por todo o lado as videiras.
Esta praga começava pelo amarelecimento das folhas, pela secagem dos gomos, das vides, e por fim das cêpas que lentamente iam perdendo a acção, adormecidas, do lado oposto das vidas.
Esta praga, denominada “FILOXERA” matou as vinhas, e a estes cemitérios de videiras chamaram então Mortórios, vindo daqui presumo eu, o nome de Rua dos Mortórios.
Para toda a Europa vieram então dos Estados Unidos porta enxertos híbridos, que permitiram debelar a praga e hoje até as Terras de Granito, ao que consta, dão bom vinho.
Só que a rua dos Mortórios, em Alcains, diz-me o Palhinhas e eu constatei no local, ainda está com a “Flóqséria”, isto é a calçada é uma vergonha, desde o tempo dos esgotos que nunca foi mexida, a erva nasce e prolifera desde a entrada da rua do Ribeirinho até à quelha do “Polainas”, a calçada ainda é do tempo em que o Ti Domingos Barata esteve na Junta, e a Ribeira da Líria que por ali em esgoto corre, é todos os anos tamponada com plástico preto pelos Serviços Municipalizados de Castelo Branco, tentando com este passo de mágica, persuadir os maus cheiros a irem em êxtase explodir, em perfume raro e casto, nas sarjetas do Lar Major Rato.
Aquele ecran preto que convido a visitar, atesta bem a consideração e o respeito pelos moradores e é o espelho dos Serviços...
Por cá esta filoxera é muito comum, a maioria das ruas de Alcains são autênticos Mortórios, sem limpeza, com falta de projecto, agressivas na escuridão da iluminação deprimente, sem gente, ausente.
Ali nos Mortórios pouco ou nada mudou, o Palhinhas, o Bonanza, o Finfas o António Barata e outros moradores limparam a sua testada, cumpriram a sua missão, melhoraram as casas, limparam quelhas mesmo no meio de muitas casas velhas.
Pagam IMI, e taxas aos Serviços, se não limpam, vivem nos lixos.
A água que abastece os moradores ainda corre em tubos de lusalite, quando é sabido que, até nos telhados das escolas, as autoridades sanitárias intimaram os responsáveis a retirá-los.
Entretidos que andam com o projectos da dita modernidade, os reponsáveis esquecem as suas obrigações nas necessidades básicas dos munícipes.
Em Alcains, nos Mortórios, aquela rua que ainda é o que era, continua com filoxera.
Texto publicado no Reconquista de 09.09.2010
Manuel Peralta
Depois da ponte o lagar, e, pelo lado nascente entrava na rua dos Mortórios.
Mortórios, nome receoso para candidato a rapaz então com sete a dez anos, de marrafa feita com mistura ténue de água e açúcar que entre duas “crutas” cocorutas, afunilavam profundo risco lateral a caminho da missa dominical.
Ia por ali, a mando de minha mãe, pedir a bênção à minha tia Ana Minhós, solteira, da Dona Josefina Marrocos Taborda Ramos, cozinheira, do Sagrado Coração de Jesus, devota, de Deus, temente, e que nunca rezava menos que uma unidade, isto é, três terços, Fátimamente apelidado de Rosário e a quem o meu avô materno, com quem vivi até aos vinte anos, enxofrava de forma solene... quem muito reza de alguma coisa se teme!!!
Assim como naquela imagem que, no meu quarto com marmelos e uvas pendurados nos caibros do soalho, de menino a atravessar ponte em ruina protegido por Anjo da Guarda, a rezar me ensinava o meu pai, enquanto fiscalizava colheita de bago... Deus é bom, e o Diabo tem dias ...
E assim, por mortórios, ia à missa dominical do Sr. Vigário e ao Tantum Ergum, Sacramentum, do Ti Manuel Sacristão.
Mas Mortórios, porquê?
Em tempos muito idos, houve uma praga que dizimou por todo o lado as videiras.
Esta praga começava pelo amarelecimento das folhas, pela secagem dos gomos, das vides, e por fim das cêpas que lentamente iam perdendo a acção, adormecidas, do lado oposto das vidas.
Esta praga, denominada “FILOXERA” matou as vinhas, e a estes cemitérios de videiras chamaram então Mortórios, vindo daqui presumo eu, o nome de Rua dos Mortórios.
Para toda a Europa vieram então dos Estados Unidos porta enxertos híbridos, que permitiram debelar a praga e hoje até as Terras de Granito, ao que consta, dão bom vinho.
Só que a rua dos Mortórios, em Alcains, diz-me o Palhinhas e eu constatei no local, ainda está com a “Flóqséria”, isto é a calçada é uma vergonha, desde o tempo dos esgotos que nunca foi mexida, a erva nasce e prolifera desde a entrada da rua do Ribeirinho até à quelha do “Polainas”, a calçada ainda é do tempo em que o Ti Domingos Barata esteve na Junta, e a Ribeira da Líria que por ali em esgoto corre, é todos os anos tamponada com plástico preto pelos Serviços Municipalizados de Castelo Branco, tentando com este passo de mágica, persuadir os maus cheiros a irem em êxtase explodir, em perfume raro e casto, nas sarjetas do Lar Major Rato.
Aquele ecran preto que convido a visitar, atesta bem a consideração e o respeito pelos moradores e é o espelho dos Serviços...
Por cá esta filoxera é muito comum, a maioria das ruas de Alcains são autênticos Mortórios, sem limpeza, com falta de projecto, agressivas na escuridão da iluminação deprimente, sem gente, ausente.
Ali nos Mortórios pouco ou nada mudou, o Palhinhas, o Bonanza, o Finfas o António Barata e outros moradores limparam a sua testada, cumpriram a sua missão, melhoraram as casas, limparam quelhas mesmo no meio de muitas casas velhas.
Pagam IMI, e taxas aos Serviços, se não limpam, vivem nos lixos.
A água que abastece os moradores ainda corre em tubos de lusalite, quando é sabido que, até nos telhados das escolas, as autoridades sanitárias intimaram os responsáveis a retirá-los.
Entretidos que andam com o projectos da dita modernidade, os reponsáveis esquecem as suas obrigações nas necessidades básicas dos munícipes.
Em Alcains, nos Mortórios, aquela rua que ainda é o que era, continua com filoxera.
Texto publicado no Reconquista de 09.09.2010
Manuel Peralta
MC escreveu : Rua dos Mortórios, onde já não passo há uns anos, mas cuja descrição me remete para aquilo que dela me recordo. Até à tia Ana Minhós, tia direita da minha mãe, e que gostava de nos apaparicar, a mim e à minha irmã, com deliciosas compotas ou doces, sempre que íamos à horta do meus tios Francisco e Patrocínia.
ResponderEliminarA bondosa tia Ana, que na sua vida de cozinheira de mão cheia e ama de iguais talentos, terá em Belmonte, em casa do Dr. Leitão, “criado o filho deste, o menino Aníbal”.
A vida dá muitas voltas, e por um acaso de que o Ezequiel foi agente, foi a casa do “menino Aníbal da tia Ana”, que nos acolheu como hóspedes, em Coimbra, a poucas centenas de metros do Instituto Industrial.
E por lá passámos eu, primeiro, depois tu – Peralta - e o Ezequiel e por último o Baptista; chegámos a estar lá os quatro, que aquela casa, era quase a República de Alcains em Coimbra.
E o emotivo (re)encontro que proporcionámos em Alcains, à tia Ana e ao “menino” Aníbal, quando este nos trouxe de Fiat 600, ao funeral do pai do Ezequiel.
As voltas que a vida dá!
Por acaso nunca me interroguei acerca do nome de Mortórios para aquela rua sombria!
Há uns anos porém, em visita ao Douro, o guia que nos orientava, referiu que os Mortórios eram espaços em que as vinhas tinham definhado, e esses espaços não cultiváveis.
E realmente as vinhas da horta dos Mortórios do meu tio Francisco, nunca deram grandes uvas!
MC
Ainda a Rua dos Mortórios: se as memórias me não atraiçoam, nasceram e ou viveram nesta rua, alguns alcainenses que ligados ao Teatro, ao futebol do GDA, ou CDA, e à música, merecem aqui uma menção. Sob pena de me ter esquecido de algum, num tempo em que esta Rua, de um dos lados terminava na casa da tia Ana Minhós e do outro, iriam até à famosa “quelha” de acesso, ao ainda mais famoso, pelos piores motivos, Ribeiro.
ResponderEliminarEstou a assumir que esta Rua, começava logo a seguir ao Largo do Poço Novo, e creio ligar a esta rua, Zé “Côxo”, um militar de carreira, mas que jogou futebol no GDA, sendo dono da camisola 7. Creio que seria uma irmã deste atleta, uma das primeiras raparigas a entrar nos Teatros na JOC, que o GDA levava a efeito todos os anos e como tal uma pioneira!
Não era bem vista a participação das mulheres nos Teatros e mesmo uma dezena de anos mais tarde, ainda existia algum preconceito.
Também terá nascido na Rua dos Mortórios, o Joãozinho “Plainas”, de muito baixa estatura, mas com uma inata habilidade para o futebol; mais baixo ainda que o Rui Barros, que introduziu o tema do baixo ponto de gravidade em atletas com esta morfologia, foi um 10 do GDA, talvez já no âmbito da FNAT, com nome a nível distrital. A bola saía dos seus pés teleguiada e a sua retirada, creio que emigrou, deixou saudades.
Anterior a este, também associo a esta Rua, o Fifas, atleta muito franzino e que terá envergado a camisola 8 do GDA, num tempo em que o tecido dos equipamentos era feito com outros tecidos; imaginem como ficou esta camisola, e dentro dela o franzino Fifas, a partir do momento em que num dia de Carnaval, a Nascimento “Pacheca”, que teria talvez quase o dobro da sua envergadura, com ela se equipou.
Também associo a esta Rua, o Pereira, esse mesmo, que já sessentão, ainda hoje está em todas: fez Teatro, jogou Futebol no CDA, onde foi alguns anos o capitão, foi dirigente do mesmo, tocou talvez em todas as bandas que a partir dos anos 60 existiram em Alcains; talvez lhe tenha passado ao lado, parece-me, uma incursão pela política local.
E se a Rua dos Mortórios, começa mesmo onde suponho, não podemos esquecer o mestre Moisés Rafael, que para ali se mudou depois de muitos anos na Rua da Liberdade, um artista na recuperação de peças antigas e um emérito tocador de flauta transversal, que se evidenciava, nas variedades das peças de Teatro da JOC ou da Casa do Povo.
Porventura esqueci-me de alguém que merecia ser recordado. Se algo do que aqui fica, não corresponder exactamente a verdade, são os anos que sobre elas já passaram, os grandes responsáveis.
MC
Ainda a Rua dos Mortórios
ResponderEliminarMC : os anos que passaram não tiveram influência sobre a tua memória excepcional mas, há sempre algo de que no momento oportuno não nos recordamos.
A famosa Rua dos Mortórios, deve ser a rua que mais atletas deu ao futebol alcainense.
Além dos quatro grandes que nomeaste: José Côxo, Fifas, Plainas, e Pereira, também lá habitou o Zé Mochinho.
Este jovem da minha idade que hoje conta 64 anos, (desconheço o número da camisola que vestia) apesar de não ter grande estatura, também era muito habilidoso com a bola nos pés.
Como muitos alcainenses também o Zé emigrou para França e, durante a sua longa ausência, na época do campeonato todos os domingos telefonava para saber o resultado do Alcains
De regresso à nossa terra, na primeira ocasião que se apresentou, começou a dedicar o seu tempo livre ao CDA onde permaneceu até ao fim da época passada.
São estas formigas que muito trabalham e, muitas vezes desconhecidas do público, que fazem os grandes clubes.
Um outro alcainense que também deu muito do seu tempo ao CDA e passou despercebibo, foi o recém-falecido Joaquim Fortunato. No seu funeral alguém disse e com muita razão, que era uma vergonha para o CDA, nao ter ali uma bandeirinha para acompanhar o Joaquim à sua última morada.
Voltando ao Joãozinho(Plainas), que ele me desculpe por estar aqui a desvendar, talvez um dos segredos que ele utilizava para desmotivar os seus adversários durante os jogos.
Este atleta insultava e tratava os seus adversários de todos os nomes inimagináveis.
Acontecia que até lhes dissesse “mal da família”. Palavras que perturbavam a estabilidade de qualquer homem, e assim conseguia quase sempre a bola.
A catchopada aquando dos jogos procurava sempre o lado onde o Plainas estava a jogar, só para assistir ao teatro.
Teatro de vizinhança e não só, também se realizava com alguma frequência na Rua dos Mortórios, logo à entrada, em frente à casa do Sr. Luis Carrega(Presidente da Junta de Freguesia durante muitos anos) e nos quais a Maria Zé Côxa, ou Côxinha, iniciou a sua carreira teatral, juntamente com uma das irmãs do Zé Bicho(da qual não me recordo o nome), as irmãs do Américo do Passo, o Raul Pirilau e outros, aos quais assistia muita gente e, até se dizia que eram bons artistas.
Como há muitos anos que o MC não dá uma volta por ali, é natural que não conheça o local de residência do mestre Moisés. Hoje o mestre Moisés Rafael, habita na Rua de Timor que certamente ele não conhece, a uma dezena de metros da Rua dos Mortórios.
Ainda as imediações da Rua dos Mortórios…
ResponderEliminarAcredito que sim, aliás nem deveria ter dúvidas, pois em 81 ou 82, até encabecei a comissão de actualização dos nºs de polícia, que no âmbito da Assembleia de Freguesia e cujo dinamizador era o Sr. Oliveira Jorge, que nos CTT se via em palpos de aranha para fazer chegar o Correio aos seus destinatários, que a Rua do Ribeirinho derivava até aos limites da Rua dos Mortórios. Não tenho quaisquer dúvidas que terá sido a casa do Sr Luís Carrega, ou a uma a ela anexa, que o Mestre Moisés Rafael adquiriu, aquando da sua mudança da Rua da Liberdade, quase em frente da casa em que eu morava, e fui à sua nova casa encomendar a recuperação de um malote antigo, que ainda hoje, com a patine de mais trinta anos, tenho em minha casa.
Se depois foi morar para a Rua de Timor, que sinceramente não sei onde fica, desconhecia.
Aliás a alusão a este espaço do nome do Sr. Luís Carrega, presidente da Junta de Freguesia durante muitos anos, remete-me para outras memórias. Recorda-me das eleições para a Assembleia Nacional, hoje AR, que decorrentes naqueles tempos, se caracterizavam por valentes “chapeladas”!
É preciso uma boa percentagem para não ficarmos mal vistos pelo Governador Civil, era o lema.
E até os mortos votavam…
Nunca vi, mas creio que só depois das presidenciais de 58 com Humberto Delgado, mais ou menos discretamente, até 69, a Oposição começou a “observar” esses eventos!
José Lopes Sousa e Fernando Braz, terão sido os discretos observadores e as “chapeladas” começaram a ser mais difíceis de executar.
Em 69, já com o Elias também à espreita, mais difícil seria a manobra…
Hoje até parecem situações que nunca terão existido. Naqueles tempos porém, não eram ficção!
Teria em 58, pouco mais de 10 anos, mas retenho memórias do que então ouvi.
Em 69, já outro galo cantava e votei pela primeira vez, em Coimbra!...
Mesmo assim ainda testemunhei na Biblioteca da Casa do Povo em Alcains, uma quase surreal mini “sessão de esclarecimento”, em que um candidato à AN, anotava numa folha A4 as necessidades de Alcains que lhe eram relatadas, e em que um ex-governador civil de nome Carvalho, creio, não se coibiu, de aflorado o tema dos votos, dar um “descarado” encontrão já nem sei se ao Ti Zé Lopes “Cabrazana”, se Joaquim Teixeira, com um perceptível “Vocês já sabem como se faz”!
Depois disso, o 25/4 também já não demoraria e estes “eventos” passaram à história e as “chapeladas” estratégicas para não desgostar os Governadores Civis de então, hoje até acredito que viessem incomodar muito mais os Presidentes dos Municípios, pois um mau resultado é sinal de que o trabalho de casa não fora bem feito, e poderia dificultar a escalada na profissional, e apetitosa porque rendosa, carreira político-partidária.
Não seria expectável que a Rua dos Mortórios nos levasse para aqui.
Mas já que levou, é mais um testemunho para que os vindouros façam uma ideia de como era, e impeçam que algum dia volte a ser!
MC
Rua dos Mortórios e imediações…
ResponderEliminarRaul Caetano Félix, em bom alcainês, o filho mais velho do “Parilau”, e como tal “Parilau” também, confesso que nunca vi actuar em cima de um palco.
Mas o Elias, que com ele uma vez contracenou, dizia que ele tinha presença, pose, geito!
Não duvido! Basta recordar-me das pequenas troupes ambulantes, que por vezes passavam por Alcains e que com o rufar de tambor, e um funil a fazer de megafone, anunciavam os seus espectáculos para o Largo da Fonte ou da Praça, como se queira. Não havia bilhetes, nem lugares sentados e cada um dava o que queria e podia.
Chegava a parte do ilusionismo e se o artista pedia um voluntário, Raul “Parilau” não dava hipóteses a ninguém; era sempre ele a dar o passo em frente.
Tenho uma ideia de alguns truques mais frequentes, porém recordo-me que talvez o que mais impressionasse a miudagem, era o da nota de 20$, muito dinheiro em finais dos anos 50, que o ilusionista simulava, claro, queimar e saía dobradinha do rabo do Raul “Parilau”.
Para gáudio de quem via, também me recordo de ver sair do mesmo orifício,uma vela acesa!
Ali próximo, no Largo do Poço Novo, na esplanada do Café do Tonho Infante, o Chico Felício, exibia os filmes do Joselito, Marcelino Pão e Vinho, da Marisol e os dramalhões mexicanos, com a voz do Pedro Infante, um galã mexicano de bigode fininho e sem qualquer parentesco com o dono do café, claro.
Nesses tempos, aos domingos à noite, na pequena TV a preto e branco da esplanada, havia um programa que de repente nos começou a prender.
Chamar-se-ia “ à conversa com João Villaret,” talvez.
E até o Domingos “Bigorna” não despegava os olhos, até ele não chorar, dizia.
É certo porém, que muitos dos alcainenses da minha geração, aprenderam deste modo a gostar de Poesia!...
MC
Ainda a rua dos Mortórios.
ResponderEliminarNo sábado dia 11 de Dezembro quando na companhia da minha esposa dava um volta ao nosso mercado semanal, fiquei bastante surpeendido quando ao cruzar-me com um grupo de jovens, um deles tirou os auscultadores e disse. Senhor Geada, você esqueceu-se do ti António Davide, ele também morava na rua dos Mortórios. O rapaz voltou a por a música nas orelhas e continuou o seu caminho sem que eu tivesse tempo de o identificar.
Confesso que só reagi, quando a minha humorista esposa minhota disse, toma lá mais uma.
Como foi possível esquecer o António Davide? O “Tónhe Dnhêra”, um craque do futebol. Peço desculpa por tão grande lapso. Coisas que só acontecem a quem anda à chuva.
Bem-Hajas jovem desconhecido. O meu prazer foi enorme mas, teria sido ainda maior se tivesses utilizado o ratinho para fazeres um pequeno comentário.
É sempre tempo. O “terradoscaes também é teu.
MG