A água na boca punha aos saltos estômago maratonista, com as indicações do Treinador de Cheiros, Nariz de seu nome, e seu Adjunto de nome Vistas, com os dois Olhos humedecidos pelos vapores exalados pelas sopas da matação...

Em farto azeite de galegas azeitonas das margens da Ribeira do Tripeiro, meio tacho de finas rodelas de cebola, lume brando tangueou e salteou as rodelas, até ficarem como pérolas.
Água de feijão vermelho, cozido, bastantes ovos de pica no chão, batidos, sal e cominhos com as pérolas fundidos...
Sopa fina, pão doutro dia cortado com vagar de Tia, em camadas regadas, mais que humedecidas, bem molhadas, com parco feijão vermelho, salteadas.

Uma perdição estas Sopas da Matação...
INTERLÚDIO...
... ele tem má butcho, assim se dizia, pra quem tinha azia...
Este, suspenso, enforcado, depois de bem cozido, melhor escorrido, para ser comido, bem deglutido.

Finado bem acompanhado, pela prima, de pão fatia, pela tia, ácida rodela de laranja para ele e para ela, pela sogra, retalhada azeitona comida uma de cada vez, já sem acidez, pelo tio, vinho, que tirou sede a pai, irmão, genro e sobrinho...

Bronzeado, acastanhado assim ficou, e, sem lamento, marchou.
No Serrano bem temperado, deu fatia inteira, não se escangalhou, sobrou...
NO ENTRUDO PEGA TUDO
LABURDO
Afinar a faca, cortar o toucinho entremeado do seventre do marrantcho, e, com colher de pau, mexer, envolver e remexer em tacho de fundo coberto de azeite.
Nunca tapar para não amaciar... sempre de tacho aberto, ao ar, para entesar, fritar...

Afogar em vinho, muito mais que um copinho, tinto, particular, adegão, a caminhar para carrascão.
Com alguns cuidadinhos adicionar cominhos, provando, não salgando, antes temperando.
Fervura lenta em tachado tapado, para que o vapor do tinto não saia para outro lado.
Cubos ou paralelos de fígado juntar, em lume brando cozinhar para assim retesar.

Deixar repousar antes de empratar.

Agora no prato, com feijão vermelho e colorau a gosto, graffitado, e, para desenjoar e desengordurar, laranja, que cai em estômago como canja.

Agora repousar, apreciar, conversar, sobre a textura e tempero falar, criticar, repetir, agora só fígado, com ou sem sopa no fundo do prato, como se fosse sempre o primeiro acto... no prato.
O treinador de cheiros e o adjunto, vistas, ainda não sairam da pista...
Insistem com o maratonista, é a última volta, que resita não desista, que dê às patas, e que corte a meta nem que seja de gatas.

Papas, com nome de Tomás, rapaz capaz, neto que não prova, come, e só então dorme...

Para compor, aconchegar, fermentar, graínhas de abebra parda, envoltas em “black and white chocolaite”, medronho Celestial rodopiado em balão de cristal, prévio ataque a Cutty Sark.
Porque vem aí a quaresma, café, para gente com fé.
Manuel Peralta
Em farto azeite de galegas azeitonas das margens da Ribeira do Tripeiro, meio tacho de finas rodelas de cebola, lume brando tangueou e salteou as rodelas, até ficarem como pérolas.
Água de feijão vermelho, cozido, bastantes ovos de pica no chão, batidos, sal e cominhos com as pérolas fundidos...
Sopa fina, pão doutro dia cortado com vagar de Tia, em camadas regadas, mais que humedecidas, bem molhadas, com parco feijão vermelho, salteadas.
Uma perdição estas Sopas da Matação...
INTERLÚDIO...
... ele tem má butcho, assim se dizia, pra quem tinha azia...
Este, suspenso, enforcado, depois de bem cozido, melhor escorrido, para ser comido, bem deglutido.
Finado bem acompanhado, pela prima, de pão fatia, pela tia, ácida rodela de laranja para ele e para ela, pela sogra, retalhada azeitona comida uma de cada vez, já sem acidez, pelo tio, vinho, que tirou sede a pai, irmão, genro e sobrinho...
Bronzeado, acastanhado assim ficou, e, sem lamento, marchou.
No Serrano bem temperado, deu fatia inteira, não se escangalhou, sobrou...
NO ENTRUDO PEGA TUDO
LABURDO
Afinar a faca, cortar o toucinho entremeado do seventre do marrantcho, e, com colher de pau, mexer, envolver e remexer em tacho de fundo coberto de azeite.
Nunca tapar para não amaciar... sempre de tacho aberto, ao ar, para entesar, fritar...
Afogar em vinho, muito mais que um copinho, tinto, particular, adegão, a caminhar para carrascão.
Com alguns cuidadinhos adicionar cominhos, provando, não salgando, antes temperando.
Fervura lenta em tachado tapado, para que o vapor do tinto não saia para outro lado.
Cubos ou paralelos de fígado juntar, em lume brando cozinhar para assim retesar.
Deixar repousar antes de empratar.
Agora no prato, com feijão vermelho e colorau a gosto, graffitado, e, para desenjoar e desengordurar, laranja, que cai em estômago como canja.
Agora repousar, apreciar, conversar, sobre a textura e tempero falar, criticar, repetir, agora só fígado, com ou sem sopa no fundo do prato, como se fosse sempre o primeiro acto... no prato.
O treinador de cheiros e o adjunto, vistas, ainda não sairam da pista...
Insistem com o maratonista, é a última volta, que resita não desista, que dê às patas, e que corte a meta nem que seja de gatas.
Papas, com nome de Tomás, rapaz capaz, neto que não prova, come, e só então dorme...
Para compor, aconchegar, fermentar, graínhas de abebra parda, envoltas em “black and white chocolaite”, medronho Celestial rodopiado em balão de cristal, prévio ataque a Cutty Sark.
Porque vem aí a quaresma, café, para gente com fé.
Manuel Peralta