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sábado, 1 de maio de 2010

...dos que lá "passeem"... comentário ao Serafim.

Meu caro Serafim

Não tenho o prazer de o conhecer, mas o seu primo de altar, Querubim de nome, avivou-me a memória sobre a estação da CP de Alcains e o episódio que deu origem ao varrimento facial dos passageiros da CP, com vassoura embebida em perfume Dior de retrete, na terra "dos que lá passeem..."
Então aí vai.
1 - Conheci muito bem o Ti Camilo (já falecido e sepultado em Chambéry - França), foi meu vizinho muitos anos na rua do Degrêdo e a esposa dele, Maria da Conceição Ambrósio que eu trato por Mana, reside em Chambéry com os filhos, Alcina e Tó Manel.
2 - Foi o Ti Camilo que após ter emigrado para França, remeteu ao meu pai uma carta de chamada e assim o meu pai emigrou com contrato de trabalho legal, acto que ao Ti Manuel Camilo devemos.
A foto seguinte data de 1970 e é por si só demonstrativa do que acabo de dizer.

Manuel Camilo - Maria do Céu Rafael Pereira - Maria da Conceição Ambrósio - Manuel da Paixão Riscado Peralta -Alcina e Tó Manel

3 - Na estação da CP de Alcains chegaram a existir quatro tabernas de outras tantas famílias, e todas se governavam... os ferroviários tinham de andar bem oleados pois só assim se evitava que o combóio "tchiásse..." o Ti Camilo era uma excelente pessoa, um burrena como se dizia no Degrêdo, mas com vinho a mais, era difícil de conter...
4 - Na rua do Reduto, transversal à Travessa do Degrêdo, pegada à casa da Ti Marzé Pláda no nº 15 em casa então apenas de rés do chão e hoje com mais um andar em cima, morava o maior de todos os ferroviários, o Ti Parra, que tinha voz de trovão e corpo de vagão, e a cena de perfumar a vassoura na retrete e com ela esfregar a cara dos viajantes sempre me foi contada como sendo o Ti Parra o autor da façanha.
5 - Os meus pais ainda vivos, com 86 anos, e convivendo muito com o Ti Camilo e esposa, a minha mãe é madrinha da Conceição, conheciam a história sempre com o Ti Parra como herói...
6 - Mas o seu pai que eu julgo conhecer ou ter conhecido, tinha uma bicicleta preta com farol avançado, andava de boné ligeiramente descentrado na cabeça e salvo erro os dentes de cima e na frente eram pouco direitos, confirma?... que estava lá e eventualmente presenciou o acto, é uma fonte histórica muito mais fidedigna que a minha que é apenas ESO, isto é de Espírito Santo de Orelha.
Obrigado por ter feito mais luz sobre um facto que passou de geração em geração.
Já agora porque não conta mais histórias da estação em blog seu ou no Da Terra Deles... DosCães... que é a nossa?
Vá lá, tchegue-lhes roupa como dizia o pai do Geada!!!

Manuel Peralta

Nota: Para perceber a razão deste comentário, tem de ir a 'Benvindos' à terra deles... que é nossa, estatuto editorial, e lêr o 4º comentário aí inserido de autoria de João Serafim.

2 comentários:

  1. Ainda o Ti Parra.
    Lembram-se que ele tinha uma burra ? A “Neca” : que sugundo ele era muito inteligente.
    Enquanto catchopinho, tive a ocasião de me aperceber que de facto “a burra era esperta” e bem domesticada, quando ele lhe sussurrava à orelha ela batia com a pata no chão. E mais : ele tinha por hábito amarrar a Neca em frente ao Clube Recreativo, enquanto ia até ao Ti Domingos beber uns copos e, ao sair da taberna já quentinho quando chamava pela Neca, a malta ficava toda espantada, porque o raio da burra na sua linguagem respondia ao apelo do dono e, se corda fosse fraca, à certeza qua a rebentava para vir ao encontro dele.
    A famosa burrinha mais tarde foi propriedade do Ti Álvaro Dias(Ti Álvaro Cego) e, mais uma vez tive a ocasião de ouvir gabar a burra pelo seu novo dono, na taberna do Ti Valente. O Ti Álvaro apostou 20 paus com o Ti Pirilau(outra figura típica da terra deles)que a Neca fazia o caminho Terra Deles-Castelo Branco numa hora e meia. Entre outros também estava presente o Sr. António Dias(trabalhava no escritório da Lusitana) que aconselhou o Ti Álvaro a por um arame no cabresto com uma cenoura de forma que ela ficasse perto no nariz para que a Neca a pudesse cheirar, mas que não lhe chegasse com os dentes, para obrigar a burrinha ir sempre a correr para agarrar a cenoura. E assim o Ti Pirilau perdeu 20 paus (salário de um trabalhador naquela época).

    Manuel Geada

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  2. Caros: falar ou recordar o "Ti Parra" é falar do homem, que sempre ouvi dizer ser o protagonista da célebre cena do vassouro, com
    que foram passadas a eito as caras, dos provocadores, que abriam as janelas ao passar na Estação de Alcains e desatavam a ladrar, em
    alto e bom som!
    Porém a sua doença crónica de benfiquista militante, era assolapada.Domingo em que o Benfica perdesse, ao jantar, em casa do "Ti Parra" havia arraial,louça partida, sopa pelo
    ar, etc...
    Porém creio que ele também protagonizou uma cena, que terá ficado no imaginário dos benfiquistas de Alcains e que se conta em meia
    dúzia de linhas:o Benfica tropeçara na Covilhã,
    o que acontecia na altura com alguma frequência,e o "Ti Parra" testemunhara ao vivo
    essa catástrofe!Conhecedores do horário do comboio que traria o "Ti Parra" de volta à Estação, um grupo chefiado creio que pelo filho
    de um responsável pela Estação, pegou numa vela e de pavio aceso, aí vão de carruagem em carruagem, com um sonoro: viram por aí o Benfica! Claro que o gozo era dirigido ao "Ti Parra", que não esteve pelos ajustes e armou uma sarrafusca das antigas! Aquele homenzarrão
    tinha na verdade um "calcanhar de Aquiles" que
    era a sua "doença" pelo Benfica. Haverá com certeza mais histórias do imaginário do "Ti Parra" mas que hoje não me ocorrem.Fico por aqui.

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