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quarta-feira, 8 de maio de 2024

FAVAS ME APERTA, NÃO COMERAS TANTAS...

Passeando pelas favas.

Sempre que se comem favas, é muito raro, não se ouvir a expressão, que titula este texto.

Agora que,  “Rurais e Lentos” vieram ao de cima com o “incontinente verbal”, Marcelo Rebelo de Sousa, já em pequeno, sempre ouvi quer minha Mãe, quer meu Pai, utilizarem a expressão, “ favas me apertam”, declamava a minha Mãe, a que respondia o meu Pai, “ não comeras tantas “, quando em nossa casa, na mais que rural e sem saída, rua do Degredo, se comiam favas.

Quer de esparregado, quer de grão, a quem já ouvi falar de “aporcalhadas”, e sopa, (creme) de favas.

Rescendia nesses tempos, por toda a casa de paredes de taipa, sobrado mensalmente esfregado, cozinha de “telha vã”, onde um fumeiro de  “marrantcho” de 10 a 12 arrobas baloiçava entre fumo de lenha de “aclipo”, sob lar de pedra com pilheira e palameira.

Um agridoce cheiro das ditas, inebriava a nossa casa.

A morcela moura que ainda hoje as aporcalha, vem daí…

Muitas, na nossa horta, era, sempre, uma grande leira delas.

Maio as dá, Maio as leva, era a expressão que ainda hoje perdura, entre rurais que cavam, estrumam, leiram, semeiam, mondam, regam e, por fim, colhem. E comem!!!

Que caras estão as hortaliças?

Oiço dizer a quem faz compras … mas, só quem trata, planta, semeia e colhe, sabe quão ingrata e sem dar ais, é a vida dos rurais…

Hoje, em conversa telefónica da Céu com uma amiga, em que as ouvia falar de favas, lá aparecia  a expressão, favas me apertam…


E de onde vem esta  expressão?

Em piada atribuída a BOCAGE, consta que, “quando um pai alertado pela filha de que um finório, de nome Favas, pagando em “latinhas”, se aproveitava em lúbricos avanças sobre a sua filha, donzela, esta gritava aflita: - “Pai, Favas me aperta” – Ao que o Pai , sem se aperceber do pagamento em latinhas efetuado, tranquilo, respondia: - “Não comeras tantas”.


Manuel Peralta


Nota. Pagar em latinhas.

Cara de lata, sem vergonha, descaramento, atrevimento, ousadia… é preciso ter muita lata!!!


A anedota foi contada pelo Engº. José Minhós Castilho.

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