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domingo, 18 de outubro de 2015

A Centroliva, o Figo da Índia e o Dr. Luis Correia

Em Vila Velha de Ródão, uma dupla de peso, denominada Celulose e Centroliva, empresas catedráticas em poluição, vêm martirizando ambientalmente os “vilavelhorodenses” com os seus inebriantes perfumes que, por vezes, até passam por Castelo Branco e chegam a Alcains.
Denunciando de forma macia, amigável e tolerante esta intolerável situação, outros o terão feito, presumo, na mártir Vila Velha, mas só agora, o atual Presidente de Câmara, com a voz grossa de quem tem razão, publicamente disse isto.


“O desenvolvimento tem de ser feito com empresas mas, não pode hipotecar a qualidade de vida dos cidadãos”, mais, “É bom que a empresa Centroliva perceba que este foi o dia D nas questões relacionadas com as suas práticas ambientais e que, nenhuma das entidades está disponível para continuar a pactuar com incumprimentos”.
Melhor eu não diria, e, em Alcains, na terra deles, diz-se, quem fala assim não é gago...
Em resultado de uma visita de várias entidades à Centroliva, este falido país está repleto de entidades, entre as quais a CCDRC e a APA, Autoridades designadas por Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e Agência Portuguesa do Ambiente, visitaram a máquina de poluir e agora elaborarão relatório do qual nada que interesse aos vilavelhorodenses, será público.
Vai ser como até aqui, a máquina de poluir assume o pecado, promete perante as entidades que não vai voltar a pecar, ser-lhe-à aplicada ligeira penitência, mas, afirmo, vai continuar a poluir, digo, pecar, não por pensamentos, mas sim por palavras, actos e omissões. 
Reafirmo.


Isto porque na sua génese, existe o pecado original, isto é, em nenhum lugar do mundo, Alcains e arredores com Caféde incluído, onde estas máquinas de destruição ambiental foram autorizadas a laborar pelas ditas Entidades, refiro, Ferreira do Alentejo, Condeixa a Nova, Luso, Cachão entre outras, cheira mal por todo o lado, e isto de maus cheiros, ainda que por vezes se encolham com filtros cada vez mais finos, é escusado, é impossível no nariz eliminar um mau cheiro, mais digo ainda, quanto mais se apertam mais refinados ficam os cheiros, mais perturbam as nossa fossas nasais. 
Entretanto as mesmas Entidades que agora vieram fiscalizar a Centroliva são as mesmas que autorizaram recentemente a instalação em Alcains onde não há um único lagar, de nova máquina de poluir denominada Valamb Lda. com aval do Dr. Luis Correia.
Este processo metido nos carris no tempo do Comendador Morão, cerca de 200 mil dos nossos euros por terreno “oferecido” à Valamb, houve uma primeira tentativa de destruir o ambiente em Alcains que não se consumou porque, por um lado, cerca de 900 Alcainenses livres assinaram ser contra esta tentativa, por outro, o esclarecimento e a ação da Triplo A, Associação Ambiental de Alcains, conjugado com a nega do INIR, Instituto Nacional das Infraestruturas Rodoviárias, não permitiram que este crime ambiental se consumasse.
Triplo A, 1, Dr.Luis Correia, então, já, zero.


A Valamb Lda. tem sede no Fundão e porque razão vem poluir Alcains e o concelho? Será o Presidente da Câmara do Fundão tonto? Será que não quer aproveitar os benefícios desta atividade? Será por a Câmara ser de cor diferente da de Castelo Branco? Quem são os sócios da Valamb? Se conseguirem resposta a estas questões talvez percebam o que é um “enrolamento imbricado”.
Desagradado com a derrota, o Dr. Luis Correia promove nos mesmos carris, desta vez com 65 mil dos nossos euros “oferecidos” à Valamb, arrancando no maior pulmão concelhio, 6,5 hectares de frondosos pinhos mansos, destruindo os pastos do maior produtor de queijo dito de Castelo Branco, ali, onde o ambiente tropeça e o cabeço do carvão começa.
Igualmente grave, a mesma dita Entidade, Comissão de Coordenação do dito “Desenvolvimento Regional” do Centro, que fiscaliza um poluidor em Vila Velha é a mesma Entidade que recentemente autorizou a Valamb a poluir em Alcains.
E é com esta ligeireza que as entidades por nós pagas, aprovam, e por aí pululam, em alegre constância na dita dança da alternância.
De rir até às lágrimas, é o investimento de 4 milhões de euros da Valamb que o Dr. Luis Correia não anuncia, em parangona de jornal com foto não acidental, prefere mais o “Figo da Índia” esse filho de cato disléxico que ombreia no deserto do México.


Consta até que, no centro de inovação, afincadamente se estuda a possibilidade de, a partir da méla da esteva, e em lata, se venha a produzir laca.
Expectante me interrogo com a situação em que,  caso não haja capitais próprios por parte dos sócios da Valamb, será que haverá instituição bancária que financie com garantias prudentes, uma atividade fortemente contestada por todo o lado, de sazonalidade que torna a laboração inviável, e que a obriga a elevados investimentos que ajudam temporalmente a falir?
Que a banca financie nova instalação, aumentando uma capacidade já instalada em Vila Velha, não completamente utilizada, e que tem os problemas que a comunicação social atenta nos vai dando a conhecer?
Ou irá continuar o “ amigalhanço “ do costume que todos pagamos para safar uns poucos?


O senhor Júlio Carda, habitante de Vila Velha, sabe do que falo, a ele que a Centroliva transformou a ribeira do Açafal num autêntico pêgo negro e onde nunca mais teve o regalo de pescar um bordalo, ribeira esta que corria limpa, clara, como as palavras do atual Presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão.
Será que o Dr. Luis Correia quer fazer o mesmo à ribeira da Líria?
Quem me segue no meu blogue terra dos cães, sabe que para memória futura, ali se desenvolve uma luta, que a ser vencida tornará Alcains, e o concelho de Castelo Branco ainda menos atrativo.
Quando num dos locais mais aprazíveis de Castelo Branco, a Quinta da Dança, o seu espaço e ambiente geral for invadido pelos cheiros desta atividade, que os ventos dominantes para ali soprarão, nada mais será como hoje é. Fico-me por aqui.


Sei que é necessário muita força, conjugada com muita humildade para sair dos carris onde está metido.
O Senhor Presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, que não conheço, deu de forma clara o seu grito de Ipiranga, e com isto libertou-se e pode ser tratado por Presidente de Câmara.
Pode ser que, com a sua lucidez faça a agulha nos carris em Vila Velha, e consiga descarrilhar a locomotiva da destruição ambiental que em Castelo Branco se aprovou.


Esperançoso olho para o seu ambiente e aguardo que a sua luta em Vila Velha, eivada do bom ar que a sua atitude saudavelmente respira, chegue a Alcains, mas que interpele os adormecidos albicastrenses, pensando que isto é um problema ambiental que afeta apenas Alcains.
Espero que eu não chegue a ter razão, pois seria um sinal de que, como em tempos disse à comunicação social o Dr. Luis Correia, “há gente que gosta de meter medo às pessoas”...
No entanto, caso o projeto que autorizou à Valamb, autorizou, no sentido de política municipal de ambiente, chegar a ver a luz do dia, quero ver quem vai aturar os martirizados cidadãos, as donas de casa que não conseguirão secar a roupa ao ar livre, os promotores do turismo, o ramo imobiliário enfim toda a vida de um concelho a quem destruiu o melhor ativo de desenvolvimento, o ambiente.
Voltarei.

Manuel Peralta

Nota: Remeti este texto para publicação para os jornais, Reconquista, Gazeta do Interior, Povo da Beira e Jornal do Fundão. Dei igualmente conhecimento às câmaras de VVRódão e Fundão, bem como à CCDRCentro e à APA, Agência Portuguesa do Ambiente.

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