Recentemente, o Reconquista, na sua página 3, trazia uma prenda para os Alcainenses.
Uma empresa do Fundão, denominada VALAMB, valorização ambiental, a troco de 30 postos de trabalho, pretendia ou pretende instalar em Alcains, ao que parece com a conivência camaleonesca da Câmara da cidade de Castelo Branco, uma empresa de tratamento de resíduos dos lagares, isto é, bagaço e caroços de azeitona.
Li e não acreditei.
Decidi aclarar um pouco a calamidade ambiental que empresa e câmara pretendem instalar em Alcains, alertando todos em geral mas principalmente a comunidade alcainense para a poluição que este tipo de empresas gera onde se instala, e, em 13 de abril, remeti ao Dr. Júlio Cruz, diretor do Reconquista, o texto que abaixo dou a conhecer a quem segue o Terra dos Cães.
Esperei 15 dias pela publicação do texto acima referido e até hoje, nada.
Será, a primeira vez que tal me acontece.
Prometo literariamente apurar ainda mais futuros escritos, mas, como em quase tudo na vida, há sempre uma primeira vez...
Manuel Peralta
Alcains
“Vá lamb...“
“Luis Correia reconhece a importância e sensibilidade desta questão”, assim o refere Lídia Barata, jornalista do Reconquista, relativamente a uma empresa que pretende instalar-se em Alcains, para trabalhar “caroços de azeitona”, oferecendo a esta rainha da poluição concelhia, a vila de Alcains, trinta postos de trabalho. É claro que poderiam ser 23 ou 32, mas números redondos, digo eu,” vá lamb”, em vez de vá lá, os trinta certinhos.
No município do Fundão, o emprego é total, na cidade de Castelo Branco então nem se fala, nos municípios vizinhos a situação é igualmente objeto de estudo Europeu, pela capacidade demonstrada pelos poderes vigentes em resolver o magno problema do desemprego, pelo que, após aturados estudos, apenas na vila de Alcains se considerou oportuno instalar mais uma unidade de nome “ vá lamb”...
Com a Zona Industrial de Castelo Branco já esgotada na sua capacidade de instalar mais empresas, com zona idêntica no Fundão a rebentar pelas costuras, os autarcas que fizeram as zonas industriais não as dimensionaram o suficiente, incapazes de prever o desenvolvimento industrial que se pressentia, claro que, sobra para Alcains este prémio de bom e silencioso comportamento, pois a zona, dita industrial continua com mato sem qualquer trato.
Mas a “vá lamb”, ao que li, também não vai para a zona dita industrial de Alcains, vai ficar ali vizinha da salsicharia do Serrano, do entreposto da Sagres, da tapada do Ti João Miguel, quase de frente com a residência de um soldado da GNR do ambiente, e a poente da quinta do Engº Rogério, entre outros.
Ora Alcains em atividades poluidoras já tem que chegue , pois os persistentes maus cheiros da estação elevatória de esgotos domésticos da responsabilidade das Águas de Portugal/Águas do Centro, que prometeram instalar uns filtros de carvão e até hoje, puseram-nos cuspinho na orelha e disseram “ óquizéssimos”, passando pelas cíclicas fugas dos esgotos domésticos, da responsabilidade do Serviços Municipalizados da cidade de Castelo Branco, que fazem da ribeira da Líria um canal de esgoto, ainda assim, não conseguindo ombrear com a poluidora mór do reino, a ex Consal, matadouro industrial, hoje Oviger, que mistura na dita zona de prazer, digo lazer, de Alcains, efluentes industriais que tornam aquela zona diga, também, de uma medalha de ouro bordada a diamantes...fico-me por aqui.
Entretanto a Câmara da cidade de Castelo Branco, gastou recentemente 3 milhões de euros, para afastar a estação de tratamento da cidade para local mais afastado.
E, em Alcains, claro, vá, lamb...
Ora as indústrias do tipo vá lamb... são conhecidas pela sua forte atividade poluidora, são autênticos casos de saúde pública, pelos intensos cheiros a azeite, nauseabundos, que provocam, náuseas, ardores nos olhos e graves problemas respiratórios.
Diz-me amigo, engenheiro químico de profissão, que as vá lamb... embora não provocando artroses, são piores poluidoras que as celuloses, e por vezes Vila Velha de Ródão chega aqui.
A nuvem poluidora observa-se a quilómetros de distância, chegando no caso da fábrica do Alvito, a afetar todo o distrito de Beja a cerca de 50 quilómetros de distância.
Bem se queixam os autarcas e as populações à Comissão de Coordenação do Alentejo, ao ministério do ambiente, à entidade reguladora dos resíduos, ersar, mas quem se lixou foram os cidadãos, a quem as várias entidades dizem.
Agora, e desta vez em Alcains, vá, lamb!
Se em Alcains não há um único lagar, e, havendo tantos por aí, porquê uma vá lamb aqui?
Pergunta de pobre manel, a que querem dar torrada com mel!!!
Fica a questão, que já coloquei ao Fernado Cá, que me disse ir falar com a madre Teresa de Mampatá...
Claro que este alerta apenas me responsabiliza, sei os riscos que se correm quando se luta contra os interesses instalados, ciente de que não é pelo facto de haver democracia que as pessoas são mais livres.
Hoje, e apesar do glorioso 25 deste mês, as opressões são de outro tipo, mas não deixarei de alertar todas as entidades com responsabilidade nestes processos de licenciamento para o eventual crime que se poderá perpetrar.
É o que farei digitalizando a página 3 do último Reconquista, e que remeterei a todas as entidades como medida cautelar.
Aguardo que o homem que reconhece a sensibilidade e a importância desta questão, juntamente com o coletivo municipal, exerçam efetivamente os seus poderes em nome de um ambiente e de uma qualidade de vida que Alcains merece.
Se não, vamos ter uma vá lamb... aqui, em Alcains.
Voltarei.
Manuel Peralta