Páginas

sexta-feira, 21 de março de 2025

A BIBLIOTECA ACAINENSE

O grande amigo de Alcains, escritor, José Sanches Roque, adquiriu em tempos, década de 60, uma propriedade na zona denominada, Estalagem, na estrada nacional 18, do lado esquerdo  a caminho da Lardosa. Viveu em Alcains nesses tempos e, como homem de cultura que foi, sempre com a Cultura, em Alcains, se preocupou.

Deve-se a ele e ao José Manuel Sanches Belo, em conjunto com outros então estudantes, a criação da BIBLIOTECA ALCAINENSE.

O José Manuel Belo era um tipo porreiro, natural do Palvarinho mas que desde muito cedo, com os seus pais, habitou em Alcains. Por ser amigo de ambos, também com eles colaborei, apesar de estudar em Coimbra, para que Biblioteca de Alcains, fosse uma realidade.

E, foi.

A foto supra, recente, na entrada da rua das Casas Novas, mostra onde funcionou durante muitos anos a Biblioteca, em casa cedida gratuitamente, pelo Sr. Nicolau e sua esposa a Ti Céu Paralta, que tinham então uma loja frente à casa do Senhor Raul, ali pelo adro da igreja matriz.

Os livros em Alcains estavam dispersos por várias coletividades, Junta da Freguesia, Liga dos Amigos de Alcains, casa do Povo, Clube Recreativo, JOC, sede dos Escuteiros, entre outras coletividades, isto na década de 1960.

A Biblioteca tinha os seus sócios e, toda a vida administrativa da dita,  estava então a cargo do José Manuel Belo. Classificação dos livros por temas, elaboração da lista dos sócios, controlo das saídas e entregas delivros para ler em casa, isto todas as terças e quinta feiras de tarde, em que o Belo estava presente.

Por me parecer cartão único que ao longo do tempo guardei, dou a conhecer o cartão de sócio da Biblioteca Alcainense.

E, claro lá está, tudo feito pelo Belo, desde o preenchimento do cartão até à sua assinatura como Presidente. Eventualmente será talvez o testemunho único existente da sua firma de letra, assinada com tinta "KINK", tinta para caneta de tinta permanente.

E, assim, com o Belo à frente da Direção da Biblioteca os Alcainenses tiveram à sua disposição uma fonte de cultura, uma vez que a carrinha da Gulbenkian deixou de prestar esse excelente serviço, de cultura, em todo o país.

Entretanto passaram vários anos e, em 1979 com as primeiras eleições em democracia para as Câmaras e Juntas das Freguesias, acabo por ser eleito para a Freguesia de Alcains.

Os proprietários da casa da Biblioteca foram ter comigo à Junta, moravam perto, para que os livros dali fossem retirados, de modo a ficarem com a casa livre e, a necessitar de obras.

Ainda tiveram de suportar mais uns meses a situação até que a Junta teve de encontrar uma solução.

Disso deu nota Sanches Roque no Jornal do Fundão, nota que convido a ler.

Numa carpintaria de Alcains foram construídos cinco armários com estantes internas, portas de vidro e colocados no primeiro andar da sede da Junta e, para ali foram recolhidos e emprateleirados todos os livros que andavam dispersos pelas várias coletividade da nossa terra.

Ali estiveram vários anos e presumo que estarão agora no edifício da sede da antiga Associação dos Canteiros de Alcains, fechados e, sem qualquer utilidade...

Voltando a José Manuel da Silva Belo.

Como referi, fez parte de um enorme grupo de amigos, estudantes, escuteiros, ele que fez o Curso Comercial de então. Trabalhou como contabilista e, no nosso grupo de estudantes que representaram na Casa do Povo, várias peças de teatro, o Belo fazia sempre de "ponto", pois era ele que debaixo do palco nos ajudava sempre que nos esquecíamos do texto a representar.

Nos prospetos de publicidade às peças, vinha sempre, Drama, Ponto, Belo da silva... Comédia, Ponto, da Silva Belo.

Na sua casa pelas madrugadas das férias, com o Zé Caldeira, o Luis Lopes entre outros, a comer pão quente e umas toras de presunto ou chouriço, foram tempos de amizades irrepetíveis.

O Belo mais um outro grande amigo o Sebastião Barata, ex gestor da CGD, este com sete anos de seminário, e um excelente ouvido musical, concorreram uma vez ao festival da canção. O Sebastião fez a música e o Belo o poema que, de memória cito uma quadra que não mais esqueci.


As estrelas que do céu

Me estão sempre a fitar

São tão tristes como eu

Quando estou a meditar.


Foi uma pena, este amigo Belo, não apenas de nome, ter partido tão cedo. Da sua amizade fica, para a posteridade, este meu breve apontamento.

Manuel Peralta

quarta-feira, 19 de março de 2025

LÍRIA, DIA 14 DE ABRIL/2025, DIA DA DESPOLUIÇÃO?

Hoje, e a tempo, 19 de março de 2025, voltei a relembrar às seguintes entidades, algo de que me não esqueço.

A PROMETIDA LIGAÇÃO DOS EFLUENTES DO MATADOURO DA OVIGER À ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DOS EFLUENTES DOMÉSTICOS DE ALCAINS

Para, Susana. Fernandes@apambiente. arht.geral. cm-castelobranco.sm-castelobranco. freguesiaalcains. oviger. advt@adp, foi enviado o email que dou a conhecer.

Bom dia.

1. Corre limpa a água no percurso antes do coletor da Oviger, que nela desagua.

2. Nos taludes da ribeira, são já visíveis os rebentos das canas das tabuas, que para ali foram descarregadas quando da "limpeza" da ribeira, no fim do passado verão.

3. Portanto, se antes da "limpeza", as tabuas assoreavam apenas o leito da ribeira, agora, o assoreamento está também nos taludes o que diminui consideravelmente o escoamento das águas e, a respetiva seção de vazão.

4. Quanto à prometida ligação dos efluentes da Oviger, à EEAR de Alcains, propriedade das ALVTejo, aguardo pelo dia 14 de abril.

Darei notícia do que ocorrer.

Cumprimentos

Manuel Peralta

segunda-feira, 17 de março de 2025

A BUROCRACIA E AS DUAS SOBREIRAS, EM 1980

No cruzamento de São Domingos, na data, 1980, ainda não havia rotundas, o cruzamento das estradas nacional 18 e 352, era perpendicular, com prioridade para a estrada nacional 18.

Vários acidentes ali ocorreram e, uma vez, tendo eu cerca de 15 anos de idade, e, estando na nossa horta com o meu Pai, horta esta perto do cruzamento, fomos surpreendidos com um enorme barulho de derrapagem de viaturas.

Acidente.

Acorremos. Contra o muro ainda existente que circunda o laboratório de experiências do queijo, uma viatura com o condutor morto e, a família ferida. Os cintos de segurança eram ainda quase inexistentes.

Não mais me esqueci.

Entretanto eleito para a Junta esta situação persistia. Dela dava nota David Infante no Reconquista, ver, ler recorte a seguir.

A Junta da Freguesia, CONSEGUIU, assim titulava o início da notícia.

Conseguiu, é na verdade a palavra correta, já que para se arrancar não uma, mas duas sobreiras, naquele local, havia que por de acordo quer a JAE, Junta Autónoma de Estradas, quer o Ministério da Agricultura.

Se da parte da JAE o apoio foi breve, uma vez que o diretor da JAE do distrito de Castelo Branco, era o Engº. Santos Marques, pessoa que eu conhecia e, posto perante os factos anuiu e, pela JAE a autorização rápido aconteceu.


Quanto ao Ministério da Agricultura, sedeado em Lisboa, a autorização foi mesmo muito difícil.

Tal como hoje, as sobreiras têm um regime especial de proteção, uma vez que, para se arrancar uma sobreira, espécie protegida, necessita-se de analisar a situação caso a caso, isto é, sobreira a sobreira.

Ofícios vários, muitos, recortes de jornal dando nota de acidentes, por as sobreiras taparem quase na totalidade a visibilidade a quem nas estradas circulava, até que um dia, se deslocou al local um Engº. Silvicultor do ministério, para "in loco", analisar a situação.

As sobreiras estavam muito inclinadas para a estrada e, como não eram podadas, de folha persistente, obstruíam mesmo a visibilidade aos automobilistas.

Perante a realidade observada, foi autorizado o corte da primeira sobreia, a que ficava antes do cruzamento e na estrada nacional 352. Ainda no mandato e cerca de meio ano depois, foi cortada a segunda sobreira, esta já no início da curva da estrada nacional 18.


Espécie protegida?

Hoje, arrancam-se aos milhares para se instalarem parques de energia solar.

Outros tempos, outras virtudes...

As fotos supra mostram a atual rotunda de São Domingos, hoje graças às excelente e lindas instalações do LIDL, a visibilidade é total.

Manuel Peralta

sexta-feira, 14 de março de 2025

NO BAIRRO DAS FLORES...

Ligeiramente para cima da placa da rua da Feiteira, uma excelente placa com o nome da rua talhada em granito, em baixo relevo, na quele tempo, 1980, na rua era o pavimento era de terra batida, isto é, não tinha calçada.

A rua era praticamente um cabeço que havia sido decapitado apenas de algumas pedras, anormalmente irregular no pavimento, com poças de água nos invernos, invernosos, de então.

Por outro lado os alinhamentos de quintais e casas completamente desordenados, tornavam aquela elevada zona de Alcains, para os seus habitantes, filhos de um Deus menor...

Naquela data, mesmo no cimo da rua, morava o Ti João Visga, calceteiro e, membro da Assembleia da Freguesia eleito pela CDU, Coligação Democrática Unitária.

A escola da Feiteira estava há mitos anos, por deixar de ter alunos, em ruina.

Que fazer?

Como o recorte do Reconquista de então deu nota, que abaixo podem ler, foram encetadas por parte da Junta da Freguesia, as seguintes ações.

Com os moradores cujos quintais conflituavam com o alinhamento, foram efetuadas reuniões no sentido de, gratuitamente, cederem os terrenos dos quintais para se ordenar a rua.

A Junta prometeu que calcetaria toda a rua, faria ramais de água e esgotos para cada quintal e, o mais difícil, para regularizar o cabeço, teria de recorrer a dinamite para endireitar o pavimento, rebaixar soleiras para que os moradores se sentissem que a Junta faria algo por eles.

E, assim foi, hoje, e desde aquelas obras, a rua da Feiteira está completamente transitável.

Com a direção escolar de Castelo Branco, na pessoa do professor Caramelo, a junta encetou diligências com vista a que, a escola da Feiteira, então em ruina, passasse para propriedade da autarquia.

De memória, 75 anos, e, sem mágoa de poder vir a ser corrigido,  cito o seguinte.

"Vindo do governo de antes de 25 de abril, devido á falta de dinheiro ou vontade de alfabetizar a população, havia uma enorme carência de edifícios para prestar o ensino primário e, quanto ao hoje secundário, apenas nas capitais de distrito ou grandes cidades, este ensino existia. Alcains teve Telescola, de ciclo preparatório nessa data e secundário apenas em 1980.

Soube na altura, enquanto tratava deste assunto,  que quem tivesse filho ou filha professor(a), caso quisesse que dessem aulas na sua terra, desde que tivessem ou construíssem edifício capaz, teriam esse direito. Sempre de memória, constava que a escola da Feiteira teria sido construída por pai de professor(a) de Alcains".

Esta situação em nada afetou as conversações com a Direção Escolar, pois o professor Caramelo sempre disse que a escola era propriedade do Ministério da Educação.

Com a Câmara, Direção Escolar e Junta, acordou-se a transferência do edifício para a Junta e, na altura, como David Infante refere no recorte de jornal acima, seria para ali se instalar o ensino pré primário.

Tal não aconteceu, pois a junta de antes do 25 de abril, já havia encetado negociações com o Dr. Ulisses Vaz Pardal, herdeiro do edifício onde hoje está o museu do Canteiro, para que nos terrenos anexos, ali se instalasse o ensino pré primário.

Também não foi ali, com ouro dia contarei a história do que comigo e com o Dr. Ulisses na sua casa em Castelo Branco, se passou.

Não resisto a contar o que encontrei por aquela zona.

Fruto da sentida pressão para se ter casa e, por ser necessário urbanizar terrenos o que era muito caro, água, esgotos, luz, passeios, etc, proliferaram um pouco por todo o lado as casas clandestinas.

E por ali, o Senhor Manuel Engrácio proprietário dos terrenos à direita de quando se sobe a rua da Feiteira, iniciou a construção de casas, abrindo ruas, hoje quelhas sem estacionamento para viaturas, e, onde o cruzamento de duas viaturas é impossível.

Tal como hoje os serviços públicos sempre se atrasaram a resolver os problemas dos seus cidadãos e, naqueles tempos tudo era possível e, com a liberdade ainda bébé, qual criança sem responsabilidade.

E, claro, como foi ele que por ali fez tudo, não deixou de perpetuar para a posteridade tais feitos, atribuindo a si mesmo o seu nome da rua.

Entretanto outros autarcas vieram a seguir e, recuperaram o edifício.

A escola da Feiteira é hoje a sede da ARCA.

Entretanto, tinha a junta de então iniciado os trabalhos de terraplanagem da avenida 12 de novembro de 1971 e, teve vários problemas com os moradores devido aos alinhamentos.

Nomeadamente dou a conhecer um dos problemas, com o alcainense senhor Isidro, precocemente falecido.

Com o senhor Isidro teve a junta de construir todo o muro em granito, em redondo à volta da sua residência e que confina com a rotunda do Seminário.

Quem quiser observar, há ali uma ligeira curva, para evitar que sendo reta, destruísse quase todo o seu quintal.

Sobre a questão da eletrificação de Alcains, em texto anterior, já dei nota do que então se passou.

Manuel Peralta

quinta-feira, 13 de março de 2025

ALCAINENSES DE QUADRO DE HONRA

Alcains fez-se, foi-se fazendo, assim.

Com gente amiga da sua terra, com o já acabado “BAIRRISMO”, e em meu entender, com algo que sempre me impressionou. Associar-se.

“Meias só com as pernas”, sempre ouvi dizer, em terra de gente empreendedora, individualista e, recatada.

Contrariando o que a minha observação diz, o caso da DROGARIA MODERNA e o caso DIELMAR, entre outros, refutam completamente esta minha ideia. Outros casos haverá, mas a expressão, “meias só com as pernas”, terá sempre alguma atualidade.

A foto que a seguir o meu amigo, Manuel Geada me enviou e, que é objeto deste meu apontamento, dá a conhecer e fica para memória futura, quem foram os HOMENS que, associando-se, criaram em Alcains uma excelente empresa.

A DROGARIA “eternamente” MODERNA.

Empresa esta que prestou e presta agora, modernizada, um excelente serviço aos clientes, aos seus sócios e a um mar de gente que a Alcains se desloca, para ali encontrar umas instalações de nível europeu, um excelente self service e, um atendimento pessoal esclarecido e, onde há de tudo.

Por vezes, tal como em democracia, só nos apercebemos do valor da liberdade quando a perdemos, e, por isso, este bem estar que a drogaria nos presta, por a termos, nem sempre a verbalizamos.

É o que estou a fazer.

De Alcains a S. Vicente da Beira, passando pelos Escalos quer os de cima, quer os de baixo, Lousa, Lardosa, Soalheira entre outras localidades, se quiserem comprar um saco de cimento, louça sanitária e toda uma parafernália de miudezas que todos consumimos, têm de vir a Alcains, por mais perto.

Daqui a minha afirmação de que, por vezes, não valorizamos o bem que, com a Drogaria Modera, temos.

Claro que ao olhar as caras destes Homens, a maior parte com quem privei de perto, já partiu. A sua Obra ficou, fica.

Para registo e homenagem a estes Alcainenses empreendedores, vai a minha admiração. Fica igualmente o registo dos seus nomes.

Que os atuais empreendedores continuem a prestar este excelente serviço aos Alcainenses em geral, e, a todos os inúmeros e variados clientes que à nossa terra se deslocam.

Manuel Peralta