Era notícia um pouco por todo o lado.
Já se vivia em democracia e, portanto, julgava-se que tudo era possível.
Havia enorme agitação no país e as alterações ao seu regime administrativo, pululavam em tudo o que era partido político e, órgãos de comunicação social.
O recorte do Jornal do Fundão que se segue, dá precisamente ideia do que por cá se passava.
Os partidos políticos na ânsia de conquistar eleitores, tal como hoje, prometiam a todos "bacalhau a pataco", e, surgiam as mais variadas propostas.
Nomeadamente, a cidade de Castelo Branco, tinha e tem uma única freguesia, São Miguel da Sé. Foi constituído um grupo de trabalho para de uma fazer duas.
Taberna Seca, Lentiscais e Benquerenças também eram envolvidas nesta disputa, embora sem apoios de maior.
E, claro, por cá esta febre também se viveu, ao ponto de um grupo de Alcainenses se candidatar à Junta da Freguesia com a sigla Alcains/Concelho.
Anos mais tarde apenas uma ou outra localidade passou de vila a concelho, depois de greves às eleições, manifestações, e alguma violência, o poder de então, Guterres/Sampaio, depois de lei aprovada a preceito, cederam às reivindicações populares.
Alcains depois do efeito Lardosa, desistiu.
Anda nesta data em discussão a possibilidade de reverter as Uniões de Freguesias que governo anterior assumiu, reduzindo assim a despesa pública, juntando freguesias.
Quando se criaram as Uniões de Freguesia, houve uma série de gente que deixou de receber o "salário/compensação" respetivo, e, em muitos casos, aos três elementos em cada junta, esta compensação desequilibrou o tipo de vida existente.
Hoje todos os autarcas executivos, são remunerados, trabalhar para a sua terra, sim, mas ganhando qualquer coisa...
Passados 50 anos do 25 de abril, nada se alterou administrativamente.
Tenho para mim, que muitos dos atuais concelhos não têm dimensão para existir.
Lembro-me do Alberto Martins ser ministro de Guterres para a reforma administrativa, "apesar de pedir para falar, ninguém lhe ligou, até hoje".
Manuel Peralta
Bom dia, a um dos últimos bairristas, talvez o melhor.
ResponderEliminarO que se segue é mais memória do que adenda.
A Comissão Pró Concelho de Alcains nomeou uma Delegação em Lisboa, e fui um dos nomeados. Para além do José Sanches Roque, não recordo os restantes.
Em 1.978 fomos, com também um elemento da Comissão vindo de Alcains, a uma entrevista com o Dr Rui Pena, na altura Ministro da Reforma Administrativa.
Foi muito simpático, mas disse que, devido à curta distância de Castelo Branco, o Concelho de Alcains era impossível.
Que devíamos era exigir da Câmara a criação de Delegações em Alcains e deu como exemplo uma Repartição de Finanças.
Foi esta entrevista que deu a machadada final nas pretensões da criação do Concelho e a Comissão resolveu extinguir-se.
Após esta extinção o José Sanches Roque escreveu um artigo na Reconquista dizendo que a Comissão não tinha acabado e era formada por 14 (?) pessoas que citava: ele, o pai dele, o sogro dele, etc, etc. Artigo digno de um verdadeiro bairrista.
Encontrei-me com ele em Lisboa mais de dez vezes, ou para a Comissão ou para o livro que andava a escrever: Alcains e a sua História.
Fiz parte do grupo que foi à Cãmara (ou ao Governo Civil ?) e que se comprometeram a comprar 100 (?) exemplares do livro, para bibliotecas, etc, o que tornou possível a edição na Tipografia do Sr. Adelino Semedo, alcainense.
Alinharei mais algumas memórias num próximo mail.
Um abraço do Luís (Tobias) que, apesar dos novos tempos, ainda se considera um bairrista.