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domingo, 8 de maio de 2022

Matadouro Oviger/Fortunnasa - Ponto de situação

Desde 6 de dezembro de 2021, que venho mantendo este tema em aberto, ciente de que desistir não é meu propósito.

Dou a conhecer os email seguintes, que apesar de tardios, são positivos, e isto porque a Fortunnasa, está empenhada em acabar com esta inaudita situação, a poluição da ribeira da Líria, o mais grave problema ambiental da freguesia.

O senhor diretor geral Engº. Fernando Malheiro com quem me avistei pessoalmente, comprometeu-se a renovar o obsoleto equipamento da ETAR da Oviger e, por email que abaixo dou a conhecer, o Senhor Tiago Correia responsável pela qualidade da empresa, refere que “ está para breve a autorização da ligação do coletor poluidor  da ETAR da OVIGER ao coletor municipal da ETAR de Alcains, no Cabeço do Carvão,” situação que desde o início venho defendendo.

Resta-nos aguardar.

Manuel Peralta

Liria do lado nascente, hoje

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De: Tiago Correia

Enviada: 6 de maio de 2022 16:03

Para: Manuel Peralta

Cc: freguesiaalcains@gmail.com; camara@cm-castelobranco.pt; 'Paulo Bernardino' <paulo.bernardino@cm-castelobranco.pt>; geral@apambiente.pt; sepna@gnr.pt; arht.geral@apambiente.pt; ct.ctb.sepna@gnr.pt; igamaot@igamaot.gov.pt; fernando.malheiro@fortunnasa.com; André Araújo <andre.araujo@fortunnasa.com>

Assunto: RE: Ribeira da Líria em Alcains. Ponto de situação da poluição.


Boa tarde sr. Manuel,

Agradecemos o seu contacto que mereceu a nossa melhor atenção.

Pela análise da situação que nos menciona, relativamente a alterações ocorridas de março para hoje, acreditámos que a mesma possa estar relacionada com a redução de caudal da referida ribeira, uma vez que, a nível processo de tratamento, o mesmo não foi alterado desde então.

Até ao seu e-mail de ontem, não tínhamos conhecimento de qualquer alteração à situação. Para que, possamos efetuar uma análise mais aprofundada e célere do que nos comunica, em caso de qualquer ocorrência, peço-lhe que entre em contacto imediato com o Eng. Fernando Malheiro.

Posso, entretanto, comunicar-lhe que, muito foi feito desde o dia em que nos reunimos, sendo que, acreditámos estar para breve, a autorização de ligação ao colector municipal.

Caso pretenda, peço-lhe que, entre em contacto com o Eng. Fernando Malheiro (932 262 610), que certamente lhe poderá adiantar mais pormenores.

Cumprimentos | Saludos cordiales | Best regards | Cordialement | Mit Freundlichen Grußen


Tiago Correia

Responsável Qualidade | Quality Manager


MEATRADING Lda.

Rua da Venda, Lote 6  4705-629 Sequeira

Braga Portugal

T. +351 253 304 180  F. +351 253 304 189

Ribeiro da Levandeira, hoje


***


De: Manuel Peralta

Enviada: 5 de maio de 2022 21:47

Para: geral@oviger.pt; jpedrosantos@fortunnasa.com; info@fortunnasa.com

Cc: freguesiaalcains@gmail.com; camara@cm-castelobranco.pt; 'Paulo Bernardino' <paulo.bernardino@cm-castelobranco.pt>; geral@apambiente.pt; sepna@gnr.pt; arht.geral@apambiente.pt; ct.ctb.sepna@gnr.pt; igamaot@igamaot.gov.pt


Assunto: Ribeira da Líria em Alcains. Ponto de situação da poluição.


Boa noite.

O assunto não está esquecido por parte dos proprietários confinantes com o coletor da Oviger/Fortunnasa, que drena na ribeira da Líria, os seus efluentes industriais.

A reunião havida em 6 de dezembro de 2021 com a empresa, na pessoa do senhor diretor geral, Fernando Malheiro, correu mesmo muito bem. Repito, muito bem. Educado, com vontade de fazer, coisa rara , e que andava a procurar casa para por cá se estabelecer.

Visitámos as instalações, anotámos as dificuldades do momento, a surpresa que causou a informação da situação dos efluentes e, a promessa de que, passados seis meses, já estariam em curso obras de requalificação dos equipamentos da estação de tratamento dos efluentes, nomeadamente a sua modernização, uma vez que no dizer do senhor diretor geral, os equipamentos em serviço eram obsoletos.

Foi a primeira vez desde a extinta Consal até à Oviger/Fortunnasa que tal aconteceu.

Foi igualmente objeto de informação de que a Oviger/Fortunnasa estaria a entrar em contacto com a Câmara, Junta da Freguesia bem como com  as entidades ambientais e fiscalizadoras, que têm responsabilidades na poluição na ribeira, para que seja instalado o coletor, que drene para a ETAR de Alcains, os ditos efluentes. 

Saímos de lá satisfeitos e, dispostos a dar o tempo necessário para que a empresa e as entidades responsáveis se entendam na resolução do assunto..

Fomos entretanto observando os efluentes drenados para a ribeira e, nos meses de dezembro de 2021, janeiro, fevereiro e meados de março de 2022, a satisfação com a situação foi total, entre nós comentávamos que, a continuar assim teríamos pela primeira vez os efluentes a saírem quase limpos do coletor.

Em vão, desde meados de março de 2022 até ao presente, voltou-se aos tempos da Consal e Oviger de má memória e, pior que tudo, de muita poluição. 

Com os tempos de Covid e agora putinados, e, conhecedores de vários problemas que existirão com fornecimento de equipamentos, prazos, alterações nos ministérios ambientais, e eventuais dificuldades em programas governamentais que ajudem as empresas a sobreviver, concedemos o benefício da dúvida e temos todos de ser pacientes com os tempos atuais.

Mas…

A poluição da ribeira existe, os proprietários são uns pobres desgraçados, o ambiente é destruído e, cada dia que passa, é mais um prego cravado no caixão do ambiente.

Decidi fazer este ponto de situação, para que o tema não fique no congelador dos processos, agora que vem o tempo quente e os maus cheiros invadem a zona verde de Alcains.


Ao dispor.

Manuel Peralta

Ribeiro do João Serrão, hoje


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De: Manuel Peralta 

Enviada: 6 de dezembro de 2021 11:16

Para: 'freguesiaalcains@gmail.com' <freguesiaalcains@gmail.com>

Cc: 'Paulo Bernardino' <paulo.bernardino@cm-castelobranco.pt>

Assunto: Ribeira da Líria. Reunião com o diretor geral da Oviger


Bom dia

Dou a conhecer que hoje pelas 15 horas, o Sr. Diretor Geral da Oviger, Sr. Fernando Malheiro, marcou uma reunião comigo, a que se associam 3 proprietários confinantes com a ribeira, para se fazer um ponto de situação sobre a descarga dos efluentes do matadouro na ribeira.

Tal reunião, deve-se ao facto de eu ter remetido para a Fortunnasa, email a dar conta dos eventos de poluição que o matadouro Oviger, adquirido entretanto pela Fortunnasa, causava na ribeira.

Ao que me disseram, em resposta ao meu email, ficou a administração da Fortunnasa muito surpreendida, pelo facto de, no ato da compra, nada lhes ter sido dito sobre a situação que eu lhes referi.

Dou conhecimento desta reunião para ficarem cientes da evolução deste dossier.

Entretanto a ribeira para lá do coletor da Oviger continua totalmente assoreada, informo.

Cumprimentos

Manuel Peralta


Líria do lado poente, hoje

segunda-feira, 2 de maio de 2022

CANTEIRO - UMA ARTE DO PASSADO COM FUTURO

Guardei para memória futura este recorte do Reconquista, porque na data em que esta infantil e delicodoce notícia saiu, me fartei de rir com o texto de Lídia Barata cujo título, apenas, “uma arte do passado” corresponde à verdade.


Tudo o resto, manifesta uma ignorância total acerca desta passada, ingrata, mal paga e difícil profissão, e perguntava-me e pergunto hoje, com é possível escrever com total desconhecimento sobre a história desta profissão e na total incapacidade de analisar socialmente a pobreza a que esta profissão com futuro, no dizer da Lídia, conduziu, todos os que dela fizeram a sua arte.

E claro, apadrinhada e com elogios da escola, a que não faltaram as “tardes da Júlia”… escola esta que, nos rankings de desempenho, anda muito lá para baixo…


Assim titulava a Lídia.

“O curso vocacional de cantaria ajudou a preservar uma arte em vias de extinção e abriu portas para o futuro de alguns jovens”… (sic)

Como é possível numa pequena frase escrever tanto sem sentido?

A arte não se preservou, está extinta, as portas que o dito curso abriu estão fechadas e perdeu-se definitivamente a chave, e o futuro destes formandos extinguiu-se a caminho da europa. Hoje não há canteiros a trabalhar em Alcains.


Quando este texto foi escrito, já nada existia do que o curso vocacional pretendeu recuperar, e ao que consta, nem um sequer dos formandos caiu na ratoeira que a escola lhes quis armar. Sugiro a quem me lê, que reflita e acompanhe de memória os canteiros que conheceu ou conhece, como  foi a sua vida, os seus sinais de riqueza, que futuro deram aos seus filhos, enfim que atrativos tinha esta profissão dita com futuro.

Não conheço um único canteiro cuja vida não tenha sido muito difícil, que não tenha sido remediado a caminhar para pobre, com fortes perturbações respiratórias, com várias mortes precoces pelo exercício da profissão. Os que emigraram e foram muitos, e conseguiram por lá exercer a profissão, melhoraram bastante a sua, por cá precária, situação. Todos ou quase todos nem a reforma mínima conseguiram com os descontos sociais que fizeram, e angustiados andam com o futuro pois a sua reforma  nem sequer dá para viver o resto da suas difíceis vidas no Lar Major Rato.


Mesmo no auge das pedreiras de Alcains, repletas de canteiros, a imigração foi quase total para a beira interior e para todo o alto Alentejo. E é por ali, neste interior hoje vazio, que se encontram as inúmeras obras de arte que os canteiros Alcainenses fizeram e espalharam uma merecida fama na arte de trabalhar a pedra. Mas imigrando! Os que por cá ficaram foram sobrevivendo.

Deve ter hoje cerca de 55 anos, menos 17 que eu, o Adriano de Jesus Barata, conhecido na terra dos cães pelo apelido de Adriano ”Esgueira”, excelente canteiro, a quem em tempos ouvi sobre a sua arte de canteiro. Não foi nas “tardes da Júlia”, que me contaram, mas foi ele que me disse o que a seguir escrevo.


(sic… saiu da escola com a 4ª classe, e foi para a pedreira dar água aos canteiros mais velhos, descalço, e quando a sede dos outros estava saciada, começava a bater com a  macêta e o cinzel nas pedras sem qualquer utilidade. Passados dois a três meses nesta atividade, perguntava então o patrão o que queria e, se decidia ser ou não, canteiro. 

Ao dizer que queria ser canteiro, teve o seu pai de pagar ao patrão 500 escudos, já a trabalhar nas pedras andou 6 meses de borla, trabalhava de 2ª a sábado e, aos domingos, ajudava a carregar na camioneta a cantaria feita durante a semana. Quando foi capaz de desempenar e por uma pedra em esquadria, teve de levar 5 litros de vinho para os canteiros mais velhos que o tinham ensinado. Quando começou a ganhar dinheiro 10 escudos por mês, sem qualquer inscrição na segurança social, iniciou então a sua profissão na arte de canteiro. No dizer dele, o canteiro não é um escultor, trabalha a pedra, o granito, em esquadria como se pode ver no banco de Portugal e no tribunal, ambos em C. Branco. O canteiro não deve ser objeto de interesse de gente que nunca sentiu nas mãos gretadas, o sabor, a dor e o travo amargo do frio da ferramenta no inverno e o abrasador calor das pedreiras sem proteção no verão.  sic”).


Em conversa recente com o canteiro já reformado e perguntando eu se o seu neto não queria seguir a profissão do avô, sem papas na língua disse-me, era preferível, como se diz por cá, partir uma perna.

O fecho de quase toda esta atividade ligada às pedras/cantarias/calçadas por aqui, prova a total ausência de futuro desta quase bárbara profissão, em que trabalhando todos os dias, nunca se passa de pobre. Portanto Lídia Barata, as portas do futuro a que se refere, para alguns jovens, estão fechadas, e duvido que se encontre a chave…


Com a finalidade de esclarecer melhor o que escrevo, vou dar a conhecer vários nome de canteiros, que quem me lê pode conhecer e, convido-o a refletir sobre o que foram as suas vidas. Desculpas pelos nomes que não refiro, mas poderão sempre em comentário acrescentar o que lhes aprouver.

João Moleiro, João dos Reis (pionto), Paulo Reis, (filho) Suiça, José Escudeiro (Alentejo), Manuel Maria Sanches, João Pardal, Joaquim Paralta (frança), José Baixinho (frança), António Russo, João Folgado (suiça), António Clemente Anes, António Estorino, (suiça), faleceu de doença profissional), João Beirão (frança), António “Bengalas” (frança), Martinho e João escudeiro (suécia), Manuel Escudeiro, Aníbal Escudeiro (comerciante), Silvestre Grilo e irmão Manuel “altamotora”, (frança e guarda prisional), Rola (Luxemburgo), João Anes, Polainas (frança), Leontino e Possidónio e, J. Pimenta que vindo das carpintarias, ainda se mantem nas pedras.


Referência especial ao António que sendo canteiro de base, a ele se deve a estátua do canteiro.

Nenhum canteiro foi ou ficou rico, os que melhor mexiam nas pedras, também viveram melhor. Um destes canteiros e, para rematar, dizia-me, sabes Manel … “só tinha o caminho das pedras para andar”.


Manuel Peralta

Nota. Os cursos vocacionais, as novas oportunidades, entre outros programas de humor, são do tempo de Sócrates/Maria de Lurdes Rodrigues.