Foi em 1982 que se deu um elevado avanço no alargamento e rebaixamento da ribeira da líria.
Era um problema herdado de muitos anos, que se "resolveu", isto é, MELHOROU MUITO, as INUNDAÇÕES e os MAUS CHEIROS, na VILA.
Quer o regional/nacional, Jornal do Fundão quer o Reconquista davam nota desta obra, que em muito ajudou a melhorar a qualidade de vida dos Alcainenses.
Como já referi o Governador Civil, Sr. Alberto Romãozinho, passou diretamente por ser militante do PSD, de Presidente da Junta de Cebolais de Cima, para GOVERNADOR CIVIL.
Tinha-mos tornado amigos nas reuniões de juntas com o Presidente e, por isso, tinha acesso direto ao Governador.
Não havia lei de finanças locais e, na transição, os projetos eram aprovados centralmente, Lisboa, claro, e necessitavam de forte apoio da estruturas de poder locais. E assim aconteceu.
Vários ofícios quer para o Governo Civil quer para a Hidráulica em Castelo Branco, na pessoa do Sr. Engº. Serôdio, tornaram possível a aprovação e o respetivo financiamento. A Câmara só soube desta ação pelos jornais, em nada interferiu.
Volto a reafirmar que a lei das finanças locais que permitiu financiar as juntas, foi aprovada alguns anos depois do meu mandato. Naqueles tempos, a Junta viveu das suas parcas receitas, da forte ajuda financeira da Câmara, na sua quase totalidade e, da capacidade que a junta tinha de, pressionando outras entidades, fazer aprovar e financiar as obras de que sempre se falou e tardavam a acontecer.
Uma empresa externa ao distrito apareceu na Junta para executar os trabalhos de alargamento e rebaixamento da ribeira. Para tal era necessário obter autorização de todos e, eram muitos, os proprietários confinantes com a ribeira, desde a Retorta até ao cabeço do Carvão.
Desde que havia ribeira e propriedades confinantes, sempre os seus proprietários plantaram junto às margens, todo o tipo de árvores, videiras, faziam horta, tinham passagens clandestinas de acesso, pois os Guarda Rios já há muito tinham deixado de exercer atividade fiscalizadora.
Fiz reuniões na junta e tive de os informar que, seis metros para cada lado das margens, eram zona de proteção hidráulica e que, apesar de a Hidráulica não se opor ao uso do terreno, sempre que esta necessitasse poderia tomar posse dos terrenos enquanto durassem os trabalhos.
A generalidade dos proprietários, muito a custo aceitou, mas houve casos em que só a presença da GNR permitiu o avanço da obra. Foi dado prazo e acordado com a empresa a recolha de todos os frutos pendentes, uns tiveram de vindimar mais cedo, os marmeleiros e outras, muitas árvores e videiras, que abundam nas ribeiras foram praticamente todos deitados abaixo. As máquinas limparam e rebaixaram a ribeira sempre a partir das margens. Os sobrantes retirados eram descarregados para uns camiões que, sempre nas
margens da ribeira, os retiravam e, com os proprietários a ralhar com os trabalhadores.
Alguns proprietários nunca me perdoaram, e muitos anos mais tarde, quando com um ou ouro me encontrava, sempre me falavam disso.
Tinha na data 32 anos e, aprendi cedo as dificuldades que se sentem quando o público entra na esfera do privado, mas era meu dever, e assim foi.
Ajudei a melhorar o ambiente na minha terra.
Uma forma de os fregueses acompanharem a atividade da Junta, residia naquilo que os jornais publicavam.
Na data, o JORNAL do FUNDÃO tinha uma elevada penetração em Alcains e não só. O Senhor António Paulouro, diretor e dono do jornal, fazia o favor de ser meu amigo e, como jornal do melhor que houve na imprensa, tinha muito cuidado no que publicava e, os seus jornalistas e correspondentes, eram irrepreensíveis com a verdade.
Quando o jornal fazia anos a junta ajudava publicando no jornal, uma nota de parabéns.
Em nome da Junta, fiz eu o texto de parabéns, que agora recordo e convido a ler.
A ideia era fazer um contraste com o Reconquista, cujo correspondente em Alcains, Davide Infante, por vezes, entusiasmava-se com o que escrevia, mas, apesar disso tenho-o como amigo e dele tenho saudades.
Atentem bem na foto e, no texto de parabéns.
Manuel Peralta
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