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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

A BANDA FILARMÓNICA DE ALCAINS

...que entretanto se perdeu, acabou.

Para os Alcainenses a banda filarmónica era para todos um motivo de orgulho.

Do ponto de vista social era a seu tempo a única escola de música, um ponto de convívio de gentes de todas as idades e, naquele tempo, pela primeira vez integraram-se elementos femininos.

A sua sede, um rés do chão de piso de pedra, teto de madeira muito baixo, arrendado a um particular, na rua onde nasceu esse GRANDE ALCAINENSE Dr. EMÍDIO BEIRÃO PIRES DA CRUZ, AO QUE CONSTOU NA ALTURA, TER SIDO PELA PIDE ASSASSINADO, POR OPOSIÇÃO AO ANTIGO REGIME, POR TER OUSADO LEVAR PARA TRIBUNAL, UM ESCÂNDALO DE PROSTITUIÇÃO DE MENORES, QUE ENVOLVIAM homens do regime, DENOMINADO "BALLETES ROSE", adaptado entretanto para uma novela que passou pela televisão.

Portanto, a sede não tinha um mínimo de condições, pequeno que era o rés do chão, para a sua atividade.

Para a Junta da Freguesia, apesar de não haver qualquer promessa eleitoral para tal, era óbvio que havia que resolver o problema da sede da banda, proporcionando melhores condições para ensaios e concertos e, com isso fomentar a atratividade de mais elementos, uma vez que, estes/estas, começavam a rarear.

Conhecedor do estado de degradação em que se encontrava o edifício do matadouro municipal, denominado com letras na frente do edifício de "Talho Municipal", e, sendo este propriedade da Câmara, decidi questionar o seu Presidente, Dr. César Vila Franca.

Em visita acordada no local, foi perentório em anuir ao pedido e, ali, verbalmente doou o edifício para a sede da Banda/Filarmónica Alcainense.

Posto ao corrente do assunto, ver recorte de jornal de então, o correspondente em Alcains do Reconquista, agradecia em nome de não sei quem, semelhante dádiva.

Porque sempre pugnei pela continuidade da banda, decidi que o edifício entretanto doado, seria exclusivamente para a sede da banda, apesar de outras sugestões havidas. Sem qualquer concurso e, após ter presentes as respetivas necessidades, decidi que a junta iria pagar 40 contos de réis, quarenta mil escudos, ao Técnico de desenho, Sr. José Moleiro, de Alcains, para mediante orientação da junta, efetuar o projeto.

Relembro.

Primeiro andar para residência do mestre, rés do chão com palco para ensaios e futuros concertos, casas de banho e, anfiteatro com cerca de 60 lugares para o público.

O projeto foi feito e, ficou na junta o dossier respetivo, para que, quem viesse a seguir, lhe desse andamento.

O caminho foi outro e o que era para ser sede da banda, acabou com outra orientação, a ser sede do clube desportivo.

Voltando à banda.

Em conversa recente com o Vasco Lopes Churro, ("Muacho"), (foto abaixo), Alcainense que participou vários anos na banda, de 64 anos de idade, reformado de trabalhador fabril das Fábricas Lusitana, após ter sido padeiro, era o saxofone tenor da banda de Alcains.

Com ele em conversa agradável, fomos caminhando juntos no percurso da banda.

A banda foi sempre uma organização exclusivamente dos seus músicos. De entre eles era escolhida/eleita uma direção, só de músicos, que fazia tudo.

Recebiam os convites para festas e procissões, marcavam os ensaios, e recebiam o dinheiro acordado pela atuação. Desse dinheiro, pagavam a reparação dos instrumentos e uma ou outra despesa e, o resto era dividido igualmente por todos os músicos.

Perguntado sobre se o mestre, o tocador do bombo, o tocador dos pratos ou da caixa recebia o mesmo, afirmou que tudo recebia o mesmo, independentemente da sua função.

Na primeira foto deste texto, do lado direito e vestindo civilmente, está o mestre da banda nesta época, o Sr. Manuel Leitão que residia no Fundão. Este mestre aguentou a banda enquanto outro músico o Manuel Simões Roque, Balhinhas não tinha o grau de mestre.

Para tal, no Colégio de São Fiel, no Louriçal do Campo, o Balhinhas, tirou o seu curso de mestre, ficando então devidamente encartado com a CARTEIRA PROFISSIONAL DE REGENTE DE BANDAS.

E passou a reger a BANDA FILARMÓNICA DE ALCAINS.

Com a promessa de nova sede, e com um subsídio mensal que junta lhe atribuiu, a banda teve uns anos, poucos, de afirmação. Atuava principalmente em procissões, festas e romarias à volta de Alcains, Escalos de Cima e de Baixo, Lousa, Póvoa do Rio de Moinhos, Lentiscais, Aldeia de Santa Margarida, Trancoso e Bogas de Baixo, entre outras localidades.

Recorda o Vasco que o mestre Balhinhas recebeu sempre o mesmo que qualquer outro músico, nunca exigiu pagamento diferente por ser o MESTRE DA MÚSICA.

Realizou-se por esses tempos na Feira das Indústrias em Lisboa um encontro de Alcainenses.

O grande promotor deste evento foi um excelente Alcainense o Senhor António Lourenço Barata, vulgo em Alcains popularmente denominado de "Terlé". Amigo que era do J. Pimenta fomos inaugurar um hotel em Cascais e, a pedido meu, o Senhor Barata autorizou que, pela primeira vez os familiares dos músicos acompanhassem os seus familiares músicos. Tudo dormiu no hotel. Os  membros da Junta e família, incluídos.

O general Eanes tinha sido eleito Presidente da República, e, fizemos com a junta e a banda, uma visita ao Palácio de Belém.

O casal Eanes ofereceu um Porto de Honra aos visitantes, e ali se tocou entre outros temas a Santa Apolónia. Em ambiente de elevada alegria, recorda o Vasco que o Presidente Eanes terá observado. "BEBAM O VINHO, MAS NÃO LEVEM OS COPOS, SENÃO, TEREI DE SER EU A PAGÁ-LOS."

Entretanto o Mestre da Banda decorridos os três anos do mandato, apresentava sinais de elevado cansaço. Muito exigente que era, aborrecia-o solenemente alguma indisciplina e faltas aos compromissos. Como era mesmo muito meu amigo, vivi com a família dele vários anos na Rua do Degredo onde nasci, e desde o Pai dele, Ti Joaquim Balhas, ao irmão Adriano, à irmã Cesaltina e sua Mãe, a Ti Maria Clara, sempre no fundo da rua sem saída, e após um dia de trabalho se ouvia o roncar amistoso de um contrabaixo, tocado sobre uma laje que lhes servia de sofá.

Mais tarde a banda deixou de tocar.

Até hoje.

Manuel Peralta

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

O CIRCUITO DE MANUTENÇÃO DE SANTA APOLÓNIA

No início da década de oitenta, cinco anos depois do 25 de abril, houve uma elevada necessidade por parte dos cidadãos de participarem em algo que melhorasse a vida coletiva. Um pouco por todo o lado, surgiam iniciativas, desde a ambulância para a freguesia, à biblioteca, passando pelo desporto, todos, e cada um à sua maneira, participavam e davam voz aos seus anseios.

Um grupo de Alcainenses, tendo à frente o Sr. ISIDRO ALMEIDA, da metalúrgica ISIDROS, apareceram na Junta para que se fizesse um circuito de manutenção.

Estavam dispostos a colaborar, nomeadamente executando na oficina da Metalúrgica Isidros, todos os equipamentos onde se executavam os exercícios de manutenção.

Para o efeito foram feitas algumas reuniões para dar forma ao pedido e, fazer.

FAZER!

Entretanto, foi pela junta pedido o apoio da Delegação da Direção Geral dos Desportos de Castelo Branco, na pessoa do seu diretor, o Professor Pissarra, que concordando com o proposto se comprometeu a oferecer as placas que, junto de cada obstáculo, explicitavam como e, quantos exercícios eram aconselhados a fazer, bem como supervisionar as questões técnicas, segurança, durante a sua execução.

Unanimidade quanto à escolha do local, SANTA APOLÓNIA, com bons ares e livre de trânsito, fez a junta da Freguesia a terraplanagem do local limpando, retirando pedras e melhorando os caminhos de todos os percursos de modo a facilitar o fruir do Circuito de Manutenção.

Porque se necessitava de dar a conhecer publicamente esta iniciativa, para que os Alcainenses pudessem disfrutar deste espaço de desporto, a junta pediu ao Sr. Diogo Trigueiros, que as Fábricas Lusitana participassem no evento, imprimindo gratuitamente na sua tipografia os panfletos da iniciativa.

E assim foi, o Sr. José "tipógrafo" imprimiu os folhetos que em elevado número foram distribuídos pela freguesia.

Ao mesmo tempo na metalúrgica Isidros, o Sr. Isidro Almeida, executava todos os equipamentos e, foram muitos, que num fim de semana com os trabalhadores da Junta com cimento no solo, se fixaram todos os equipamentos.

Refiro entretanto que, todos estes equipamentos foram GRATUITAMENTE OFERECIDOS pela Metalúrgica Isidros de Alcains e, volto a referir que, o PAI desta iniciativa se deve quase exclusivamente o Sr. Isidro Almeida, já falecido.

Concluído o trabalho fez-se a inauguração.

O David Infante no Reconquista dava nota do evento, muito participado.

Sugiro observação atenta das fotos pois surpresas aparecerão com os atletas presentes.

Assim se cumpriu esta generosa vontade, fazendo.


Nota. A foto última diz respeito a uma mesa sobre desporto que, na Casa do Povo se fez, no âmbito das Comemorações do 10º. Aniversário da elevação de Alcains a Vila.

Da esquerda para a direita, Camolas, então jogador do Alcains, Porém Luis, árbitro da 1ª divisão, Manuel Maria Sanches na data Presidente do Alcains, Professor Pissarra, e dois jornalistas desportivos do Reconquista, com os quais bastante convivi e de quem não me lembra já o nome.

Agradeço ajuda.

Manuel Peralta

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

SE CONSIDERAM QUE ESTÁ BEM, QUE MAIS POSSO FAZER?

Em 14 de dezembro de 2024 voltei a insistir com Junta e Câmara, para que dessem uma solução, para a anarquia do trânsito que se verifica na zona do Continente.

Boa tarde Senhora Presidenta da Junta.

Boa tarde Senhor Presidente da Câmara.

1. Estas fotos foram por mim obtidas ontem, autorizadas por Mãe e Filho, quando regressava da primeira visita ao empreendimento de iniciativa privada, CONTINENTE.

Este cidadão de nacionalidade brasileira, percorria toda a avenida 12 de novembro de 1971, com a sua Mãe ao lado, para o proteger de todo o tráfego rodoviário que ali circula.

Nesta avenida não existe, no seguimento dos passeios, qualquer pedra de lancil rebaixado para que CIDADÃOS COM ESTE TIPO DE MOBILIDADE, SENHORAS COM CARROS DE BEBES E COMPRAS, que lhes facilite o acesso.

No entanto, na mesma e, ao longo de toda a avenida. todos os moradores que têm garagem, para que a SENHORA SUA VIATURA tenha acesso à mesma, todos os lancis estão ANORMALMENTE rebaixados.

Também na minha casa, nesta avenida e com garagem, o acesso da viatura se faz, sem o mais pequeno sobressalto. No entanto o passeio tem o desnível de um lancil. Como todos os outros.

Este cuidado extremo com as viaturas, tem como consequência que, como todos os passeios frente às garagens estão ANORMALMENTE INCLINADOS, os peões circulam pela avenida, misturados com as viaturas, com receio de se desequilibrarem, tal é a inclinação dos passeios.

Portanto, por aqui, PRIORIDADE ÀS VIATURAS E PEÕES NA ESTRADA.

2. Esta avenida, administrativamente batizada em 1981, de 12 de novembro de 1971, popularmente, vai ser conhecida futuramente, como a avenida do Continente.

Funciona diariamente, como uma pista de ensaios de velocidade.

Sempre pensei que com a GNR ao lado, a situação melhorasse.

Enganei-me.

Conviria que o departamento de trânsito municipal, a tempo, se inteirasse desta explosiva situação.

Ao dispor.

Manuel Peralta


A primeira foto deste texto, tem no poste, instalado no meio do passeio do continente, uma tensão de /!\ 30 mil vóltios /!\

domingo, 15 de dezembro de 2024

O ATRASO AUTÁQUICO/MUNICIPAL

EM 13 de dezembro de 2024, remeti para os máximos responsáveis autárquicos e municipal, Presidenta da Junta e Presidente da Câmara, este texto com as seguintes fotos.

Aberto ao público o Continente, entidade privada, tudo neste dia estava em ordem.

Repito, investimento de empresa privada.

Do lado do serviço público, a mesma monotonia, o mesmo deixa andar, enfim, o costume de quem se sente que a responsabilidade para com os cidadãos é algo pouco importante.

Apesar de várias vezes avisados, quem me vai lendo pode testemunhar, a anarquia de trânsito por ali reinante manteve-se.

Dou nota do texto.

...a tempo, avisei-o, Sr. Presidente.

...a tempo, avisei-a, Senhora Presidenta.

Hoje, pela manhã, na abertura deste excelente empreendimento comercial, que em muito urbaniza a Vila de Alcains, os temas entre os visitantes, eram os seguintes.


1. Passadeiras para peões

2. Ordenamento do trânsito

3. Postes de eletricidade no meio dos passeios.

A patrulha da GNR presente no local era invetivada pelos peões que a ela se dirigiam, solicitando qua se acabasse com a anarquia por ali reinante.

Não é connosco, respondiam. ( não refiro outros comentários).

Acabe rápido com este atraso, este mal estar, que em nada valoriza a (in)ação autárquica/municipal.

Presidentes avisados valem por dois, no caso em apreço, quatro.

Vejam as fotos.

Manuel Peralta

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

AINDA o SONHADO CONCELHO de ALCAINS

Era notícia um pouco por todo o lado.

Já se vivia em democracia e, portanto, julgava-se que tudo era possível.

Havia enorme agitação no país e as alterações ao seu regime administrativo, pululavam em tudo o que era partido político e, órgãos de comunicação social.

O recorte do Jornal do Fundão que se segue, dá precisamente ideia do que por cá se passava.

Os partidos políticos na ânsia de conquistar eleitores, tal como hoje, prometiam a todos "bacalhau a pataco", e, surgiam as mais variadas propostas.

Nomeadamente, a cidade de Castelo Branco, tinha e tem uma única freguesia, São Miguel da Sé. Foi constituído um grupo de trabalho para de uma fazer duas.

Taberna Seca, Lentiscais e Benquerenças também eram envolvidas nesta disputa, embora sem apoios de maior.

E, claro, por cá esta febre também se viveu, ao ponto de um grupo de Alcainenses se candidatar à Junta da Freguesia com a sigla Alcains/Concelho.

Anos mais tarde apenas uma ou outra localidade passou de vila a concelho, depois de greves às eleições, manifestações, e alguma violência, o poder de então, Guterres/Sampaio, depois de lei aprovada a preceito, cederam às reivindicações populares.

Alcains depois do efeito Lardosa, desistiu.

Anda nesta data em discussão a possibilidade de reverter as Uniões de Freguesias que governo anterior assumiu, reduzindo assim a despesa pública, juntando freguesias.

Quando se criaram as Uniões de Freguesia, houve uma série de gente que deixou de receber o "salário/compensação" respetivo, e, em muitos casos, aos três elementos em cada junta, esta compensação desequilibrou o tipo de vida existente.

Hoje todos os autarcas executivos, são remunerados, trabalhar para a sua terra, sim, mas ganhando qualquer coisa...

Passados 50 anos do 25 de abril, nada se alterou administrativamente.

Tenho para mim, que muitos dos atuais concelhos não têm dimensão para existir.

Lembro-me do Alberto Martins ser ministro de Guterres para a reforma administrativa, "apesar de pedir para falar, ninguém lhe ligou, até hoje".

Manuel Peralta

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

ALCAINS. De ALDEIA, a VILA e de VILA a CONCELHO

1. De ALDEIA a  VILA

Foi naqueles tempos uma ideia e, mais que ideia, um objetivo, que perpassou bastante por toda a comunidade Alcainense.

Alcains era a maior senão uma das maiores aldeias do País. Tinha-se desenvolvido imenso nas décadas de 60 e 70, de tal modo que, reconhecendo o seu desenvolvimento, em 12 de novembro de 1971 foi elevada a Vila.

Após a morte do Prof. Dr. Oliveira Salazar, sucedeu-lhe na Presidência do Conselho de Ministros, o Prof. Dr. Marcelo Caetano.

Houve nessa data uma enorme esperança de que o regime se ia alterar, mais abertura à sociedade, mais reconhecimento de direitos dos cidadãos, eleições, enfim, caminhar seguramente para a tão almejada, na data,

DEMOCRACIA.

O Dr. Marcelo Caetano através da ANP, Ação Nacional Popular, cativou muitos e bons cidadãos para cooperarem nesta abertura, desde pequenos empresários, servidores dos serviços públicos, católicos, e, aquilo a que eu chamei os HOMENS BONS das TERRAS.

Terão na altura sido poucos os Portugueses que não acreditaram nesta abertura. Eu incluído.

Foi nomeado entretanto para Governador Civil do Distrito de Castelo Branco, nessa data, o Dr. Ascensão Azevedo e, o Sr. Ramiro Rafael, foi nomeado Vereador para a Câmara Municipal do Concelho de Castelo Branco. Quer a Junta da Freguesia de então, quer uma plêiade de outros Homens Bons de Alcains, os ditos na altura BAIRRISTAS, incluo a Liga dos Amigos de Alcains, (Liga que se formou anos antes para suprir carências locais autárquicas), reuniam, insinuavam-se junto dos poderes políticos de então, para levar esta ideia de, ALCAINS a Vila e, mais tarde, a Concelho.

Uma comitiva de Alcainenses deslocou-se, certa vez, para apresentar estapretensão a um hotel da Termas de Monfortinho e, reuniram com o Dr. Gonçalves Rapazote, na data ministro do Interior, pressionando-o a que fosse reconhecido o mérito de elevar Alcains de Aldeia a Vila.

Foi em 12 de novembro de 1971 que se assinou o Decreto Lei, obra de muita gente, mas com dois intervenientes fundamentais, o Governador Civil, Dr. Ascensão Azevedo e o Senhor Ramiro Rafael.

No meu mandato, em Democracia, com aprovação da Assembleia da Freguesia, foi atribuído por UNANIMIDADE, ao Dr. Ascensão Azevedo, governador do tempo da "ditadura marcelista" o HONROSO TÍTULO de CIDADÃO HONORÁRIO  de ALCAINS.

Presumo que será o único cidadão a usar este título.

2. De VILA a CONCELHO


Por formação profissional entretanto adquirida, sempre que um assunto entrava na esfera da Junta, abria uma pasta e, era assim constituído o respetivo dossier, onde toda a atividade desenvolvida sobre esse tema, era ali arquivada.

Abri então o dossier Alcains/Concelho.

Apesar de o tema ser conhecido um pouco por todo o lado, outras localidades assumiam igual pretensão, Vizela, Fátima, Canas de Senhorim entre outras, nunca o Presidente da Câmara de Castelo Branco se importou muito com o tema.

A decisão de alterar a realidade administrativa vinha do tempo da ditadura e, não existia ainda qualquer lei de democracia, sobre alterações administrativas.

Pululavam por todo o lado critérios de passagem a Concelho, entre os quais refiro, necessário autorização da Câmara Municipal, que as freguesias a integrar teriam de dar o seu acordo, que teria que se esperar por lei da Assembleia da República, enfim, cada um dos interessados ditava o que lhe parecia.

A comissão constituída no âmbito da Assembleia da Freguesia era presidida pelo Sr. Helder Rafael, visto ser ele o cabeça da lista que com a sigla Alcains/Concelho, disputou as eleições.

Comissão que se arrastava, e renascia sempre que o "apaixonado" pelo tema Sanches Roque, se deslocava de Lisboa a Alcains. De bengala na mão, magro e de chapéu preto na cabeça, referia sempre. " SE O CONCELHO DE ALCAINS ESTIVER NO INFERNO, VOU LÁ BUSCÁ-LO".

Com o Sr. Cunha Belo de pasta na mão, com as folhas das contribuições que Alcains pagava para Castelo Branco e, de que recebia muito pouco. Muitos dias, vários meses, alguns anos.

Certa vez, uma parte  destes Alcainenses pertencentes à comissão, deslocou-se à Lardosa para explicar as vantagens de a Lardosa aderir ao futuro concelho de Alcains. Apesar de haver relações pessoais de amizade

entre um ou outro membro de cá e de lá, a tensão existente transbordou, não terão corrido bem as propostas, e, cedo nos apercebemos das dificuldades desta ideia se concretizar.

Como o meu Pai dizia referindo-se ao futebol quando se perdia, "VIEMOS DE LÁ COM O CACHECOL A ARRASTAR"...

Foi um duro golpe, o primeiro.

Uma parte apreciável das freguesias a integrar situava-se a norte de Alcains e, entre estas, havia e há uma, denominada S. Vicente da Beira.

Com a reformulação administrativa efetuada por Mouzinho da Silveira, S. Vicente da Beira perdeu o seu concelho e, claro, estes reivindicavam a restauração do seu Concelho, em vez de um novo a criar em Alcains.

Por outro lado Castelo Branco que na data apresentava fraco desenvolvimento, a ser espoliado de parte apreciável das suas freguesias, caminharia ainda mais para um atraso que entretanto não aconteceu.

Foi assim que, caminhando, perseguindo uma ideia na altura luminosa, que a luz de Alcains/concelho, se apagou.

Até hoje.

Nota: Não sei se seria bom ou não, mas, com a visão que tenho destas situações hoje, ALCAINS/CONCELHO apenas seria possível em ditadura.

Manuel Peralta


Nota.

Este texto, é da minha memória vivida naqueles tempos.

Agradeço a quem tenha memórias ou documentos  desses tempos, ajude a

recordar, para que aqui se faça história da nossa terra.

Obrigado.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

ASSEMBLEIAS da FREGUESIA

Como a Junta da Freguesia foi a primeira eleita em democracia, foi  mesmo necessário, extirpar os resquícios legais da DITADURA e, começar a funcionar com as leis da DEMOCRACIA.

Em texto anterior, já descrevi o modo, e com quem se elaborou e se aprovou o REGIMENTO da ASSEMBLEIA da FREGUESIA.

As reuniões da assembleia de freguesia eram na data muito participadas, quer pelos eleitos, mas sobretudo pelos cidadãos que na data ainda não estavam cansados com a DEMOCRACIA.

Dou nota de uma, presumo que a primeira, Assembleia da Freguesia daqueles tempos.

Como venho referindo os jornais eram um excelente meio de dar a conhecer o que na Junta se fazia ou o seu contrário. E, eu, claro, tinha elevado interesse nisso, pois queria manter os Alcainenses em geral e, dentro destes os meus eleitores, interessados e não desiludidos com a sua votação.

Desde o ensino pré-escolar, INFANTÁRIO, passando pela ESCOLA  SECUNDÁRIA, à pavimentação da Avenida 12 de novembro de 1971, de um novo DEPÓSITO de ÁGUA, a melhoria das BANCADAS do CAMPO  de FUTEBOL, e a questão sempre presente do ALCAINS CONCELHO, tudo era ali debatido, com muita ordem, interesse e espeito por todos os intervenientes.

Esgotada a ORDEM dos TRABALHOS, era dada voz ao PÚBLICO para que os presentes pudessem colocar outros assuntos por resolver.

Em negociações com as IRMÃS FRANCISCANAS de MARIA, na pessoa da IRMÃ CONCEIÇÃO, foi possível abrir o INFANTÁRIO, e ficou a cargo da Junta a decisão de estabelecer as mensalidades em função dos rendimentos familiares, tarefa muito difícil pois, tal como hoje, não era possível taxar os SINAIS EXTERIORES de RIQUEZA, pois tudo declarava o mínimo para pagar nada ou quase nada.

Deixo aqui expresso o maior elogio que posso fazer a esta CONGREGAÇÃO que em muito, mesmo muito, contribuíram para a elevação da educação em Alcains.

A empreitada do edifício do Ciclo Preparatório estava parada por falência do empreiteiro. Situação idêntica acontecia com o Infantário da Pedreira, falência e obra parada. O levantamento e a fixação definitiva do terreno da Escola Secundária avançou, pois como já referi em texto anterior, foi o Doutor Carlos Robalo, na data Secretário de Estado da Educação que despachou a criação em Alcains do ensino secundário, no meu mandato.

A questão ALCAINS CONCELHO foi o lema de candidatura de uma das  listas oponentes.

Constituiu-se no âmbito da Assembleia da Freguesia uma comissão, que sempre apoiei e estive presente nas parcas atividades havidas para se conseguir esta ambição, mas os assuntos da Junta davam-me mesmo muito que fazer.

Nem eu nem qualquer elemento da Junta recebeu o que quer que fosse, para ALCAINS TRABALHAR de BORLA, era o lema.

Com exceção de Sanches Roque e Cunha Belo, dois eternamente apaixonados por Alcains, o assunto foi esmorecendo e acabou com o tempo por amadurecer e, cair.

Até Hoje.

Manuel Peralta


Nota.

Quem assina o recorte do Reconquista é um tal, RP, Riscado Peralta.

A necessidade de dar conhecimento do que na Junta se fazia, foi sempre uma tarefa minha.

Havia, e há ainda, muitos Alcaineneses fora da sua terra que sabem o que por cá  se passa,  pelas notícias do jornal.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

A IMPRENSA LOCAL e REGIONAL e a RIBEIRA da LÍRIA em 1982

Foi em 1982 que se deu um elevado avanço no alargamento e rebaixamento da ribeira da líria.

Era um problema herdado de muitos anos, que se "resolveu", isto é, MELHOROU MUITO, as INUNDAÇÕES  e os MAUS CHEIROS, na VILA.

Quer o regional/nacional, Jornal do Fundão quer o Reconquista davam nota desta obra, que em muito ajudou a melhorar a qualidade de vida dos Alcainenses.

Como já referi o Governador Civil, Sr. Alberto Romãozinho, passou diretamente por ser militante do PSD, de Presidente da Junta de Cebolais de Cima, para GOVERNADOR CIVIL.

Tinha-mos tornado amigos nas reuniões de juntas com o Presidente e, por isso, tinha acesso direto ao Governador.

Não havia lei de finanças locais e, na transição, os projetos eram aprovados centralmente, Lisboa, claro, e necessitavam de forte apoio da estruturas de poder locais. E assim aconteceu.

Vários ofícios quer para o Governo Civil quer para a Hidráulica em Castelo Branco, na pessoa do Sr. Engº. Serôdio, tornaram possível a aprovação e o respetivo financiamento. A Câmara só soube desta ação pelos jornais, em nada interferiu.

Volto a reafirmar que a lei das finanças locais que permitiu financiar as juntas, foi aprovada alguns anos depois do meu mandato. Naqueles tempos, a Junta viveu das suas parcas receitas, da forte ajuda financeira da Câmara, na sua quase totalidade e, da capacidade que a junta tinha de, pressionando outras entidades, fazer aprovar e financiar as obras de que sempre se falou e tardavam a acontecer.

Uma empresa externa ao distrito apareceu na Junta para executar os trabalhos de alargamento e rebaixamento da ribeira. Para tal  era necessário obter autorização de todos e, eram muitos, os proprietários confinantes com a ribeira, desde a Retorta até ao cabeço do Carvão.

Desde que havia ribeira e propriedades confinantes, sempre os seus proprietários plantaram junto às margens, todo o tipo de árvores, videiras, faziam horta, tinham passagens clandestinas de acesso, pois os Guarda Rios já há muito tinham deixado de exercer atividade fiscalizadora.

Fiz reuniões na junta e tive de os informar que, seis metros para cada lado das margens, eram zona de proteção hidráulica e que, apesar de a Hidráulica não se opor ao uso do terreno, sempre que esta necessitasse poderia tomar posse dos terrenos enquanto durassem os trabalhos.

A generalidade dos proprietários, muito a custo aceitou, mas houve casos em que só a presença da GNR permitiu o avanço da obra. Foi dado prazo e acordado com a empresa a recolha de todos os frutos pendentes, uns tiveram de vindimar mais cedo, os marmeleiros e outras, muitas árvores e videiras, que abundam nas ribeiras foram praticamente todos deitados abaixo. As máquinas limparam e rebaixaram a ribeira sempre a partir das margens. Os sobrantes retirados eram descarregados para uns camiões que, sempre nas

margens da ribeira, os retiravam e, com os proprietários a ralhar com os trabalhadores.

Alguns proprietários nunca me perdoaram, e muitos anos mais tarde, quando com um ou ouro me encontrava, sempre me falavam disso.

Tinha na data 32 anos e, aprendi cedo as dificuldades  que se sentem quando o público entra na esfera do privado, mas era meu dever, e assim foi.

Ajudei a melhorar o ambiente na minha terra.

Uma forma de os fregueses acompanharem a atividade da Junta, residia naquilo que os jornais publicavam.

Na data, o JORNAL do FUNDÃO tinha uma elevada penetração em Alcains e não só. O Senhor António Paulouro, diretor e dono do jornal,  fazia o favor de ser meu amigo e, como jornal do melhor que houve na imprensa, tinha muito cuidado no que publicava e, os seus jornalistas e correspondentes, eram irrepreensíveis com a verdade.

Quando o jornal fazia anos a junta ajudava publicando no jornal, uma nota de parabéns.

Em nome da Junta, fiz eu o texto de parabéns, que agora recordo e convido a ler.

A ideia era fazer um contraste com o Reconquista, cujo correspondente em Alcains, Davide Infante, por vezes, entusiasmava-se com o que escrevia, mas, apesar disso tenho-o como amigo e dele tenho saudades.

Atentem bem na foto e, no texto de parabéns.

Manuel Peralta

domingo, 8 de dezembro de 2024

SUGESTÃO de LIMPEZA

Por me parecer absolutamente necessário e, para prevenir problemas futuros, decidi remeter para a Junta da Freguesia, esta sugestão de limpeza.

Para: 'geral@jf-alcains.pt'

Cc: 'camara@cm-castelobranco.pt'

Assunto: Sugestão de limpeza

O continente vai abrir, ao que se diz, na próxima semana.

Desde as instalações do mercado de leilão de gado, até ao inicio do continente, existe uma valeta em cimento que está completamente obstruída.

Areias, silvas, imensas folhas e mais grave vários pedaços de plástico, alguns bem grossos que assoreiam a valeta.

Esta valeta recolhe todas as águas pluviais da zona, que entram num tudo, que o Continente instalou, e que as drena para a líria.

Este tubo, na entrada, bem visível, deveria ter uma grelha de proteção de modo a evitar o seu entupimento.

Sugiro, pelo que aqui descrevo, que mande limpar a referida zona, e, se considerar relevante, instale uma grelha na entrada do referido tubo.

Evitará no futuro, problemas maiores.

É o que me parece. Se puder passe por lá.

Cumprimentos

Manuel Peralta

Nota

Se estiver com o Senhor Presidente da Câmara, não se esqueça de lhe referir, a questão do ordenamento geral do TRÂNSITO na zona.

Não há uma passadeira para peões, a sinalização horizontal está completamente impercetível, a sinalização vertical não existe.

A instalação desta importante infraestrutura comercial na zona, o Continente, altera radicalmente a circulação do tráfego, aumentando em muito a pressão de peões e a circulação rodoviária.

Do lado do posto de combustível da Alves Bandeira, os peões não têm qualquer passeio, misturam-se com as viaturas e, quando vão ao mercado chinês.

Foi pena que a Câmara quando autorizou a instalação desta bomba de combustíveis, não tivesse previsto o que agora acontece.

Há que fazer algo e, a tempo.

Manuel Peralta

sábado, 7 de dezembro de 2024

PARA a JUNTA da FREGUESIA: A circulação dos peões

Por descargo de consciência, remeti também para a Junta da Freguesia, este email com fotos (duas) para que, alertada, faça algo sobre o tema.

A instalação desta superfície comercial, condiciona toda uma rotina instalada, que é necessário adaptar a esta nova realidade.

A segurança de circulação de pessoas e bens.

Enviada: 3 de dezembro de 2024 09:31

Para: freguesia. Alcains.

Cc: camara .Castelo Branco

Assunto: Passeio para peões do Continente.


Bom dia Srª. Presidente da Junta da Freguesia.

Remeti no passado dia 1 deste mês, fotos idênticas para a Câmara.

Consta que, dia 13 do corrente mês, o Continente abrirá ao público as suas instalações.

No meio do único passeio para peões, existem 3 postes municipais de iluminação pública, um deles avariado, 2 postes igualmente no meio do passeio da Edp redes que alimentam de energia as instalações do João Traitas e, MAIS GRAVE, um poste da Edp Redes de 30 mil volts de média tensão.

Com tubos metálicos a subir pelo poste, 30 mil volts, uma base de apoio, se por qualquer razão uma faísca, uma anormalidade na estaca de terra, pode por ali acontecer o pior.

Fica o aviso, para memória futura.

Em local verificará que o passeio está inclinado, o que propicia a queda dos transeuntes com equipamento auxiliar de mobilidade para a estrada N 18.

Se atentar nas fotos verificará que uma cadeira de rodas, um carro de bebe não conseguirá circular com segurança por ali, e muito menos pessoas idosas com mobilidade reduzida.

Relembrando o que disse sobre Alcains no passado dia de aniversário, só lhe peço que seja consequente.

Aguardo.

Manuel Peralta

Nota.

Não existe no local, qualquer passadeira para peões de acesso ao Continente.

Se parar por ali pode observar como os peões se perdem ao querer passar para o Mega Store Chinês ou para, no futuro, Continente.

Na EN 18, ali frente e ao lado do Continente,  não existe qualquer passadeira para peões.

Presumo que o departamento municipal de trânsito terá conhecimento desta anormalidade que ali existe.

Por ali, estamos muito longe de criar um ambiente em que todos se sintam bem para caminhar, em segurança e, como agora a moda diz, PRIORIDADE AOS PEÕES e à MOBILIDADE DOS CIDADÃOS.

Ao dispor

Manuel Peralta

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A CÂMARA, a EDP Redes e a CIRCULAÇÃO dos PEÕES

Tenho, desde o início da construção das instalações do CONTINENTE, alertado quer a Câmara Municipal na pessoa do seu Presidente, quer a EDP Redes, quer a ERSE, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, para a situação da falta de SEGURANÇA  que existe no passeio para acesso dos peões ao Continente.

Quem me ler aqui em escritos anteriores sobre o tema, terá conhecimento.

Apesar destes meus alertas, tudo continua na mesma, o passeio já está calcetado e os postes continuam no meio dos mesmos.

Decidi hoje, pela última vez, alertar o Senhor Presidente da Câmara para situação.

De: manuel-r-peralta@sapo.pt

Enviada: 1 de dezembro de 2024 10:28

Para: Presidente@cm-castelobranco

Assunto: Acesso difícil a peões, carrinhos de bebes e cadeiras de rodas.


Bom dia Sr. Presidente

Não pretendo aborrece-lo, mas...

1. Tenho informação fidedigna que dia 13 deste mês, o Continente abrirá as suas instalações ao público.

2. As fotos que envio, mostram o único passeio para peões e pessoas com mobilidade reduzida.

3. O poste que dificulta a circulação dos peões, da Edp redes tem um cabo de 400KVA, obtidos através de uma linha aérea de média tensão.

4. Há mais um poste de iluminação pública, este municipal, igualmente no meio do passeio, onde caiu o suporte e a lâmpada respetiva, portanto não acende.

5. Há mais dois postes no meio do passeio, estes da Edp redes, que alimentam a oficia e sucata de automóveis ao lado da bomba de combustível da PRIO.

Com a abertura do Continente, quase todos vão passar por ali.

Dou nota desta situação para o que entender conveniente.

Bom fim de semana.

Manuel Peralta

domingo, 1 de dezembro de 2024

A JUNTA da FREGUESIA de 1980 a 1983 e, o FUTEBOL (CDA)

1. Em 1980/81 o CDA debatia-se com mais uma crise diretiva.

O campo de futebol não garantia a prestação futebolística por todos desejada, a iluminação era mesmo muito deficiente, apenas dois pequenos projetores na haste de um fino tubo de ferro, pouca comodidade para os adeptos, balneários desconfortáveis, uma já forte pressão salarial por parte de treinadores e jogadores, e, uma questão muito antiga por resolver com a família Trigueiros de Aragão, doadora dos terrenos desta importante infraestrutura desportiva.

O nome do campo de jogos perpetua a memória do seu benemérito, ANTÓNIO COELHO TRIGUEIROS de ARAGÃO.

Receitas parcas dos jogos em casa, atraso dos sócios no pagamento das suas quotas, Junta totalmente dependente da Câmara em termos financeiros, com muito por fazer e, sem meios próprios, um ambiente social e municipal herdado do 25 de abril contra o futebol, enfim, era esta a situação em que se encontrava o panorama desportivo.

Foi, é, e sempre foi muito difícil encontrar quem quisesse ser Presidente do CDA.

Arranjado Presidente era muito mais fácil completar a lista dos corpos diretivos, pois em Alcains sempre houve desde os tempos do GLORIOSO GDA, GRUPO DESPORTIVO de ALCAINS, um enorme apoio ao clube e ao futebol.

No ano ou no ano seguinte ao da minha entrada como Presidente da Junta, havia também no CDA, uma crise diretiva. Não se encontrava quem quisesse ser Presidente do CDA.

Na sede da Junta da Freguesia decorria uma, entre outras já havidas, assembleias de sócios do CDA para se encontrar Presidente. Chegou-se a um extremo de se arranjar uma comissão de "Homens Bons", para depois de análise, se convidar quem, pudesse e quisesse ser candidato.

Conhecedor da situação, fiz-me de "Mné de Sousa" e decidi não aparecer na assembleia.

Habitando nessa data uma casa perto da Junta, fui surpreendido pelo tardio toque da campainha. Quem era? Era o Armando Pereira, neto do Ti Tobias, que me vinha chamar para ir à Assembleia pois, o indigitado e a custo para ser Presidente, só aceitaria se a Junta, desse de imediato 50 mil escudos, (50 contos de réis) ao CDA.

Era algum, na data, dinheiro, o 25 de abril tinha fixado o salário mínimo em 3300,00 escudos, havia já uma pequena liquidez na junta, e, claro como era meu dever, anui ao pedido e o indigitado a custo, repito, a custo, Presidente, aceitou.

Entretanto e fruto das boas relações que sempre tive no mandato com o Dr. César Vila Franca, Presidente da Câmara, foi possível melhorar a iluminação do campo de futebol com a instalação de quatro potentes projetores, que permitiram o treino semanal em melhores condições, e, instalar um PT aéreo para haver potência elétrica disponível.

Foi entretanto destacado para tomar conta do campo e melhorar a prática do futebol, um trabalhador permanente da Junta, fruto do que disse ao Presidente da Câmara, comparando a ajuda que a Câmara dava ao Benfica de Castelo Branco e a que se não dava ao Alcains.

E, assim foi, houve direção e o futebol continuou. Não me lembro do nome do Presidente que foi indigitado nessa altura. Se quem me ler se lembrar e puder ajudar, agradeço. Fica o pedido.

2. Quanto à questão com a família Trigueiros de Aragão, havia por parte dela, um certo "mal estar", por ainda não se terem definido as condições de cedência de tão importante infraestrutura, desde a sua cedência à Junta da Freguesia, e, já lá iam muitos, mesmo muitos, anos. Alertado para a situação pelo Sr. Cunha Belo, então chefe dos escritórios da Fábrica Lusitana, pedi-lhe que, quando viesse a Alcains familiar habilitado para o efeito, me informasse para ter reunião para se resolver de vez a situação.

E, assim aconteceu.

Reuni com o Sr. Diogo Trigueiros, pessoa de trato muito afável, a quem entreguei uma minuta de um projeto de acordo, após dar conhecimento na Assembleia de Freguesia, para ler, apreciar e, alterar o que entendesse necessário.

Passados uns tempos, voltei a reunir com o Senhor Diogo Trigueiros que, não fazendo alterações substantivas ao documento, o assinou.

Este documento, protocolo de acordo, ficou na Junta da Freguesia e de memória, recordo que, foi constituído um camarote para a família Trigueiros de Aragão, entrada gratuita em todos os espetáculos no recinto e, a utilização das instalações por parte dos trabalhadores da Fábrica Lusitana, sempre que delas necessitassem.

É o que recordo, depois de me chegar à mão o recorte do Reconquista que, David Infante, assinava.

Continuo  desde há muito sendo o sócio de bancada nº 88 do CDA, não sou assíduo ao jogos atualmente, mas, tenho acompanhado de perto as dificuldades do atual Presidente e treinador do CDA, o Sr. ÉLIO, filho de um dos excelentes atletas do GDA, o André da Ressurreição Esteves, vulgo, André Requeita.

Agradeço a quem me ler, que, se considerar oportuno, avive memórias suas, daqueles tempos, que as minhas são as que aqui descrevo.

Manuel Peralta