Páginas

quarta-feira, 24 de julho de 2024

O ENSINO EM ALCAINS (1)

 O ensino, em boa escola, era e continua a ser o grande fator de desenvolvimento humano e, por arrasto, o maior elevador social, e de desenvolvimento. Por isso a Junta da Freguesia, com grande empenho, tudo fez para que os Alcainenses, na sua terra, tivessem acesso ao mesmo.

Em 1980 em Alcains fazia-se a quarta classe, ensino primário e, o seguimento dos estudos era feito em Castelo Branco, ora no liceu ora na escola industrial e comercial. Funcionava entretanto no edifício da JOC, Juventude Operária Católica a TELESCOLA e, o Ciclo Preparatório começou por ser ministrado na casa do Sr. José dos Reis Sanches onde hoje está a sede da Junta da Freguesia.

Não havia transportes, e os que existiam nada se coadunavam com os horários das escolas albicastrenses. Existia uma carreira diária, da empresa Martins Évora, para Castelo Branco, em São domingos pelas 10h30 da manhã e regresso pelas 16h30 de Castelo Branco para a Covilhã, parando em São Domingos, nas bombas da gasolina, como se dizia então.

Comboios e ainda hoje a CP, sempre estiveram de costas voltadas para os seus utentes e, Alcains era apenas mais um caso de abandono.

Aliadas às dificuldades familiares, tinha de se ir viver para Castelo Branco, e ao facto de não haver transportes, estas duas premissas, condicionavam ainda mais a frequência do ensino, secundário. Muitos alunos que faziam a quarta classe acabavam assim , muito cedo, de deixar de estudar e, iniciavam também, muito cedo, a aprendizagem de uma arte, carpinteiro, pedreiro, canteiro, marceneiro, serralheiro e, no caso das alunas, ou iam para a mestra ou para a agricultura ou para a Dielmar quando a idade o permitia.

Outros, e nesse tempo foram bastantes, acabavam por ir para o Seminário do Gavião ou Portalegre, para iniciarem uma vida que não desejavam, ser Padre.

Outros, como o meu caso, e muitos mais como bem me lembro, iam e vinham diariamente de bicicleta para Castelo Branco para frequentar o ensino que Alcains não tinha. Quer na escola técnica quer no liceu, não havia cantina e, muito menos salas para acolher os alunos, quer as suas bicicletas, bem me lembro.

Foram vários anos a almoçar frio, a chegar com os pés molhados à escola, mas também, um tempo de grande divertimento face à liberdade que se tinha.

Gostei tanto desse tempo, que ainda hoje sempre que posso, ando de bicicleta, sei remendar um furo, afinar travões, bater crenques, afinar a corrente, enfim, um mecânico da bicicleta.


Continua

Manuel Peralta

Sem comentários:

Enviar um comentário