1. SITUAÇÃO
Pode-se dizer com algum exagero que, em Alcains, em 1980 não havia nem luz elétrica, nem água.
A HEAA, Hidro Elétrica do Alto Alentejo, foi a empresa que distribuiu ao longo de muitos e muitos anos a energia em Alcains. Com o 25 de abril, houve um reagrupamento destas empresas e constituíram-se em quase todo o país empresas de âmbito nacional e municipal, as Federações de Municípios, para os quais passou essa responsabilidade. Esta reforma do setor elétrico nacional também não surtiu o efeito desejado, até que anos depois se constituiu a nível nacional a EDP, Eletricidade de Portugal.
Para tomar conta da rede elétrica de Alcains, nos tempos da HEAA, existia um empregado, o Sr. Batista, pai, que ligava ou desligava na cabine por detrás do cemitério, a luz. Quando da festa de Santo António e para que se visse melhor o fogo preso, o Sr. Batista desligava a Luz.
Quando se construía uma casa e era necessário uma nova baixada, estava-se dependente da HEAA/FEDERAÇÃO, em Castelo Branco, onde apenas existiam dois engenheiros, Barata e Riscado e poucos mesmo muito poucos eletricistas.
A intensidade da corrente era muito fraca e, em Alcains, para que as televisões pudessem trabalhar sem interrupções, todas tinham de ter um transformador associado, chamado de ESTABILIZADOR, para que este pudesse ajudar a melhorar, estabilizar, a corrente.
Quando trovejava, e se trovejava naqueles tempos, relembro as trovoadas de Maio, ainda com a trovoada eminente e, muito longe de passar a iminente, a luz já se tinha ido, embora…
Onde esteve o antigo edifício do hospital, José Pereira Monteiro na rua com o mesmo nome, e, onde hoje está no mesmo edifício, a acanhada Extensão de Saúde de Alcains, em plena rua, com muitos fios de cobre que transportavam a eletricidade, e, por ser das zonas mais habitadas e com algum comércio, eram quase diários os cortes de energia pois os fios de cobre, insuficientemente dimensionados para a quantidade de energia que por eles passava, dilatavam, tocavam uns nos outros e faziam inúmeras faíscas, a que então se dominavam arraiais, fogo preso, devido à coloração das faíscas.
Que eram um perigo para os transeuntes que por ali passavam.
Quanto à água basta dizer que não a havia, a barragem do Pisco secava, e, por este facto, eram diários os cortes de água havendo semanas, dias, apenas com duas horas dela. Quando se construiu a barragem da Marateca, este problema até hoje, está muito bem resolvido, temos muita água, de qualidade, e sem interrupções 24 horas por dia.
Voltando à luz, agora, naquele tempo, já sob responsabilidade da EDP.
A energia é um fator de desenvolvimento e, em Alcains naqueles tempos, havia uma elevada quantidade de atividades industriais que dela necessitavam e que, quer em quantidade, qualidade e disponibilidade não a tinham. Ver recorte de jornal, acima.
Nos anos anteriores a única subestação onde estava o transformador de energia de Alcains, era por detrás do cemitério, edifício que ainda hoje existe. Por detrás do edifício da ex CONSAL, haviam-se iniciado os trabalhos de construção de um novo parque de linhas e a respetiva e bem dimensionada subestação.
Esta subestação foi entretanto alimentada com uma nova linha de Muito Alta Tensão que abastece atualmente Alcains.
Continua...
Manuel Peralta
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