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quarta-feira, 1 de maio de 2024

“EU É QUE SOU O PRESIDENTE DA JUNTA“

Manuel da Paixão Riscado Peralta, foi o 1º Presidente da JUNTA da FREGUESIA de ALCAINS a ser eleito em democracia, nos finais de 1979, data das primeiras eleições autárquicas numa lista independente subscrita por cerca de 200 cidadãos eleitores da freguesia de Alcains.

Apresentaram-se a sufrágio três listas, a minha sob o lema  Servir Alcains, uma outra, Por Alcains Concelho, do Sr. Helder Rafael da Dielmar e, a terceira do PCP/APU, encabeçada pelo Sr. João Santos, (Visga, Calceteiro).

Quando se deu o 25 de abril de 1974, estava na Guiné-Bissau, na guerra colonial e só regressei em setembro de 1974. Era o Alferes de Transmissões de Infantaria do meu batalhão, nº. 4516/73.

Sobre essa data, refiro o que me contaram, nomeadamente uma fonte limpa que é o Engº. José Eurico Minhós Castilho, eleito na minha lista para Presidente da Assembleia da Freguesia, que, estava por cá e viveu e assistiu a tudo.

Sendo assim, quando aconteceu o 25 de abril, o Sr. Ramiro Rafael era vereador pela ANP, Ação Nacional Popular, na câmara de CBranco, primeiro vereador de Alcains.


O Sr Ramiro e, na altura o Governador Civil, Dr. Ascensão Azevedo, tiveram uma influência fundamental na elevação de Alcains, então Aldeia,  a Vila. Esta alteração de categoria da nossa terra ocorreu no dia 12 de novembro de 1971.

Claro que nessa data, nesses tempos, havia uma categoria de Alcainenses, denominados BAIRRISTAS, que eram pessoas que se interessavam pela melhoria da situação da nossa terra e, claro, dos Alcainenses que, em muito colaboraram e ajudaram a que tal objetivo se conseguisse, nomeadamente, Sanches Roque, Cunha Belo, José Dias, João Santos, Porfírio Isidro, Luis Lopes, (Tobias), Frutuoso Mateus, David Infante e muitos, muitos outros.

Já na Junta da freguesia e na qualidade de Presidente, propuz à Assembleia de Freguesia que se pusesse o nome de Av. 12 de novembro de 1971, à atual avenida que começa na rotunda do Seminário, até à estrada nacional 18. A avenida já estava aberta, mas em terra batida e ainda sem qualquer infraestrutura.

A Junta da Freguesia que vinha de antes do 25 de abril, era constituída pelo Srs. José Dias, João Santos e João Pereira.

Com o falecimento entretanto ocorrido do Sr. José dos Reis Dias, presidente, sucedeu João dos Santos e entrou o José Lopes da Silva.

Quando ocorre o 25 de abril, e como aconteceu em muitas cidades e vilas por todo o País, em Castelo Branco a câmara caiu, era presidente ANP, o Engº Manuel da Silva Castelo Branco que foi meu professor.

Sucedeu-lhe, sem eleições, nomeada uma Comissão Administrativa presidida pelo Dr. Armindo Ramos muito ligado ao PS, com quem lidei de muito perto.

As forças ditas democráticas com preponderância do MDP/CDE, Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral, tentaram e conseguiram em muitas outras situações mudar os existentes órgãos autárquicos. 

O MDP/CDE, era um partido proto comunista, da oposição ao anterior regime e, o mais organizado na altura. O Mestre Sousa de Alcains que fazia parte desse partido, juntamente com outros alcainenses e albicastrenses prepararam uma sessão para destituir a Junta da freguesia, ainda com José Dias vivo, e a “coisa“, para as forças ditas da democracia, não terão corrido nada bem.


A junta que vinha de antes do 25 de abril, manteve-se assim até às primeiras eleições autárquicas, ocorridas em 1979. A partir de aí e até hoje, todas as autarquias passaram em vez de nomeadas, a ser eleitas pelos cidadãos eleitores.

Nessa data, 1979, tinha 30 anos, era o autarca Presidente, mais novo no Concelho de Castelo Branco e presumo que até no País. Os autarcas eleitos para presidente, eram aquilo a que se chamava os “ homens bons das terras “. Quase todos de fato, gravata,  colete, corrente para o relógio e invariavelmente de chapéu. Mulheres, ainda nem pensar…

A grande maioria, tinha muita dificuldade em perceber os inúmeros documentos que lhes eram enviados, para discussão nas Assembleias Municipais. Não havia mesas e os chapéus eram colocados debaixo da cadeira em que se sentavam.

Em 1979 a lista que venceu as eleições para a Câmara Municipal, foi a AD, Aliança Democrática, sendo eleito Presidente o Dr. César Vilafranca.

Já na altura e, por razões profissionais, trabalhava nos ex CTT no largo da Sé em Castelo Branco, abandonei a presidência da Junta da Freguesia, fazendo apenas um mandato, e, nas eleições seguintes sucedeu na autarquia o Sr. João Santos.


Já na democracia, tinha ido da presidência da junta da freguesia de Cebolais de Cima para Governador Civil, o Sr. Alberto Romãozinho, que na data era militante do PSD, por nomeação governamental. Tornámo-nos amigos e fui por ele muito pressionado para integrar a lista do Sr. João Santos à Assembleia de Freguesia. Aceitei. O Sr. João Santos continuou.

Voltarei

Manuel Peralta

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