Páginas

terça-feira, 28 de maio de 2024

O CRUZEIRO DE SANTO ANTÓNIO

 Foi por assim dizer, a primeira ação da Junta da Freguesia, poucos dias depois de iniciar o mandato.

Trazer para o largo de Santo António, o cruzeiro que havia desaparecido. Do evento deu nota, David Infante, no Reconquista, março de 1980.



Refere o articulista que, "numa manobra infeliz, a fábrica Lusitana destruiu o cruzeiro"... e que este, esteva ao abandono, não se sabe, onde.

Passo a descrever o que, comigo e o cruzeiro se passou.

Em outubro de 1979, em serviço dos CTT, andei mais o técnico de desenho Augusto de Matos, natural de Oleiros e funcionário dos CTT, a elaborar o plano de ampliação da rede de telefones de Alcains.

E, fomos à Santa Apolónia.


Ali, frente à capela, prostado, estava abandonado o cruzeiro, partido em 3 partes, duas no fuste e uma no capitel.

Com a ajuda dele, na mala da viatura depositámos o capitel, tendo o restante ficado no local por demasiado pesado. Na base faltavam duas grandes pedras das quatro que o suportavam.

Regressámos aos CTT e pela tarde, já em Alcains, levei ao senhor Vigário, Padre António Afonso Ribeiro, no largo do Poço Novo, o capitel partido em dois, para guarda da paróquia.

Não o aceitou o presente, pedindo educadamente desculpa e, assim andei um ou dois dias com o capitel na mala do carro.


Contei ao meu Pai, que me aconselhou a levar o capitel à junta, pois ainda poderiam dizer que te andavas a "fazer" ao dito.

Claro segui o conselho, e fui à junta para o capitel entregar. Estava o Sr.

João Santos que, não terá apreciado a oferta e, mandou o Carlos, abrir a porta da leitaria que estava anexa à junta, para depositar a oferta.

Assim fiz e, livrei-me deste incómodo, mas tive sempre presente, que valeu a pena correr o risco, salvando um pouco do já pouco património de Alcains.


Mal sabia eu, que esta herança me havia de cair em cima. 

E ainda bem, quando eleito falei com o Sr. Manuel Maria Sanches, canteiro e industrial da profissão, que transportou de Santa Apolónia parte da base, duas pedras grandes da base que o suportavam e davam mais estabilidade ao monumento tinham desaparecido.

Adicionou o fuste, colou todas as partes e, edificou o cruzeiro conhecido como o SENHOR DOS ESQUECIDOS, dos que não têm ninguém que, deles depois de mortos, se lembre.

O capitel lá estava onde o deixei e, hoje fico satisfeito por tal me ter acontecido.

Foi das primeiras iniciativas que a Junta tomou.

Lá está. Cá está.


Manuel Peralta


Nota: O Manuel Geada, enviou este texto do livro de Sanches Roque, Alcains e a sua História, que ajuda a esclarecer a situação do cruzeiro.


Obrigado

Sem comentários:

Enviar um comentário