Foi por assim dizer, a primeira ação da Junta da Freguesia, poucos dias depois de iniciar o mandato.
Trazer para o largo de Santo António, o cruzeiro que havia desaparecido. Do evento deu nota, David Infante, no Reconquista, março de 1980.
Refere o articulista que, "numa manobra infeliz, a fábrica Lusitana destruiu o cruzeiro"... e que este, esteva ao abandono, não se sabe, onde.
Passo a descrever o que, comigo e o cruzeiro se passou.
Em outubro de 1979, em serviço dos CTT, andei mais o técnico de desenho Augusto de Matos, natural de Oleiros e funcionário dos CTT, a elaborar o plano de ampliação da rede de telefones de Alcains.
E, fomos à Santa Apolónia.
Ali, frente à capela, prostado, estava abandonado o cruzeiro, partido em 3 partes, duas no fuste e uma no capitel.
Com a ajuda dele, na mala da viatura depositámos o capitel, tendo o restante ficado no local por demasiado pesado. Na base faltavam duas grandes pedras das quatro que o suportavam.
Regressámos aos CTT e pela tarde, já em Alcains, levei ao senhor Vigário, Padre António Afonso Ribeiro, no largo do Poço Novo, o capitel partido em dois, para guarda da paróquia.
Não o aceitou o presente, pedindo educadamente desculpa e, assim andei um ou dois dias com o capitel na mala do carro.
Contei ao meu Pai, que me aconselhou a levar o capitel à junta, pois ainda poderiam dizer que te andavas a "fazer" ao dito.
Claro segui o conselho, e fui à junta para o capitel entregar. Estava o Sr.
João Santos que, não terá apreciado a oferta e, mandou o Carlos, abrir a porta da leitaria que estava anexa à junta, para depositar a oferta.
Assim fiz e, livrei-me deste incómodo, mas tive sempre presente, que valeu a pena correr o risco, salvando um pouco do já pouco património de Alcains.
Mal sabia eu, que esta herança me havia de cair em cima.
E ainda bem, quando eleito falei com o Sr. Manuel Maria Sanches, canteiro e industrial da profissão, que transportou de Santa Apolónia parte da base, duas pedras grandes da base que o suportavam e davam mais estabilidade ao monumento tinham desaparecido.
Adicionou o fuste, colou todas as partes e, edificou o cruzeiro conhecido como o SENHOR DOS ESQUECIDOS, dos que não têm ninguém que, deles depois de mortos, se lembre.
O capitel lá estava onde o deixei e, hoje fico satisfeito por tal me ter acontecido.
Foi das primeiras iniciativas que a Junta tomou.
Lá está. Cá está.
Manuel Peralta
Nota: O Manuel Geada, enviou este texto do livro de Sanches Roque, Alcains e a sua História, que ajuda a esclarecer a situação do cruzeiro.
Obrigado
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