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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Os PRESIDENTES das JUNTAS das FREGUESIAS em 1980

1979 foi o primeiro ano de eleições autárquicas em democracia.

Em 1980 as Juntas das Freguesias iniciavam assim o seu primeiro mandato, e, dependiam em tudo da sua Câmara Municipal.

Não tinham receitas próprias, iam vendendo umas campas dos cemitérios, cobravam uns atestados e, pouco mais.

Só anos mais tarde, o mandato de 3 anos passou sem a lei,  foi aprovada a lei da Finanças Locais que, estipulou critérios de financiamento ponderando, nomeadamente fatores de população e áreas das freguesias.

Foi um avanço em que uns foram beneficiados e outros saíram prejudicados.

A extensão territorial foi mais beneficiada do que a população e, assim, as freguesias de Malpica do Tejo e Monforte da Beira, com pouca gente e grandes extensões recebia mais dinheiro que Alcains.

Naqueles tempos, estava quase tudo por fazer, saneamento, eletrificação, escolas para preparatório e secundário, centros de saúde, arruamentos etc...

Dou nota no recorte do jornal do Fundão de então, das preocupações dos autarcas.

Mensalmente o Presidente da Câmara reunia-se com os Presidentes das Juntas para ouvir das suas necessidades e, procurar equilibrar os muito pedidos que ali se expunham.

Mas era nas reuniões das Assembleias Municipais, que com a presença da comunicação social, as preocupações dos autarcas chegavam ao conhecimento dos seus eleitores.

E tinham eco.

Os Presidentes que tinham a coragem de falar em público, aproveitavam a presença da comunicação social, para pressionar, com jeito, a Câmara dando ali nota pública das suas preocupações.

Alcains tinha em 1980 dez trabalhadores, um no cemitério, uma senhora para limpezas de instalações da junta, um empregado depois das 18 horas para atendimento dos fregueses, um condutor do autocarro do Infantário, e, uma equipa de seis trabalhadores para as obras da freguesia.

Os salários desta equipa eram todos pagos pela Câmara Municipal, pois a junta, não tinha receitas próprias para manter a situação.

A Câmara fornecia também todos os materiais e, a equipa da Junta, fazia todas as obras.

Uma das minhas principais preocupações com a junta residia, primeiro, em assegurar o pagamento dos salários e, para isso, tinha de me "dar bem" com o Presidente da Câmara.

A segunda, era abrir a junta durante o dia para que os fregueses pudessem ter ali um atendimento que lhes permitisse resolver os seus problemas.

O Carlos Leão, por aqui conhecido como o "Carlos Macaco", trabalhava na Dielmar e depois das 18 horas vinha dois dias por semana, terças e quintas feiras, e, abria a junta aos utentes.

Com a denúncia pública que fiz na Assembleia Municipal, o Presidente da Câmara aceitou o meu pedido e, sem qualquer concurso, convidei o Manuel Patrício, vulgo "Necas", para integrar o lote de colaboradores da Junta.

O Necas foi inscrito na Caixa Geral de Aposentações, e, com o Carlos Leão, um pouco a custo, fez-se a formação do Necas, em exercício.

Mais tarde o Carlos Leão que tinha trabalho na Dielmar acabou por sair, a bem, da Junta.

Qualquer destes dois colaboradores, foram de uma seriedade exemplar, excelentes colaboradores que cumpriram muito bem a sua função.

Entretanto e de há muito tempo, venho notando o seguinte.

Que me lembre ou que a comunicação tenha dado nota, nunca vi em" todos, ou quase todos" os presidentes da Junta de Alcains, qualquer intervenção nas Assembleias Municipais dando nota das suas preocupações com a freguesia.

Exceção feita ao Engº. Rogério Martins.

Se, quem se der ao trabalho de consultar as atas das Assembleias Municipais desses tempos, 1980/1983, conhecerá de perto o que por ali disse, e, foi muito, sempre a dar nota do bom que se fez e do que ainda faltava fazer.

Mas, claro, posso estar enganado.

Manuel Peralta

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