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domingo, 26 de agosto de 2012

Alcains Rural - a caminho do Desvio, via Fonte Maria Rodrigues

A pé, parti da piscina municipal, a caminho do Desvio e a cerca de um quarto do percurso, encontra-se a fonte Maria Rodrigues.


Por ali, o pastor António Prata, pastoreava as ovelhas de sua mulher...
Da sua mulher, perguntei curioso!

Que sim, respondeu ele, pois como trabalhava na construção civil não podia acumular com a atividade de pastor/empresário por conta própria, visto que a inSegurança Social, não lhe permitia a acumulação de funções.
Então, foi obrigado a passar o rebanho para nome de sua mulher... assim mo disse, assim o escrevo, qual escrivão de pena à mão.
Portugal no seu melhor...


Este percurso, tem uma infraestrutura que chegou muito tarde ao país e ainda mais tarde ao interior, refiro-me ao gasoduto de gás natural, que está sinalizado em todo o seu percurso.


A caminho da fonte Maria Rodrigues.


A fonte Maria Rodrigues...


...abandonada, com pouca água choca, porca...


...pias submersas, que à limpeza pedem meças, escondidas, mortas em caminhos de hortas...


Passada a abandonada fonte, caminhos de hortas, tratadas, por mim em parede espreitadas, regadas, viçosas como mulheres airosas...


Caminho com alguma humidade, em baixa, de lameiro, em linha de água que só corre em Janeiro.


Com fetos ao pé, decorada, porta de granito que é de tapada, mas com pedra, tapada...


E chegámos ao desvio. Fotografei e para trás, voltei.
Desvio porquê?


Na linha de caminho de ferro que vem de Alcains para Castelo Branco, há uma enorme reta...


...no fim desta reta, o combóio desvia, há uma curva...


...e como o combío ali desviava, os nossos antigos apelidaram com a simplicidade dos simples, o local de DESVIO, assim mesmo.
No local, vê-se ao longe a serra da Gardunha, e um ponto branco que é o depósito de águas de Alcains na Pedreira.


O caminho segue em frente para a estrada dos Escalos para Castelo Branco.


O estado dos caminhos rurais em Alcains, é em termos gerais o que a foto seguinte mostra.
Degradados, abandonados que em nada facilitam os proprietários que naquela zona e são muitos, as suas atividades agrícolas e de lazer.
Enquanto outros!!!


Já no regresso e no tal lameiro, no inverno este caminho fica intransitável, há trabalho e a respetivo tributo que só a terra dá.

Mais hortas, digo mais, tapadas, quase quintas...


Pormenor de engenharia hidráulica.


...pias, tristes, sem alegrias!


Voltarei.

Manuel Peralta

2 comentários:

  1. Curiosa a descrição do percurso pelos caminhos do passado, do Alcains rural, infelizmente a maioria em mau estado de conservação.

    Suponho que bons para os praticantes de BTT! Não acredito porém que seja esse o teu caso. Não te estou a ver de capacete, cotoveleiras, ombreiras, joelheiras e sapatos à maneira...

    E aqui me penitencio...nem sei bem onde ficam!

    Já agora, uma questão à qual talvez saibas responder: Fonte Maria Rodrigues! Porquê este nome?

    Recordo-me de sempre ter ouvido este nome, sei mais ou menos onde fica, mas desconheço a razão do mesmo.

    Quanto ao resto, fotos muito explícitas, até no tocante à generosidade com que a natureza todos os anos se renova e nos premeia com os seus frutos.

    Em ano de seca generalizada, não é estranho verificar que tudo quanto seja depósito, tanque ou simples pia, estejam secas. Água a menos, vegetação bravia a eito, que em caso de incêndio funciona como rastilho ou cordão lento, em linguagem castrense.

    MC - 2012.08.30


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  2. Os percursos do "homem-do-leme" que eu já expliquei que tem mais a ver com os Xutos e Pontapés, do que com alegadas conotações políticas, que o levam a calcorrear ou a "bicicletar" por caminhos velhos...trazem-me à memória algumas quadras do Natal dos Simples, que Amália e Zeca Afonso imortalizaram...

    E não resisto a inserir aqui algumas dessas quadras, com os caminhos velhos, por tema:

    " Muita neve cai na serra / Muita neve cai na serra / Só anda por caminhos velhos/ Quem tem
    saudades da terra".(...)

    " Já nos cansa esta lonjura / Já nos cansa esta lonjura / Só se lembra dos caminhos velhos / Quem anda de noite à ventura". (...)

    Que a lonjura dos caminhos velhos o não canse,
    de modo a podermos continuar a desfrutar da sua prosa escorreita, por onde perpassa senão a nossa história de vida, muita da que os nossos antepassados viveram...E algumas delas, sofridas...

    MC - 2012.09.01

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