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quarta-feira, 17 de março de 2010

...sem mão de patrão.

A foto aqui publicada diz tudo sobre a negligência, o abandono, o deixa andar que pulula na Zona de Lazer-Espaço Lúdico da vila de Alcains, do concelho e distrito de Castelo Branco.

Quando, em passo de funeral, no largo de Stº António se observa a pintura do jardim infantil, qual natureza morta já muito perto de cemitério, e, em frente do qual um degradado edifício que foi berço estimado da família de José dos Reis Sanches, rivaliza em decrepitude com outras casas no mesmo largo...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando, no Museu do Canteiro, a erva de lameiro cresce na razão inversa dos arranjos exteriores nunca acabados, e as raras e inimitáveis grades sem pintura danificam a igual velocidade de degradação as torneadas pedras de granito que as suportam...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando, por qualquer pinga de chuva as estradas parecem riachos desde o largo de Stº António até à Av.12 de Novembro, e, em frente à sede do agora também triste Sporting, um lameiro que alimenta rodas de carros vermelhos dá banhadas aos sportinguistas, e a quem no passeio passa...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando a iluminação pública (não confundir com humilhação pública) de algumas ruas tem tantas candelas como o candeeiro a petróleo do ti Veneno quando ia ao touril buscar as vacas, e as pias da Fonte Marirodrigues se afogam, sem protecção civil, em lama, silvas, juncos e margaça de tal modo que já nem a rã coaxa...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando em obras de nova zona de lazer da Quinta da Pedreira a degradação do campo de jogos e de toda a envolvente é evidente, e não se sabe se tem ou não tem quiósque, e o ti Zé Miguel herdou frente à sua porta um remate de alcatrão e calçada digno de um sinhá ponghole...

Faz falta a mão de um patrão.

Quando à noite se vai à Escola Secundária e se observa, com tristeza, a ausência de iluminação externa, o acesso ao pavilhão com lama, pedras levantadas, pisos degradados, mais difícil será atrair mais gente para novas oportunidades...

Quando e por último, o Carlos Leão e o Zé Ramalho se queixam de que apenas 20 metros de alcatrão ficaram por fazer, em rua pública por detrás do posto da GNR, e eu, em recente volta de bicicleta observei caminhos particulares, lá para onde as almas têm cruz, alcatroados, vão ter de começar a criar um borregos, pois sei que, quando nos fazem borregos não há volta a dar... olha, fui lá a pedir e fez-me um borrego, diz-se...

Faz falta a mão de um patrão.

Parece entretanto que se projecta para o antigo edifício dos correios no largo de Stº António, o Novo edifício sede da Junta de Freguesia.

O agora duplo presidente, da junta e do futebol, sabe que tem mais meios (dinheiro) no futebol que na junta. Pela quantidade e nível de serviços prestados não me consta que se façam filas de espera para os munícipes serem atendidos. Também, e a avaliar pelas acções de formação anteriores em bainhas abertas, náperôns, e até rechiliêu não foi por falta de espaço que a sociedade alcainense deixou de evoluir.

Por outro lado, pelo que vou lendo e pelo que conheço, o fenómeno da globalização municipal não vai parar, pelo que, não me parece que seja a nova sede da junta a grande e primeira prioridade, até porque, a nóvel equipa estará a meio tempo, logo, meia sede chegaria, pelo que me parece que a actual, embora não faustosa como o qualquer coisa contemporâneo de Castelo Branco, parece chegar para as necessidades actuais e futuras, com este modelo de gestão municipal.

Em minha opinião, Alcains precisa com mais urgência de uma Nova Capela Mortuária.

Obviamente não por causa dos meus "irónicóreais quandos", esses, terão mais tarde ou mais cedo solução, mas porquê a actual, na linda capela do Espírito Santo, é pequena, não tem conforto e é propriedade da hierarquia da igreja que anda amuada com Alcains... a hierarquia não esquece.

Em funeral recente de gente de vida difícil a que assisti, na gelada capela de S.Brás, sem casa de banho, sem conforto, sem uma tomada para se fazer um café um chá, desmaiou com a dor própria das gentes de vidas difíceis, a esposa do falecido.

Transportada em braços e à chuva por familiares para carro a condizer com a condição social, com pés de fora mas mais confortável com o aquecimento do carro, recuperou a consciência com o calor e a humanidade das gentes que com ela, sofriam a dor dos que queridos nos são, e nos deixam…

Enregelado dos pés à cabeça e sobre o agora tapado poço do outeiro, prometi a mim mesmo, escrever este alerta, no momento em que nos reencontrámos.

Façam-na já e lá.

Manuel Peralta

2 comentários:

  1. Este já tinha tido a oportunidade de ler ainda antes de ser publicado. Gosto da frase " sem mão de patrão". Há muita coisa a precisar de mão de patrão e também algumas pessoas. Eh, Eh, Eh....
    Filipa Peralta

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  2. Chamou-me a atenção que neste Sem Mão de Patrão
    tenha sido aflorado o caso da Capela de São Brás, que pelos vistos, não reune as condições
    para funcionar como Casa Mortuária, em termos daquilo que a Vila tem direito a exigir.
    Parece ironia, mas não é! Para aí em 1981, portanto há 30 anos, numa Assembleia de Freguesia, pluricolor, e em que o "homem que segura este leme", o Blog claro, era o presidente da junta, este assunto foi dicutido e arranjou-se a solução possível.
    Passaram 30 anos, e tal como sucede com os Mercados, as soluções então encontradas, estão hoje desajustadas da realidade.
    Serviram para 30 anos, pode dizer-se.
    Mas façamos um pouco de história. Numa reunião da Assembleia de Freguesia, que eu localizo algures em 81, um dos seus membros, o alcainense de coração que não de origem, Oliveira Jorge, na altura Chefe da Estação de Correios, levantou algumas questões pertinentes
    e para as quais seria necessário encontrar um rumo. A saber: revisão toponímica e números de
    polícia, na altura muito desajustados da realidade que então se vivia. Um grupo de membros da Assembleia organizou-se, e exaustivamente levou a cabo um trabalho, cujos resultados foram na altura avaliados como meritórios.O outro tema, era a necessidade de uma Casa Mortuária, que a Vila já justificava. Povoações de menor projecção, já tinham encetado o caminho nessa direcção, e Alcains, um espaço urbano que explodira nas duas décadas anteriores, começava a sentir o problema.Casas novas com vários pisos e algumas mais antigas, constituíam um problema para os seus moradores, velarem condignamente os seus entes na hora da partida.
    Não me recordo exactamente dos passos que então foram dados, mas creio que o executivo da
    junta encetou contactos com a Paróquia, creio mesmo que chegaram a ir a Portalegre, para audiência com o Sr Bispo, e a Capela do Espº Santo, com pequenas obras de adaptação, começou
    a cumprir a função de Casa Mortuária, com um mínimo de condições e dignidade, que então foi reconhecida.
    Entretanto desconheço qual o "modus faciende" que permitiu alargar o conceito à Capela de São Brás, e em conjunto com o espaço, que foi preparado no LAR, para os utentes que lá falecem, a Vila terá ficado com uma solução tripartida, mas que pelos vistos, hoje não serve plenamente.
    Como tal, detectada a carência, urge avançar com a solução. E sempre que os problemas, assumem uma dimensão que à priori, o executivo da junta, por si só, não consegue solucionar,
    recordo as palavras de um outro autarca alcainense e homem de indústria, a quem Alcains muito ficou a dever, e que nessas ocasiões, não tinha pejo em ferir os ouvidos das entidades de Castelo Branco, afirmando em alto e bom som: "Alcains será aquio que os alcainenses quiserem", era esse homem, José dos Reis Dias, precocemente desaparecido.
    Hoje sabemos todos, que um apegado bairrismo, nem sempre é bom conselheiro, e as soluções passam muitas vezes por compromissos!
    Pois que quem de direito os assuma, com a força que a Vila tem, e a confiança dos alcainenses, que cumprem a democracia, escolhendo pelo voto quem os represente.
    Cumprimentos.

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